Dark?

Super Minion – Cap. 15.1 – Bichos Crocantes

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Bem, poderia ter sido melhor.

Massa: 67% da norma.

Reservas de energia: 5 ciclos não contínuos.

Depois de cair no túnel do esgoto eu me fingi de morto por um tempo, porém Magenta decidiu não descer para confirmar meu estado, então rastejei para longe. Eu não me preocupei em reparar imediatamente meu disfarce, em vez disso estava regenerando as partes que faltavam o mais lentamente possível para conservar energia. Porém, eu havia reconfigurado meus braços para uma forma que fosse melhor para andar. Felizmente, os esgotos tinham um terreno fácil de navegar e estavam vazios. Esquerda, direita, em frente, esquerda novamente. Na maioria das vezes os esgotos seguiam as ruas, então dizer qual caminho era para o norte não era muito difícil.

Por que será que mais drones não viajam por aqui? Claro, havia os ratos, mas eles não se mostraram muito perigosos.

Meus passos ecoaram pelos túneis vazios enquanto eu revia as atividades da noite:

Os braços extensíveis e as garras de tração estavam provando seu valor cada vez mais. Eles ficariam.

A jaqueta à prova de balas que Imp me deu não foi utilizada, eu precisaria testá-la mais tarde.

O protocolo de defesa speedster funcionou muito bem. Precisava de pequenos ajustes, com certeza, mas eu ainda tinha acertado alguém que conseguia se esquivar de balas.

Mas minha tomada de decisão em relação a Magenta foi um tanto falha. A descrição que o motorista me deu me fez pensar que era como o Guardião, e embora suas habilidades físicas parecessem comparáveis, definitivamente não agia como ele. Magenta não havia parado para verificar se os drones no apartamento estavam bem (ou pelo menos não parou por muito tempo), nem evitou o uso de “força excessiva”, como Tim afirmou que o Guardião fazia. Talvez se eu tivesse realmente ferido os drones do apartamento teria feito Magenta parar? Mas Imp afirmou que prejudicar “espectadores inocentes” simplesmente trazia “mais calor” sobre você…

Resultado do protocolo isca: falha.

Tudo isso veio da minha decisão de deixar o motorista escapar agindo como isca. Da próxima vez, eu não seria uma isca, simplesmente abandonaria o caminhão. Foi uma decisão “impulsiva” e, logicamente, falha. Acho que coloquei o motorista e o caminhão muito altos em minhas prioridades por algum motivo.

Encerrando Humano.exe;

Tomada de decisão falha de Human.exe: calculando.

Estimativa de perda de recursos: 73,4%.

Estimativa de sobrevivência com Humano.exe: 87,567%.

Estimativa de sobrevivência sem Humano.exe: 9,284%

Reiniciando Humano.exe;

Bem, erros foram cometidos, é melhor aprender com eles e seguir em frente. Eu sobrevivi e isso é o que importa.

Continuei descendo os túneis uniformes. Os esgotos eram muito bons, estavam vazios, limpos e havia muita água potável fluindo por eles. Supostamente este lugar era para o descarte de lixo, mas eu não havia visto nada além de uma ou duas manchas de ferrugem. Que pena, eu gostaria de vasculhar pelos restos.

Direita, esquerda, reto, reto, mancha de sangue… bem, o que temos aqui. Uma pequena poça de sangue estava esfriando no chão perto de um grande cano aberto. Cautelosamente, me aproximei e a examinei. Não, não era sangue de rato, mas quando cheirei ao redor, definitivamente senti o cheiro de rato.

Hmm, provavelmente muito arriscado seguir a trilha que levava ao grande cano, eu não reconheci o organismo de onde veio o sangue. Eu queria mais massa, mas por enquanto tinha recursos suficientes para refazer meu disfarce. Melhor apenas encontrar o caminho de volta para rua Ashwood antes de encontrar uma bio-arma, ou pior.

Deixei a poça de sangue para trás, mas quando me aproximei do próximo cruzamento comecei a ouvir sons de arranhar no cano que acabei de deixar para trás. Me agachando na esquina, estendi um tentáculo de olho para ver o que iria emergir do cano.

Os sons de arranhar se intensificaram, tornando-se um tum, tum, tum, como se o que estava descendo pelo cano parecesse com pressa.

E eu podia ouvir o bater dos dentes de ratos.

O barulho de batidas atingiu o clímax, e então um novo organismo que eu nunca havia visto explodiu do cano e caiu na corrente de água que descia pelo centro do túnel.

Massa estimada: equivalente a 3,6 drones.

Ele tinha um corpo longo que estava rente ao chão e obviamente era anfíbio. Quatro pernas atarracadas o impulsionava a uma velocidade surpreendente, e o comprimento de seu corpo era coberto por uma coleção de retalhos de escamas verdes e prateadas. No final de um pescoço muito comprido que ocupava quase um terço de seu comprimento, ficava uma cabeça que simplesmente se estendia do pescoço, seus olhos eram de um branco leitoso com uma boca quase perfeitamente esférica que era circundada por finos tentáculos. Uma cauda igualmente longa se estendia atrás dele, com uma membrana que ajudava a pegar a água e impulsionava a criatura para frente rapidamente. Várias feridas profundas em seus lados vazavam sangue na água enquanto ele tentava nadar rapidamente para longe.

O motivo da angústia da criatura logo se tornou evidente quando um rato saltou do cano atrás dela, a perseguindo. Este era um dos maiores espécimes que eu havia visto, e logo foi seguido por mais dois de seus companheiros, que perseguiram o escama de prata e o seguiram para dentro da água. Eles eram, aparentemente, nadadores decentes, e no estado ferido do escama de prata eles logo o dominaram. Eles o morderam várias vezes por todo o corpo e, apesar de ter lutado decentemente (pegou um com seus tentáculos e deu uma grande mordida circular), logo sucumbiu aos ferimentos. Logo depois, os ratos arrastaram o cadáver fresco para o chão e começaram a comer.

Um ecossistema interessante, aparentemente os ratos não eram apenas necrófagos, afinal. Eu teria que tentar caçar aqueles escamas de prata, não pareciam muito perigosas se sua única defesa fosse a boca e os tentáculos.

Mas, por enquanto, os ratos eram um alvo fácil e eu precisava da massa. Um já estava ferido e os três estavam cansados de perseguir e nadar.

Porém, algum tipo de transformação seria necessária, ter apenas dois membros não era bom para uma luta. Minha metade inferior demoraria muito para mudar, então, em vez disso, fui com minha cabeça. Guardei minha máscara e núcleo em meu torso e alonguei a mandíbula e a língua, a língua atuaria como um apêndice preênsil por hora.

Envolvendo minha língua em torno do cabo da minha faca, eu verifiquei da esquina novamente. Os ratos ainda estavam lá e alheios à minha presença, empanturrando-se do corpo do escama de prata. Aproveitei a oportunidade e ataquei.

Os ratos não esperavam um ataque logo após abaterem sua presa, e eu já estava no primeiro quando os outros tentaram emitir um aviso. Esfaqueei o pescoço do primeiro com minha faca, mas apenas causei um ferimento superficial. Minha língua não era a melhor para brandir uma arma.

Os outros ratos me atacaram e logo eu tinha três deles dando pequenas mordidas em mim. Minha única vantagem era que a maior parte dos músculos dos meus braços estavam intactos e, quando acertei um golpe, arranquei pedaços de carne dos ratos. Eles retribuíram com mordidas e arranhões, mas ao contrário deles eu não sofria tanto por perda de sangue, minhas feridas coagulavam imediatamente. O rato que apunhalei no pescoço foi o primeiro a sucumbir à perda de sangue e, em vez de continuar a lutar, os dois sobreviventes fugiram, deixando o cadáver do escama de prata. Eu não me incomodei em persegui-los.

O escama de prata era interessante, estava completamente adaptado à vida nos túneis estreitos e aquáticos. Quase cego devido à falta de luz, provavelmente usava os tentáculos como bigodes. O mais estranho de tudo era a boca, tinha dentes, mas se eu estava analisando sua anatomia corretamente, ele usava a boca mais para raspar ou limpar. Que tipo de organismo requer esse tipo de estrutura? O melhor que pude imaginar seria se agarrando a algo e mordendo, mas a maioria das coisas não reagiria? Estranho.

Skreeek-ke-ke

Minha cabeça se virou com o som, veio do grande cano e eu imediatamente avistei os dois ratos que haviam fugido. Ambos ainda estavam ensanguentados da nossa luta, mas atrás deles estavam mais dois ratos. Quatro deles agora. Não é tão ruim, pelo menos com dois feridos, mas–

Skreek-ke-ke

Mais dois emergiram de um cano menor ao longo do túnel. Então, mais dois. E mais um. Cada um era um grande rato.

Ameaça estimada: Alta.

Isso não era bom, de jeito nenhum.

SKREEEEEEEEEEKEKE

O próximo som ecoou pelos esgotos, vindo não de um cano, mas de um dos túneis do canal. Da esquina surgiu outro rato.

Se fosse realmente um rato, ele era ENORME! Facilmente igual ao pelo amarelo anômalo falecido. Seu pelo era irregular e sua pele deformada e marcada com cicatrizes pelos muitos confrontos que sobreviveu. Seus olhos eram do mesmo branco leitoso que os do escama de prata, mas pela maneira como os focou em mim, eu tinha certeza de que ainda podia ver.

Ameaça estimada: Extrema.

SKREEEEEEEEEEEKKK

Eu sai correndo, os ratos saindo dos túneis atrás de mim para me perseguir.

Esquerda, direita, frente, fui forçado a simplesmente correr o mais rápido que pude pelos túneis do canal. Várias vezes os ratos pularam de canos adjacentes ou vieram de túneis laterais na tentativa de me barrar. Eu queria desesperadamente encontrar uma escada de acesso, mas cada vez que encontrava uma, os ratos já haviam formado uma barricada usando seus corpos.

SKREEEEEEEEEEEKKK-KE-KE

E o rato gigante ainda estava atrás de mim. Felizmente não era tão rápido quanto o pelo amarelo tinha sido, mas os ratos normais eram rápidos o suficiente para correr à sua frente, e de vez em quando eu tinha que lidar com um, o que permitia que o enorme se aproximasse novamente.

Esquerda, reto, esquerda, golpear um rato que saltou de um cano acima.

Direita, reto, reto, pegar um rato que me alcançou e jogá-lo na água.

Os ratos estavam me conduzindo um uma certa direção e eu estava rapidamente ficando sem opções. Enquanto uma contagem aproximada indicava que os ratos tinham apenas trinta a quarenta indivíduos, eles conheciam os túneis melhor do que eu, e estavam usando esse conhecimento para me isolar de qualquer túnel que prometia abrir para terreno aberto ou uma possível abertura para escapar.

Me aproximei de um cruzamento onde os ratos haviam bloqueado as opções de ir reto e da esquerda, deixando o caminho da direita livre. Eu não estava caindo nessa. Ao contrário de antes, eu vi luz no fim do túnel em frente, um brilho fraco no fim do túnel que perfurou a escuridão, e os ratos se espalharam um pouco finos demais para bloquear as duas opções. Fingi que iria entrar no túnel da direita, mas no último momento avancei em direção aos ratos à minha frente. Eles já haviam começado a se mover para me seguir e agora estavam fora de posição, permitindo-me pular por eles, um braço usando um rato de apoio para saltar o bloqueio. Os ratos rapidamente perceberam seu erro e voltaram a me perseguir, suas garras e guinchos fazendo um barulho terrível no túnel atrás de mim.

Mais algumas dezenas de metros e eu consegui alcançar a luz, descobrindo que era uma série de luzes artificiais que estavam amarradas no teto. Elas pareciam brutas e um tanto improvisadas, mas com sorte eu estava me aproximando de uma área povoada por drones, onde haveria algum tipo de defesa contra os ratos, ou pelo menos outros alvos para distrair os ratos.

Mas atrás de mim ouvi o grito dos ratos parar. Os que vinham à frente da horda recuaram, recusando-se a cruzar a fronteira iluminada criada pelas luzes artificiais. Não questionei minha boa sorte e continuei correndo. Provavelmente os ratos aprenderam a evitar o território dos drones, não é como se eles se saíssem bem contra armas e balas. Tudo que eu precisava era encontrar uma abertua de saída e consertar meu disfarce, e talvez eu sobrevivesse a isso.

SKREEEEEKEKEKEKEKE

Ou talvez apenas encontrar uma saída de emergência. O disfarce poderia esperar.

O enorme rato cinza disparou direto para a luz e sua bravura convenceu os ratos menores a continuar a caça. Pelo menos, ganhei alguma distância.

Eu segui as luzes. Eles continuaram pelo túnel até que se dividiram em uma interseção em T, que poderia ter sido uma interseção normal, exceto que o túnel à frente havia desabado, o que parecia ser pedras derretidas preenchendo todo o canal e túnel.

Eu estava do lado direito do canal neste túnel, então fui para o caminho da direita. Virando a esquina revelou…

Um beco sem saída. Continuava cerca de seis metros, mas terminava em uma parede de tubulação fundida e enferrujada.

Virei para voltar para o caminho da esquerda, mas um dos ratos mais rápidos me fez perder o equilíbrio. Ele agarrou meu torso e mordeu meu rosto. Uma decisão imprudente considerando que eu ainda estava segurando a faca com minha língua, e eu o ataquei de volta. Ele foi surpreendentemente determinado e recebeu vários golpes e um corte no olho antes de finalmente recuar. Eu o deixei ir, torcendo para que não fosse tarde demais.

Mas era. Os ratos mais rápidos haviam se aglomerado no caminho esquerdo e o enorme rato estava virando a esquina. Eu estava preso.

Como grupo, os ratos começaram lentamente a se mover para a frente. Alguns dos ratos menores provavelmente hesitaram (muitos com ferimentos causados por mim durante a perseguição), mas o grande estava apenas enrolando, ele sabia que eu estava encurralado.

A horda me conduziu mais fundo no beco sem saída. Eu não seria capaz de romper a barreira de ratos e não havia canos grandes o suficiente para escapar. Transferindo minha faca para um de meus braços mais fortes, me preparei para encostar em um canto e simplesmente defender, minha pele já estava ficando mais grossa enquanto eu sacrificava meus reflexos e flexibilidade para tentar endurecer minha pele o suficiente para resistir às garras e dentes dos ratos.

Porém, eu duvidava que ajudaria contra o rato enorme.

Eu continuei recuando. Um rato chegou perto demais e eu o golpeei. Ele recuou, mas a horda continuou avançando. Até que o último rato entrou no túnel.

Então, houve um movimento atrás da horda de ratos. O túnel bloqueado estava mudando, pedras e pedregulhos se movendo de suas posições em conjunto.

Silenciosamente.

A horda não percebeu até que o primeiro deles morreu com um grito.

Skree-ks-h

As cabeças viraram e os ratos olharam para ver o que havia acontecido e foram saudados pela visão de um rato sendo rasgado ao meio pelo que parecia ser pedras em movimento. Não, não pedras, mas algum tipo de organismo cuja carapaça se camuflou ao túnel. A mesma cor cinza das paredes do túnel, sem a iluminação artificial teria sido quase invisível nos túneis sombrios. Tinha duas grandes garras que seguravam as metades do rato que acabou de matar e, pelo que pude ver, um longo corpo segmentado sustentado por vários pares de pernas cobertas de quitina com múltiplas articulações. Entre as duas grandes garras, eu mal conseguia distinguir uma cabeça com vários olhos e com apenas um par de mandíbulas em forma de garras como rosto. Ele largou o rato que havia matado e o acertou com uma garra, agarrando outro, um simples movimento cortou o rato perfeitamente ao meio e ele novamente buscou um terceiro.

SKREEEEEEKKEKEKEEE

O enorme rato guinchou e a horda atacou. Eles se jogaram na criatura e morreram em massa, a pressão dos corpos trabalhando em sua desvantagem. As garras da criatura eram grandes e volumosas, perfeitas para bloquear o túnel, mas também eram rápidas, e golpes esmagariam, cortariam e impediriam que vários ratos o alcançasse. Ele havia bloqueado a horda do cruzamento e estava usando a mesma tática que eles tentaram usar comigo, transformando o túnel sem saída em um matadouro. Um design e estratégia perfeitos para os túneis em que vivia.

Eu teria ficado mais impressionado se também não estivesse preso na armadilha.

Ele continuou a matar os ratos, um de seus golpes na verdade matando quatro ratos ao mesmo tempo, simultaneamente cortava um, pegava um segundo e esmagava os dois últimos sob o peso da garra. Então o enorme rato finalmente entrou na luta.

SKREEEEEEKKKEKEKE

Ele esperou o golpe da garra cinza e atacou, mordendo o braço atrás da garra, onde normalmente estaria o pulso de um drone. Sua luta permitiu que vários ratos finalmente ultrapassassem a defesa do garra cinza, embora vários deles fossem agarrados e mortos pelas mandíbulas.

CRUNCH

As mandíbulas do rato gigante eram mais fortes do que eu esperava, o crunch era o som do braço coberto de quitina do garra cinza se estilhaçando quando a mordida do rato gigante conseguiu quebrar o material. A garra direita do garra cinza caiu no chão e, com metade de suas defesas perdidas, logo foi cercado pelos ratos menores. Eles atacaram suas pernas, rosto e cabeça, mas ele avançou no ataque, colocando a garra restante no enorme rato gigante e prendendo-o ao chão.

Em seguida, cuspiu uma substância verde de sua boca bem no rosto do rato gigante. Um som crepitante acompanhou os guinchos do rato gigante enquanto ele se debatia em agonia, a substância rapidamente corroendo o rosto do rato e dissolvendo sua cabeça em segundos.

Ouvir seu líder gritar e morrer deve ter desmoralizado os ratos restantes, porque seu ataque ao garra cinza de repente tornou-se uma bagunça enquanto eles se espalhavam para tentar passar da garra cinza para a liberdade. Alguns conseguiram, mas a maioria morreu enquanto ele continuava a cuidar dos poucos sobreviventes.

E então eu estava sozinho com ele.

Sua garra esquerda foi erguida em preparação para acertar qualquer rato que restasse, seus múltiplos olhos examinando o túnel além da pilha de ratos mortos.

E então ele me viu e congelou.

Olhamos um para o outro por longos momentos. Eu, tentando desesperadamente descobrir o melhor método para sobreviver. Ele, provavelmente se perguntando se eu era comida como os ratos.

Mais momentos se passaram até:

— Olá?

O quê!?

— Você consegue falar? Você… ainda é humano?

A voz vinha de algum lugar atrás do garra cinza, parecia um drone “ela”. Alguém estava comandando o garra cinza?

Enchi meu queixo com micro unidades e me apressei em mudar minha boca o suficiente para responder.

— S–shin, eh sho uman — foi o melhor que pude dizer com minha língua ainda inchada em um apêndice.

— Ah… — veio a voz. — … você deveria usar suas braçadeiras. Quase pensei que fosse um monstro.

De repente, a garra cinza se moveu, não em minha direção, mas para trás, suas muitas pernas lutando para ir de volta ao túnel de onde tinha vindo, levando o rato gigante morto com consigo.

Não havia mais ninguém no túnel. O… o garra cinza era o drone que ouvi?

Havia uma lista de perguntas em minha mente. Eu não sabia que os drones vinham em um design não bípede, e este era uma grande divergência até mesmo dos outros drones de combate. Foi feita especificamente para cuidar dos esgotos? Qual era sua facção? Será que tinha uma facção? Também havia uma boa possibilidade de que essa fosse outra bio-arma em fuga. Ela não me atacou, talvez eu pudesse conseguir mais informações sobre os drones com ela?

Eu lentamente contornei os montes de cadáveres de ratos e caminhei de volta para o cruzamento. A garra cinza estava sentada na entrada de seu túnel, lentamente cortando pequenos pedaços do cadáver do rato gigante antes de comê-los um por um.

— Hmm–

— A saída é por ali — ela interrompeu e apontou para o túnel que eu não tinha escolhido. — Vire à direita no primeiro cruzamento e encontrará a escada.

Útil saber, mas eu não queria ir embora ainda.

— Meu nome é Tofu.

— Bom para você. Agora vai, estou tentando comer aqui.

— Não preciso ir imediatamente — respondi. Eu realmente queria fazer perguntas.

Eu ouvi um suspiro, seguido por:

— Sim, você meio que precisa. É muito perigoso para um pirralho como você estar aqui embaixo.

— Ficarei bem.

— Pfft, parece que você caiu de um moedor de madeira. Você tem sorte de eu estar aqui para te salvar.

— Bem, é verdade, você me salvou. Mas isso não é dos ratos, er, a maioria não é. Eu estava lutando e fui jogado no esgoto. Foi por puro azar que encontrei os ratos logo depois.

A garra cinza olhou para mim em silêncio. Então, em um tom de voz muito mais preocupado, ela falou:

— …Espera. Quer dizer que todas essas feridas são recentes? Jesus, como você está… suas pernas… e você já tem mutações… você precisa de um médico. Tipo, imediatamente.

— Não se preocupe, me sinto bem. E eu não estou sangrando nem nada.

— Claro que você se sente bem idiota! Você bateu a cabeça? Você está  em mutação! — gritou a garra cinza.

Eu recuei com seu grito. Então perguntei:

— Mutação?

— Sim! Deus, talvez você esteja em choque. Desculpe por gritar, mas você precisa de um médico antes que piore. Está indo bem devagar, pelo menos, seu benedicci deve ser forte, pode ainda ter tempo… me diga, você se sente confuso e com fome?

— Sim para ambos.

— Droga, aqui.

A garra cinza começou a cortar pedaços menores do rato, criando uma pequena pilha de carne na minha frente.

— Aqui, coma isso. Eu sei que é nojento, mas agora você precisa de nutrição. Coma e espere por mim aqui, eu já volto — então recuou ainda mais para sua toca.

Agora eu estava realmente confuso. No início, queria que eu fosse embora, mas agora queria que eu ficasse e comesse? E parecia muito preocupada com essa “mutação”. Provavelmente estava relacionado ao “mutavus” de que todos falavam. Talvez eu devesse perguntar diretamente o que são mutavus e benedicci, eu estava cansado de não entender quando os drones falavam sobre isso. A única razão pela qual eu ainda não havia perguntado a um drone era porque todo drone já parecia informado, e eu não queria chamar atenção para mim por não saber.

Comi minha pequena pilha de carne (não tinha um gosto tão ruim?) enquanto ouvia barulho e batidas dentro da toca da garra cinza. Junto com gritos abafados de “Onde estão?” e “Onde eu coloquei?”

Terminei minha pilha de carne e estava pensando em comer mais do rato, quando a garra cinza emergiu de sua toca segurando um par de braçadeiras amarelas em suas garras mandibulares. Ela os jogou para mim e disse:

— Aqui, coloque isso, você tem um celular por acaso?

— Não.

— Claro, acho que era esperar demais. Aqui — ela entrou em sua toca novamente e voltou com um “celular” preso em uma garra da mandíbula. Fiquei um pouco apreensivo de chegar perto dela (as imagens de ratos esmagados ainda estavam vivas em minha mente), mas não tinha sido hostil até agora, então peguei cautelosamente o celular de sua mandíbula estendida.

— Quando chegar à superfície, ligue para o nove-um-um. Diga a eles que você está mutando rapidamente e que precisa de ajuda. Acha que pode subir uma escada sem deixá-lo cair?

— Sim, sem problema.

— Tudo bem, então vai logo.

— Hmm, na verdade eu queria te fazer algumas perguntas antes de sair.

— Você não tem tempo pra isso. Você precisa ir.

— Mas–

De repente, ela ergueu sua garra restante e com um estrondo bateu no chão.

— VOCÊ NÃO TEM TEMPO PARA ISSO! — ela gritou.

Eu havia pulado para longe quando ela quebrou o chão, mas quando não me seguiu, me virei para olhar para ela novamente. Ela tremia um pouco e tive a impressão de que estava muito brava comigo. Lentamente, ela se acalmou e alguns momentos de silêncio se passaram antes de suspirar e dizer:

— Olha, você precisa ir. Antes, antes que…

— Antes do quê?

— … antes que acabe como eu — terminou, tão baixo que mal pude ouvir.

Que estranho. Por que ser um superpredador seria ruim?

— A propósito, você nunca me disse seu nome — eu disse.

— Pfft, é Nicole. Tente não quebrar meu telefone, ok?

— Não vou. Até mais.

— Sim, claro, até.

Encontrei a abertura de saída com bastante facilidade. Consertar meu disfarce demorou um pouco, mas logo eu tinha todos os meus órgãos e apêndices de volta no lugar, mesmo estando 45 kilos mais leve. Eu precisava pesquisar mutavus e benedicci antes de visitar Nicole novamente, eu queria fazer mais perguntas a ela e poderia precisar ajustar meu disfarce novamente para não alertá-la. Se ela não fosse uma bio-arma, então eu não poderia revelar a ela que eu era.

Colocando minha máscara de volta no lugar, fui saudado por uma mensagem flutuando em minha visão:

— Yo Tofu, você está vivo? – Imp

Não notei a mensagem enquanto estava fugindo dos ratos, provavelmente esse é um dos motivos que disseram para não tirar a máscara.

Oops.

 


 

Tradução: Lodis

Revisão: Mori & Fran

 

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