Dark?

Sword Art Online – Moon Cradle – Vol. 19 – Cap. 01

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— Por aqui, Ronie!

Ela se virou e ficou na ponta dos pés, procurando na direção da voz, e logo avistou um cabelo ruivo-fogo pulando no meio da multidão.

Ronie abriu caminho entre a massa de conjuradores de artes e membros da equipe da Catedral Central, pedindo desculpas o tempo todo. Alguns se viraram para ela, irritados, mas todos recuaram alarmados quando notaram Tsukigake correndo atrás dela.

Só quando finalmente conseguiu chegar à frente, Ronie suspirou aliviada.

— Você está muito atrasada! Já vai começar! — reclamou sua amiga ruiva, com as bochechas infladas de indignação.

— Me desculpe. — Ronie se desculpou uma última vez. — É que eu não conseguia decidir o que vestir…

— Não conseguia decidir…? Você está usando a mesma roupa de sempre! — exclamou Tiese Schtrinen, incrédula.

Assim como Ronie, Tiese era uma aprendiz de Cavaleira da Integridade. Seus olhos brilhantes, da cor de bordo avermelhado, combinavam com seu cabelo, e ela usava uma saia azul-marinho e uma blusa estampada fofa que abraçava seu torso esguio. Uma bainha de couro vermelha pendia de sua cintura, mas até aquilo parecia mais um acessório para completar seu visual.

Ronie percebeu, com arrependimento, que deveria ter usado o xale do sul que comprara na semana passada. Do outro lado de sua amiga, o dragão de Tiese, Shimosaki, esfregava o focinho no de Tsukigake. Perto dali, um jovem observava a cena com um sorriso gentil.

Sua aparência era mais a de um garoto do que a de um homem, mas em seu cinto de espada havia uma impressionante espada longa, além de duas lâminas de arremesso curvadas no meio. O nível de prioridade que a espada exalava era considerável, mas não se comparava ao das armas de arremesso. Pareciam finas como papel, mas eram armas divinas, uma classe de item que só podia ser encontrada em número ínfimo em todo o mundo.

Ronie ergueu o punho direito na altura do peito e colocou a mão esquerda no cabo da espada, a saudação formal de cavaleiro.

— Bom dia, Sir Renly.

O Cavaleiro da Integridade Renly Synthesis Twenty-Seven sorriu sem jeito para elas por cima das cabeças dos dragões.

— Bom dia, Ronie… Você não precisa ser tão formal hoje. É um festival, afinal.

— Você chama isso… de festival? — Ela se perguntou. Era 17 de fevereiro do ano 382 da Era Humana, um dia perfeitamente comum no calendário. Não havia uma única frase sobre celebrações neste dia, nem na Lei Humana Básica, promulgada no ano anterior, nem no Índice de Tabus, que estava atualmente em modificação.

Mas um olhar ao redor da espaçosa praça em frente à Catedral Central revelava uma multidão tão grande que poderia conter todo o corpo docente da torre. Todos estavam em clima de festa, segurando bebidas e petiscando.

Além disso, o portão da frente da catedral, que normalmente ficava bem fechado, estava hoje aberto ao povo da capital. Espaços improvisados designados ao longo da parte interna do portão estavam lotados com uma multidão de pelo menos mil espectadores.

— …Sim, acho que não dá para chamar de outra coisa senão um festival — admitiu Tiese. — Mas provavelmente devemos esperar isso sempre que o Kiri… sempre que o espadachim representante faz alguma coisa.

Ronie assentiu em concordância.

— Claro… Só espero que os eventos de hoje não derrubem o prédio…

Os três olharam para a praça — para o centro das atenções — que era muito difícil de descrever.

O objeto estava amarrado com finas cordas amarelas no meio da praça de pedra branca, flutuando no bloco de céu quadrado de cem mels de lado e uivando misteriosamente enquanto o vento passava por ele.

A descrição mais simples seria chamá-lo de uma escultura de dragão metálico.

Mas, como um sinal de que não era apenas uma instalação de arte, a metade superior de sua cabeça pontuda era feita de vidro transparente. Asas curtas estavam presas em cada lado de seu corpo bastante longo e plano e, em vez de pernas, dois cilindros grossos se estendiam de sua garupa aumentada. Não havia cauda.

O objeto tinha cerca de cinco mels de tamanho, posicionado de forma que os cilindros apontassem para baixo, e tinha chamas alaranjadas saindo da garupa. Era impossível dizer exatamente o que deveria ser.

…Tudo o que posso dizer com certeza é que isso me dá um pressentimento muito ruim, pensou Ronie. Ela desviou os olhos do dragão de metal e olhou para as três pessoas próximas.

Uma delas — uma jovem espadachim com longos cabelos castanhos que balançavam com a brisa e um florete à esquerda de sua saia branco-pérola — virou-se para Ronie, sentindo seu olhar. Ela sorriu e ergueu a mão direita para chamá-la.

— Vá lá, ela está te chamando — disse Tiese com um sorriso, cutucando as costas de Ronie. A garota hesitou brevemente antes de tomar coragem e passar por cima da corda amarela à sua frente. Tsukigake a seguiu, como sempre.

Tentando se fazer o menor possível, ciente de que a multidão a observava, Ronie atravessou o espaço aberto e parou em frente à espadachim, fazendo outra saudação nítida e diligente.

— Bom dia, Vice-Representante Espadachim.

— Bom dia, Ronie. Como hoje é quase um dia de festival, você pode relaxar um pouco — disse a jovem de beleza estonteante com um sorriso. Ronie deixou a tensão em seus ombros diminuir um pouco.

— …Sim, Lady Asuna.

— Você não precisa me chamar de “Lady”, eu continuo te dizendo. — A outra mulher fez beicinho. Infelizmente, ainda era um pedido muito difícil de atender.

A mulher à sua frente — que parecia apenas alguns anos mais velha que Ronie — era Asuna, a Vice-Representante Espadachim do Conselho de Unificação Humana. E, de certa forma, ela era uma pessoa ainda mais exaltada do que o próprio representante. Cada pessoa no reino humano acreditava que ela era a Deusa da Criação Stacia renascida, uma das três deusas da lenda da criação do mundo.

Ela mesma negava veementemente ser uma deusa em carne e osso, mas Ronie testemunhou pessoalmente, de perto, a visão de Asuna criando um tremendo desfiladeiro na terra com um único golpe de sua espada durante a Guerra do Underworld. Depois de ver algo assim, chamá-la de algo menos que “Lady” era impensável.

Se adicionassem uma regra ao livro de regras da cavalaria de que “nenhum tratamento formal deve ser reconhecido”, isso resolveria o assunto. Mas até lá, ela continuaria de qualquer maneira, e balançou a cabeça trêmula para indicar isso. Asuna fez uma careta sem jeito e mudou de assunto.

— Enfim, Ronie. Entendo que, quando se trata de artes sagradas, você é melhor com elementos de calor. Certo?

— S-sim. — Ela respondeu, surpresa. Asuna se inclinou para sussurrar.

— Nesse caso, tenho um pedido. Você pode se comunicar com os elementos de calor lá dentro e me avisar se eles estiverem prestes a ficar descontrolados?

— O-o quê…? Elementos de calor… lá dentro? — Ronie repetiu em confusão, sem ter certeza sobre o que Asuna estava se referindo. Ela olhou para o dragão metálico no alto e, em seguida, notou dois homens discutindo ali perto.

— …Escute, Kiri, meu rapaz. A vida útil dos recipientes de elementos de calor pode, teoricamente, suportar o calor gerado, mas apenas se houver um suprimento amplo de elementos de gelo! Eu sei que você não é habilidoso em artes de gelo, então deixe-me ser claro que se a geração de elementos parar por um instante que seja, todo o recipiente pode explodir de uma vez! — gritou um homem de cinquenta e poucos anos, com bigode. Suas palavras não significavam nada para Ronie, mas pareciam perigosas.

Ronie conhecia bem esse homem; ele era Sadore, um metalúrgico que diziam ser o melhor em sua profissão em toda Centoria. Ele trabalhou na cidade por muitos anos, até que começou a ajudar a cavalaria durante a Rebelião dos Quatro Impérios, quando foi nomeado mestre do arsenal da Catedral Central.

Do outro lado do Mestre Sadore, parecendo mal-humorado com a repreensão, estava um jovem de aparência muito comum, com cabelos e olhos negros.

Ele usava roupas cinzas estranhas, como uma blusa de manga comprida com calças conectadas a ela. Não havia armas em seus lados. Mãos enluvadas de marrom estavam cerradas atrás de sua cabeça enquanto ele respondia a Sadore com irritação.

— Sim, sim, já ouvi isso tantas vezes que sinto como se tivesse insetos irritantes nos meus ouvidos. Além disso, senhor, pode parar com essa coisa de “Kiri, meu rapaz”?

— Hmph. Nunca vou parar. Desde que você me trouxe aquele galho terrivelmente duro, três anos atrás, e me fez estragar seis valiosas pedras de amolar de tijolo preto para afiar aquela lâmina, jurei a mim mesmo que te chamaria de “rapaz” pelo resto da eternidade.

— Nossa… Se eu não tivesse aquela espada, o mundo estaria em uma situação terrível agora, sabia…? — murmurando para si mesmo, o jovem se virou abruptamente e viu Ronie.

Assim que ela viu o grande sorriso se abrir naquele rosto, que parecia tanto com o de uma criança travessa quanto no dia em que o conheceu, Ronie sentiu algo apertar seu peito, bem no fundo.

Ela se curvou para que, se isso aparecesse em seu rosto, pelo menos ele não visse.

— Bom dia, Kirito.

Ela o teria chamado de “Sir” também, mas no caso dele, realmente havia uma regra oficial contra isso. Então Ronie não teve escolha a não ser se referir a ele como seu veterano, como fazia quando ambos eram estudantes na academia.

Kirito já fora um Discípulo de Elite na Academia Imperial de Esgrima de Centoria do Norte, e agora era o espadachim representante do Conselho de Unificação Humana. Ele ergueu a mão para acenar e sorriu.

— E aí, Ronie! Como vai, Tsukigake?

Atrás de Ronie, o jovem dragão soltou um som agudo e bateu suas pequenas asas, depois pulou em Kirito e começou a lamber suas bochechas com abandono. Ela não pôde deixar de sorrir com aquilo.

Então Ronie disse ao mestre do arsenal:

— Bom dia, Mestre.

— Ah, bom dia, senhorita Ronie — disse o velho, sua expressão se transformando instantaneamente em um sorriso suave e radiante. Ela correu até ele e perguntou gentilmente:

— Hum… o que era aquela… coisa de recipiente de calor sobre a qual você estava falando?

— Exatamente o que parece. Olhe para a garupa da Unidade Protótipo Um da Dragoncraft lá em cima.

— Dragon… craft? — repetiu ela. Ficou claro pelo contexto que ele estava se referindo ao dragão metálico diante deles.

Parecia estranho para ela se referir a essa criação sem vida como um dragão. Após um exame mais atento, o estranho som de assobio parecia vir da parte traseira elíptica do objeto.

— Existem dois recipientes feitos de adamantio ocidental lá dentro, e cada um tem dez elementos de calor inteiros presos.

— O-o quê?! — gritou Ronie, chocada. Dos oito elementos diferentes que compunham as artes sagradas, o calor era o mais tempestuoso. Diferente dos elementos de gelo ou vento, que podiam ser contidos com segurança por um bom tempo, os elementos de calor exalavam rapidamente sua temperatura e luz, se consumindo em meros momentos. A primeira lição que qualquer criança que estudava artes sagradas aprendia era que, se você invocasse um elemento de calor, tinha que se concentrar nele até aplicar ou liberar seu poder.

— M-mas… eu sei que o adamantio é supostamente muito resistente ao calor, mas ser exposto a dez elementos de calor inteiros de uma vez não faria com que ele eventualmente derretesse e explodisse…?

— É aí que entra o truque. No exterior do recipiente, passamos tubos feitos de casca de centopeia gigante de Jorund, que é altamente resistente ao gelo. Esses tubos estão conectados a recipientes de gelo que fornecem um fluxo constante de frio projetado para evitar que os recipientes de calor derretam, entende.

— ……Uh… huh……

Era difícil para Ronie apreciar o “truque”, porque para ela, os elementos de calor e gelo eram os blocos de construção das artes sagradas divinas — muito longe do trabalho com metal e carapaça que ferreiros e artesãos realizavam. Ela nunca havia considerado o conceito de combinar essas duas coisas tão diferentes.

— ……E isso… vai funcionar…? — Ela murmurou em choque.

Os braços musculosos de Sadore se abriram para os lados em um encolher de ombros.

— Eu não sei.

— O quê?!

— Não sou eu quem vai pilotar, é o rapaz.

— O qu-ê-ê-ê?!

O que ele quer dizer com “pilotar”? Ela ergueu o rosto em direção à imponente dragoncraft, quase com medo do que veria.

Então ela notou, na parte da cabeça pontuda sob o painel de vidro transparente, o que era inegavelmente um assento. Tubos de metal se espalhavam e se contorciam ao redor do assento, e pequenos painéis circulares estavam colocados aqui e ali com marcas de graduação. Agulhas finas estavam presas ao centro dos painéis, tremendo e girando a cada rugido estranho que a nave produzia.

— …V-você quer dizer… que alguém vai se sentar aí… e liberar os elementos de calor… para fazer chamas saírem dos recipientes da garupa… para…

— Para voar, sim. Como um dragão — disse Kirito, que havia se juntado a eles. Perto dali, Tsukigake bufou com desgosto ao sentir o cheiro das asas de metal da nave.

— V… v-v-você não pode fazer isso!! — Ela gritou, puxando a manga da roupa estranha de Kirito. — Se vinte elementos de calor saírem de controle ao mesmo tempo, isso vai romper tudo! V-você deveria usar elementos de vento, como o disco levitante na catedral.

— Na verdade, todo aquele poço é hermético, e é por isso que há pressão suficiente apenas dos elementos de vento para fazê-lo funcionar. Se você quer voar ao ar livre, precisa do puro poder propulsor da explosão de um elemento de calor — disse Kirito, sorrindo e olhando ao redor. — Além disso, olhe quantas pessoas estão aqui para assistir. Se tentarmos cancelar agora, teremos uma segunda rebelião em nossas mãos.

— V-você foi quem convidou todos para assistir!!

A multidão estava na praça da frente da Catedral Central porque Kirito havia feito uma grande proclamação de que o arsenal da catedral realizaria uma demonstração de teste para o público.

Agora que a paz havia chegado ao Underworld, o maior alvoroço a ser encontrado era o que quer que o espadachim representante do Reino Humano estivesse aprontando. Os membros do corpo docente e os cidadãos gostaram bastante do teste de reanimação do dragão guardião da caverna do norte, então era natural que estivessem ansiosos pelo próximo experimento.

 

Se a conversa de Kirito com o dragão revivido tivesse corrido um pouco pior do que ocorreu, o dano teria sido muito pior do que apenas algumas árvores congeladas da catedral. Ronie sabia o quão perto eles chegaram, e o pensamento a fez perder o equilíbrio.

Felizmente, a vice-representante estava logo atrás dela para dar estabilidade. Asuna conhecia Kirito há muito tempo, aparentemente, e disse com uma resignação onisciente:

— Não adianta discutir, Ronie. Quando ele fica assim, você só tem que deixá-lo ir em frente.

— M-mas… você não pode… Bem… acho que você está certa… — lamentou Ronie, parando no ato de balançar a cabeça para assentir. Nesses poucos anos, Ronie aprendeu muito bem que quando Kirito colocava algo na cabeça, ele faria de um jeito ou de outro.

Bem, podemos pelo menos fazer tudo o que pudermos para evitar um desastre terrível, pensou ela, concentrando-se no coração da dragoncraft.

Embora fosse uma aprendiz de Cavaleira da Integridade, Ronie ainda não havia alcançado o ponto de controle livre sobre a arte secreta da cavalaria conhecida como Incarnação. Encurtar as artes sagradas a um comprimento mínimo através da Incarnação, como Kirito e os cavaleiros seniores faziam, era impossível para ela, mas ultimamente ela estava pegando o jeito de sentir o status dos elementos gerados, pelo menos.

Como o Mestre Sadore havia dito, havia muitos elementos de calor presos dentro da dragoncraft. Mas isso não significava que eles estavam se comportando. Eles tremiam e se agitavam com indignação, pulsando enquanto esperavam a chance de romper a casca ao seu redor.

Se eles eram tão rebeldes em seu estado elemental, o que aconteceria se fossem liberados? O pensamento lhe causou um arrepio na espinha — mas, a essa altura, tudo o que ela podia fazer era observar e esperar.

— Hum… eu me comuniquei com os elementos de calor, Lady Asuna. Parece que por enquanto eles ainda estão sob controle — relatou ela num murmúrio.

— Obrigada. — Asuna sussurrou de volta. — Mantenha esse circuito, então.

— E-eu manterei — afirmou Ronie, bem no momento em que ouviu Kirito gritar à distância:

— Vamos começar, então! Asuna, me dê uma contagem regressiva!

— P-por que tem que ser eu?!

— Você sempre fazia uma antes de invadirmos as câmaras dos chefes, lembra? — disse Kirito, o que não fazia sentido para Ronie. Mas Asuna entendeu e balançou a cabeça em descrença.

Ela ergueu a mão e proferiu a iniciação de uma arte sagrada:

— System Call!

Em seguida, ela construiu suavemente o comando para uma arte de amplificação de voz com elementos de vento e cristal. O controle de Asuna sobre a Incarnação ainda estava se desenvolvendo, mas no que dizia respeito à aplicação prática das artes sagradas, nem mesmo os membros mais elitizados da catedral poderiam se comparar a ela.

Asuna se virou para o fino redemoinho em forma de funil de vidro flutuando no ar e disse em alto e bom som:

— Obrigado pela paciência e interesse de todos! O arsenal da Catedral Central está prestes a realizar um teste de voo da Unidade Protótipo Um da Dragoncraft!

Sua voz amplificada encheu a área, provocando um rugido do corpo docente da catedral além das cordas e dos civis aglomerados na área de espectadores dentro do portão. Ao norte, a armadura dos Cavaleiros da Integridade brilhava e cintilava ao sol do grande terraço no trigésimo andar do próprio edifício.

Em meio aos aplausos e vivas, Kirito acenou para os espectadores e começou a subir a longa escada que levava à dragoncraft. Ele alcançou a cabeça em poucos segundos, abriu parte do painel de vidro transparente e deslizou para dentro.

Kirito sentou-se no assento que apontava para o céu e se prendeu com tiras de couro. Havia óculos de proteção bem grandes pendurados em seu pescoço, e ele os colocou sobre a cabeça. Então, ele se inclinou para olhar para Sadore lá embaixo e apontou o polegar para cima.

Sadore recuou para onde Ronie e Asuna estavam, e então as conduziu para trás por mais vinte e tantos mels. Ronie teve que avaliar a distância com cuidado, para não perder sua conexão com os elementos de calor.

— Vou começar a contagem regressiva agora! Sintam-se à vontade para participar, pessoal! — Asuna anunciou à multidão, tão confortavelmente como se estivesse acostumada a fazer isso. Ela ergueu as mãos e estendeu todos os dedos.

— Lá vamos nós! Dez! Nove! Oito!

A cada número, ela dobrava um dedo, e a multidão de milhares de pessoas juntava suas vozes ao coro. Tiese e Renly também participavam alegremente.

Ronie apertou o pescoço de Tsukigake e cantou:

— Sete! Seis! Cinco!

De repente, a vibração dos elementos de calor aumentou. Kirito havia começado a controlá-los diretamente através da Incarnação. Seu poder espantoso fluiu para Ronie também, através dos elementos com os quais ela estava se comunicando.

Mais uma vez, houve uma sensação de aperto no fundo do peito.

Este sentimento é a única coisa que não posso deixar que me abandone. Como sua pajem, tenho que deixá-lo dormir em silêncio, até o dia em que minha vida finalmente se esvair com a velhice.

Ronie sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e piscou com força, mantendo a emoção longe da atenção de Asuna, que estava por perto, enquanto gritava:

— Quatro! Três! Dois!

Hwirrrrr! O rugido da dragoncraft ficou cada vez mais alto. O objeto prateado e brilhante começou a tremer, e a luz que saía dos tubos em sua base mudou de vermelho para laranja e depois para amarelo.

— Um… Zero!! — A multidão aplaudiu, sacudindo as pedras do calçamento. A voz de Kirito podia ser ouvida à distância, gritando: — Discharge!!

Essa era a palavra para liberar o poder dos elementos.

Imediatamente, vinte elementos de calor explodiram, liberando o poder que continham. Houve uma explosão tremenda, e chamas brancas saíram da parte traseira da dragoncraft. Queimaram a pedra de mármore branco, que supostamente possuía vida quase infinita, a ponto de ficar vermelha, lançando nuvens de fumaça brilhante. A multidão murmurou alarmada.

E através de toda aquela fumaça, o dragão de metal disparou para cima como uma flecha de prata.

O céu estava cheio de um som agudo e rasgante como Ronie nunca tinha ouvido antes. Jatos de fogo rugiam dos dois tubos enquanto a dragoncraft subia cada vez mais alto no ar.

A ferocidade dos elementos de calor liberados era tão grande que, quando Ronie estendeu as palmas das mãos, a sensação ardeu em sua pele. Normalmente, qualquer recipiente contendo esse tipo de calor fenomenal perderia seu valor de vida instantaneamente, derretendo ou queimando. A dragoncraft deveria ter explodido. Mas como a tubulação estreita embutida ao redor dos recipientes bombeava elementos de gelo ultra-frios o tempo todo, o calor era contido. Como resultado, o poder incrível dos elementos de calor era canalizado diretamente para a extremidade aberta dos tubos, empurrando a enorme dragoncraft para cima.

Pela primeira vez na história do Underworld, uma pessoa voava pelo céu em algo que não era um dragão.

— ……É incrível…

Lágrimas apareceram nos olhos de Ronie por um motivo diferente de momentos antes.

Através de sua visão embaçada, a dragoncraft prateada subia e subia, parecendo superar até mesmo o topo da Catedral Central.

Se a dragoncraft ficasse parada no chão, os requisitos para gerar elementos de gelo infinitos rapidamente esgotariam todos os recursos sagrados espaciais próximos, mas mover-se em alta velocidade significava que a nave estaria consistentemente viajando rápido o suficiente para se manter dentro de um suprimento adequado de novos recursos. Isso significava que — hipoteticamente — o dragão feito pelo homem poderia atingir alturas que nem mesmo um dragão comum poderia alcançar.

Finalmente, Ronie sentiu como se entendesse a verdadeira intenção do espadachim representante. Kirito não estava apenas tentando fazer aquela coisa voar — ele poderia estar tentando usá-la para cruzar o obstáculo que nenhum ser vivo poderia superar: o Muro no Fim do Mundo…

Mas mal o pensamento ocorreu a Ronie, ela sentiu os elementos de calor se expandindo.

Os recipientes estavam começando a se deformar. O calor os estava derretendo. Por algum motivo, o suprimento de elementos de gelo destinado a manter a temperatura do metal baixa havia parado.

— Ah! Lady Asuna! Os elementos de calor… — Ela gritou, mas então houve um som feio vindo de cima — bowumm! — e fumaça preta começou a sair de um dos tubos propulsores.

A dragoncraft entrou abruptamente em um giro enquanto subia. O curso do objeto desviou para o sul — bem em direção à parede da Catedral Central, por volta do nonagésimo quinto andar.

— Vai bater!! — gritou Ronie, apertando as mãos contra o peito. A multidão gritou alarmada.

Shang!! Asuna desembainhou o florete da bainha ao seu lado. Ela apontou a lâmina deslumbrante, brilhando com a luz do arco-íris de Solus, diretamente para a catedral acima.

— …Beleza! — Ela gritou, o que não soava como o tipo de coisa que uma deusa diria, e acenou com a ponta da espada para a esquerda.

Como se ela mesma o tivesse arrastado, o nonagésimo quinto andar e os andares acima dele na enorme Catedral Central se deslocaram ruidosa e pesadamente para o oeste.

No espaço de um único momento, a dragoncraft disparou pelo espaço criado, com fumaça preta saindo de trás.

Houve um clarão brilhante no céu, bem ao sul. Em seguida, veio a explosão.

Embora parte da energia sem dúvida tivesse sido gasta no voo ascendente da dragoncraft, a erupção simultânea de vinte elementos de calor foi, no entanto, algo tremendo de se ver.

Como os elementos normalmente só podiam ser controlados por um dedo de cada vez, mesmo o maior dos conjuradores conseguia gerar e manter apenas dez elementos de uma vez. Segundo as histórias, o chefe do senado que uma vez controlou a Igreja Axiom também podia usar os dedos dos pés, para um total de vinte elementos. A falecida pontífice, Administrator, podia até usar as pontas de seu cabelo como pontos terminais, dando-lhe o comando de quase cem elementos de uma vez — mas, é claro, Ronie nunca tinha visto essas coisas por si mesma.

Se isso era verdade para uma cavaleira como Ronie, então os civis que se aglomeraram na catedral estavam compreensivelmente chocados. Uma luz laranja como um segundo Solus brilhou no alto, e um rugido que fez a terra tremer atingiu seus ouvidos enquanto quase toda a multidão erguia os braços para cobrir a cabeça.

Claro, eram apenas elementos de calor não processados explodindo no ar, então, apesar da luz e do som de arregalar os olhos, não houve dano real às pessoas centenas de mels abaixo, no chão.

Os espectadores lentamente olharam para cima novamente e viram uma espessa fumaça preta se espalhando, escondendo o topo da catedral, que havia deslizado de volta para seu lugar de direito.

A explosão fora várias vezes maior que a dos fogos de artifício que foram lançados para comemorar o ano novo, dois meses antes.

Todos devem ter se perguntado o que havia acontecido com o espadachim representante que estava pilotando aquele dragão de aço. Ronie era uma delas, é claro, e ela observava de olhos arregalados, com as mãos postas diante do peito.

— K…!

Ela estava prestes a gritar o nome dele quando Asuna tocou seu ombro.

— Ele está bem — disse a outra garota, sem um pingo de preocupação, bem no momento em que uma pequena forma despencou através da parte inferior da espessa nuvem de fumaça preta.

Era uma pessoa. Todo o material que compunha a dragoncraft havia se evaporado em recursos sagrados espaciais, mas não havia uma única marca de queimadura visível nas roupas escuras da figura que girava e caía.

A silhueta abriu os braços. O tecido das mangas pareceu derreter atrás dele, formando asas finas que se estendiam diretamente dos ombros. Essas asas de dragão bateram algumas vezes, diminuindo a descida da figura até que ela finalmente parou no ar.

Parecia ser a arte sagrada de voar, que se pensava ter sido perdida para sempre com a morte da pontífice. Mas, na verdade, isso não era uma arte. Ele havia reescrito as leis do mundo inteiramente, usando a Incarnação para transformar o material de suas roupas em asas reais e se transformar em um ser vivo capaz de voar.

Não havia outro ser humano existente que pudesse realizar esse feito. Um murmúrio percorreu a multidão que assistia, e rapidamente se transformou em uma tremenda tempestade de aplausos.

O teste de voo da dragoncraft, que era o propósito deste evento, havia sido em grande parte um fracasso, mas Kirito sorriu e acenou enquanto descia lentamente em direção ao chão. Ronie se viu aplaudindo descontroladamente ao vê-lo também. A habilidade deleo de colocar ideias absurdas em prática e alcançar resultados absurdos não havia mudado nos anos em que o conhecia.

Apesar de estar sorrindo, Ronie sentiu um líquido se acumulando nos cantos dos olhos. Ela fechou as pálpebras com força e enxugou as lágrimas, fazendo uma oração silenciosa apenas para seus próprios ouvidos.

Se possível, espero que estes dias possam durar para sempre.

 


 

Tradução: Gbnote

Revisão: Pride

 

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L. N. B.
L. N. B.
4 meses atrás

Esse arco de Moon Cradle é fenomenal pra qualquer um que adorou Alicization.

Vol. 19 – Cap. 01