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Super Minion – Cap. 23 – Comida Caseira

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Papilas gustativas são incríveis. Considere os dois donuts que estou segurando. Na minha mão direita, um donut com cobertura de “chocolate”. Na minha mão esquerda, um donut com cobertura “maple”. Se eu simplesmente absorvesse os dois donuts, seu valor como materiais seria quase idêntico. Mas, se eu os comer com uma boca humana enquanto uso papilas gustativas, e filtrar os dados resultantes por meio de um cérebro humano, de repente comer um donut se torna uma experiência totalmente diferente. O donut de chocolate tinha uma qualidade ligeiramente amarga que era realçada pelo açúcar, e o maple acabou sendo apenas doce, mas era uma doçura diferente. Picante, talvez? Mais pesquisas tinham que ser feitas, talvez os humanos tivessem uma palavra melhor para isso. Terminando meus donuts, procurei na caixa o próximo que queria experimentar.

— Esse é do quê? — Eu perguntei ao minion da polícia.

— Coco.

Eu o agarrei. Os pequenos flocos claros pareciam açúcar no início, mas na verdade acabaram sendo algum tipo de material orgânico sem muito sabor (o “coco”, eu presumi). Eu acho que eles eram mais para textura? Às vezes a textura era importante, embora eu ache que os humanos a valorizavam mais do que eu.

— Não é legal como todos eles são donuts, mas todos têm gosto diferente?

Ele suspirou. — Acho que nunca pensei sobre isso antes.

Hmm, eu acho que a emoção que o minion da polícia está expressando é melancolia? Depressão? Eu estava respondendo a todas as perguntas que podia, mas admito que as únicas coisas que contei eram informações pessoais inúteis, e não informações sobre os capangas de Hellion como ele provavelmente queria. Quase me senti mal, ele tinha sido bastante educado e amigável, visto que eu era suspeito de pertencer a uma facção oposta (sem falar que me deu uma caixa de donuts).

— Quer um donut? — e eu ofereci a caixa para ele.

— …Claro.

Nos minutos seguintes, continuei a comer e catalogar os donuts. Quando eu estava quase terminando, a porta da sala se abriu, revelando Sandra e outro minion policial, que gesticulou para aquele que estava me questionando para segui-lo. Sandra entrou na sala e os policiais saíram, fechando a porta atrás deles.

— Olá, Sandra. O que está fazendo aqui?

— Tirando vocês cabeças duras de problemas. Especialmente você. Sabia que é a segunda vez em três dias que você decide bancar o herói? Talvez devêssemos colocá-lo no programa de ajudantes, hmm?

Ack, por que as pessoas continuam recomendando o trabalho de sidekick para mim?

— Por favor, não me coloque no programa de ajudantes…

Ela riu — Tofu, estou brincando. Mas estou falando sério sobre ser um pouco mais cuidadoso. Aquele truque que você fez com Magenta foi bom, mas lutar contra vilões de verdade como Sanguine está acima do seu pagamento. Não se coloque nesse tipo de perigo se puder evitar.

— Tudo bem, Sandra. Eu não estava tentando me colocar em perigo, as coisas simplesmente aconteceram dessa maneira.

— Contanto que você esteja tentando. Agora, que tal você me dar todos os detalhes?

Nos minutos seguintes, contei minha versão dos acontecimentos, Sandra pedindo esclarecimentos de vez em quando. Quando cheguei à parte em que fiz um túnel pelo chão e matei os dois guardas, ela franziu a testa um pouco, mas quando perguntei sobre isso, ela apenas disse para continuar. Eu estava chegando à parte em que os heróis apareceram quando houve uma batida na porta, e o minion policial que estava me fazendo perguntas entrou com o que parecia ser um celular muito grande.

— Aqui está o que você pediu — disse ele, um tanto relutante, e entregou o dispositivo à Sandra. Ela agradeceu e pegou, antes de sugerir que ele se retirasse. Antes de o fazer, ele olhou para mim e disse:

— Lembre-se do que eu disse, garoto. Saia enquanto você ainda pode. — Em seguida, ele se virou para Sandra e disse:

— E se você se preocupa pelo menos um pouco com seu “cliente”, dirá a ele a mesma coisa.

— Sr. Policial, não tenho certeza do que você quer dizer.

— Tch, certo. Se Hellion tiver que recorrer a tirar crianças da rua para ser capangas, seus dias estão contados. Eu lavaria minhas mãos se fosse você. Se ainda puder. — Então o oficial saiu, batendo a porta atrás de si.

Sandra ergueu uma sobrancelha em minha direção.

— O que foi isso?

— Hmm, ele disse que era muito perigoso ser um minion e que eu deveria entrar no programa de ajudantes?

Sandra bufou:

— Olha só, é o sujo falando do mal lavado.

Eu não sabia o que isso significava. Eu gostaria que eles não tivessem levado meu celular.

— Bem, vamos ver como está o dano — disse ela, e abriu a pasta que o policial lhe deu. Ela examinou as palavras exibidas no dispositivo que segurava, e quanto mais ela lia, mais franzia a testa.

— Tofu, por que você respondeu tantas perguntas?

— Ele disse que se eu respondesse, poderia comer donuts.

— Tofu, eu não acabei de te dar um grande adiantamento em dinheiro? Você pode comprar dezenas de donuts.

— …

— Você já gastou tudo?

— …não tudo.

Entre Maggie, o fliperama, o novo celular, a reconstrução de massa devido a todos os problemas que tive para devolver o celular de Nicole e a incrível quantidade de vendedores ambulantes, gastei os mil dólares muito mais rápido do que esperava, mas eu fiz questão de guardar o suficiente para alguns tofu burgers na Maggie.

— Você não está gastando em drogas ou algo assim, está? — perguntou Sandra. Percebi um tom ligeiramente zangado em sua voz.

— Não? Gastei principalmente com comida. Eu tenho um metabolismo alto.

Ela franziu a testa com a minha resposta antes de perguntar:

— Você realmente gastou tudo em comida?

— Sim, e um celular… e algumas rodadas de Gribblin’s n ‘Ghouls no fliperama.

Ela revirou os olhos.

— E eu suponho que por alto metabolismo você apenas quer dizer que precisa comer o suficiente para alimentar sua transformação?

— Sim.

— Apenas me certificando. Talvez eu precise te dar um panfleto sobre gerenciamento de dinheiro. Agora, vou pedir que no futuro você não responda a perguntas pessoais, mesmo com respostas falsas como essas. Você nunca sabe o que eles podem conseguir delas — e então ela soltou uma pequena risada — Mas posso ver por que ele pensou que você era um sem-teto. Colocando “túneis” como sua residência. Se você vai mentir, precisa dizer algo convincente.

Eu não tinha nada a dizer sobre isso.

E ela percebeu, seus olhos se estreitando. Ack. Ela era outra humana perceptiva como Mikey.

— Tofu… você é um sem-teto?

— Eu tenho um lugar para ficar…

— É um túnel?!

— … sim.

Ela colocou a mão sobre os olhos e esfregou as têmporas.

— Tofu, por que você não mencionou isso durante sua entrevista de emprego? Analisamos as opções de moradia de funcionários, não foi?

— Não achei que fosse importante.

— Como você poderia não… tudo bem, quando voltarmos, você e eu vamos discutir a acomodação de funcionários.

— Mas eu realmente não preciso-

— Sem mas!

Depois disso, Sandra me deu um sermão sobre como lidar com a polícia, com algumas menções sobre como usar dinheiro com mais sabedoria. Aparentemente, devo usar uma “mercearia” e não apenas comprar em lojas. Eu precisaria do meu celular de volta para descobrir o que era uma mercearia. Quando terminou, ela disse:

— Vou levar você e Ifrit de volta comigo em breve, a polícia não pode segurá-los tanto quanto os outros devido à sua idade. Só preciso falar com mais algumas pessoas e podemos ir. Não fale com nenhum policial.

— Hmm, vou pegar minhas coisas de volta?

— Sim, mas eles estão confiscando as peças da arma. Na verdade, isso é outra coisa que precisamos conversar. Você tem sorte de serem apenas peças, e não uma arma de verdade. As leis sobre porte de arma são bastante rígidas.

— Mas Imp usa armas.

— E ele aceita os riscos de ser apanhado com elas. Veremos isso em detalhes mais tarde. Por enquanto, tenho que garantir que todos saiam sem um strike em seus registros.

Sandra foi embora e fui forçado a esperar mais de uma hora antes que alguém viesse me buscar. Eu realmente gostaria que eles não tivessem levado meu celular.

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Por fim, um minion policial veio me buscar e me levou até onde Sandra estava. Ifrit já estava com ela. Surpreendentemente, eles devolveram minhas coisas, sem as peças da arma, embora Ifrit tenha me avisado para não ligar o celular até que Socket o tivesse verificado. Ifrit e eu tivemos que preencher alguns papéis, que Sandra nos explicou o que escrever, e então seguimos Sandra para fora do prédio.

Simples assim.

— Isso parece um tanto estranho. Eles apenas nos deixaram sair?

— Bem, depois de alguma persuasão de minha parte — respondeu Sandra — eles não seriam capazes de mantê-los de qualquer maneira, eu apenas acelerei as coisas. Os heróis erraram pegando vocês em E13 e depois os levando para E12. Se vocês tivessem cometido um crime, eles estariam bem, mas é claro, vocês não fizeram tal coisa. — Com isso, ela piscou para nós dois.

Sandra nos levou até um carro preto brilhante de quatro portas. Ela clicou em um pequeno dispositivo que tirou de um bolso, e o carro respondeu com um bipe estranho antes de todas as portas clicarem. Segui o exemplo de Ifrit e me sentei em um dos bancos traseiros; o banco do passageiro da frente estava ocupado com caixas de arquivos de papel. Uma vez que estávamos todos prontos, Sandra ligou o carro e nos levou para fora do estacionamento na direção da rua Ashwood.

Enquanto Sandra dirigia, ela conversou um pouco, principalmente resmungando sobre os regulamentos do distrito. Mas ela mencionou Sanguine, e como foi uma pena que ele sobreviveu ao abate dos líderes Espada. Aparentemente, Sanguine era um dos líderes que poderiam consertar a facção quebrada. Não fiquei feliz em saber disso. Eu não queria que eles alcançassem um nível onde pudessem novamente drenar recursos dos capangas de Hellion. Eles deveriam drenar recursos de outras facções ameaçadoras, não da minha.

— Me desculpe, Sandra — disse Ifrit de repente, em sua voz rouca.

— Hmm? Por quê, querida?

— …Não consegui acertar Sanguine — respondeu Ifrit.

Sandra bufou — Querida, as pessoas vêm tentando pegar Sanguine há muito tempo, ele é um sobrevivente.

— Não é isso, eu… — ela hesitou e olhou em minha direção, então aparentemente decidiu continuar falando — Eu tive a chance. Eu só… não consegui…

— Ahhh entendi. Não se sinta mal por isso. Não é algo que deveria ser fácil.

— Tofu não teve problemas com os guardas.

Eu não tinha certeza do que Sandra estava falando. Sanguine obviamente não era uma ameaça pequena que poderia ser solta para mais tarde, e se Ifrit o tivesse matado quando teve a chance, teria tornado o resgate de Jasper muito mais fácil. Talvez ela precisasse de mais prática adequada para conseguir avaliar ameaças com eficácia? Ainda assim, esse foi um erro de julgamento bastante crítico. Como ela pôde cometer um erro tão óbvio?

— Sim, bem, essa não é a única habilidade que importa — disse Sandra, — Tofu tem coisas nas quais é bom, e você tem coisas em que é boa. Como usar bom senso ao ser interrogado pela polícia, não é, Tofu? Que bom que eu vim verificar e ver como as coisas estavam indo.

Ack. Touché, eu acho.

— Então, é por isso que você veio? Minha mãe não pediu para você pagar minha fiança?  — perguntou Ifrit.

— Foi isso que você pensou? Não querida, eu só precisava ter certeza de que as coisas correram bem, já que as circunstâncias eram duvidosas e a maioria de vocês são novos nisso. Ela está cumprindo sua promessa. Estou me certificando disso — disse Sandra piscando para Ifrit.

Durante o resto da viagem, Ifrit foi muito mais falante.

 

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Sandra na verdade dirigiu para um estacionamento em vez de um dos túneis de acesso de veículos. Em seguida, ela pegou um elevador até o terceiro nível da rua Ashwood, enquanto Ifrit e eu pegamos um elevador secreto para a base. Recebi instruções para guardar meu equipamento e encontrar Sandra em seu escritório para os “arranjos de moradia”.

Eu nunca tive equipamento para armazenar antes, então Ifrit me mostrou onde ficavam os vestiários (divididos em áreas masculinas e femininas), bem como me disse o procedimento para solicitar conserto de trajes. Fiquei muito contente de que consertos de trajes fossem aparentemente comuns. Pelo que havia visto do que Socket fazia para os capangas de Hellion, duvidei que tivesse tempo para consertar cada um dos trajes individualmente, e eu estava preocupado que consertá-lo levaria muito tempo.

Tirei meu traje em um dos cubículos de troca separados, então ajustei meu disfarce. Em seguida, guardei o traje em um armário vazio, coloquei meu nome no aparelho de segurança e apertei o botão que marcaria o armário para reparos de traje. Eu estava de volta à minha máscara e ao meu disfarce normal de roupas largas.

Saindo do vestiário, fui em busca de Socket para verificar meu celular. Ele não estava disponível, mas outro dos minions que trabalhavam na oficina foi capaz de me ajudar a verificar o celular, colocando-o em um dos vários dispositivos que lotavam a oficina para ser “escaneado”. Ele não encontrou nada e agradeci a ajuda antes de ir para o escritório de Sandra. Fiquei feliz por meu celular não estar comprometido. Eu tinha uma longa lista de palavras, do meu tempo na delegacia, para pesquisar. Uma “mercearia” acabou sendo um vendedor dedicado à comida, então eu estava ansioso por isso, mas posso precisar de mais esclarecimentos sobre o que Sandra quis dizer com “strike”. Minhas pesquisas por “strikes em registros” estavam apenas revelando relatos de diferentes tipos de exercícios de treinamento, beisebol e boliche apresentando predominância entre os resultados.

Fui para os elevadores até a rua Ashwood propriamente dita e coloquei minha máscara de lado antes de sair para a loja falsa de roupas. Vendo as roupas de inverno volumosas, considerei algumas delas para o meu disfarce, mas descartei a ideia. Elas caberiam sobre o traje de minion, mas se destacariam muito no clima de verão. Talvez Sandra pudesse me indicar uma loja.

Fui para o escritório de Sandra no 512 e entrei para encontrar Viper em seu local de costume. Ela acenou para que eu entrasse no escritório aberto de Sandra. Dentro, Sandra estava sentada à sua mesa, e estava trabalhando em várias pilhas de papel dispostas ao seu redor.

— Aí está você, Tofu, por favor, sente-se. Eu também tenho algumas informações sobre o próximo trabalho que posso muito bem repassar com você.

Ela descreveu o trabalho e com quem seria. Não reconheci o nome, “Trebla, o Terrível”, mas um banco era um depósito de dinheiro, se minhas pesquisas fossem precisas. Depois que terminamos de revisar os detalhes do trabalho, começamos a discutir um espaço para eu morar. Eu não tinha nenhum problema com a localização, pois duvidava que realmente passaria tempo lá. Mas quando o preço foi mencionado, hesitei.

— Eu realmente preciso de uma moradia? Estou bem com meu túnel.

— Tofu, não vou aceitar um empregado morando na rua. Principalmente um jovem de dezoito anos. Quinhentos por mês é um preço bem razoável. Você apenas terá que aprender a não desperdiçar seu dinheiro com lanches.

— Mas quinhentos é quase cinquenta tofu burgers!

— É muito mais do que apenas cinquenta burgers. Se você mesmo os fizer, vai conseguir muito mais.

— …Eu vou?

Ela revirou os olhos e murmurou algo sobre pais supervilões:

— Sim! Mas você precisará de um lugar para cozinhar e armazenar os ingredientes. Honestamente, não posso acreditar que estou tendo tantos problemas para convencer alguém a não ser um sem-teto.

— EU TE DISSE QUE ADOLESCENTES SÃO PROBLEMAS! — gritou Viper da outra sala.

— Quieta, você! — Sandra gritou de volta. Então ela se virou para mim:

— De qualquer forma, se você é tão exigente com dinheiro, tenho outro trabalho que você também pode fazer. É um trabalho tedioso e sem poderes, mas não há risco real envolvido.

— Tudo bem para mim.

— Tudo bem, quanto ao apartamento, experimente um pouco. Se for realmente um problema, daremos um jeito. Agora, onde coloquei esses panfletos.

Ela examinou pilhas de papel e me entregou alguns documentos para examinar e assinar, bem como alguns “panfletos” sobre “orçamento”. Enquanto eu folheava os papéis, ela continuou fazendo seu trabalho, e algumas vezes outros humanos que eu assumi serem minions entraram para perguntar a ela sobre “folha de pagamento” ou sobre trabalhos específicos de clientes. Mesmo depois que terminei minha papelada, ela ainda estava ocupada e me pediu para esperar enquanto fazia uma ligação.

— Ei Cindy, é a Sandra, você ainda está na base? Ótimo, queria saber se você poderia me fazer um favor. Estou sentada aqui com Tofu, e ele precisa ver a casa de funcionários, mas estou super ocupada. Você se incomodaria de mostrar a ele… Tem certeza? Muito obrigada querida. Eu agradeço — ela desligou e se virou para mim.

— Cindy chegará daqui a pouco, ela também mora em um dos apartamentos de funcionários, então pode te mostrar o lugar. Aqui está sua chave e o endereço — e ela me entregou um pequeno retângulo achatado com um número impresso, bem como um pedaço de papel com o endereço.

Eu esperei no saguão da frente com Viper. Ela me ignorou como de costume, mas percebi que ela estava jogando um jogo no celular, que não reconheci.

— Que jogo é esse?

Ela olhou para mim antes de revirar os olhos e voltar ao seu jogo.

— É Tetris Bash.

— Ah… você joga Gribblin Tamer?

— Sim — ela não desviou os olhos do jogo.

— Cheguei ao nível quatro.

Ela bufou — Nível noventa e oito, noob.

Tentei fazer com que ela me contasse como fez isso, mas ela recusou firmemente. Foi quando eu estava tentando importuná-la para me dizer o que um Gribblin roxo precisava para o nível cinco, que outro humano se aproximou e se dirigiu a mim.

Este era jovem e feminino, com cabelo curto encaracolado castanho e vestindo jeans, uma camisa rosa com palavras estilizadas, um moletom preto com capuz e um par de coberturas de mão pretas que pareciam feitas de um material fino e macio. Eu não a teria reconhecido, mas sua voz rouca foi um identificador instantâneo.

— Ei. Você é Tofu, certo? Sandra queria que eu lhe mostrasse os apartamentos?

— Olá Ifrit. Sim, ela queria.

— Sem máscara é Cindy. Como te chamo?

— Apenas Tofu está bom.

— ‘Kay. Por aqui.

Ela acenou com a mão em um movimento de “seguir” e começou a caminhar para a porta. Fiz menção de segui-la, mas a mão em forma de garras de Lily (ela também não estava usando a máscara) de repente se estendeu por cima da mesa e agarrou meu ombro, me impedindo de ir embora. Ela se inclinou e começou a sussurrar.

— Ei, você está se adaptando muito bem e Sandra atesta por você. Mas só para deixar claro: cause qualquer sofrimento a Cindy, e eu serei a primeira na fila para te matar. — Então ela deu um tapinha no meu ombro e me deu um pequeno empurrão na direção de Cindy.

O que será que foi isso?

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Cindy me levou alguns quarteirões para longe e por cima de algumas das pontes do terceiro nível entre os edifícios. No horizonte, o sol estava se pondo (gastamos muito tempo na delegacia) e os prédios altos e as pontes criavam um interessante padrão de sombras.

Caminhamos em silêncio, e foi a meio caminho de nosso destino que percebi o que havia de errado com Cindy. Ela era uma mutante. Não era imediatamente aparente, à primeira vista ela parecia completamente normal, mas havia pequenas coisas que a denunciavam. Uma delas era um segundo conjunto de pálpebras translúcidas que se fecharam horizontalmente quando ela piscava, e outra quando o vento mudou, e eu detectei vestígios de uma substância química que atuaria como um retardador de chamas misturada ao seu suor. Eu presumi que a habilidade dela de lançar bolas de fogo era um poder, mas aparentemente era um produto de mutavus. Deve ser por isso que Viper me advertiu, outros devem ter visado Cindy por sua mutação rara e valiosa.

Bleh. Viper não precisava ter me ameaçado. Eu adoraria saber como a biologia de Cindy funcionava, mas não era suicida. Eu ouvi o suficiente para descobrir que Cindy era descendente de Hellion e eu sabia como os humanos podiam ser protetores uns dos outros. Se um vigilante se ofendesse por matar assaltantes aleatórios, então Hellion provavelmente me faria em “churrasco” se eu machucasse Cindy. Fiquei quase insultado por Viper me achar tão estúpido.

Chegamos a um prédio alto. Várias pontes se estendiam até seu terceiro nível, e o nível do solo não era visível além das seções do segundo nível ao redor do edifício. No segundo nível, observei uma área retangular delimitada ao lado do prédio, onde vários humanos estavam envolvidos em um exercício de treinamento envolvendo uma bola e dois aros metálicos. Muitos deles usavam máscaras pretas.

— Aquilo é beisebol? — Eu perguntei e apontei.

Ela levantou uma sobrancelha para mim — Aquilo é basquete, cara.

— Ah, os strikes são bons ou ruins nesse?

Ela riu — Você pode pedir para participar se quiser aprender. A maioria das pessoas neste prédio trabalha para Hellion, ou não se importam se você trabalha.

— Okay.

Ela me levou até a entrada do terceiro nível e me mostrou como usar o “cartão de acesso” na fechadura da porta. Por dentro, parecia um layout padrão de um edificio residencial, e ela me levou ao meu quarto no segundo andar.

Passamos por algumas pessoas no caminho, e Cindy cumprimentou todos eles pelo nome, apresentando-os a mim brevemente. Fiquei impressionado quando ela até acertou os nomes de dois jovens mutantes de escama marrom, que, pelo que eu podia dizer, eram idênticos em seu “DNA”. Talvez ela tivesse prática em diferenciá-los, ela parecia bastante amigável com eles.

Chegamos ao apartamento que correspondia ao número do meu cartão de acesso e, desta vez, eu o abri com o cartão de acesso para ter certeza de que estava certo. Então Cindy se virou para mim.

— É meio pequeno, mas tem uma cozinha no canto e seu próprio banheiro. Há uma mercearia no final do bloco, no segundo nível, e se você for para o térreo, deverá usar sua máscara para que as pessoas não o incomodem. Ah, e por favor não roube nenhuma das lojas perto daqui. Eles pagam aluguel para Hellion.

— Okay. Obrigado por me mostrar o caminho Cindy.

— Sem problema e bem-vindos ao time — então ela estendeu a mão enluvada em uma saudação humana habitual. Eu a apertei e ela acenou com a cabeça antes de sair (acho que apertos de mão também funcionam para despedidas?).

Entrei no apartamento para explorar. Dentro estava basicamente o que ela havia dito. Dois cômodos pequenos, um com um canto separado e vários eletrodomésticos, imaginei que fosse a cozinha, e um segundo cômodo com um minúsculo banheiro anexo. Surpreendentemente, o segundo quarto continha uma pequena “cama”, a única mobília que eu havia visto no apartamento quase vazio. Acho que os humanos consideravam que uma área de dormir retangular era crítica o suficiente para que fosse fornecida. Isso explica por que Sandra pressionou tanto para que eu tivesse uma “casa”, mesmo que fosse um desperdício de dinheiro. Ai ai, pelo menos havia uma janela em ambos os quartos, o que significava que eu tinha várias saídas em caso de emergência. É melhor essa ideia de mercearia valer a pena.

Saí do apartamento em busca da mercearia. A encontrei. E sim. Valeu muito a pena. Valeu muito, muito a pena. Sandra estava certa e eu errado. E eu sabia o que tinha que fazer.

 

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Sanguine estava puto. Pelas últimas duas horas, ele andou de um lado para o outro no pequeno escritório do armazém que havia confiscado, arrastando os pés lentamente para frente e para trás com o uso de sua bengala. Vários minions entravam e saíam para receber ordens ou tarefas, mas, na maioria das vezes, recebiam um insulto e recebiam ordens para sair. Ou se realmente tentassem a sorte, receberiam um ferimento e um pequeno derramamento de sangue. Normalmente Sanguine era um pouco mais calmo, mas os eventos desastrosos dos últimos dias haviam esgotado sua paciência.

Os Espada estavam acabados. Os sinais eram claros. Sanguine já havia passado por falhas como essa antes e reconhecia os sinais. Era uma pena que este estava chegando tão tarde em sua vida. Ele ainda estava saudável, seu poder o assegurava, mas ele tinha noventa e cinco agora. Os benefícios para a saúde de controlar seu próprio sangue o ajudaram muito, mas a sua idade já estava muito avançada. Ele tinha o quê, mais uma década? Duas se ele se esforçasse? Com raiva, ele passou a bengala na única mesa da sala, jogando uma solitária xícara de café de cerâmica no chão, onde se espatifou. O minion corajoso o suficiente para checar o barulho recebeu a tarefa de limpar os pedaços.

Uma década. Talvez duas. Teria que ser o bastante. Sanguine há muito havia desistido de aproveitar os frutos de seu trabalho. Não, sua vingança em seus últimos anos contra aquela vadia da Hellion teria que ser o suficiente. Ela e todos os outros que estiveram em seu caminho ao longo dos anos. Os Espada eram apenas os últimos de uma longa linha de ferramentas destinadas a seus inimigos. As limitações do poder e da idade de Sanguine significavam que ele costumava ser a força motriz nos bastidores de qualquer organização a que se vinculava. Ele havia reconstruído antes, poderia fazer isso de novo.

Mas talvez precisasse tentar um novo setor. O suprimento de idiotas puristas de E12 havia diminuído, e os que sobraram estavam fartos dos Espada ou eram espertos o suficiente para manter a cabeça baixa. Talvez ele devesse ir para NE12? Tentar estimular os suburbanos a temer que a população pobre de outros setores se mude para seus subúrbios relativamente tranquilos? Pobre vs ligeiramente mais pobre nunca demorou muito para preparar…

Por outro lado, um número suficiente de membros de hierarquia inferior tinha sobrevivido para talvez fazer a bola rolar em outro movimento anti-mutante. Não havia sentido em jogar fora um recurso tão tarde no jogo se ele pudesse evitar. Ele só precisava de uma boa localização. Talvez ir até a E10? Perto o suficiente que eles sabiam sobre os “julgamentos” dos Espada contra os mutantes, mas longe o suficiente que ainda não tivessem sido afetados negativamente pelos métodos dos Espada? Mas ele precisaria de um novo nome para o grupo, ou os capas notariam muito rápido. Outra palavra que soa vagamente como uma cruzada, talvez. Em espanhol, é claro, essa ainda era Califórnia, precisava parecer simpático às raízes locais.

Ele se sentou em uma cadeira de escritório de pelúcia para pensar, colocando sua bengala de lado e pegando um pequeno controle remoto. Havia uma velha tv de tela plana montada na parede que ele ligou no noticiário, mais pelo barulho ambiente do que qualquer outra coisa, e pensou nos planos de como se recuperar desse último desastre. Eventualmente, ele começou a cochilar, já era tarde.

Um barulho o acordou. Um baque suave. Ele havia derrubado sua bengala? Deixou cair o controle remoto? Não e não. E era muito mais tarde agora, os minions não o incomodariam. Eles não eram tão estúpidos.

Alguma coisa estava errada. Ele mordeu a bochecha, o sangue fluindo em sua boca incrivelmente rápido dado o ferimento insignificante. Sanguine se levantou mais rápido do que seria de esperar de alguém de sua idade e imediatamente notou a grade de ventilação caída no chão.

Ele olhou para cima.

E recuou quando a grande figura humanóide pousou quase em cima dele, jogando-o no chão. Estava nele em um segundo, agarrando-o enquanto tomava cuidado para não usar força suficiente que perfurasse sua pele, tentando cobrir sua boca e nariz para estrangulá-lo. Merda. Quem quer que fosse, sabia sobre seu poder. Uma pena para eles que ele era muito experiente para ser pego por tal estratagema.

Ele cuspiu, o sangue acumulado em sua boca disparou para frente como um tiro de espingarda. Gotículas e linhas de sangue cortaram o rosto sombreado de seu atacante, e então ele puxou, esperando a torrente de sangue que deixaria seu atacante vazio.

Nada aconteceu. Ah, líquido fluiu, mas não era sangue, e o poder de Sanguine não conseguiu exercer poder nele. Mesmo o sangue que ele cuspiu não voltou por completo. Qualquer que seja o líquido que alimentava o atacante diluiu ou destruiu a maior parte dele.

De repente, os dois combatentes mudaram de tática. Sanguine cuspiu mais sangue na cabeça de seu oponente, o atacante inseriu as garras nas órbitas dos olhos de Sanguine, e por um breve momento eles correram para ver quem poderia destruir o cérebro do outro mais rápido.

Sanguine perdeu. Não é surpreendente, já que o cérebro do invasor não estava mais localizado em sua cabeça.

O atacante rasgou o corpo de Sanguine e absorveu os restos mortais, certificando-se de que não haveria regeneração, nenhuma recuperação de energia no último segundo. Logo não havia nenhum vestígio de que Sanguine algum dia estivera no escritório, e o assassino partiria sem que ninguém soubesse. Mas uma minion Espada infelizmente enfiou a cabeça para dentro.

— Ei chefe, você acordou? Frank está de vol– PUTA MERDA!

O assassino correu para a minion, mas ela foi rápida o suficiente para bater a porta e sair correndo pelo corredor gritando em alarme. O invasor caiu. Já era a furtividade. Talvez ainda possa sair pela ventilação? Mas não seria bom ser pego em uma ventilação estreita…

A decisão foi tomada para ele quando vários minions irromperam pela porta. O líder da matilha, Frankie, em pessoa.

— Quem caralhos é você!? Onde está Sanguine!? — gritou Frankie.

O rosto do invasor estava deformado por todas as transformações e curas que ocorreram. No entanto, a inclinação de sua cabeça e as características que restaram indicavam claramente sua surpresa. Então falou com uma voz surpreendentemente clara.

— Frankie? Por que está aqui? Sanguine o abandonou, pensei que você pelo menos seria inteligente o suficiente para causar problemas em outro lugar. Esse é o terceiro strike.

O rosto de Frankie ficou vermelho de raiva e confusão — Mas o quê- Quem diabos você pensa que é? Responda a maldita pergunta.

— O metrô, meu traje, e agora você está no meu caminho. São três strikes.

— O quê? Que diabos você está falando?

— Três strikes, Frankie. Você está fora.

 


 

Tradução: Lodis

Revisão: Mori & Fran

 

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