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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 04.1 – O Reino de Blumund

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Blumund. Um pequeno reino, com população inferior a um milhão de habitantes. Consistia principalmente de pequenas aldeias, agrupadas em regiões governadas por nobres. O único grande povoado a se ressaltar era a capital. Realmente era um país super minúsculo.

Guiado pelo meu trio de amigos, seguimos para uma aldeia na zona rural. A visão tranquila do local, rodeado por campos com cercas, nos saudou além da floresta.

Nossa primeira missão era chegar no escritório Blumund da Guilda Livre na capital. Lá, planejei me encontrar com Fuze e fazer com que ele escrevesse um convite para que eu pudesse me encontrar com o grão-mestre Yuuki Kagurazaka. Com certeza não me deixariam apenas vê-lo, então eu precisava de alguma indicação. Fuze já havia mandado um recado dizendo que realizaria o meu pedido, ele escreveria a carta quando eu chegasse.

Havia uma rota comum de passageiros desta aldeia para a cidade, onde passavam duas diligências por dia. Demorou menos de três horas para chegarmos ao nosso destino. Era um reino pequeno e, felizmente, com uma infraestrutura rodoviária bastante decente, logo, o transporte não foi um problema.

Chegando à aldeia pouco antes do meio-dia, almoçamos na pousada e taverna local. Enquanto estávamos relaxando lá, de repente ouvi alguém se gabando em voz alta.

— Então, sabe o que eu fiz? Peguei meu Grande Machado e… Fwam! Esmaguei o otário no chão! E aqui está a prova!

— Uau! Isso é incrível, Bydd!

— Este é um monstro muito forte, não é, Bydd? Você ganhou dele sozinho?

— Pode crê, pode falar isso. Afinal, monstros como o Urso com Chifre não são ameaças para mim!

Parecia que ele havia matado algum monstro poderoso de maneira até que impressionante. Curioso, dei uma olhada na direção deles; apenas para encontrar o corpo enorme de… algo jogado sobre a mesa, cobrindo quase toda ela.

Fiquei tão surpreso que quase cuspi a comida que estava mastigando. Eu estava esperando ver o Urso com Chifre da história, mas não. Era uma completa farsa; um urso comum com o chifre de uma Lebre com Chifre alojado em seu crânio.

Pode ser complicado perceber a diferença entre animais e monstros. Se considerar as criaturas místicas ou mágicas por natureza, a categorização fica ainda mais complicada. Tomemos Ranga como um exemplo, ele provavelmente seria classificado como um monstro demoníaco, uma vez que conta principalmente com magículas para o seu sustento. Se ele fosse carnívoro ou herbívoro, estaria mais no reino da magia. Mas, então, é claro, ainda seria conhecido por comer algumas presas de vez em quando. No fim, toda essa categorização perde o sentido depois de um certo ponto.

No entanto, havia uma diferença crucial entre animais e monstros: força. Tecnicamente falando, bestas mágicas se tornam mágicas quando um animal é infundido com magículas; processo que leva a certos impulsos físicos. Como resultado, é realmente muito fácil classificar um cadáver como mágico ou não, basta examinar sua musculatura e composição. Minhas habilidades mágicas de análise tornavam tudo muito simples, embora não fosse tanto assim para caipiras comuns das aldeias. Não seria a menos que o cadáver tossisse um cristal mágico para eles.

— Ei, ele está tentando enganar aqueles caras com um Urso com Chifre falso. Tá tudo bem fazer isso?

— Hmm? — Kabal deu uma olhada. — Ooh, você está certo. Que olhar afiado, Chefe!

Elen teve que segurar a risada.

— Ahh, colocaram um chifre de uma lebre nele! Qualquer pessoa que tenha praticado magia por mais de meia hora pode perceber isso de cara.

— Uau, é assim tão óbvio para vocês? Então de que adianta fazer isso? Se vocês viram através dessa farsa, tenho certeza de que a guilda também veria.

— Não, Chefe, acho que ele tem outros motivos. Ele seria considerado um charlatão no momento que arrastasse aquela coisa para a capital, mas em uma aldeia como essa? Ele é o herói do dia! Tenho certeza de que daqui a pouco vai ficar tipo “Eu vou proteger essa vila para vocês, então que tal um pouco de comida e um quarto?”

Ahhh. A teoria do Gido fazia sentido. Então ele era apenas um vigarista. Realmente, nunca se sabe que tipo de coisa vai encontrar por aí.

Eu estava pronto para deixar o cara de lado, considerando este como um momento de aprendizado para mim, quando:

— Ei, ei, espere um minuto. Você acha que eu não consigo ouvir você e seus companheiros bastardos resmungando sobre como acham que o cadáver é uma farsa? Se quiserem mexer comigo, é melhor estarem preparado para pagarem o preço!

Bydd, o vigarista, se levantou e caminhou em nossa direção. Por que caras como esses sempre têm uma audição tão boa? É como se estivessem ansiosos para causarem problemas. Além disso, havia outro efeito colateral que vinha com isso: a atenção de toda a taverna para a nossa mesa.

— Ei, aquele não é o Kabal…?

— Elen também está lá!

— Então o outro deve ser o Gido!

Em alguns segundos, fomos cercados por fãs. Foi o suficiente para fazer Bydd hesitar, seu rosto ficando visivelmente mais pálido a cada momento.

— O quê…? Ahh, vocês três são tão malvados! Se voltaram para casa, poderiam pelo menos ter avisado!

Ele se aproximou de Kabal, estava tão próximo que achei que ia fazer até uma massagem em suas costas, e se reverenciou educadamente várias vezes. Foi uma baita reviravolta.

— Hã… quem diabos é você?

— Ah, vamos lá, sou o Bydd! Aquele cara que você deu uma surra na capital um tempo atrás, lembra? Com certeza aprendi muito com aquela luta, Kabal!

Supostamente, o último encontro dos dois envolveu Bydd tentando roubar alguns de seus pertences. Então ele mudou de profissão, de ladrão para vigarista. Acho que nunca desiste, nem aprende.

Ainda assim… caramba, o Kabal e seus amigos são muito famosos por aqui, hein? Este safado não é bem chegado de Kabal, mas definitivamente conhece e respeita o trio. O resto da taverna olhou para eles, deslumbrados.

Eu tinha certeza de que Kabal não gostava de ser respeitado pelo pessoal do submundo como esse cara, mas a fama dele realmente foi uma surpresa para mim. Parecia que sua recente ascensão na hierarquia dos aventureiros lhe rendeu algum reconhecimento. Espera aí, isso significava que… Ooh, isso não é inteiramente graças a mim deixá-los trazer partes de monstros que não precisávamos na cidade?

Encarei os três esperando por uma resposta, e eles rapidamente desviaram o olhar. Bem, melhor não insistir nisso. Todos fazem algumas pequenas artes que não querem que ninguém descubra.

Então, não vou investigar mais a fundo. Pelo menos por agora.

— Vocês… vocês sabem por que estou olhando para vocês?!

— S-Sim senhor!!

Todos os três responderam em uníssono, é claro. Bem, ótimo. Se algum dia eu precisar de ajuda, tenho a garantia de tê-los à minha disposição. Agora, vamos cuidar do Bydd.

— E você também, se quer que as pessoas pensem que você é legal ou o que seja, por que não ajuda de verdade quando estiverem precisando? Acho que você vai descobrir que vão te tratar de uma maneira muito diferente quando fizer isso.

— Sim, vou tentar…

Eu o deixei ir apenas com esse aviso. Eu era tecnicamente o convidado de Kabal, então não queria deixar as coisas mais estranhas para o seu grupo. Além disso, Bydd parecia genuinamente arrependido, então não havia por que continuar.

Tirando esse encontro, a jornada estava indo muito bem.

 

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Logo, estávamos descendo a rua da capital Blumund. Para mim, os edifícios pareciam antiquados, mas de construção sólida. Isso me lembrou de muito antigamente, eu não poderia dizer o quão bem foram feitos, mas definitivamente se assemelhavam às construções da Europa medieval. Um tipo bem legal de contraste com a nossa cidade, que tinha muitas casas ao estilo japonês.

Todos por quem passamos pareciam brilhantes e alegres. A atmosfera certamente não era sombria ou opressiva. De acordo com Kabal, o governo havia enviado anteriormente um alerta para se prepararem para um grande influxo de monstros, mas que agora foi suspenso, o que significa que ninguém tinha que se preocupar em ter suas casas sendo destruídas.

Independentemente disso, essa ainda era uma cidade grande em um país rural, e mesmo nas ruas, não pude deixar de notar quantos transeuntes estavam armados. Muitos também eram, digamos, de aparência suspeita. Mesmo com a minha máscara, ainda me sentia apenas parte da multidão, o que me deixou feliz. Isso era tudo tão… fantasioso.

No entanto, uma coisa chamou minha atenção. Conforme Analisei e Avaliei meus arredores, percebi que muitas das armas e armaduras estavam em péssimas condições. Sendo assim, parecia ser o normal para as pessoas ao nosso redor, nenhuma das quais parecia ser capaz de lutar decentemente. Os aventureiros que vi no Reino dos Anões pareciam muito mais bem equipados do que isso.

— Bem, nem é preciso dizer isso, Chefe — explicou Kabal. — Não temos muitos ferreiros talentosos nessa cidade, sabe?

— Sim, é realmente difícil para a gente conseguir um conjunto completo de equipamentos por aqui. Às vezes não é o tipo de coisa que o dinheiro pode comprar.

— Ooh sim, eu queria tanto um novo cajado mágico, mas simplesmente não consigo achar um bom…

Não é de se admirar que os três tenham ficado tão chocados ao encontrar artesãos trabalhando conosco. Podia parecer natural para mim, mas deve ter surpreendido eles.

Ainda assim, a minha primeira experiência em uma cidade de verdade em algum tempo foi extremamente emocionante. Comprei um espeto de carne grelhada de uma barraca à beira da estrada, dando mordidas enquanto caminhávamos. Até a presença de barracas como aquela me enchia de nostalgia da minha velha rotina diária. Eu não sabia dizer que tipo de carne era, mas gostei. Acho que poderia até Avaliar a comida, mas não iria.

Em vez disso, voltei meu olho mágico para o molho, Analisando a fórmula enquanto a provava. Agora Shuna tinha algo a mais para adicionar ao seu livro de receitas.

No meio da nossa caminhada, chegamos ao escritório Blumund da Guilda Livre, um prédio de aparência solene. Tinha cinco andares de altura, uma raridade, dado que a estrutura mais alta que vi até o momento tinha apenas dois.

Como foi construído em uma grande depressão embaixo de uma montanha, o Reino dos Anões tinha certos limites de altura que podia atingir. Isso se aplicava tanto ao palácio real quanto a algum casebre de aluguel barato. A ideia de construir um edifício verticalmente não existia lá.

Eles tinham uma quantidade de luz solar surpreendente, provida por janelas solares movidas a magia que eram espalhadas por todo o reino. Mas pensei que o conceito de edifícios com vários andares ainda não existia neste mundo.

Parecia que a temperatura do prédio era regulada de alguma forma, já que era bastante agradável por dentro. Eu não percebi a mudança pela temperatura em si, mas com a Fonte de Sentido de Calor, conseguia dizer que a temperatura do ambiente estava definitivamente mais baixa do que a de fora. Devia ter algum tipo de controle mágico de temperatura neste edifício.

Talvez este mundo seja mais tecnológico do que eu imaginava. Talvez a presença da magia apenas tenha feito progredir de uma forma diferente do meu antigo mundo. Se não fosse por empecilhos como monstros ou lordes demônios, talvez tivéssemos uma civilização movida a magia muito mais avançada. Porém, vendo de outra forma, todo o potencial de desenvolvimento que poderiam usar está sendo gasto para lidar com a ameaça dos monstros, suponho. Esse é o preço para permanecer vivo neste mundo. É realmente um lugar muito duro.

No momento, os lordes demônios receberam extensões de terra bastante abundantes para apaziguar suas raivas, mas quem sabe o que acontecerá a seguir? Talvez os humanos decidam invadir os reinos de monstros em pouco tempo. E talvez os monstros tivessem a vantagem por enquanto, mas não havia como dizer o que o futuro reservava. Os desejos humanos podem ser ilimitados, e precisaríamos resolver esse problema em casa se eu quisesse que minha própria nação continuasse pacífica e privilegiada.

Agora, eu estava feliz por ter feito uma visita. Não planejava criar inimizade com meus vizinhos, mas caso nossas relações piorem, seria importante que eu soubesse como eles viviam. Ver cidades humanas e ver como é o estilo de vida dos seus habitantes teria um grande impacto na direção futura de minha nação. Eu queria ver e aprender o máximo possível.

Mas não adianta ficar parado. Deixei o trio me guiar mais para dentro até que chegamos em uma câmara que parecia um pouco com o saguão da prefeitura. Avistei um enorme balcão, como o lugar de entrega de bagagens do aeroporto, com a palavra VENDAS escrita acima dele. Eu não conseguia ler; foi o Grande Sábio que traduziu, para a minha sorte.

Este guichê era dividido em três seções. Tinha o departamento de vendas, que eu acabei de citar; o departamento de assuntos gerais, acessível a todos os membros da guilda; e então uma janela “especialista” acessível apenas aos aventureiros da guilda.

As vendas, como o nome indicava, era onde pegavam e processavam qualquer coisa ganha em missões ou de outra forma destinada à entrega da guilda. O balcão geral era principalmente para iniciantes ou membros da guilda que viviam na cidade; era aonde ia para entrar ou sair da guilda também. A seção final de “especialistas” era apenas para aventureiros credenciados pela guilda, que por sua vez eram divididos por sua especialidade: recuperação, exploração ou matança de monstros. Este era principalmente para membros envolvidos em atividades fora da cidade, que geralmente eram chamados de “aventureiros”. Isso significava que se queria ser um aventureiro, tinha que pelo menos ser capaz de se defender.

Como tudo isso funcionava na prática? Bem, por exemplo, havia um departamento da guilda especializado em magia. Estava aberto a qualquer um que pudesse usar feitiços, mas isso só dava acesso aos serviços de assuntos gerais. Seria preciso mais do que apenas magia para atingir o nível de especialista; também precisava pertencer a um departamento de recuperação, exploração ou caça de monstros e ter experiência de campo em um desses três. Esses eram os critérios para se tornar um aventureiro.

Kabal, Elen e Gido eram cada um membro de um departamento diferente: caça, recuperação e exploração de monstros, respectivamente. Isso facilitava a divisão de tarefas entre eles. Na verdade, talvez fossem muito mais talentosos do que eu pensava. Da forma como foi explicado para mim, apenas alguns poucos escolhidos por aí conseguiam ganhar esse título de aventureiro e mantê-lo.

Quais eram as vantagens desse título? Acima de tudo, liberdade, parte da origem do nome da Guilda Livre. Todos os membros da guilda tinham que declarar a qual país pertenciam, mas os aventureiros eram livres para alterarem isso quando quisessem. Mudar de residência para outra cidade, ou país diferente, era permitido com relativa facilidade, se desejasse. É claro que havia restrições, como em tempos de guerra, mas desde que passasse por uma terceira nação para se mudar, não haveria nenhum problema.

Viajar entre nações sempre levava a complicações com identificação e coisas do gênero. No entanto, para um aventureiro, isso tudo era resolvido rapidamente, desde que a nação em questão tivesse acordos com a guilda, tornando tudo mais fácil. Os aventureiros podiam agir livremente sem nunca estarem limitados por fronteiras, um sinal de respeito que lhes era dado como protetores contra a ameaça de monstros.

Claro, mencionei isso tudo, mas não é como se os aventureiros mudassem sua nação de origem com muita frequência. Se mudassem, o mais comum era para que pudessem escolher o país onde eram obrigados a pagar menos impostos. A liberdade carrega responsabilidades, então suponho que se todos tivessem a chance, prefeririam abrir sua loja em algum lugar que fosse mais tranquilo.

Esse foi o resumo que me deram.

Depois disso eu tinha que ir para o reino de Englesia, então definitivamente esperava poder ganhar algum credenciamento da guilda em vez de ter que lidar com um monte de besteiras da imigração. Pensando nisso, o trio me levou ao balcão dos departamentos gerais.

— O local de registro é bem ali, Chefe.

— Ooh, tenho certeza de que vão te colocar nas classificações dos aventureiros em um piscar de olhos, Rimuru!

— Acho que eles nem te fariam realizar o teste, por falar nisso.

Era um pouco antes do anoitecer quando entramos na fila. Aparentemente, o saguão da frente estava repleto de gente. Era bem vazio durante a tarde, mas à noite, ficava lotado com as pessoas voltando do campo. Se quiséssemos fazer isso logo, tínhamos que nos apressar.

— Gostaria de me registrar como um aventureiro, por favor.

— Quantos anos você tem…? — A mulher do outro lado perguntou gentilmente. — Ser um membro comum é uma coisa, mas você não é um pouco jovem demais para ser um aventureiro?

— Ei, ei, não há necessidade de nada disso — disse Kabal ao entrar. — Esse carinha aqui, Rimuru… deixa eu te dizer, ele é muito mais capaz do que parece. Minha garantia é boa o suficiente para você?

Eu estava esperando por isso, dada a minha aparência. A equipe de Kabal e eu discutimos isso com antecedência, e concordaram em me ajudar com o que fosse necessário.

— Ele é capaz o suficiente para impressionar você, Kabal? Bem, no entanto o teste pode ser uma coisa bastante perigosa…

— Não tem problema, não ligo.

Com os três implorando ao mesmo tempo, a balconista (embora relutante) concordou em revisar a papelada de registro. Preenchi a folha que me foi entregue: nome, idade, habilidades especiais, local de nascimento e assim por diante. Qualquer coisa que pudesse preencher estava bom, ela disse, então simplesmente escrevi meu nome e ESGRIMA na seção de habilidades.

Isso era tudo o que era necessário para essa filiação de assuntos gerais. Agora precisava decidir em qual departamento ingressar. Em termos de conquistas, fui qualificado para os três, o que dificultou o processo seletivo. Decidi começar matando monstros. A recuperação exigia que eu me dirigisse para a floresta e procurasse por um determinado item; a exploração exigia que eu fizesse um teste em uma ruína feita pelo homem em Englesia para avaliar minhas habilidades de investigação. Matar os monstros era o único teste que eu poderia fazer ali.

Enquanto preenchia os dados, ouvi pessoas gritando conosco.

— Ei! Você parece bem, Kabal!

— Elen está tão bonita hoje, como sempre!

— O que você é, cego? Qualquer um que não esteja surpreso com a masculinidade de Gido é um idiota.

Nada disso fazia sentido para mim. Por que Kabal e seus amigos são tão reverenciados? Eles são tão admirados aqui quanto na vila. Ponderei sobre isso enquanto entregava a folha de registro.

— Você tem certeza disso? Matar monstros pode ser o mais acessível, mas também é o departamento mais perigoso.

— Oh, vai ficar tudo bem! — insistiu Elen.

— Honestamente, não conseguiríamos derrotá-lo, mesmo se nós três o enfrentarmos ao mesmo tempo!

— É verdade — acrescentou Gido. — Não podemos nem nos comparar a ele.

Isso fez com que todos no saguão me olhassem, me avaliando. E embora eu não tenha prestado muita atenção neles enquanto preenchia a folha, já fazia algum tempo que falavam de mim.

— Uau, aquela criança quer fazer o exame?

— Ele é louco! Ele vai enfrentar uma situação muito difícil.

— Você tem de estar com a cabeça totalmente confusa para se arriscar assim!

— No entanto, nunca vi uma katana como aquela que está em sua cintura. Deve ser muito rara…

— Ei, nunca se sabe, talvez ele seja capaz!

— Pode ser. Aqueles três com certeza estão dando um baita tratamento a ele, de qualquer forma.

Certamente não se seguraram em suas avaliações. Mas quando Elen declarou a todos que eu poderia surrar meus amigos facilmente, isso só aumentou os comentários da multidão.

— Tá de brincadeira? Esse garoto é mais forte do que o Kabal?

— Eu não consigo acreditar, mas… se estão tratando ele desse jeito, então deve ser verdade.

— Basta! Se acalmem, pessoal! Sinto muito, Chefe, este não é exatamente um grupo educado…

— Oh, está tudo bem, Kabal. Então, como vai ser o teste?

A balconista, atordoada e em silêncio com tudo isso, rapidamente acenou com a cabeça.

— Hmm… Sim, bem, eu concedo a você permissão para fazer o exame. Você tem que atingir o rank D pelo menos para se tornar um aventureiro, então não recomendo esse exame para ninguém não especializado em combate. O exame do departamento de caça a monstros é particularmente difícil, então não é recomendado a menos que você seja pelo menos um D+, de preferência C. Tem certeza de que deseja prosseguir?

Balancei a cabeça em aprovação. Suponho que a pessoa tem que ser bem capaz para fazer esse teste. Mas ouvi dizer que até aquele safado do Bydd era um aventureiro de rank D+. Não poderia ser tão difícil assim.

Aliás, esse sistema de classificação também foi desenvolvido por Yuuki Kagurazaka. O rank F é atribuído no momento que se junta à guilda e é promovido para o rank E assim que ganha alguma experiência em batalha. Depois de bastante tempo em campo, é promovido novamente para o rank D, e ganha o direito de se autodenominar um aventureiro. Diferentes missões de guilda eram atribuídas a diferentes ranks de acordo com a dificuldade, e também existia a permissão para fazer uma missão de um rank mais alto que o seu, contanto que se juntasse a uma equipe de várias pessoas. Todo esse regulamento foi montado detalhadamente para prevenir acidentes e proporcionar uma ampla margem de segurança.

— Quando estiverem prontos, estarei pronto.

Então eu estava pronto para o teste. Contanto que não fosse escrito, eu não estava nem um pouco preocupado. A mulher se levantou, foi ao escritório e retornou com um homem que presumi ser o examinador.

— Hmmm! Você, fazendo o teste? Ouvi dizer que é até mais forte do que Kabal. Bem, que seja. Me siga.

Ele certamente agiu cheio de si. Também lançou olhares maldosos no caminho. Havia alguma história entre eles?

— Ei, por que ele está zombando de vocês?

— Ahh… — Kabal fez uma pausa. — Thegis tem agido com ciúmes desde que ficamos famosos. Ele está aposentado do campo e tudo mais, então…

Seus olhos se voltaram para as pernas de Thegis, o examinador. Uma delas era uma prótese. Aposentado, faz sentido.

— Parem de tagarelar e sigam em frente — rugiu Thegis.

Segui suas instruções, saindo pelas portas dos fundos em direção a outro prédio.

 


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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