Dark?

Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 05.3 – As Crianças Convocadas

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Finalmente era meu primeiro dia de trabalho. Depois de algumas saudações, recebi um ou dois conselhos do vice-diretor da academia.

            Yuuki já havia me avisado que seria um trabalho difícil. Além de ser o grão-mestre da guilda, ele também é o próprio presidente do conselho de diretores escolares. Ele falou que era mais um título honorário do que qualquer outra coisa, mas eu ainda estava impressionado. Nos dez ou mais anos que ele esteve lá, não apenas construiu a Guilda Livre inteira, mas até montou uma escola afiliada para a unidade. De certa forma, ele era a pessoa que todos os aventureiros deveriam se inspirar.

Essa escola era, de fato, uma espécie de campo de treinamento para aspirantes a membros da guilda. Como a própria guilda, você decidia um departamento no qual se especializar, além dos cursos comuns oferecidos a todos os alunos, havia também palestras sobre magia e ciência dos monstros, bem como treinamento no campo de batalha e sobrevivência. Você era livre para elaborar seu próprio currículo, algo não muito diferente das faculdades da minha vida passada.

No entanto, meu trabalho seria ministrar uma aula especial um pouco diferente daquela que a maioria dos alunos tinham acesso. A Classe S, como era chamada, era composta por um grupo de alunos considerados problemáticos de uma forma ou outra. Desde que sua professora anterior, a notoriamente-linha dura Shizue Izawa, deixou seu posto devido a problemas pessoais, a turma ficou sem professor e livre para causar quanta bagunça quisesse. Ela era uma Heroína, a Conquistadora das Chamas, e eu definitivamente tinha que trabalhar muito duro para ser merecedor de ocupar seu posto. Acho que eu deveria me acostumar a ser comparado a ela o tempo todo por aqui.

Parece que esta classe era selvagem o suficiente para já ter afastado vários aspirantes a professores nesse meio tempo, incluindo alguns aventureiros de rank B. A gerência estava perdida tentando descobrir o que fazer com eles. O vice-diretor me contou tudo isso, assim como Yuuki fez antes. Há alguns dias ele me disse que a sala era composta por cinco alunos.

            — Todos os cinco alunos são invocados, — ele começou — pessoas como nós. Deixe-me te perguntar, Rimuru… Você conhece uma mulher chamada Hinata Sakaguchi?

            Por que o nome dela surgiu do nada nessa conversa? Quer dizer, eu queria perguntar sobre ela, mas…

            — Eu a conheço de nome pelo menos. Ela é uma reencarnada e uma das antigas aprendizes de Shizu, não é? Além disso, ela é mais forte que Shizu, tem uma ótima memória e afins.

            — Sim, mais forte do que a Senhorita Shizu em seu auge para ser mais exato. E você tem ideia do quão forte a Senhorita Shizu era?

            Quão forte ela era? Bem, forte o suficiente para invocar um espírito de alto nível como Ifrit e se tornar “um” com ele. As altas temperaturas que emanava eram mortais. Sem Cancelar Temperatura eu com certeza teria perdido.

            — Bem, ela manipulava Ifrit, um monstro que vai além do rank A, então…

            — Correto. No auge, a Senhorita Shizu poderia trazer Ifrit totalmente sob seu controle. Se nos basearmos nas escalas que implementei para a guilda, ela estaria em um rank maior do que chamamos de A+. Ela era especial, mas Hinata, aos quinze anos, ganhou uma força que ia além de tudo isso. Agora você deve ter uma ideia do que estou falando.

            Eu acenei com a cabeça fingindo estar entendendo, sendo que não tinha a menor ideia, mas continuei ouvindo.

            — Você pode estar se perguntando por que estou trazendo isso à tona… mas, antes de mais nada, eu queria que você estivesse ciente do que nos torna diferentes das outras pessoas desse mundo. Alguns de nós são dotados de habilidades incrivelmente poderosas, como Hinata, mas alguns de nós, como eu, não temos nenhuma habilidade. Não dá para colocar todos os invocados na mesma categoria; há uma gama de diferenças. Meu café favorito na cidade é administrado por um invocado, e ele é impotente. Geralmente, a maioria dos invocados tem algum tipo de habilidade especial, mas essa não é uma regra fixa.

            Entendo. Logo, a maior parte das pessoas, mas não todas, adquirem uma ou duas habilidades ou fazem a jornada entre mundos.

            — No entanto, — Yuuki continuou, — o que realmente influencia esse aspecto é a diferença entre viajar naturalmente para este mundo e ser chamado.

            Hmm. Veldora falou um pouco sobre isso também, não falou? É, ele disse…

“Muitos invocados vem aqui com poderes especiais. Poderes que são cinzelados em suas almas no meio de sua jornada. Eles sempre terão uma dessas habilidades, uma habilidade única, exclusiva deles. Ao contrário dos outros que vem aqui por mero acaso, essas pessoas carregam uma alma forte o suficiente para suportar o estresse do processo de invocação. O fato de que este processo raramente tem sucesso nesse mundo prova o contrário.”

            Acho que é isso. Em outras palavras, você precisa de uma alma forte o suficiente para lidar com o processo de invocação, ou então só vai falhar. Contei tudo isso para Yuuki.

            — Estou impressionado que saiba disso, — ele respondeu, com os olhos arregalados.

            — São só algumas coisas que aprendi em minha pesquisa.

            Não foi exatamente uma pesquisa minha; apenas repeti o que o Veldora me disse, mas que seja.

            — É como diz, Rimuru, os convocados que são chamados para cá para cumprirem alguma finalidade; recebendo poderes adequados para essa finalidade. Por exemplo, para que possam se tornar um herói para dar à humanidade alguma vantagem decisiva em batalha. Durante esta jornada, seu corpo é desmontado e refeito em uma forma semi física, ou seja, é reconstruído. Sem uma vontade forte o suficiente, imagino que você seria engolido por toda essa energia e desaparecia na escuridão.

            Até mesmo Hinata que veio aqui por acidente, recebeu poderes sobrenaturais. Se ela tivesse sido chamada por algum motivo em específico, eu não conseguia imaginar o quão forte ela seria. Imagino que seja isso que Yuuki estava tentando dizer, mas o que ele disse em seguida causou arrepios na minha espinha.

            — Agora, o que você acha que aconteceria se você fosse convocado enquanto ainda estivesse na forma incompleta?

            — Na forma incompleta?

            — Exatamente…

            O que ele tinha acabado de me falar arrepiou minha pele. Normalmente, realizar uma convocação sob um determinado conjunto de condições requiriria trinta ou mais invocadores trabalhando juntos. A cerimônia leva sete dias inteiros para ser concluída e, mesmo assim, a taxa de sucesso é inferior a 1 por cento. Pior ainda, uma vez que a cerimônia estivesse completa, os mesmos invocadores precisariam esperar um certo intervalo antes de realizá-la novamente; que durava em torno de trinta e três ou sessenta e seis anos. Quanto mais você esperasse, mais seria capaz de diminuir as condições desejadas.

Então, o que acontece se você realizar uma convocação sem estipular nenhuma condição em particular? Isso com certeza deixava as coisas mais fáceis, não precisaria de nada como um intervalo entre as convocações. Os mesmos invocadores poderiam tentar de novo e de novo, mas a taxa de sucesso não aumentava, e mesmo se você conseguisse, muitas vezes acabava vindo crianças.

Apesar dessas desvantagens, aparentemente ainda havia boas razões para preferir essa abordagem. Mas e as crianças que eram convocadas? Suas vontades eram fortes, é claro, seus corpos agora também eram infundidos com energia na forma de magículas. Mas eles não obtinham nenhuma habilidade para acompanhar aquela força de vontade, e para piorar toda aquela energia era extremamente incompatível para um corpo imaturo. Tanto que, depois de um tempo, a energia literalmente queimaria o corpo, não tendo outra saída.

            — Hã? Espere, então essas cinco crianças…?

            — … Sim. É exatamente o que você está pensando, elas foram convocadas.

            — Uau. Mas tipo, elas estão bem ou…?

            Yuuki não disse nada, mas só pelo silêncio eu já conseguia supor sua resposta.

            — Aquelas crianças, — ele continuou, — são as que não foram totalmente convocadas. Tentativas falhas de criar um herói.

            — Um herói? O que você quer dizer com isso?

            — Lembra do que eu disse? Um herói pode ser a vantagem decisiva para a raça humana em batalhas. Neste mundo, onde os monstros são muito mais fortes que a gente, esmagadoramente mais fortes, é seguro dizer que estamos sob constante ameaça. O poder da humanidade por aqui é lamentavelmente fraco. Todos estão procurando um Herói em quem possam depositar suas esperanças.

            — O quê? Então eles estão convocando pessoas sem parar para tentar encontrar heróis para lutarem por eles?

            — Exatamente, Rimuru. O que este mundo decidiu é que vale a pena sacrificar milhares se isso significar o nascimento de um herói.

            A voz de Yuuki soou fria na sala subterrânea. Era a escolha do mundo. Era difícil encontrar uma resposta para isso. Eu tinha o direito de criticar os criticar por colocarem suas amadas famílias em primeiro lugar do que um bando de estranhos? Se duas pessoas estivessem em perigo e você pudesse salvar apenas uma, o que você faria? Se eu fosse amigo de um, obviamente colocaria a segurança dele como prioridade.

            — Essas crianças são o resultado de convocações fracassadas, conduzidas por várias nações sob extremo sigilo. Elas foram resgatadas pela Senhorita Shizu, e ela queria fazer o possível para salvá-los.

            — Várias nações? Há governos envolvidos nisso?

            — Sim. Como eu disse, é o que o mundo decidiu fazer. Aos olhos deles, ao invés de investir gradualmente em exércitos para repelir os monstros, é mais eficiente apostar tudo em um invocado que pode ficar muito acima de todos os outros. Você sabe quão forte a Shizu era, então consegue entender essa lógica.

            Suponho que sim. Uma força na casa de dezenas de milhares não adiantaria de nada contra algo como Ifrit. Se um Orc Disaster entrasse na cidade, eles poderiam juntar Kabal e todos os outros aventureiros de rank B do mundo para lutarem juntos, e mesmo assim nunca causariam um dano relevante nele. Se essas são as probabilidades, então ter um invocado como a Shizu ou Hinata poderia fazer toda a diferença, uma vez que as pessoas soubessem sobre eles.

            — Ah, outra coisa, não é como se um herói nascesse todo dia neste mundo. Pelo que entendi, envolve estar disposto a assumir os crimes e pecados de toda a humanidade, de certa forma. Caso contrário, você não será capaz de superar as provações colocadas sobre você pelos espíritos que governam a terra. Claro, existem alguns heróis por aí que são tudo menos isso. Dispostos a até mesmo atrair a ira divina sobre eles…

            Hmm. A ideia de simplesmente deixar tudo nas mãos desses heróis parecia bastante irresponsável para mim, mas isso pressupondo que há alguns deles para começar. Alguns reais, com a aprovação da Voz do Mundo. E é por isso que todas as nações estão dispostas a se envolver na magia negra da convocação, e que se foda as consequências. Todos os bem-sucedidos eram considerados heróis e, como Yuuki disse, cada nação tinha alguns disponíveis.

            Os Lordes Demônios detinham tanto poder neste mundo que, se você for tolo o suficiente para enfrentar um, não poderia se dar ao luxo de ser exigente com seus métodos. Pensando dessa forma, todas essas nações de humanos lutando para conseguir Heróis não parecia mais ser algo tão estranho para mim.

            — Tem tantos deles assim por aí? Eu não vi nenhum nas cidades e vilas menores…

            — Isso é porque os invocados geralmente recebem ordens para servir como guarda-costas para a nobreza ou pessoas associadas a eles.

            Oh, verdade. Veldora mencionou isso também.

            — Então, convocados que proficientes em combate são marcados com uma maldição mágica em suas almas, — eu falei, — evitando que desobedeçam a seus invocadores?

            — Você sabe até isso, Rimuru?

            Eu sabia, sim. Eu realmente sabia, mas meio que esqueci. Éééééééé… não me admira que a Shizu não gostasse tanto desse mundo.

            — Então, o que vai acontecer com essas crianças?

            — … Pelo que eu sei, — Yuuki relatava suavemente, — o máximo que alguém sobreviveu foi cinco anos. É isso que acontece com convocados incompletos. Não encontramos nenhum feitiço que pudesse reverter o colapso corporal. Se alguém for invocado com menos de dez anos, é quase certo que morrerá, sendo incapaz de conseguir qualquer habilidade única.

            Então, ele deu um sorriso simples.

            — Mas pelo menos as nações tiveram o mínimo de empatia e nos entregaram as crianças.

            Aposto que sim. Não tem por que ficar cuidando de crianças sem utilidade para eles.

            — Mas a Santa Igreja Ocidental não tem problema com isso? Eles até tem aqueles paladinos fortes e loucos, não é?

            — Pode-se dizer que a Igreja dá seu consentimento tácito. Para eles, a aniquilação total dos monstros desse mundo é o objetivo principal.

            — Tá falando sério? E eles vulgam ser os “defensores da justiça” e tudo mais. Dá UM tempo. E Hinata pensa assim também? Ela realmente não se importa com todas essas crianças da sua terra natal morrendo, contanto que os monstros sejam erradicados?

            — Acredito que a Hinata seja uma realista. Ela adota abordagens mais racionais para resolver os problemas. Se algo parece ser o mais eficaz, ela o fará, eu acho, mas… mas isso não faz sentido para mim, não.

            Pelo menos, ele sabia com certeza que Hinata não estava pressionando nas nações para pôr fim a essas convocações;

            — Entendi. Alguém se importaria se eu fizesse algo a respeito dessas crianças?

            — O que você está pensando em fazer?

            Eu olhei nos olhos de Yuuki.

            — Se é o que Shizu quer, — declarei, — acho que estou pronto para cuidar deles.

            Este deve ter sido o trabalho que Shizu deixou para trás. Algo de que ela se arrependeu tanto que se infiltrou em meus sonhos para me implorar por isso. Eu não via razão para não fazer isso. Uma pena que não posso dizer a ela “Pode deixar comigo” na vida real.

            Yuuki concordou.

            — Beleza, — ele sussurrou enquanto abaixava a cabeça. — Espero que você os salve, se puder.

            Claro. Eu sempre faço o que posso. Sempre fiz, sempre irei.

            E assim, concordei em cuidar dessas crianças na escola. Meu papel era mais de conselheiro do que de um professor normal. Em vez de apenas ensinar as matérias para os alunos, eu moraria com eles, os iluminando. Em outras palavras, eu estaria fazendo os mesmos cursos que eles, em todas as disciplinas. Eu comeria com eles também e fico feliz que seja assim, comer é com demais. Se eu pudesse ensiná-los sobre alguma matéria, eu os ensinaria; se não, eu auxiliaria os outros professores, mas de qualquer forma, meu trabalho era cuidar desses carinhas especiais.

            — Eu adoraria colocar minha confiança em você — comentou o vice-diretor. — Não é todo dia que o presidente faz uma recomendação pessoal como esta. Mas essas crianças eram demais até mesmo para aventureiros rank B. Além disso, você também é praticamente uma criança, não é? Ninguém vai reclamar de você se decidir recusar a oferta.

 

 

 

 

            — Obrigado, mas eu vou ficar bem.

            — Tem certeza? Se você achar que é muito para você, tenha certeza de me dizer o mais rápido possível, combinado?

            Apreciei a preocupação, mas pelo amor de deus, são só crianças. Era isso que eu pensava até o chegar o primeiro dia de aula.

            — Ei, pessoal! Estou encarregado de todos vocês a partir de hoje—

            Minha apresentação amigável foi imediatamente interrompida pelo golpe de uma espada flamejante.

            — Que foda! Boa, Ken!

            — Esse é o seu golpe final?! Já terminou?

            — Meio fraco no final. Nem mesmo caiu no chão.

            Sem um pingo de preocupação comigo, as crianças continuaram, claramente me vendo como um inimigo.

Hm, eu pensei que essas crianças mal tinham tempo de vida? Por que eles estão parecendo tão saudáveis agora? Um pouco saudáveis demais! O quadro-negro atrás de mim estava em chamas, cortado em dois pedaços. Hoo garoto. Essas crianças de hoje em dia, por elas são assim? Na minha época…

Essas crianças já estavam me fazendo parecer um velho rabugento. Pensei em jogar a toalha ali mesmo. Mas pera aí, não estamos na terra, não é? Ninguém vai reclamar se eu usar um pouquinho de punição corporal, vai?

            Antes de mim havia cinco crianças, os convocados que Yuuki reuniu de várias nações. Eles eram:

Kenya Misaki: homem, dez anos

Ryota Sekiguchi: homem, dez anos

Gail Gibson: mulher, onze anos

Alice Rondo: mulher, nove anos

Chloe Aubert: mulher, dez anos

Eles ainda estavam na idade para ir à escola, mas eu acho que eles são energéticos e fortes demais. Já que foi Shizu quem cuidou deles, eu poderia me machucar se pegar leve com eles.

Honestamente, eu não esperava por isso. Achei que eles seriam um pouco mais obedientes.

Observando as crianças enquanto elas devolviam meu olhar com olhares de inocência, fez com que eu sentisse minhas primeiras pontadas de depressão pela primeira vez em muito tempo.

 

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Eles eram todos jovens, por volta dos dez anos. Gail era forte o suficiente para parecer ser do ensino médio, mas ainda tinha apenas onze anos.

Chamei cada um pelo nome, examinando os arquivos que peguei na sala dos professores. Não me responderam. Hmm, eu realmente precisava de algum tipo de resposta desses caras, para isso acontecer…

Ah, bem. Acho que é hora de chamar meu confiável assistente.

— Por favor, me respondam quando eu chamar seu nome, — aconselhei gentilmente.

Kenya foi o primeiro a fazer birra e reclamar.

— Ei! O que é aquele cachorro… Isso é um lobo?! Tira ele daqui!

— K-Ken, você está bem?

— S-saia de perto de mim! Meu deus! Ahhhhhhh! Eu vou me comportar, eu vou me comportar!!

— Eu sou Ranga, nem um cachorro nem um lobo. Meu mestre exige uma resposta, criança. Você seguirá a ordem ou-

Uau, Ranga é um grande sucesso. Olhe ele brincando com as crianças! Isso realmente é de aquecer o coração, não é?

— Tudo bem! OK! — Kenya gritou, com os olhos lacrimejando devido a ameaça de Ranga.

É um bom menino. Ele pode até não ter gostado, mas eu precisava que se comportassem.

— Aí sim! As crianças devem fazer o que lhes é dito!

Eu sorri e conduzi minha lista de chamada.

Aparentemente elas se deram muito bem com Shizu. Porém, além dela, elas só escutavam Yuuki. Dadas as circunstâncias, eu deveria ter esperado por essas atitudes, mas isso não significa que eu os deixaria passar por cima de mim. Eu tinha concordado em ser o professor delas, e era melhor eu fazê-las entenderem isso o mais rápido possível.

— Meu nome é Rimuru e fui nomeado como o conselheiro de vocês a partir de hoje, Eu não vou mimá-los da maneira que Shizu fez, então é melhor que entendam isso antes de tudo!

Comecei detalhando a importância de saudações educadas. Beleza então. Eles não estavam mais em um estado de rebelião total, mas eram hostis como sempre. A sala de aula ficou em completo silêncio; eu literalmente podia ouvir um deles engolir em seco, nervoso. Ranga saltou de volta para mim, abanando o rabo.

— Tudo bem, — eu disse com um sorriso. — Sentem-se pessoal.

Ninguém se mexeu. Isso é péssimo. O profundo ódio que eles obviamente sentiam por qualquer pessoa fora do seu grupo tornaria conquistar a confiança deles uma provação bem difícil. Se eu fosse eles, provavelmente estaria pensando em coisas tipo “eu vou matar aquele idiota,” mas eu não era. Além disso, este mundo se baseava na sobrevivência do mais apto. Se eles não conseguissem vencer Ranga, seus egoísmos acabariam agora. Se você quer culpar alguém por isso, culpe a si mesmo por ser fraco.

Então—

— Beleza então! Acho que todos vocês têm algo que gostariam de me dizer. Sendo assim, que tal fazermos um pequeno teste?

— Ei, — Alice exclamou primeiro, — por que tem que ser isso?

— Um teste? — Ryota perguntou ao menino ao lado dele.

— Blehhhhh! — Respondeu Kenya.

— Eu odeio testes — uma resposta bem direta de Chloe.

— Isso é muito repentino — acrescentou Gail, que soava como o mais intelectual. — Exijo uma explicação!

Bastante protestos. As crianças têm personalidades bem distintas mesmo, hein? E não importa o mundo, ninguém gosta de testes.

— Chega de conversa fiada. Eu sei o que todos vocês estão pensando, mas ouçam. O que estamos prestes a fazer é algo necessário a cada um vocês!

— Por quê?! Todos nós vamos morrer em breve de qualquer maneira! Qual é o ponto em estudar, fazer teste e coisas do tipo?!

— S-sim… Nosso último professor acabou de nos trazer um monte de brinquedos e disse que poderíamos fazer o que quiséssemos…

— Não tivemos nenhuma aula de verdade desde que chegamos aqui…

— Eu quero ler mais livros!

— E quem você acha que é? Só porque tem um cachorrinho um pouco grande não significa que pode ficar mandando na gente!

Ah, eles estão cheios de energia. Isso é ótimo. Mas eu não estava mentindo, era realmente necessário. E infelizmente para eles, não estava disposto a deixar de lado.

— Tudo bem, beleza, apenas se acalmem. Eu chamei de teste, mas está mais para um jogo divertido. Se não gostarem podem reclamar o quanto quiserem. Então, a brincadeira consiste em vocês se revezarem para me enfrentar em um combate simulado. As regras são simples, me ataquem com tudo que tem. Se algum de vocês me vencer, acabou. Mas se eu conseguir evitar seus ataques por dez minutos, eu ganho. Fácil, não acha?

— É só isso?

— Sim. Não é fácil?

— Dez minutos?

— Ei, aguento até mesmo uma hora de cada se quiserem.

— Há-há-há! Se você não mandar aquele cachorro para cima de mim, não vou precisar nem de dez!

— Ótimo! Prometo que não vou fazer isso, combinado? Mas é um de cada vez para vocês também! Sem ajudar seus colegas, entenderam?

— OK!

— Beleza.

—He he! Eu vou ganhar fácil se aquele cachorro não se meter!

— Eu só quero ler alguns livros…

— Então, aonde vamos fazer isso?

— Hmm, acho que o ginásio deve servir para o gasto. Todos entenderam as regras? Vocês podem decidir a ordem no caminho para lá.

Com isso, levei as crianças, meus alunos, para o ginásio. Alguns transeuntes olharam com horror no caminho, mas apenas ignorei.

 Esta brincadeira ia ser só um sparing simples. Eu não iria encostar um dedo neles, apenas queria ver quais habilidades tinham. Nenhum possuía habilidades únicas, o que impossibilitava eles de gastar as magículas que ameaçam destruí-los por dentro. Uma batalha séria seria o suficiente para consumi-los? Eu não sabia, mas queria tentar. Duvido que Shizu e Yuuki não tivessem pensado nisso, mas pelo menos com Analisar e Avaliar que poderia observá-los mais detalhadamente do que qualquer um deles.

A propósito, os monstros geralmente recebiam ranks de força com base na quantidade de magículas dentro deles. Por outro lado, os ranks de aventureiros eram baseadas em força comprovada, o que significa que um aventureiro de rank C poderia ter mais magículas do que um aventureiro de rank B. Achei isso estranho, mas o teste que fiz provaram ser esse o caso.

Os monstros, por sua vez, lutam principalmente com base no instinto; não havia muita diferença de força entre indivíduos da mesma espécie. Logo, a maneira mais prática de classificá-los era com base na contagem de magículas. (Embora alguns deles tivessem dons especiais, muitos desses viviam em Tesmpest, mas que seja.)

Outra coisa que notei foi que, em comparação com aventureiros, os monstros geralmente possuíam muito mais magículas. Esse fato tornava ainda mais claro o quão frágil a raça humana era contra eles. Afinal, um humano só poderia aumentar suas habilidades técnicas até um ponto. E, repito, essa era a razão pela qual as nações continuavam com essas convocações proibidas. Isso me deixou muito mal; eu não podia acreditar que era permitido…, mas podia ver a lógica por trás.

Voltando a falar das crianças, tive uma surpresa ao Analisar e Avaliar suas medidas mágicas. Em comparação com monstros, cada uma de suas contagens de magículas os classificaria como rank A ou superior. Chloe, em particular, tinha energia o suficiente para colocá-la no mesmo nível de elementais de alto nível.

Isso era estranho. Com certeza seriam inimigos assustadores se apenas tivessem uma maneira de controlar suas forças. Mas veríamos isso em breve.

Eles já haviam decidido a ordem dos turnos. Kenya avançou primeiro, quase pronto para começar. Ele tinha apenas dez anos, mas era o mais desafiador do grupo… tipo o chefe, talvez?

— Ei, tudo bem se eu usar essa espada?

Que pirralho imprudente.

— Você não se lembra? Eu disse para vir com tudo que tem. Mas se perder, é melhor você começar a me chamar de Professor Rimuru!

— Pfft! Nenhum adulto consegue vencer a gente. Nunca perdemos para ninguém, exceto para a Senhorita Shizu.

— Oh, sério? Por que não deixa para se gabar disso depois que vencer?

E assim, o teste começou. Eu deixei as crianças sinalizarem o início com uma ampulheta que comprei no dia anterior, a qual eu os ensinei a usar.

Então, devemos começar?

— E, comecem!

Com o sinal de Ryota, Kenya começou a correr. Para um estudante do primário, ele se movia bem, até deixava muitos adultos no chinelo, na verdade. Mas para mim não era nada demais.

— Você consegue, Krn!!

— Não deixe eu acabar com você!

Kenya forçou seu corpo, tentando atender as expectativas da plateia. Tentou o seu melhor para me atacar, mas eu nem precisei prever seus movimentos. Era muito fácil dizer o que ele iria fazer.

Parecia prestes a chorar quando a marca de cinco minutos passou. Até começou a atirar com sua espada, mas… É, esse fogo é fraco demais. A maneira como ele lançou sem nenhum canto foi impressionante, mas era simples de adivinhar a direção. Não me incomodei em ser atingido, embora as ondas de calor das explosões não fossem nem quentinhas para mim. Podemos dizer que era um nível abaixo das bolas de fogo que um aventureiro rank B como Elen poderia conjurar. E considerando que Kenya possuía energia mágica equivalente ao rank A, sua energia estava sendo muito desperdiçada. Ele não estava pegando leve comigo, era mais provável que tenha aprendido esse truque observando alguém. Já que não estava conseguindo extrair o potencial do seu poder.

— Ei! Pare de gastar tempo atirando. Apenas concentre toda a sua energia e tente me bater normalmente.

— Cala a boca! As habilidades da Senhorita Shizu eram incríveis! Eu não vou ficar ouvindo essas suas merdas!

Ele realmente era um pequeno bastardo impertinente. E isso custou caro a ele, como não seguiu minhas dicas pelo resto dos dez minutos, eu venci.

— E, acabou! Não se esqueça de me chamar de Professor Rimuru de agora em diante. Próximo!

Os ombros de Kenya caíram enquanto voltava para as outras crianças, abatido. Embora, na verdade, eu ficaria muito mais chocado se eu perdesse para um aluno do ensino fundamental.

Chloe Aubert veio em seguida, uma menina de dez anos com uma cor de cabelo incomum. Meio preto com prata misturado, dando uma sensação meio enigmática quando se olhava para ela. Talvez tivesse alguma descendência japonesa.

Vamos nos concentrar então. Se eu perdesse para uma garota tão hipnotizante como ela, eu pareceria um baita de um idiota. Tenho que manter minha guarda alta.

— Não se force, Clo.

— Sim, não se machuque!

As crianças estavam mais focadas na probabilidade da Chloe se machucar do que de vencer. Ela não parecia tão forte, não.

Logo, a ampulheta foi girada. Que tipo de ataque ela ia lançar contra mim? Eu poderia imaginar que ela gostava de livros; sempre estava com um ou dois nas mãos. Ela ia me bater na cabeça com um ou me cortar com papel? Usar como armas sem corte? Parecia uma lógica decente para uma estudante do primário para mim. Ou talvez não.

Mas enquanto eu estava disperso pensando nessas coisas, eu a ouvi cantar:

— Água corrente, confine meu inimigo! Prisão de Água!

E logo em seguida, uma torrente de água prendeu minhas pernas ao chão. O Sentir Fonte de Calor me disse que era real.

Primeiro Kenya e depois essa garota, os dois tinham habilidades mágicas. Eles talvez sejam prodígios. Mas agora não era hora de se maravilhar. A correnteza ficou mais violenta, formando uma grande esfera que me envolveu. Toquei a borda com meu dedo, apenas para sentir meu dedo sendo levemente cortado. Muito parecido com lâminas de água, ela fez a água circular em alta velocidade para fazer a bola manter sua forma. Bem impressionante, mas o que ela faria com isso?

— Eu transformei essa magia para que chova constantemente sobre quem quer que seja capturado! Admita sua derrota, e vou te libertar, mas se não fizer isso, vai morrer!

Droga! Que criança assustadora! Ela queria me restringir, ao contrário de Kenya. Mas, infelizmente, isso não seria o suficiente.

— É realmente impressionante, mas não vai funcionar comigo. No entanto, a magia está sendo executada muito bem. Espero que continue praticando!

Saindo da masmorra aquosa, dei um tapinha na cabeça de Chloe. Aquela prisão até poderia ser perigosa para alguns, mas para mim que poderia simplesmente usar a Magia de Controle para alterá-la da maneira que eu quisesse não era nada demais. Ressalto que mesmo entre minhas habilidades únicas essa era incrivelmente poderosa. Pode até mesmo chamá-la de única. Magia se tratava de controlar magículas para criar fenômenos, essa minha habilidade interfere nas magias com uma força ainda mais forte, quebrando-as com muita facilidade.

Chloe desabou no chão, surpresa. Seu rosto ficou vermelho enquanto as lágrimas caiam de seus olhos. Desculpe garota. Esse sou eu tentando pegar leve também. Preciso mostrar o quão poderoso sou. Você nunca me ouviria se eu não mostrasse que era mais forte.

Não mais interessada em lutar, Chloe cedeu a vitória. Ela passou a mão na cabeça onde eu a afaguei, parecendo estranhamente contente enquanto sorria.

Vamos continuar!

Meu próximo oponente era Gail Gibson, o mais velho do grupo com onze anos. Ele era um garoto grande com cabelos castanhos e belas feições bem definidas. Dê a ele alguns anos e tenho certeza de que sua aparência humilharia os atores de Hollywood. Eu não tinha interesse em esmagar seu espírito; só queria mostrar a ele que o mundo às vezes pode ser cruel.

— Não me odeie se isso te matar, ok?

Depois de falar isso, Gail me deu um golpe sem hesitação e com força total. Ter visto o que aconteceu nas duas rodadas anteriores deve ter mudado a opinião deles sobre mim. Era uma bola de magia bastante assustadora, potencialmente letal até mesmo para aventureiros de rank B. Ei, eu também tive problemas para aprender esse…

Ele provavelmente colocou cada grama de sua energia naquela explosão. Era o certo a se fazer, mas escolheu o adversário errado. Golpes baseados em projéteis não funcionam comigo. Usei o Glutão para engolir tudo.

— O… O que foi isso?! Isso é trapaça!

Sim, com certeza é. Eu penso da mesma forma.

— Escute: adultos são pessoas sujas, entendeu? Eles usarão de tudo para vencê-lo! É assim que eles fazem.

Uma forma meio imatura de explicar isso à uma criança, eu acho, mas eu não queria perder essa oportunidade. Havia outras táticas que eu poderia ter escolhido usar, mas eu queria vencer e fazer com que parecesse fácil. Mas, na verdade, foi meio difícil.

            Gail mordeu o lábio em frustração, e então concentrou sua energia em seus punhos para me atacar. Fiquei surpreso que ele não desistiu, mas não tinha a menor chance de ele ganhar. O resto da batalha foi o mesmo com o que aconteceu com Kenya.

Ryota parecia uma criança covarde para mim. Sempre ao lado de Kenya, torcendo para ele. É como dizem: os opostos se atraem. Eu acho. Além disso, ele parecia uma criança normal.

Sua habilidade, no entanto…

            — Dá uma surra nele para mim, Ryota!

            Seus olhos brilharam no momento em que Kenya começou a motivá-lo, e ele atacou com… Magia? Não. Estava mais parecido com a habilidade Fortalecimento Corpóreo de Shion. Sem lançar feitiços, ele instantaneamente dobrou sua força e velocidade… talvez até mais do que o dobro. Suas magículas rapidamente se converteram em força de combate enquanto se protegia.

            Uma técnica de fortalecimento muito impressionante, embora eu tivesse que descontar uns pontos por não ser capaz de conseguir manter a sanidade. Perder sua calma em uma luta era, nove em cada dez vezes, um fator negativo. Significaria jogar fora sua inteligência, a única vantagem que você poderia contar em relação a um monstro.

            A habilidade de Ryota não era Fortalecimento Corpóreo e não era uma transformação berserker. Não era nem um, nem outro, logo era inútil como estava. É melhor eu ajudá-lo a aprimorar isso. No entanto, ele se movia bem. Se não estivesse lutando contra mim, poderia ser capaz de se defender muito bem por conta própria.

Mas… ops, que pena! Eu me esquivei dele por dez minutos sem esforço.

Sendo assim, só sobrou Alice Rondo. A mais jovem do grupo, com nove anos, ela tinha longos cabelos loiros brilhantes que a faziam parecer uma boneca. Muito atraente, mas, ao contrário da reservada Chloe, ela era uma moleca boca suja.

            — Já era hora de chegar minha vez, — ela declarou com orgulho. — É melhor que vocês, idiotas inúteis, aprendam uma lição ou duas comigo!

            E eu aqui pensando que Kenya era o líder do grupo. No fim de tudo, talvez fosse a mais jovem. Ou talvez ela fosse a chefe secreta? Independentemente do que, eu precisava mostrar quem estava no comando, ou então todo o meu esforço seria um fracasso. Melhor eu ficar preparado para qualquer coisa. Além disso, não pude deixar de notar que estávamos atraindo um público de alunos e professores. Por mais que estivéssemos causando um tumulto no ginásio, não era estranho que eles criassem interesse. Bem, podem vir! Seria uma boa chance de mostrar à escola quem eu era. Que eu estava tratando essas crianças como alunos de verdade.

Mas o que a Alice tinha reservado para mim? A garota sorriu para mim, em seguida, jogou no ar os diversos brinquedos de pelúcia que carregava.

            — Ok, pessoal! Deem um pau nessa aberração!!

            Eu olhei para cima, confuso, apenas para ver um pequeno exército de brinquedos vivos e respirando se aproximando de mim; cães, pássaros, gatos, pássaros e até mesmo ursos.

Alice, ao que parecia, era uma Mestre Golem, algo que ela deve ter aprendido por acidente ao ver Shizu e suas habilidades espirituais. Foi surpreendentemente criativo, especialmente para uma criança. Se pelúcia consegue desferir golpes dessa força, ela seria muito mais ameaçadora se alguém lhe desse alguns robôs de aços ou coisas do tipo. Ela pode até ser a mais forte dos cinco.

Mas se tudo que eu tivesse que fazer fosse evitá-los por dez minutos, então seria muito fácil.

            — Ei! Pare de fugir deles, seu covarde!

            Eu ouvi sua reclamação em alto e bom som, mas só ignorei. Eu até pensei em incinerar todos eles enquanto me esquivava…

Relatório. Chances de o indivíduo Alice cair em lágrimas… cem por cento.

… mas deixei de lado. Não com essas probabilidades. Seria ainda mais difícil acalmá-la depois disso, e tenho certeza de que a audiência pensaria que eu era um valentão. Então continuei correndo, e correndo até o tempo acabar.

 

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Bem, pelo menos consegui salvar minha reputação. Eu já tinha mostrado do que era capaz para os meus cinco alunos.

— Nossa, aquele conselheiro de máscara é incrível! Ele não parece ter mais de dez anos e simplesmente domou aqueles diabinhos!

— Ele era um aventureiro de rank B? Sem chance. Uma força como essa é do nível da Shizu!

Com esse tipo de comentário da multidão, me senti seguro assumindo que minha reputação na escola agora estava bem boa.

Essas crianças eram poderosas, mas seu conjunto de habilidades parecia que estavam no beta. Se eu tivesse que adivinhar, não era porque essas eram as habilidades que eles queriam; simplesmente tropeçaram nelas enquanto imitavam Shizu.

Além disso, observei algo importante. Eu teorizei que deixá-los lutar com tudo que tinham diminuiria um pouco sua contagem de magículas…, mas tudo que fiz foi reduzir uma quantidade ínfima do topo. A energia na raiz de seus corpos não diminuiu. Isso ficou claro pelo desempenho fraco de suas magias.

Acho que não havia como consertar o desequilíbrio dessa forma. Até pensei em usar minha habilidade única de Divergência para separar a energia deles, depois usar Gula para consumi-la ou isolá-la. Mas se eu tivesse que adivinhar…

Recebido. A energia fundida com a alma de uma entidade não pode ser separada dela.

 

É, nem dá. Eu havia notado isso quando eu os observei em combate. Então, eu teria que fazê-los obter uma habilidade única, ou descobrir outra forma.

 Não restava muito tempo. Se cinco anos fosse o máximo que Yuuki já viu sobreviver, essas crianças teriam sorte se tivessem mais doze meses. Eu tinha que encontrar uma maneira, qualquer uma, de drenar as magículas deles antes que o poder os destruísse por dentro.

Mas, embora não tenha vindo exatamente por métodos gentis e agradáveis, agora eu tinha uma compreensão completa da situação deles. Pesei minhas opções enquanto limpávamos o ginásio e voltávamos para nossa sala de aula. Ficar exercitando suas habilidades não resolvia nada, mas ajudá-los a liberar um pouco de magia ajudaria a atrasar o inevitável, pelo menos um pouco. Precisamos realizar essas “sessões de treinamento” regularmente enquanto eu tentava encontrar uma maneira de resolver o problema principal.

De volta à aula, me sentei com as crianças e falei com elas.

— Agora, como todos vocês puderam ver, eu sou, hum, um pouco forte. Mas prometo a vocês: vou ajudar a todos. Juro por essa máscara.

Eles se sentaram em silêncio, eu senti como se eles estivessem prestando muito mais atenção agora. Consegui o foco deles por enquanto, então. Precisávamos nos conectar dessa forma, coração a coração, ou então eles simplesmente se afastariam de mim; mas agora, por mais que eu tivesse forçado, tínhamos essa conexão.

— Hum… essa é a máscara da Senhorita Shizu?

— Isso mesmo, Alice. Shizu me deu… e quando eu a aceitei, acho que concordei em cuidar de vocês também.

Não até que comecei a sonhar com isso recentemente, tecnicamente. Mas não importa.

— Tudo bem, Alice disse, acenando com a cabeça em satisfação. — Eu acredito em você.

— Hum, e-eu também…

— Eu acreditei em você desde o início, sabe.

Alice, Ryota e Chloe estavam dispostos a abrir seu coração para mim, pelo menos.

— Ah, pessoal, se falarem desse jeito… Nesse caso, pode ser…

— Sim, Kenya. Acho que podemos confiar nesse cara também.

O consentimento de Kenya e Gail selou o acordo. Eu tinha a confiança deles. Me reconheciam como professor agora.

Falando nessa máscara, no entanto… Eu sinto que algo refrescou minha memória. Shizu me deu a missão de atacar o lorde demônio Leon. Não matar ou derrotar, mas atacar. Afinal, ela realmente não queria vingança contra ele? Talvez não. Se ela quisesse, teria o atacado quando estava no auge de sua força.

Mas… espere. Ela disse que veio aqui antes dos dez anos, eu acho. Então, como ela sobreviveu? Eu precisava pensar nisso. Não conversamos por muito tempo, mas senti que ela poderia ter escondido uma ou duas dicas ali. Sempre achei estranho que ela abandonasse essas crianças por sua própria missão. Por que ela de repente achou que era uma boa ideia tomar uma atitude em relação a elas agora, por que justo agora?

Se apresse  

Ah, entendo… Ela foi até Leon porque queria ajudá-los. Atacar Leon e salvar as crianças, ambas as ações tinham o mesmo objetivo.

O Lorde Demônio Leon sabe como resgatar as crianças. Eu sei disso, porque ele me resgatou.

Essa era sua linha de pensamento, mas como?

Me conectei ao Grande Sábio, ponderando sobre isso com tudo que tinha. Como sempre, isso não me deixou para baixo. Se Leon salvou deliberadamente a vida de Shizu, não importava. A única questão era como

Recebido. Inferindo o método do Lorde Demônio Leon Cromwell para salvar Shizue Izawa… Completo. Esta é uma inferência baseada em evidências circunstanciais, mas…

 

A resposta do Sábio ecoava na minha cabeça. Seria um caminho extremamente difícil para essas crianças, a aposta mais arriscada de todas. Para mim, porém, foi uma decisão fácil de aceitar.

O único problema era…

— Ouçam. Eu prometo que vou salvar todos vocês, mas para fazer isso, preciso que confiem em mim e ajam como bons meninos e meninas. Combinado? Shizu confiou vocês a mim, e eu não vou abandoná-los!

A confiança se espalhou dentro de mim enquanto falava. Eu não conseguia demonstrar nenhuma ansiedade ou nervosismo na frente dessas crianças. Eles me recompensaram com olhares calmos e resolutos.

— Obrigado, Senhor Rimuru!

Senhor Rimuru. Eu gostei de como isso soava. Bem, agora precisávamos enfrentar a dificuldade juntos. Eu era o Senhor Rimuru para eles, e isso significava que já estavam praticamente salvos. Eu jurei em meu coração.


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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