Mais de mil gotas d’água flutuavam ao meu redor. Posicionei uma dúzia delas acima de mim, estas eram maiores do que as outras e tinham o formato parecido com lentes convexas. Elas absorveram a luz do sol, transformando-a em finos raios de luz e refratando-a contra as gotas espelhadas abaixo. Isso focou toda a luz em um único ponto, que então foi condensada pelas gotas de formato convexo abaixo de mim antes de ser canalizada em direção ao alvo. A temperatura desses raios extremamente finos, que não tinham nem a largura e o diâmetro de um lápis, era de milhares de graus Celsius – calor mais do que o suficiente para tirar a vida de uma pessoa.
As gotas eram elementais da água que convoquei, também alterei suas formas para ficarem de acordo com minhas necessidades. Com a ajuda da minha magia, cada uma delas absorveu a energia do sol, coletando-a e refratando-a. E era assim que Megiddo, meu novo feitiço mágico de natureza física, funcionava.
A primeira explosão de luz levou à morte instantânea de mais de mil cavaleiros. Do alto, eu via suas fileiras diminuindo – Megiddo estava os aterrorizando, ou assim eu esperava. Mas esse não foi o fim. Otimizando os cálculos, ajustei automaticamente as posições das gotas mais relevantes e detonei a segunda explosão. Outros mil caíram, incapazes de resistir ao calor abrasador.
Mas o aspecto realmente assustador dessa magia era quão pouca energia demandava de mim. A lente convexa que servia como ponto final de lançamento era vaporizada todas as vezes pelo calor, mas eu poderia criar outra instantaneamente. Era para isso que serviam os elementais de água. E reunir o vapor d’água do ar não dava muito trabalho.
Fazer uma nova lente levava menos de meio minuto, então foi possível lançar uma saraivada de ataques aéreos. Tudo que eu tinha que fazer era juntar mais água e ajustar a mira. Não me custou nada mais do que o necessário para convocar elementais e manter a magia ativada – esse feitiço, em maior parte, funcionava com a luz do sol, o símbolo mais puro da energia natural. Isso significava que eu conseguiria usá-lo apenas durante o dia, mas Farmus foi gentil o suficiente para marchar para Tempest perto do meio-dia. Todos os problemas que poderiam aparecer foram resolvidos. Agora eu só tinha que limpar o lixo abaixo de mim.
Os raios eram silenciosos e tão rápidos quanto a luz, e não deram nenhuma chance de os cavaleiros reagirem. O massacre continuou. O Sentido Mágico revelou a localização exata deles, permitindo-me atacá-los onde eram mais vulneráveis. A única coisa que a barreira deles bloqueava eram magias, então, felizmente, eu tinha uma visão clara de suas posições.
Fosse um mercenário vestido com uma armadura de couro ou um cavaleiro com uma placa de metal do governo, a morte veio igual para todos. Ocasionalmente, por vontade própria, eu apontava um raio para o braço, perna, ou torso de alguém, fazendo-os gritar em desespero para aumentar o caos. Isso só tornou a cena mais horrível. O terror agora estava em toda parte.
O que eu não visava eram as carroças e tendas mais sofisticadas, afinal, não sabia onde o rei estava. Se ele fosse morto, nunca seria capaz de fazê-lo confessar seus pecados. Eu não era tão compassivo. Qualquer um estúpido o suficiente para despertar minha ira precisava ser amplamente responsável por isso.
Meros cinco minutos ou mais desde que este ataque unilateral começou, dois terços da força de avanço foram mortas. Isso significava que mais de dez mil vidas foram ceifadas por mim, e suas almas colhidas.
Agora deve ser um bom momento…
Com um bater de asas, desci à terra, pronto para causar ainda mais desespero aos tolos diante mim.
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Quando Razen avistou a Área Anti-Magia inimiga, ele ficou surpreso com seu tamanho. Mas não prestou mais atenção, reconhecendo na hora que não seria problema.
Ao contrário do Reino dos Anões, cujas forças mágicas eram sua principal forma de ataque, os magos de Farmus eram encarregados estritamente de lidar com a defesa primeiro, seguido por feitiços de fortalecimento e suporte. A magia de aprimoramento corporal era imune aos efeitos da barreira, o que significava que não conseguir usar magias ofensivas não era um grande problema. Além disso, eles já tinham várias magias de legião em vigor, e magia de dispersão seria a única maneira de se livrar delas. Uma Área Anti-Magia impossibilitava o uso de qualquer nova magia dentro de seu alcance, mas não afetava as que já foram lançadas.
Razen verificou mais uma vez para se certificar de que todas as magias defensivas ainda estavam funcionando. E estavam.
— Hm, parece que está tudo normal. Será que nosso inimigo está tão confiante assim em suas habilidades de combate corpo a corpo?
— Acho que é melhor eu cuidar disso. Vou ir lá aumentar a moral dos meus cavaleiros e—
Justo quando Folgen estava respondendo à pergunta do feiticeiro, um feixe de luz caiu do céu. Razen mal conseguiu entender o que estava acontecendo – não apenas ele, mas todos no local. Houve um som abafado de colisão, e o guarda em patrulha atrás deles caiu, um pequeno buraco redondo apareceu entre suas sobrancelhas.
— Hã…?! O que foi que aconteceu? — Razen gritou surpreso.
— Atenção! Protejam sua Alteza!!
Imediatamente acatando as ordens de Folgen, os cavaleiros entraram em ação, tentando reprimir a ansiedade dentro deles. Mas era inútil. Esse primeiro feixe foi só um disparo de teste; o que o seguiu foi um raio de luz extremamente brilhante.
Em um piscar de olhos, os soldados começaram a cair de novo. Não havia tempo para curá-los. Os raios atravessaram seus órgãos vitais, matando-os na hora.
— Ahhhh! Meu braço… meu braço…!!
— Socorro! Me ajudem!!
— Aaaaaaah! De onde… que isso tá vindo?!
Aqueles azarados o suficiente para serem pegos no campo de tiro choraram e imploraram por misericórdia – ou entraram em pânico ao ver seus companheiros de esquadrão mortos. Bastou um momento para todo o campo de batalha ser transformado em um pandemônio. Seus espíritos já estiveram inabaláveis e suas mentes confiantes da vitória – mas tudo isso se foi há muito tempo.
O líder das Brigadas Mercenárias de Farmus estalou a língua amargamente.
Seus velhos companheiros, todos soldados veteranos com longos históricos de batalhas árduas e intensas, estavam sendo atingidos por esses raios de luz vindo do nada e sendo mortos na hora. Os recrutas mais jovens corriam para salvar suas vidas, movidos pelo terror e medo. Aconteceu em um instante – a luz ofuscante dançava ao redor deles, matando todos à vista com muita facilidade.
A resistência foi inútil e, após um tempinho, a segunda onda chegou. O vice capitão da brigada viu seu braço direito cair diante seus olhos – e isso fez o líder finalmente perceber que isso era um ataque inimigo. Imediatamente se arrependeu, do fundo do coração, de ter se juntado a esta expedição.
Malditos sejam! O que diabos há por trás disso?
Não havia nada que ele pudesse fazer para combater essa coisa que ia muito além de sua compreensão. Mas o líder dos mercenários tinha a sorte ao seu lado. A impiedosa terceira onda o matou de forma indolor. Ele era um lutador famoso, admirado como o campeão do rank A aos olhos de todos, e perdeu a vida antes mesmo de entender o que havia acontecido.
Em resposta a esta emergência, os Cavaleiros Templários anti-monstros afiliados à Santa Igreja Ocidental pegaram suas armas.
— Todas as tropas, entrem em posição! Todas as divisões, permaneçam em formação defensiva e lancem Barreiras Multicamadas! Mostrem ao inimigo que nenhum ataque é páreo para o nosso poder sagrado!!
Eles foram treinados para agir assim, reagindo instantaneamente apesar de todos os companheiros mortos. Era o tipo de dedicação que impressionava qualquer um que a visse. Mas assim que construíram suas barreiras, obstinados e confiantes, todos eles tiveram suas cabeças perfuradas e morreram.
Era como se alguém estivesse os ridicularizando lá do alto, mostrando-lhes quão inúteis suas defesas eram. E ficar em formação fechada provou ser suicídio. Ter tantas tropas em um espaço apertado possibilitou que um raio matasse vários cavaleiros de uma só vez.
Nenhuma fé em Deus teria algum significado diante de Megiddo. No momento em que a quinta onda diminuiu, os Cavaleiros Templários foram aniquilados.
O forte e o fraco tremeram em uníssono. Não havia nada que pudessem fazer. Até mesmo a Federação de Cavaleiros Nobres de Farmus, aquele grupo de jovens nobres de Farmus, desmoronou, procurando qualquer forma de fuga. Eles estavam até atacando uns aos outros em uma exibição louca e feia – mas foi essa feiura que permitiu que sobrevivessem por mais tempo. Se isso foi bom ou não, fica aberto à discussão.
Os magos da Aliança de Feiticeiros de Farmus – aprendizes diretos de Razen – se afundaram em desespero enquanto morriam. Que ironia, eram incapazes de usar magia, mas a magia estava sendo lançada repetidamente sobre eles. Mas realmente era magia? Eles simplesmente não sabiam, e isso os perturbava.
Mesmo no fim de suas vidas, à beira da morte, eles eram estudantes. Tudo o que buscavam era conhecimento. E agora não podiam mais.
No final da onda de luz número sete, metade deles estavam mortos. Razen e Folgen olharam fixamente para a cena por um único momento, então resolveram se reagrupar com seu líder.
Não havia mais como manter a ordem. Todos estavam muito ocupados tentando salvar suas próprias peles. Neste momento, sua melhor aposta era de correr até seu rei e mantê-lo seguro. Eles ainda não tinham ideia do que eram esses feixes de luz. Mesmo usando todo seu intelecto, o feiticeiro não compreendia. No momento em que algo brilhante passou, outra pessoa caiu. Até mesmo seu resplendor levou um bom tempo para ser percebido por suas mentes. A velocidade era simplesmente inimaginável.
Mas Razen pensava diferente sobre isso. Sua hipótese era de que um único raio poderia matar no máximo alguns cavaleiros de uma só vez. Ele conseguia dizer que havia algum conjunto de leis por trás disso. Se houvesse uma parede, algo que pudesse ser usado para bloquear a luz, seria perfeito. Mesmo que fosse – na pior das hipóteses – um escudo humano, o rei ainda estaria protegido. E quanto a si mesmo? Ele estava disposto a arriscar que poderia suportar esta luz.
Então ele e Folgen dispararam em direção à tenda do rei, gritando durante todo o caminho:
— Onde está o Rei Edmaris? Sua Alteza está segura?
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O Rei Edmaris estava fazendo de tudo o que podia para reprimir o medo que o deixava sem fôlego. Ele tinha que preservar sua dignidade como monarca a todo custo. Sua mente disparou, seus pensamentos foram jogados ao caos.
Agora não havia como negar: esta campanha foi um fracasso. Mesmo que quisesse escapar, o desenrolar das coisas não permitia mais. Ele só queria gritar, como isso aconteceu?! Mas não havia tempo para isso.
— Reyhiem, o que você…? O que deveríamos fazer?
— Nós-Nós devemos manter a calma!
O rei e o arcebispo se abraçaram, tremendo dentro da tenda ornamentada. Um serviçal que havia saído para avaliar a situação – literalmente apenas um momento atrás – já havia sido incinerado.
Não fazia muito tempo desde que ele havia se despedido das forças avançadas, esperando os cavaleiros que marchariam atrás deles. Todos pareciam tão confiantes, tão confiáveis. Ele tinha certeza de que esta campanha seria um sucesso, uma parte do caminho para sua gloriosa honra. Mas foi necessário apenas alguns minutos para a mesa virar. Bastou os campos se encherem de cadáveres.
A visão estava tão distante da realidade que o Rei Edmaris nem conseguia entender o que havia acontecido. Tudo o que podia fazer era permanecer em sua tenda e tremer de medo. O Arcebispo Reyhiem fez o mesmo. Ele não tinha interesse em proteger o rei – o clérigo só ficou aqui porque imaginou que era a opção mais segura. Mesmo não tendo nenhuma evidência, sua escolha acabou sendo a correta. Nenhuma daquelas luzes impiedosas havia os atingido ainda.
— Sua Alteza! Você está bem?
— O capitão dos cavaleiros, Folgen, está aqui ao seu dispor, meu senhor!
— Ah, Folgen! Como é bom te ver! E você também, Shogo. Por favor, por favor, nos deixe sair daqui agora. Devemos voltar para o reino e reagrupar nossas forças!
— De fato. Não tenho ideia do que aconteceu, mas devemos partir imediatamente, ou podemos ser pegos no massacre também!
Com dois dos maiores combatentes de Farmus ao seu lado, o Rei Edmaris pôde dar um leve suspiro de alívio. Ele correu até Folgen, praticamente se agarrando a ele.
— Agora, por favor, vamos logo! Onde está Razen? Precisamos de sua magia de teletransporte se quisermos…
A nona onda de luz começou.
— Aaaaaah!!
O rei agachou-se, com os braços cobrindo a cabeça, enquanto seu arcebispo caia de medo no chão.
— Por favor, Alteza, se acalme. Seu feiticeiro está bem diante de seus olhos.
— … Shogo? Não, você é… Razen?
— Exatamente, senhor.
— Ah… ahhh! Oh, Razen, Razen, obrigado por vir! Agora, por favor, devemos ir para casa imediatamente!
— Um momento, senhor. Há uma série de coisas que eu gostaria de relatar a você, por agora, serei breve. Em suma, neste momento, não podemos usar magia neste local. Precisaremos reunir nossos cavaleiros de alguma forma e usá-los como escudos enquanto tentamos voltar em segurança.
— O quê?
— Hm, você tem certeza disso? — Reyhiem arriscou. — Nós temos, hum, poucos soldados atualmente…
— Não se preocupe, Arcebispo — disse Folgen. — Graças a minha habilidade Comandante, posso forçar nossas tropas sobreviventes a se agruparem. Eles formarão um escudo humano que manterão você e Sua Alteza seguros.
— Ah, ah, ahhhh, eu sabia que podia contar com você, Folgen!
— Na verdade, prefiro contar apenas com você agora, Senhor Folgen!
— Muito bem. Vou entrar em contato com meus homens. Preparem-se para recuar!
— Que assim seja feito!
— Sim! Te desejo sorte, Senhor Folgen!
Folgen acenou de volta e correu para fora, o Rei Edmaris olhava esperançoso.
— Então, como devemos nos preparar?
Ele perguntou ao homem ao seu lado que parecia, aos olhos de todos, ser Shogo. Razen assentiu e deu ao rei e a Reyhiem dois pares de sapatos – Sapatos Alados, de natureza mágica, que aumentavam a velocidade de movimento do usuário e reduziam sua fadiga. Alguém com um bom preparo físico usando-os poderia parecer que estava voando, mas isso não era esperado de acontecer com o rei e sua barriga de chopp. No entanto, ele precisaria correr durante a fuga, então qualquer coisa que pudesse ajudá-lo com isso era uma dádiva. Mesmo dentro da Área Anti-Magia, a magia que já havia sido ativada continuaria em funcionamento. Razen já havia confirmado isso há muito tempo.
— Senhor, na próxima vez que uma onda de luz começar, nós pararemos um pouco na saída do lado de fora. Está bem com isso, Senhor Reyhiem?
— Sim. Estou pronto!
— Entendido, Senhor Razen!
Eles pegaram apenas o que precisavam e esperaram. Em pouco tempo, o décimo – e último – raio de luz dançante deslumbrou novamente no campo de batalha.
— Agora!
Com o sinal de Razen, os três saíram em disparada. Do lado de fora, a primeira coisa que viram foram as costas largas e robustas de Folgen, quando o Rei Edmaris o viu, gritou para o capitão dos cavaleiros:
— Como está a situação?
Ele era classificado como um invocado acima do rank A, um veterano com longo histórico de batalhas e orgulho de toda Farmus. Sendo tão forte, o soberbo Folgen era um dos confidentes mais próximos do rei e um homem que Edmaris sabia que sempre poderia contar. Mas Folgen não lhe respondeu.
— Folgen? Folgen, o que há de errado? Me responda!
Medo, confusão e raiva se misturaram em sua voz enquanto dava um tapa no ombro do capitão dos cavaleiros. Então, com este único movimento, a grande estrutura monolítica se inclinou e caiu no chão. Ao olhar mais atentamente, perceberam um buraco em ambas as têmporas, que formava uma linha reta do lado direito para o esquerdo. Foi queimado, e a ferida cauterizada instantaneamente, impedindo a perda de sangue.
— Ah, ah, aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!
Aterrorizado, o rei gritou, perdeu o equilíbrio e praticamente rastejou de volta para a tenda. Sua postura provou que seus Sapatos Alados eram desnecessários, já que ele não demonstrou nem mesmo um pingo de dignidade real. Um líquido quente escorria de sua virilha enquanto soluçava, seus olhos e nariz gotejavam como uma torneira. E vendo o que aconteceu com seu subordinado, ele soube que ia morrer. Se ficasse aqui, morreria.
Mesmo quando tentava fugir em desespero, continuava a cair, suas pernas falhavam. Mas não havia ninguém para ajudá-lo. Os cavaleiros que Folgen convocou haviam sido exterminados com a décima onda. Qualquer um que ainda estivesse vivo havia perdido o senso de lealdade, e estavam focados demais em se salvar. Ordem e disciplina eram coisas do passado. Os cavaleiros podiam facilmente se gabar de serem a mais poderosa potência militar entre as nações ocidentais, mas agora eram impotentes, eram menos do que uma multidão desordenada.
Eles nunca se sentiram tão impotentes. A situação deveria ser o exato oposto, mas em um instante, a superioridade absoluta sobre os monstros que gostavam tanto havia desmoronado.
O clima do campo de batalha agora havia mudado.
Os soldados, mais perdidos que cego em tiroteio, ficaram paralisados, com os olhos voltados para um único ponto no céu. O Rei Edmaris estava entre eles.
A causa desse flagelo estava lá, voando no céu com suas asas negras de morcego. Não era tão alto, e a máscara que usava tinha uma rachadura bem visível, que dava a impressão de que estava chorando. Ele vestia um quimono puramente preto, dando-lhe um visual lindo, quase divino. A única arma perceptível era uma lâmina reta pendurada em sua cintura – um equipamento extremamente leve para uma batalha como essa – mas a determinação e ambição que a criatura transparecia derrubava completamente o senso comum. Provou que até mesmo as forças de elite de Farmus não eram dignas de um destino melhor do que de um inseto; de serem esmagadas igual formigas por esse ser, como se estivesse dando um passeio pelo parque.
Os instintos de todos os presentes diziam a mesma coisa. Isso é um demônio…? Não, isso…
È um lorde demônio!
Agora o Rei Edmaris percebeu o maior erro que havia cometido. Nunca deveria ter mexido nessa casa de marimbondos. Deveria ter estabelecido relações formais com eles, assim como Blumund havia feito. Aquela roupa – feita com aqueles tecidos lindos e atraentes. E aquela aparência – aquela presença. Este certamente era o líder de uma nação.
Então Hinata, aquela bruxa da Santa Igreja Ocidental, falhou afinal?!
A conclusão fez o rosto do rei empalidecer. Mas talvez o terror já fosse tanto que ele logo se acalmou. Edmaris conseguia raciocinar agora. Aquela bruxa era elogiada como a mais poderosa das nações ocidentais. Encarregada de derrotar o mestre do reino dos monstros, e esse mestre agora estava voando acima dele. Ele nunca tinha ouvido falar daquela bruxa fria e calculista falhando em sua missão antes.
A voz de Razen, perplexo, ecoou em seus ouvidos.
— O mestre… da nação dos monstros?! Você… você realmente estava vivo todo esse tempo…?
Percebendo que seu feiticeiro-chefe compartilhava da mesma opinião, o rei se convenceu de uma vez por todas. A bruxa falhou. E agora conseguia ver que o monstro diante deles tinha força mais do que o suficiente para fazer isso acontecer.
Mas isso podia esperar. Este monstro tinha a aparência, o ar de um lorde demônio. O que significava, talvez…
O que eu faço? Como posso sobreviver a isso?!
O Edmaris queimou o cérebro tentando descobrir. Então, subitamente, ele teve uma ideia.
Essa pode ser nossa melhor chance! Eu sou um rei, um monarca. Se eu puder ressaltar isso para fazer parecer que vim aqui para negociar, tenho certeza de que ele me ouvirá. O relatório dizia que ele tinha coração mole, tá no papo!
Parecia uma ideia brilhante a seu ver, mas não era. Era o exato oposto, e isso fez seus pensamentos se divergirem em direções cada vez mais estúpidas.
Se ele está disposto a negociar alegremente com um reino mixuruca como Blumund, ora, ele se prostrará diante de mim quando perceber que eu sou o rei da grande terra de Farmus!
Edmaris estava falhando de maneira terrível em ler a situação, raciocinando consigo mesmo estritamente baseado no que esperava que acontecesse… mas isso não importava para ele. O rei simplesmente se agarrou ao desejo superficial de voltar para casa e preparar um contra-ataque. E isso o motivou a agir, em vez de perceber como sua cabeça estava cheia de ilusões.
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Quando eu estava a três metros do solo, percebi o quão arrasada toda a área estava. Foi exatamente o que imaginei e calculei com o Grande Sábio, porém, me perguntei um pouco se tinha ido longe demais.
… Calma. Não. Não posso deixar minha mente vacilar por algo assim.
Os sobreviventes que me viram caíram no chão com medo.
— Aaah, socorro, socorro!
Eu podia ouvir as pessoas implorando por suas vidas. Dei a cada um deles um tiro no meio da testa, como resolução aos seus problemas.
Levou algum tempo para eu pegar o jeito, mas agora eu podia controlar os feixes de luz à meu bel-prazer. A chave estava no ângulo da refração. Você poderia disparar o quanto quisesse com o mínimo de energia. Concentrar a fonte de calor em um único ponto o esquentou a milhares de graus Celsius, e isso foi mais do que o suficiente para matar um ou dois homens.
Uma vez que entendi o conceito, pude atacar do ângulo ideal sempre que quisesse. Há um pequeno intervalo de tempo necessário, mas estamos falando essencialmente da velocidade da luz, então era tarde demais para esquivar depois de avistá-los. Eu poderia dispará-los de dez quilômetros de distância, que levaria apenas cerca de 0,034 segundos para atingir o alvo. Muito mais rápido do que a memória sensorial de um ser humano poderia obter a informação visual, processá-la, analisá-la, interpretá-la e guardá-la no cérebro.
Eu não poderia controlá-los e apontá-los com precisão sem os cálculos do Grande Sábio. Eu precisava de uma mãozinha dele. Isso me fez perceber mais uma vez o quão incrível ele era. Se alguém disparasse isso à curta distância, eu teria problemas para esquivar mesmo com a ajuda do Grande Sábio. Eu compreenderia o que era no momento que o visse, então talvez eu mal conseguisse sair do caminho a tempo… mas se conseguisse, provavelmente teria sido sorte.
Porém, para os humanos, simplesmente não havia a menor chance. E quando a décima onda começou, ouvi uma certa voz pela primeira vez em muito tempo.
Confirmado. A habilidade única impiedoso foi… obtida com sucesso.
Não era o Grande Sábio, mas a Voz do Mundo, dando as caras após um longo hiato. Uh, cara, eu realmente não preciso desta habilidade. Sei que tenho isso agora e tudo mais, mas ainda assim. Porém, quando eu estava prestes a verificar o que ela fazia, alguém lá embaixo começou a gritar comigo.
— E-Espere! Espere! Você é o mestre desse domínio? Sou Edmaris, governante supremo do Reino de Farmus! Curve-se diante a mim, pois temos assuntos a discutir!
Era um velho de aparência acabada.
Dirigindo-se a mim em um momento como este, ele era corajoso ou apenas um tolo imprudente. Sua virilha estava toda molhada, o que me fez supor que ele se mijou em algum momento. Entre todas as lágrimas, ranho e saliva em seu rosto, ele provavelmente já tinha visto dias melhores. E este era o rei? Que piada.
— Oh? Você é um clone ou algo assim? Não se preocupe. Não vou encostar no real.
Eu estava prestes a abrir fogo contra ele, não querendo perder meu tempo com idiotas, mas algo me parou. E se ele for o verdadeiro?
— Esse… esse não é um clone!
Hã? Agora era outra pessoa, tão velha quanto e de aparência ainda mais decadente.
— Não é um clone! Juro pelo meu nome, Reyhiem, arcebispo da Santa Igreja Ocidental!
Olhando mais de perto, nenhum dos dois pareciam ser cavaleiros. Suas roupas eram muito ornamentadas para tal. Nossa. Essa foi por pouco. Eles eram mais “reais” do que eu pensava – mas vamos verificar, apenas por garantia.
— Muito bem. Vou matar todo mundo, exceto você, tem certeza de que não há outro rei de verdade por aqui?
— Eu sou o único e verdadeiro governante do meu reino! Mas… mas todo mundo?
— Calma! E-Espere, espere! Pelo menos poupe minha vida também, por favor! Exerço grande poder dentro da burocracia da Santa Igreja. Testemunharei de bom grado diante de todos eles que nenhum de vocês é inimigo da humanidade.
O cara de aparência decadente que se chamava Arcebispo Reyhiem estava praticamente rezando para mim. Não é como se poupá-lo fosse mudar muita coisa, mas talvez ele tivesse alguma utilidade… e ele definitivamente parecia importante. Vamos mantê-lo vivo por enquanto.
Agora, em relação ao outro…
Dei-lhe um rápido olhar. O homem que se autodenominava de rei notou instantaneamente.
— E-Espere! — ele tagarelava. — Eu te disse – temos assuntos a discutir.
Hm, okay. Agora que sei que ele é o verdadeiro, vamos ouvi-lo.
— E que assuntos seriam estes, velhote? Sou todo ouvidos.
Foi uma bela demonstração de generosidade da minha parte, pensei. Mas o cara considerou isso como um convite para gritar comigo.
— C-Como se atreve! Que grosseria! Eu sou o governante do grande Reino de Farmus! Normalmente, eu nem me rebaixaria a falar com pessoas como você. Mas agora que lhe concedi esse direito, é assim que me trata? Muito bem. Desta vez, vou—
Então eu atirei no braço dele.
Não sei – acho que tamanha estupidez me deu nos nervos. Eu realmente não tinha motivos para ser cortês com ele. Guardo a polidez apenas para as pessoas que me retribuem sinceramente o favor. Fosse um rei ou um camponês. Além disso, agora era realmente a hora de agir todo arrogante e autoritário?
Acho que ele não entendeu a situação que estava, então só queria ajudá-lo a abrir seus olhos sem matá-lo no processo. Eu realmente me esforcei bastante para garantir que não morresse – até usei a Chama Negra para cauterizar a ferida e evitar a perda excessiva de sangue. Tipo, ele provavelmente teria uma morte dolorosa de qualquer maneira… Mas esse não era o meu papel. Eu meio que esperava que Shion pudesse lidar com isso para mim. Ela seria a única com verdadeiro rancor.
— Agora, você continuará a olhar para mim enquanto estiver eu falando? Baixe a bola, não se empolgue só porque estou sendo legal. Te dou a permissão para falar. Vá direto ao ponto.
Tudo que ele fez de início foi olhar inexpressivamente para o cotoco onde seu antebraço direito costumava estar. Ele percebeu o significado disso ao mesmo tempo que a dor o afligiu.
— Gaaaaahhhhhhhhhh!
Ele começou a rolar no chão, gritando. Hmm, como eles se autodenominavam mesmo? Um herói nacional, o sempre orgulhoso ou algo assim? Eu estava achando difícil imaginar esse velho como aquele rei que falavam tanto. Eu ainda não tinha certeza se realmente era ele, mas ninguém mais na área parecia se encaixar na descrição. Eu tinha lhe dito que mataria a todos com exceção do rei, e como não há outros pretendentes ao título se apresentando, entãããããão…
Acho que vou com esse rei por enquanto. Assim que me decidi, começou a parecer que os gritos de dor do homem estavam começando a diminuir a raiva dentro de mim. Mas se esse cara morresse, havia a chance de eu ficar furioso, e isso me assustou um pouco. Eu tinha que ser muito cuidadoso para não matá-lo.
— Olha, você tem algo a dizer ou não? Se só queria me mostrar essa dança ridícula, ótimo, mas já tive o suficiente.
A declaração o fez abrir e fechar a boca como um peixe, lutando desesperadamente para falar alguma coisa. Acho que o terror e a dor o impossibilitaram de dizer algo. Isso estava ficando realmente problemático. Vamos ajudá-lo, só um pouco, a esquecer a dor. Agarrei o homem pelos cabelos, levantei sua cabeça e olhei em seus olhos.
— Você tem apenas uma chance — ameacei através da máscara. — Não terá uma segunda vez, entendeu?
Isso foi o suficiente para paralisá-lo, assentindo em desespero. Acho que foi o suficiente para fazê-lo recuperar o juízo. Ou talvez apenas o tenha assustado tanto que todos os seus sentidos foram inibidos. Ele ainda estava tendo problema em se mexer, mas agora as palavras estavam saindo normalmente.
— Isso… isso é tudo um mal-entendido! Tudo começou com um mal-entendido. Só vim aqui para estabelecer relações amigáveis com estas terras. A força que trouxe comigo n-não te agradou? Eles estavam aqui para garantir minha segurança, e eu apenas os trouxe com a esperança de que pudesse conseguir uma… uma audiência com você!
— Huh? Você declara guerra contra nós do nada — aumentei o tom friamente para este monte de merda —, e essa é a sua desculpinha? No momento em que perdi amigos naquela batalha, todos vocês se tornaram meus inimigos.
Mas o cara não desistiu.
— E-Espere! — ele gritou, falando ainda mais rápido do que antes. — Você está enganado. É aí que mora o equívoco. A Santa Igreja Ocidental via todos os monstros como inimigos, então eu queria ver pessoalmente se valia a pena tentar fazer as pazes com você! E então os invocados que trouxemos perderam o controle. Eu… eu também fui enganado! Não tinha ideia de que aqueles canalhas eram tão perigosos. Mas que golpe de sorte! Agora sei com toda a certeza do mundo que sua nação abriga bravos lutadores capazes de derrotar tamanhas ameaças. Um país com heróis tão maravilhosos à disposição certamente me agrada! Eu, er, minha nação ficaria feliz em estabelecer relações formais com a sua! Não seria incrível? Uma grande honra, eu diria! Farmus é uma potência poderosa, ao contrário de Blumund e os outros reinos de sua laia. Uma aliança conosco não o colocaria em uma posição muito mais proeminente? Isso tranquilizaria nosso governo e você ganharia o poderoso apoio de nossas forças. Eu poderia até apresentá-lo ao Conselho em algum momento. Nós dois poderíamos sair muito no lucro, não acha? Quero dizer, precisarei de indenizações justas para cobrir as perdas militares que sofremos, mas acho que esta foi uma lição valiosa para nós dois. Então, que tal? Você vai aceitar, não vai?
Hm… Caralho, esse cara é um gênio ou o quê? Quanto mais merda ele precisa falar, quanto mais ele precisa me incomodar, até ficar satisfeito? E por que está presumindo que eu o daria de bom grado qualquer coisa? Ele realmente quer me irritar tanto assim só para morrer mais cedo e de forma ainda mais dolorosa? Não consigo entender.
Inconsciente da minha confusão, o velho continuou falando, até o fim. Certo. Vamos desmembrar a perna direita dele para calá-lo.
Ele começou a gritar, mas me esforcei mais uma vez para mantê-lo vivo, então o deixei em paz. Não foi preciso cauterizar a ferida nem nada do tipo; havia acabado de usar a Chama Negra para cicatrizar os vasos sanguíneos importantes, então não vazou nem um pouco de sangue. Uma maneira bem conveniente de manter alguém vivo, pensei.
Então percebi que as coisas ficaram terrivelmente quietas ao nosso redor. Examinei a área, apenas para encontrar os soldados restantes curvando-se diante a mim, horrorizados demais para fazerem qualquer outra coisa. Eles assistiram a minha conversa com Edmaris atentamente, e vê-la sendo interrompida pelos gritos do rei os encheu de desespero. Alguns deles estavam orando, meio que implorando por suas vidas, deixando o clima repentinamente trágico.
Infelizmente para eles, era inútil implorar por misericórdia. Meu coração antes compassivo foi totalmente preenchido por uma raiva incontrolável. E eu tinha acabado de terminar a análise da habilidade Impiedoso, que tinha adquirido. Com ela, era possível colher as almas de qualquer um que estivesse implorando por sua vida ou minha ajuda. Em outras palavras, se perdessem a vontade de lutar, eles morreriam. Não parecia ter uma vasta gama de usos, mas algo me disse que seria bem útil agora.
Pergunta. Usar a habilidade única, Impiedoso?
Sim
Não
Se eu já tivesse acumulado o número necessário de almas para evoluir para um lorde demônio verdadeiro, eu teria deixado esses caras vivos. Mas, infelizmente, parecia que eu ainda não tinha o bastante.
Pensei em SIM. Meu coração estava em paz. Não experienciei nenhum sentimento real de culpa. E um instante depois, todos, exceto Reyhiem e aquele cara ao seu lado (que deixei fora do alcance) foram expostos à tirania do Impiedoso. Todos os cavaleiros caíram, incapazes de demonstrar qualquer resistência, e com isso, os quase dez mil soldados ainda vivos deram seu último suspiro.
Impiedoso, hein…? Faz jus ao nome. Acho que me temer era o natural, mas no momento em que eu partisse completamente seus corações, eu poderia lançá-lo. Era como se estivessem entregando suas almas para mim em uma bandeja de prata. Cabia a mim decidir se iriam viver ou morrer – e se eu os tirasse do gancho, eles voltariam para casa, e então começariam a tramar suas vinganças contra mim. Eu poderia apagar a chama da vida delas a qualquer hora que quisesse.
Além disso, o que mais me surpreendeu foi que quando lancei a habilidade, ela funcionou até mesmo nos soldados que já estavam fugindo de mim. Aplicava-se a todos que eu havia identificado como inimigos inicialmente – em outras palavras, todos à minha vista, lá em cima no céu. Sei que falei muito sobre “matar todo mundo”, mas eu esperava que os mais prudentes que haviam fugido mais cedo continuassem com vida. Eles estavam fugindo em todas as direções, seria muito trabalhoso rastrear um por um, mas no momento que usei Impiedoso, a contagem de sobreviventes chegou a zero.
Apenas esmague a vontade de lutar de seu oponente e a luta acaba. É, talvez isso seja mais útil do que eu imaginava. Tenho a sensação de que vou usá-lo novamente no futuro.
As ondas de caos e terror que permeavam o campo de batalha se dissiparam por completo. Fiz toda a dor e medo sumir, o que suponho ter sido uma maneira de mostrar um pouco de misericórdia – Mesmo que os dois sobreviventes em instantes sentiriam ainda mais horror e dor.
E então, a Voz do Mundo ecoou novamente.
Relatório. Verificando o número de almas necessárias para a evolução… Confirmado. As condições exigidas foram cumpridas. O Festival da Colheita começará agora.
Enquanto a voz soava na minha mente, eu podia sentir uma grande quantidade de poder fluindo repentinamente para fora do meu corpo. Quer eu quisesse ou não, meu corpo estava se transformando, se reconstruindo. Eu estava me tornando um lorde demônio verdadeiro – um reconhecido não apenas por mim, mas pelo próprio mundo.
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Meu corpo caiu sem vida no chão, e eu voltei à minha forma de slime.
Oh, droga. Eu mal conseguia manter meus olhos abertos. Sabia que se os fechasse, não acabaria em só um cochilo ou algo assim. Eu estava exausto.
Minha visão começou a ficar embaçada, assumi que era porque o Sentido Mágico estava falhando. Eu estava até ficando tonto. Quero dizer, sim, me disseram que eu teria que passar pela evolução e tal, mas eu estava seriamente preocupado que minha consciência se esvaísse. Definitivamente não queria dormir neste campo cheio de cadáveres fedorentos.
Vamos voltar para a cidade. Já capturei meus dois “amigos” conspiradores em segurança. Minha missão foi cumprida. Não havia mal algum em retornar à Tempest.
Enquanto tentava me convencer com este pensamento, o Sentido Mágico captou algo. Uma única pessoa. Se ele ainda estivesse vivo, quer dizer que seu coração não foi partido. Melhor eu tomar cuidado. Deus, tô tão cansado, e ainda sobrou um…? Tenho que fazer algo quanto a essa exaustão—
Relatório. Uma vez iniciado, o Festival da Colheita não pode ser interrompido.
Ah, que merda. Eu estou em sérios apuros, não é?
Apressadamente, chamei Ranga. Sorte que por precaução ele estava na minha sombra.
— Ranga, está aí?
— Sim, meu mestre!
Ele estava! Ótimo. Ver ele saindo de seu esconderijo me deixou tão contente. Até suspirei aliviado.
— Ranga, esta é uma ordem de alta prioridade. Me mantenha seguro e me leve de volta para a cidade! E traga essas duas pessoas também. Diga a todos que eles não devem ser feridos e, em hipótese alguma, mortos. Você pode pedir ao grupo de Kabal ou a quem quer que seja para cuidar deles até eu acordar.
Ops. E lá vem. Agora eu estava tendo sérios problemas em manter minha mente consciente. O Movimento Espacial teria me levado até lá mais rápido, mas eu estava com medo do que poderia acontecer caso tentasse usá-lo neste momento.
— Sim, mestre. O que devo fazer com o inimigo sobrevivente?
Oh, Ranga também deve ter notado. Eu tinha que pensar em algo. Havia alguém lá, fingindo-se de morto. O Impiedoso relatou que não havia mais nenhum sobrevivente após seu uso. Então esse cara morreu e depois voltou à vida? Isso significava que sua alma ainda estava a salvo. Eu não podia me dar ao luxo de ignorá-lo.
Ranga provavelmente sairia vitorioso, pensei, mas optei por uma abordagem mais cuidadosa. Afinal, segurança em primeiro lugar e tal. Mas apenas virar as costas e fugir não me parecia certo, e seria um incômodo se esse inimigo decidisse nos perseguir.
Então decidi convocar alguns demônios, eu esperava que eles pudessem pelo menos atrasar meu inimigo por um tempo. Seria realmente muito ruim se a notícia sobre Megiddo se espalhasse – ela funcionava melhor apenas quando o adversário não estivesse ciente sobre – mas minha segurança era prioridade.
— Deixarei isso com os outros. Eles trarão o inimigo até você se conseguirem capturá-lo. Junte-se a eles por mim.
— Irei, meu mestre!
Reuni o pouco poder mental que me restava. Dissipei a Área Anti-Magia para invocar um demônio, oferecendo como tributo as pilhas de cadáveres diante de mim. Pensei em usar o Glutão para comê-los, mas não é como se eles tivessem habilidades úteis ou algo assim.
Não havia como dizer qual demônio seria invocado, mas espero que não seja um desperdício de vinte mil corpos. Era exatamente o tipo de coisa que um demônio egoísta faria, eu acho, mas não havia o que fazer. Apenas torcer.
— Venha a mim, demônio! Eu tenho comida para você, então… venha e me sirva agora!
Parecia que eu estava tentando chamar meu cachorro de volta do quintal. Era tão difícil permanecer consciente que eu mal conseguia fazer a invocação corretamente. Um demônio disposto a ser convocado por algo assim deve ser um curioso do caralho.
Mas talvez eu não devesse ter deixado esses pensamentos passageiros me incomodarem. Em um instante, três demônios apareceram no campo. Só três? E eu aqui pensando que trinta ou mais corpos seriam o suficiente para invocar um Demônio Superior. Achei que invocaria milhares, mas três é tudo que recebo? Foda.
Bem, pelo menos são Demônios Superiores, de rank A-. Não eram nada a se subestimar. Além disso, eu meio que colhi as almas de todos os cadáveres.
Tenso… Nunca me senti tão perdido desde que vim a este mundo. Minha cabeça mal funcionava agora. Eu não tinha certeza se esses caras poderiam encontrar esse inimigo, que era tão difícil de achar como uma agulha no palheiro. Mas que seja.
— Ei, pessoal. Há alguém escondido por aqui. Capturem ele vivo e levem-no para o Ranga.
Três Demônios Superiores, comandados por um slime. Para um estranho, deve ter sido uma visão surreal. Não pude deixar de me maravilhar com isso. Eu estava delirando conforme a tontura aumentava. Até manter a forma do meu corpo virou uma tarefa árdua.
Eu precisava ir para algum lugar seguro…
— Hee-hee-hee-hee-hee. O nascimento de um novo lorde demônio! Que sensação nostálgica, mas familiar. Esse dia será realmente maravilhoso! Com tal oferenda – e a primeira ordem de nosso senhor. É uma honra; eu não poderia estar mais entusiasmado. Estaria tudo bem em continuarmos te servindo no futuro?
Acho que um dos demônios estava me cumprimentando, mas eu estava tão perdido que de tudo que ele falou, não entendi nada.
— Conversamos depois. Apenas prove que você pode ser útil para mim primeiro. Agora vá.
— Seu desejo é uma ordem. Não se preocupe, certamente será feito, ó grande Mestre…
Ignorei o trio enquanto eles gentilmente me saudavam, minha mente foi jogada na profunda escuridão. Esta foi a primeira vez que fiquei completamente inconsciente neste mundo – a Iniciação, se assim preferir; o sono que antecede a evolução…
… E o nascimento de um novo lorde demônio.
Tradução: Another
Revisão: Flash
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