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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 04 – Cap. 01.1 – Negociação Com o Reino Animal

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Eu podia ver um monte de crianças brincando lá fora. Dois garotos e duas garotas correram até mim, muito felizes em me ver.

— Professora! O que vamos fazer hoje? — Um menino de aparência corajosa, um menino de aparência tímida, um menino de aparência reticente, uma garota de aparência animada e uma garota de aparência sábia me perguntaram com olhares brilhantes.

Eram todos meus estudantes, e eu os adorava. Desta vez, no entanto, o que eu estava sentindo era uma mistura de felicidade, tristeza e solidão.

— Bom… — falei para eles. — É uma boa pergunta. O que deveríamos fazer?

Essa era minha vida normal até pouco tempo atrás. Que eu mesmo joguei fora e que nunca mais teria de volta.

Mas essas não são as minhas memórias. São as dela.

As lembranças persistentes da Shizu, dos seus dias de instrutora. Eu podia dizer, do meu ponto de vista, que ela não queria que as crianças se envolvessem em sua luta. Mas talvez tenham se sentido abandonadas. Talvez tenham chorado. Mas, mesmo se não tivessem sofrido, era tudo tão….

Hmm? Tão o quê? O que eu estava tentando…?

E então, abri meus olhos.

Por favor. As crianças…

As crianças? Aquelas no sonho?

Por favor, salve as crianças.

Salvar? Do que está falando?

Não havia ninguém para responder. Ela queria que eu fizesse alguma coisa. Isso estava claro. Mas sem dizer mais nada, sua voz mergulhou na escuridão e desapareceu.

Os resquícios do sonho se perderam em minha mente – o pedido lamentável foi deixado sozinho e despercebido.

 

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Este parecia ser o primeiro sonho que eu tinha há algum tempo.

Desde que me tornei um slime, que por definição nunca dorme, a única chance de sonhar era durante emergências, como quando minha força mágica se esgotava.

Isso não parecia certo, então me forcei a me envolver em períodos de inatividade diários – trabalhando duro para descansar, de certa forma.

Isso pode soar como uma contradição, mas não é. Dar a si mesmo um tempo para relaxar nunca é uma coisa ruim, e não há nada de mal em trabalhar duro por algum objetivo. E todo esse esforço valeu a pena. Por curtos períodos, pelo menos, pude deixar minha consciência ir embora e atingir um estado de pura serenidade. Em outras palavras, o experimento funcionou. Esqueci do que o sonho se tratava, mas não era tão importante. De qualquer forma, são assim que os sonhos são.

— Ahh, agora posso viver meus dias em pura preguiça…

— Que tipo de bobagem você está falando, Senhor Rimuru?

Ela estava brava. O sorriso da Shuna nunca vacila quando estava com raiva. Isso que a fazia ser tão assustadora.

Alegremente, seguindo o exemplo de Shuna, rastejei para fora da cama resmungando para mim mesmo. Eu estaria ocupado durante o dia – estava programado um treinamento de batalha com Hakurou, assim como uma viagem de inspeção para ver o andamento das construções. Qualquer um pensaria que não havia nenhum mal em relaxar um pouco à noite. Eu tinha acabado de analisar e avaliar as habilidades que aprendi com Charibdis, então não havia grandes questões pendentes para resolver.

A propósito, Charibdis me deu Interferência Mágica e Controle Gravitacional, ambas habilidades extras. Interferência Mágica, emparelhada com Controle de partículas, resultou em uma nova habilidade extra, Magia de Controle – que, quando combinada com Barreira Multicamada, aprimorava minhas defesas. Agora, não precisava me preocupar com ataques mágicos – que, junto com a habilidade Magia de Resistência que peguei do Gabil e do resto dos dragonatos recém-evoluídos, fez com que eu conseguisse resistir a qualquer ataque mágico direto, mesmo à queima roupa. Claro, eu tinha Gula comigo, então já podia consumir e neutralizar qualquer ataque mágico identificável, mas, ainda assim, essa combinação poderia me proteger de emboscadas e ataques surpresa, e isso era muito útil.

Quanto ao Controle Gravitacional – bem, minha pesquisa certamente deu frutos. Sempre achei uma pena não ter conseguido a magia de voo do Gelmud, mas o Controle Gravitacional resolveu esse problema de maneira muito elegante. Nem precisei recitar um feitiço antecipadamente – o voo em alta velocidade agora era meu, podendo usá-lo ao meu bel-prazer.

Dessa vez, não apressei as coisas. Não me esqueci das falhas que encontrei no meio do caminho com o desenvolvimento da Propulsão de Pressão de Água. Experimentar qualquer coisa que aparecesse em sua imaginação era um ingresso infalível para algumas situações seriamente sem graça. Então, fui com calma, passando toda noite examinando minhas habilidades. Comecei planando no ar e praticando algum voo em baixa velocidade. Eu podia controlar a trajetória das minhas asas até certo ponto, o que me ajudou a pegar o jeito com mais facilidade do que imaginei.

Agora, nem precisava mais das asas. A Barreira Multicamadas me protegia até mesmo da resistência do ar; aposto que conseguiria quebrar a barreira do som em pouco tempo com isso. Mas sem pressa. Apenas manteria a prática de forma lenta e constante.

Enquanto eu estava perdido em pensamentos, Shuna soltou um suspiro irritado.

— Senhor Rimuru, você está desatento de novo. Hoje é o dia da viagem do meu irmão Benimaru e do Senhor Rigur. Quero que foque em ser a figura mais majestosa que puder para a grande despedida.

— Ah, sim, era hoje. Verdade.

Tinha me esquecido. Benimaru e os outros estavam prontos para partir.

 

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Muitos meses se passaram após a partida de Millim. Meses calmos, frios e pacíficos. Eu estava ocupado, como sempre, mas ainda extremamente tranquilo.

Apesar disso, um dia, um mensageiro de Carillon apareceu, o Mestre das Feras e um dos Lorde Demônio desse mundo. Eu não tinha feito um acordo oficial com ele no papel, mas parecia que Carillon era um homem fiel à sua palavra. Como disse o mensageiro: “Vamos enviar emissários às nossas respectivas nações, para que possamos ver por nós mesmo se o estabelecimento de relações comerciais será benéfico para ambos os lados.”

Dei minha aprovação imediata, e Carillon já havia dado a dele. O que nos leva à data atual, o histórico dia de partida para nossa missão no Reino das Feras, Eurazania.

Benimaru, um grande guerreiro e meu braço direito, lideraria a missão. Como seu assistente, nomeei Rigur, filho de Rigurd. A missão deles era viajar para outras nações e relatar o que observavam, para que eu pudesse descobrir como administrar meu próprio país. Estavam acompanhados de um pequeno grupo de hobgoblins, todos candidatos a futuros cargos de liderança no meu governo.

Seriam representantes da Federação de Jura Tempest, ou só de Tempest. Nossa nação era recém fundada, e, portanto, inexperiente em quase tudo. Tínhamos que compensar por isso, visando esse objetivo estávamos todos trabalhando juntos, se esforçando ao máximo nas atividades diárias. Foi graças a essa mentalidade que acho que essa missão a Eurazania será bastante recompensadora.

Nós também estávamos totalmente preparados para receber o time do Mestre das Feras. Eles também viriam, olhariam a nossa nação, e (com sorte) voltariam para seu país com alguns elogios. Se tudo corresse bem, ficaríamos em bons termos e (com sorte, de novo) começaríamos a realizar trocas oficiais – e com isso, relações diplomáticas formais. Não devia demorar muito.

Mas acho que eu estava me adiantando muito, devo dar um passo de cada vez. Por agora, precisava focar em me despedir.

Despertando minha consciência, assumi a forma humana. Havia uma cerimônia marcada, então vesti uma roupa formal adequada. Ao olhar para trás, senti falta dos dias em que não tínhamos quase nada para vestir. Agora, tínhamos quase todo tipo de roupa que se possa imaginar. Uma seleção muito melhor do que já tive no meu armário no Japão.

E, realmente, em termos de conveniência, agora que desfrutamos da vida, é incomparável com os primeiros dias. Resolvemos o problema do açúcar, então tínhamos um suprimento estável. Isso ajudou a adicionar guisados ao cardápio, e havia até uma seleção de doces disponível. Embora não tão grande. Nesse ponto, agora que eu havia dominado a arte de tirar cochilos curtos, imaginei que a próxima questão a ser resolvida seria o entretenimento.

Mas eu ainda tinha um longo caminho pela frente. Todas essas ideias continuavam invadindo minha mente, uma atrás da outra, e isso tornava as coisas difíceis. Não importava o quanto eu trabalhasse, parecia que nunca ficava sem novos desejos. Não tinha como dizer quando seria capaz de me sentar com um grande saco de batatas fritas e vegetais na frente do meu console o dia todo.

Apesar disso, não desisti de nenhuma das minhas vontades. E esse é o motivo de eu precisar que a equipe enviada fizesse seu melhor e tornasse as trocas internacionais em realidade.

Então lá estava eu, na praça principal da cidade, em frente à multidão vestido com meu melhor traje. Isso causou um pequeno alvoroço entre os monstros, de muitas espécies diferentes. Eu não tinha o hábito de me dirigir a eles com a forma humana. Os aplausos e gritos pareciam durar para sempre, mas um único “Silêncio!” de Shion calou a todos em um instante. Boa, Shion. Ela era tão boa lidando com esse tipo de coisa.

Com a calmaria, decidi dar à minha equipe algumas palavras de incentivo:

—Senhoras e senhores, espero que façam o seu melhor por mim!

— É só isso…? — perguntou Shuna, perplexa.

Hmm… será que foi muito curto? Meu diretor do colégio falava tanto e ninguém ouvia, então achei que um discurso curto como esse fosse mais adequado…, mas talvez a multidão quisesse ouvir mais o que eu tinha a dizer.

— Sim, será que não foi o suficiente? Então vou falar mais um pouco.

Com isso, decidi fazer uma lista com coisas que queria que meus enviados resolvessem. O Mestre das Feras Carillon era um Lorde Demônio e certamente um grande guerreiro, mas eu não tinha certeza se o Estado de Direito existia em seu domínio.

— Certo, ouçam bem. Vocês estão prestes a viajar para uma nação de nascidos da magia que nunca acreditaram em nada além de “Poder é tudo”. Subestimem eles por sua própria conta e risco. Se desistirem, obrigarão vocês a fazerem tudo que mandarem. Podem até perder para eles em uma luta, mas quero que tenham certeza de não perderem para eles no coração! Lembrem-se: Seus companheiros e eu sempre estaremos com vocês. Tenham isso em mente ao contar sobre o que estamos procurando. Se acharem que acabará acontecendo uma luta, fujam e voltem. Essa missão é para vermos se podemos manter uma boa relação com esses caras daqui para frente. Não preciso de um relacionamento no qual tenhamos que engolir sapo e apenas tolerá-los. Quero que vejam as coisas com seus próprios olhos e se certifiquem de que possamos manter uma relação amável e amigável. Estou contando com vocês!

No momento em que terminei, a praça explodiu em aplausos estrondosos. Foi como uma apresentação de um idol pop. O conteúdo do meu discurso provavelmente não importava. Estavam apenas interessados em me ouvir. Tenho certeza de que os enviados estavam prestando atenção, mas o resto tratou a cerimônia como um grande festival. Que seja. O fato de terem ouvido tudo indicava que eram monstros bem disciplinados. Esse era um grande passo para eles.

Suponho que seja melhor eu aproveitar essa oportunidade para dá-los outro aviso importante.

— Vejamos, o que mais…? Bem, não me importo com um ou dois erros, mas, por favor, não comecem uma briga, ok? Estou de olho em você, Benimaru. Acha que está preparado?

Meu discurso partiu do pressuposto de que quaisquer hostilidades viriam do lado Eurazaniano. Se minha equipe começasse alguma coisa, toda esta expedição seria inútil. Tive que fazê-los entender que eu não aceitaria esse tipo de erro.

— Heh! Conosco, você está em boas mãos — gritou Benimaru de volta (quase assustadoramente) confiante. — Até eu aprendi algumas lições depois dos dias que passamos com Lady Millim, qualquer idiota sabe que o atrevimento leva ao desastre.

As comparações com Millim também me deixaram atento. Usá-la como padrão para construir sua própria confiança não me deu nenhuma sensação de segurança. No entanto, pelo menos foi melhor que a Shion. Assistir ela acenar ansiosamente para as palavras de Benimaru me fez suspirar. Eu realmente esperava que Shion pudesse vigiar a cidade se eu me juntasse à equipe, mas isso era muito arriscado. Apesar de que… parando para pensar, Benimaru era muito atencioso, apesar das aparências. Acho que foi rude da minha parte compará-lo com Millim e Shion.

— É bom ouvir isso. Eu queria ter me juntado a vocês…

— Imagine, meu senhor. Acho melhor você não viajar até o domínio de um Lorde Demônio até que possamos confirmar que é seguro.

Com a negação de Benimaru, ficou claro que ele queria ver com seus próprios olhos se Carillon era digno de confiança. Não apenas Carillon, mas também todos os outros nascidos da magia que chamavam suas terras de lar. Trabalhar com eles beneficiária Tempest? Ou causaria danos incalculáveis para mim? Sinceramente, fiquei feliz em ver sua iniciativa, embora isso só aumentasse minhas preocupações.

Só de imaginar Rigur e o resto sozinhos em uma nação de nascidos da magia, eu fiquei um pouco assustado. Eu precisava de lutadores fortes no grupo, pelo menos para servirem como guarda-costas. Soei já estava protegendo nossa nação das sombras, e Hakuro estava ocupado com o treinamento militar. Geld não podia parar seu trabalho de construção, e Gabil estava trabalhando duro para extrair Poções Superiores e produzir Poções Inferiores. Shion, é claro, estava fora de questão e, seguindo essa lógica, Benimaru era o único candidato possível.

— Certo. Faça o seu melhor.

— Sim, meu senhor!

— E você também, Rigur, e todos os outros. Gostaria de ver boas coisas vindo para nossa nação.

— Certamente — respondeu Rigur com os olhos brilhando. — Vamos espalhar seu comando por toda a parte! — Seus olhos me disseram que mal podia esperar para partir; ele estava realmente aproveitando a chance para tentar algo novo. Ele vai ficar bem, imaginei.

— Ranga, quero que fique na sombra de Benimaru e o acompanhe. Proteja-os, mas não seja descoberto.

— Não vou te decepcionar, meu mestre!

Ranga seguiu minhas ordens na mesma hora e deslizou direto para a sombra de Benimaru. A própria aura de Benimaru o estava escondendo e, com sorte, isso seria o suficiente para mantê-lo invisível na estrada.

— Ótimo! Agora, vamos ajudar a todos enquanto partem para a jornada!

Com meu comando, Shuna deu um sinal com os olhos. Nossa banda de músicos selecionada a dedo estava pronta para tocar uma grande e animada melodia. Nossos representantes abriram caminho dentre a multidão, viajando em direção a um futuro cheio de esperança – a esperança de que o intercâmbio cultural nos ajudasse a plantar sementes para futuros laços diplomáticos. Nossos primeiros emissários partiram com um floreio.

 

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O grupo de Benimaru foi embora, mas eu ainda tinha um monte de coisas para fazer. Tinha planos de visitar os domínios humanos cedo ou tarde, mas com um trabalho atrás do outro, não tinha tempo para isso. Com qualquer coisa que fizesse, o primeiro passo era o mais importante. Comece de maneira descuidada e, muitas vezes, vai pagar por isso, cedo ou tarde. Isso não se aplica apenas ao trabalho, mas à própria vida e, certamente, ao início de uma nação. Só porque eu queria andar com humanos não significava que eu poderia deixar tudo de lado.

Por enquanto, meus principais líderes militares e de segurança haviam partido, e eu precisava preencher os cargos. Soei poderia cuidar da segurança, e eu indiquei Hakuro como chefe momentâneo dos militares. Assim, as coisas estarão em boas mãos.

 

Em seguida, estava tomando providências para receber o contingente da Eurazania.

Uma coisa que não queria que eles vissem era nosso cultivo de planta e fabricação de poções hipokutes. De resto, não tinha problema exibir ao público, então decidi manter a Caverna Selada do jeito que estava – selada. Havia apenas uma entrada, e uma pedra pesada ou algo semelhante a fecharia totalmente. Gabil e o resto tinham os círculos de transporte mágicos para viajar, então esconder a entrada parecia ser a melhor opção.

Eu temia que selar pudesse diminuir o oxigênio de dentro da caverna, mas tinham tantos buracos de ventilação nas paredes que dificilmente aconteceria algum problema . Além disso, Vester tinha uma magia muito útil para nos ajudar.

— Pode-se dizer que há magias que detectam mudanças no ar… ou no ambiente em geral. Também há magias que alertam o lançador sobre qualquer ameaça a suas vidas, então não vejo muito com que me preocupar.

Mais um problema resolvido. Vester era incrivelmente talentoso. Se ele não tivesse uma personalidade tão problemática, ainda estaria usando esses talentos como o conselheiro de maior confiança do Rei Gazel… Mas, ei, se isso significa que ele agora está trabalhando para mim, então fico feliz.

Sendo assim, estava definido – sem mais entradas na Caverna Selada. E isso me lembra de mais uma coisa sobre Vester. Além da nossa fábrica de poções, eu estava disposto a deixar os emissários verem o que quisessem, então minuciosamente examinei nossas diversas preparações. Tínhamos acabado de construir uma casa para hóspedes para receber visitantes especiais – uma espécie de hotel chique e luxuoso, totalmente diferente dos alojamentos mais simples que os contingentes de Kabal e Yohm receberam.

E não estávamos erguendo apenas construções sofisticadas – também estávamos formando pessoas. Os aprendizes de Shuna estavam se tornando chefs talentosos. Eles até ganharam um instinto natural para adicionar a quantidade certa de tempero. Eram totalmente versados em controlar fogueiras para picar e cozinhar ingredientes. Eu não me envergonharia se cuidassem de qualquer evento que fosse.

As goblinas, por sua vez, aprenderam a arte da hospitalidade por meio da prática com as equipes de Kabal e Yohm. Lidar com a nobreza ainda seria uma tarefa difícil, mas elas eram educadas o suficiente para cuidar de pessoas normais ou aventureiros.

Para o toque final, selecionei as que tiveram o melhor desempenho e pedi pessoalmente que me tratassem como um convidado. Dadas as multidões grosseiras que geralmente recebíamos na cidade, eu não tinha certeza se poderíamos fornecer um serviço de “luxo” mesmo se tentássemos. Vester, mais uma vez, nos ajudou muito – como um nobre, achei que ele poderia me ensinar coisas que eu nunca teria pensado. Seu conhecimento foi transmitido para a equipe que selecionei, a qual realizou um dos melhores trabalhos que já vi.

— Vocês estão indo muito bem! Permaneçam diligentes, e todas certamente crescerão talentosas o suficiente para receber a realeza de qualquer nação sem causar nenhuma ofensa. Estou ansioso para ver o progresso de vocês!

— Obrigado por suas instruções, meu senhor! — disse a equipe de hospitalidade goblina enquanto se curvava para ele.

Se elas mantiveram alguém tão tenso como o Vester feliz, então devem ser muito boas.

— Claro que estou feliz por ter pedido sua ajuda, Vester!

— Não, não — respondeu ele com uma risada alegre. — Isso tem sido muito bom para mim! Eu ficaria feliz em te ajudar a qualquer hora.

O presenteei com um passe de hospedagem grátis em troca da ajuda. Ele poderia usá-lo quisesse – poderia tanto aproveitar a casa de hóspedes quanto observar os funcionários para garantir que não estavam relaxando. É como matar dois coelhos com uma só cajadada.

Com isso, percebi que estávamos prontos para manter nossos visitantes felizes.

Restava apenas mais um evento. Na verdade, esse era meu favorito – minha visita à Nação Armada de Dwargon, o Reino dos Anões.

Minha agenda já estava definida, graças a algumas trocas de mensagens. Seria um dos eventos mais auspiciosos que nossa nação já desfrutou, uma chance de provar a Dwargon e ao mundo em geral que nós, Tempest, éramos um país independente oficialmente reconhecido. Ter acordos assinados no papel era uma coisa, mas ser recebido pessoalmente por terras estrangeiras era algo que queria fazer para alavancar nossos planos futuros.

As pessoas estavam dispostas a aceitar uma nova nação fundada por monstros? Esse era nosso maior e mais frequente problema. Mas moldar Yohm como um herói – e ter Fuze espalhando rumores positivos sobre isso – fez com que o público passasse a nos olhar como monstros amigáveis, dispostos a ajudar os mocinhos.

E agora, recebemos o convite de uma superpotência. Esta era a oportunidade perfeita para ganharmos mais confiança, e eu não podia deixar isso passar. De jeito nenhum que poderia desistir até que esta visita fosse bem-sucedida. Visitar reinos humanos poderia esperar até que eu tivesse certeza de que nosso governo estava no caminho certo.

— Precisamos fazer isso dar certo!

Shuna e Shion balançaram suas cabeças.

— Claro.

— Meu senhor, você está em boas mãos. Como sua secretária, me esforçarei ao máximo!

Hora de trabalhar. Reunindo toda a minha energia, me esforcei para reduzir todos os problemas em que pude pensar, esperando o fatídico dia chegar.

 

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Recebemos um sinal de que Benimaru e o resto do time estava de volta. Treyni quem me avisou. Ajoelhando-se diante de mim, ela relatou que quando os avistou nossa equipe estava perto da Floresta de Jura.

— Obrigado por me avisar.

— Imagina — ela sorriu. — Não é nenhum problema para mim.

Ela estava linda como sempre, com aquele ar translúcido e místico que possuía. Isso deixava ela capturar o coração de qualquer homem que a visse. Se eu não fosse um slime, também me apaixonaria facilmente.

Opa… Encará-la por muito tempo apenas deixaria Shuna e Shion irritadas. Eu sou um idiota sem olhos e, mesmo assim, elas ainda pareciam saber para onde eu estava olhando. Era algum tipo de poder sobrenatural ou apenas intuição feminina? De qualquer forma, melhor não causar nenhum conflito desnecessário.

— Deixe-me saber se algo mais acontecer.

— Claro. Então, é melhor eu me retirar.

Com outro sorriso, Treyni desapareceu. Estava presente em um momento e desapareceu no próximo – com certeza uma das mulheres mais misteriosas que já conheci. Apesar de tudo, notifiquei a todos que devíamos esperar o retorno da equipe em alguns dias.

Só então, Yohm e seus companheiros fizeram uma visita à cidade. Como eu esperava, nossa pequena intriga havia estabelecido Yohm como o maior dos campeões em todo o reino de Farmus. Isso o tornou extremamente requisitado por lá, então ele estava de volta para ter uma chance de relaxar. Ele tinha a grande desculpa de receber um pouco de treinamento de Hakuro, mas o que realmente queria era uma comida decente e um banho nas fontes termais. Eu sabia por experiência própria – como ele ficaria por vários dias, não me esqueci de ficar de olho em qualquer problema que pudesse causar.

— Ouça, receberemos um grupo de representantes do Lorde Demônio Carillon em breve. Vocês podem me prometer que não vão arranjar nenhuma briga?

— Ah, vamos lá, cara, com quem você acha que está falando? Acha que eu sou o tipo de idiota que vai entrar em uma briga com os subordinados de um Lorde Demônio?

Yohm desabafou. Ele estava certo. Mas ninguém ficava falando sobre os idiotas que andavam por aí. Isso poderia confundir a imaginação de qualquer um.

— Mas por que um Lorde Demônio está vindo aqui? — perguntou ele antes que eu pudesse responder sua primeira pergunta.

Um dos principais oficiais de Carillon havia sido fundido no núcleo de Charibdis, um monstro classe Lorde Demônio. Depois de uma longa batalha, separei o cara do núcleo e salvei sua vida, o que nos levou a uma relação mais tranquila com a Eurazania…, mas Yohm e seu grupo não estavam por perto para ver isso, então ainda não faziam ideia. Eu não tinha parado com minhas obrigações para contar a eles. Nem tinha certeza se essa era a melhor coisa a se fazer.

— Ah, sim, é melhor eu explicar. Venha para a sala de recepção assim que sair do banho.

— Claro!

Sugeri um horário e Shion o anotou de forma habilidosa. Ela não tinha sido exatamente minha primeira escolha para o cargo, mas estava se preparando para se tornar uma secretária meio decente.

Então, como devo explicar isso para o Yohm? Pareceu uma boa ideia contar a ele, e apenas ele, toda a história. Em minha mente, pensei que deveria dar alguns detalhes a mais – o básico da história das minhas origens e como é minha relação com os Lordes Demônios. Exatamente o quanto eu deveria revelar, eu não tinha certeza, mas não me parecia sensato falar isso para a população em geral. Em primeiro lugar, a maioria das pessoas nunca acreditariam que eu era um ex-humano.

Na verdade, talvez fosse uma boa chance de contar tudo a ele. Seria uma conversa intensa, pensei, não era o tipo de coisa que gostaria de fazer no meio da rua. Então é por isso que disse a Yohm para depois ir – sozinho – para o meu quarto.

Ele chegou – sem suas roupas de viagem e recém-saído do banho. Foi logo depois do jantar e ele chegou bem na hora.

— Então, qual é a história, amigo?

— Ei, segura as pontas — falei enquanto oferecia uma cadeira a Yohm, uma poltrona de couro macio com encosto para os braços. Sentei em uma cadeira que ficava de frente para ela. — Primeiro de tudo, quero dizer uma coisa, mas prometa que não ficará surpreso.

— Surpreso? Por que ficaria…?

Ignorando-o, me transformei em minha forma humana. Isso exigiria muito menos tempo que qualquer explicação.

Quê?!

Sim, avisei ele e tudo mais, mas não ajudou muito.

— Falei para você não ficar surpreso — contei enquanto me sentava na cadeira. Como se esperasse por sua deixa, Shuna entrou no cômodo, exatamente como planejado. Ela se curvou educadamente e serviu a Yohm e a mim algumas bebidas, um líquido incolor em um par de copos, ambos primorosamente soprados usando vidro real por Dold, o irmão do meio dos anões.

Com outra reverência, ela se posicionou atrás de mim. Esse foi meu sinal para brindar. Com uma fungada para garantir que estava de acordo com meus padrões, me dirigi a Yohm:

— Então, que tal uma bebida?

Chocado com minha metamorfose e se deparando com as comoventes maneiras de Shuna, Yohm ficou congelado em seu assento. A oferta de algo alcoólico o ajudou a sair dessa.

— Uh… sim. Claro — disse ele antes de virar o copo todo de uma só vez. Isso imediatamente desencadeou um ataque de tosse.

— Haghh! Kaff-kaff-kaff…. Uggghh, o que é isso?

Shuna correu com um pouco de água. Yohm esvaziou aquele copo com a mesma rapidez. Depois de engasgar-se mais um pouco, ele finalmente recuperou a compostura o suficiente para perguntar o que diabos acabei de dar a ele.

— Não está acostumado a beber destilados com frequência? Fizemos um banquete aqui há algum tempo com algumas pessoas do Reino dos Anões, mas ficaram meio desapontados com a falta de bebida na cidade. Trouxemos cerveja e vinho, mas eles podiam muito bem beber essas coisas como água, disseram que nunca se embebedariam com isso. Então descobri que poderia surpreendê-los com uma mistura que estou familiarizado. Esse é nosso primeiro lote de teste.

E ele foi minha primeira cobaia imparcial. Yohm tinha se gabado para mim sobre quão bom era bebendo, então eu o fiz minha cobaia. Ele tinha acabado de tomar conhaque, uma bebida espirituosa produzida ao destilar vinho, e embora eu soubesse que era trapaça, usei Analisar e Avaliar para reproduzir o conhaque mais forte que pude me lembrar.

A habilidade única Glutão estava sendo útil de todas as formas. Havia uma linha tênue entre a fermentação, que geralmente é uma coisa boa, e a deterioração, que não é. Com as propriedades de corrosão de alimentos do Glutão sob o controle especializado do Grande Sábio, eu poderia “corroer” comida e bebida sem produzir nenhum material nocivo – em outras palavras, fermentá-lo. Isso tornaria a produção de coisas como fermento e o início do koji muito mais fácil. Eu já tinha deixado a produção de fermento para Shuna, então tínhamos a quantidade de pão que queríamos, sem mencionar algumas bebidas alcoólicas. Fazer koji do zero foi um desafio maior, e um que estávamos experimentando, mas esperava que não demorasse muito para que pudesse desfrutar de algum saquê japonês “real” de novo. Eu também poderia fazer molho de soja, se pudesse colocar as mãos em um pouco de soja.

Uma habilidade tão boa. Não consigo parar de sonhar com novos usos para isso. Eu não tinha certeza se usar esses impressionantes poderes para satisfazer meus desejos pessoais era uma boa ideia, mas quem se importa? Uma ferramenta só rende o melhor quando está sendo usada da melhor forma.

Assim que avancei ao ponto de fabricar bebidas fermentadas, o resto foi fácil. Tínhamos conhaque à mão, bem como uísque feito da destilação no processo de fabricação da cerveja. Ambos eram ricos em álcool, o suficiente para queimar a garganta de alguém que não estivesse acostumado, mas um aficionado definitivamente adoraria o gosto dessas coisas.

Expliquei tudo isso a Yohm, mostrando a ele como aproveitar ao máximo. Infelizmente, meu corpo não me deixava ficar bêbado, mas de qualquer maneira ainda era uma sensação nostálgica o suficiente para eu me imaginar um pouco tonto.

— Huh. Entendo. Sim, sabe, isso é muito bom, amigo!

— É, não é?

— Embora, pessoalmente, eu prefira colocar gelo direto no copo em vez de apenas diluir essa coisa.

— Você é um homem com bom gosto, Yohm.

Assim que a tensão se dissipou, passei para o tópico principal.

— Então…

Fiz um relato amplo e superficial das minhas aventuras até o momento. Isso incluía minha reencarnação e muitos outros detalhes, mas era difícil saber se ele entendia muito disso. O que era bom. Foi por isso que ofereci a bebida primeiro. Simplesmente não era o tipo de história que poderia contar de forma convincente e sóbria. Se eu fosse continuar falando sobre como era íntimo de Lordes Demônios e tal, tinha que fazer isso com um sorriso e uma piscadela.

Mas, Yohm me surpreendeu.

— Oh, eu acredito em você — disse ele do nada. — Digo, monstros construindo uma cidade inteira? Isso é totalmente impensável.

Fico feliz que ele tenha se adaptado tão facilmente. Ele também bebia conhaque como um campeão, tomando doses delicadas e evitando estourar os pulmões.

— Você acredita nisso tudo?

— Ei, acabei de dizer que sim, não disse? Cara, Lordes Demônios, mas… Aposto que Carillon tem alguns lutadores malvados trabalhando sob o comando dele.

— Hmm. Difícil dizer, na verdade. Eles não estão aqui para lutar contra nós. Estão vindo apenas para ver se realmente vale a pena construir laços diplomáticos conosco.

— Sim, mas você não mandou Benimaru para lá? Você queria que estivessem preparados para qualquer coisa que acontecesse naquele domínio, não é? Aposto que estão pensando a mesma coisa. Eu esperaria uma nascida da magia bem forte se fosse você.

— Talvez sim, mas não que isso realmente importe. Se os provocarmos com uma briga, tudo acabará. Ser hostil com Carillon não vai render nada para a gente. Então, o que estou tentando dizer é o seguinte: Como falei essa tarde, não comece nenhuma discussão com eles. E certifique-se de que seu grupo entenda isso perfeitamente. Quero que as coisas sejam um pouco mais pacíficas dessa vez!

— É isso aí, amigo. E como eu disse para você, não somos estúpidos o suficiente para começar uma briga com pessoas tão perigosas!

            Sim, aposto.

            Ele me convenceu ao ponto de eu abandonar o assunto. O conhaque foi um grande sucesso; eu tinha certeza de que seria um excelente presente na minha viagem ao Reino dos Anões. Yohm e eu acabamos conversando sobre assuntos muito importantes até tarde da noite.

 

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Vários dias depois, os representantes do Reino das Feras de Eurazania chegaram na hora marcada. Eu os cumprimentei em minha forma viscosa, com Shuna e Shion atrás de mim, junto com Rigurd e os outros burocratas hobgoblins. Além deles, havia Soei, mantendo o controle das coisas secretamente. Se algo acontecesse, tinha certeza de que ele sairia para nos ajudar na mesma hora. O grupo de Yohm estava bem, e pelos padrões deles, estavam agindo totalmente nas sombras.

Os representantes abriram caminho através de nossas fileiras em uma luxuriante linha de carroças douradas. Foram puxadas por vários Tigres Trovão, grandes bestas mágicas estalando com relâmpagos que percorriam seu corpo – um símbolo de força militar poderoso, facilmente visível a longas distâncias. Em termos de armadura, essas carruagens de tigres – se retirado todo o ouro e afins – provavelmente funcionariam como tanques.

— Sim, esta é com certeza uma delegação de um Lorde Demônio — fiquei maravilhado.

— Ah, não é nada impressionante — contou Shuna. — Comparada com a gloriosa luz que você nos traz todos os dias, Senhor Rimuru, domar essas feras não é nada demais.

Hm, Shion? Deve ser mais impressionante que isso, não?

— Estão claramente tentando demonstrar seu poder para nós. Acha que todo esse deslumbramento é “nada impressionante?” Tem certeza de que não está sendo muito pretensiosa? Por que isso não é legal.

— Acha mesmo? Todos aqueles enfeites desnecessários seriam inúteis em batalha.

— Mas não estamos em batalha aqui…

Essa é a Shion. Sua mente nunca sai da zona de guerra. Fazer pouco do que provavelmente era a formação de batalha escolhida a dedo por Carillon, só porque não estavam preparados para o combate corpo a corpo neste instante, me pareceu ridículo.

— Claro, para fazer essa decoração é preciso de algum trabalho. Nada que Dold não consiga dar um jeito, além disso, ele tem Kaijin e Garm ajudando-o. Somos abençoados por termos tantos talentos.

— Obrigado por dizer isso, Chefe!

— Ouvir isso nos deixa orgulhosos.

Kaijin e os três irmãos anões apreciaram o elogio, me recompensando com sorrisos. Mas minhas palavras não foram vazias. Eles haviam atendido todos os meus pedidos malucos o tempo todo, e isso realmente foi de grande ajuda. Achei que precisariam de mais reconhecimento.

A procissão das carroças de tigres continuou solenemente enquanto conversávamos. A da frente era a mais ostensivamente decorada de todas, e quando parou, duas mulheres surgiram pela porta.

A primeira tinha um longo cabelo branco, o qual era liso e sedoso. Era muito bela, com um corpo esbelto e olhos de gato, mas a aura ao seu redor era feroz, sugerindo que era uma líder fortificada pela batalha. A segunda mulher estava virando a cabeça – era encantadora com seu cabelo preto e dourado e olhos de cobra como joias. No começo ela parecia graciosa, mas praticamente congelou o ar com seu olhar frio, afastando a maioria que ousasse se aproximar dela.

Ambas nasceram da magia, e não eram do tipo natural. Se eu tivesse que adivinhar, a quantidade de magículas que continham rivalizavam com a de Phobio em sua última visita.

 

 

 

 

— É um prazer conhecê-lo, lorde da Grande Floresta de Jura. Sou Albis, a Cobra de Chifres Dourados e sou uma dos Três Licantropos servindo ao Lorde Demônio Carillon.

Que surpresa. Eu não estava esperando um oficial de alto nível, mas aí está. O que significa que a outra era…

— Hmph! Não vejo a necessidade de oferecer qualquer saudação formal a esta multidão, Albis. Depois de todos esses dias de jornada, me perguntando que tipo de monstro poderia governar Jura, vim aqui para encontrar um slime insignificante para nos cumprimentar? Isso é ridículo!

— Chega, Sufia. Seu comportamento não traz nada além de desgraça para o nome de Lorde Carillon.

— Chega você, Albis! Como se atreve a me dar ordens! E olha! Eles se associam não apenas a anões, mas também a humanos, aqueles humanos insignificantes, coniventes e covardes. São uma vergonha para todas as raças de monstros.

Quem quer que fosse essa Sufia nascida da magia, ela tinha um problema com os seres humanos.

Eu pretendia ser paciente enquanto ela xingasse apenas a mim, mas se isso se estendesse aos humanos – Yohm e seus companheiros, neste caso – não poderia deixar passar. Além disso, também sou um ex-humano.

Yohm, por sua vez, ficou em silêncio em consideração a mim, com medo de provocar um colapso nas relações antes mesmo de começar. É bom vê-lo cumprindo sua palavra. Além disso, olhando para o passado, suas habilidades haviam aumentado imensamente nos últimos meses. Ele não tinha a obrigação de suportar essa enxurrada de insultos unilaterais.

Ele estava sendo paciente com elas. Eu não conseguia mais.

— Calma lá, não acha que está pegando muito no pé dos humanos? Deixa disso, cara. Certo, Yohm? Sei que você odeia ser tratado como um idiota, então por que não mostra algumas das suas habilidades? Tem a minha permissão.

Digo, o que queria que eu tivesse feito? Yohm era, mais ou menos, nosso amigo – um discípulo dedicado de Hakuro. Claro, ele estava em um regime de treinamento diferente, e de jeito nenhum poderia sonhar em enfrentar a mim ou Benimaru. Mas ele era tão atrevido, um lutador tão tenaz, que aguentou o desafio de Hakuro sem uma única reclamação. Ele meio que me lembrava do Tamura que trabalhou comigo no escritório no Japão. Ele era arrogante, mas eu gostava dele – assim como gostava de Yohm, com ele me chamando de “amigo” e assim por diante. E acho que ele não estava “abaixo de mim”, estava mais para um igual, um colega sob a tutela de Hakuro. Ver sua boa reputação ser destruída dessa forma me irritou mais do que se tivesse acontecido comigo. Meio que entendi como o Rei Gazel se sentiu.

Huh? Eu? — chocado, Yohm retrucou.

Por que ele está tão surpreso? Tem tudo a ver com ele, não? Quero que faça um pequeno show para mim.

— Sim, contanto que você não morra, vou te curar, então mostre a elas quão forte você é!

— Opa, opa, amigo… Pensei que iríamos manter as coisas boas e pacíficas, não? Tipo, sem começar brigas?

— Cale-se, tolo! Pare de bancar o idiota! Eu não estava planejando começar nada, mas se eles forem, temos que responder de acordo!

Exatamente. Se alguém te dá um empurrão, você tem que empurrar de volta. Outra coisa começou a chamar minha atenção.

— Isso aí, vá em frente, Chefe!

— Você pareceria um velho idiota se não reagisse, senhor!

Os diversos bandidos e criminosos mesquinhos do grupo de Yohm estavam ansiosos por uma briga.

— Heh, acho que não tenho escolha. Promete que vai cuidar da minha equipe, amigo?

Com um sorriso, ele desembainhou sua amada espada Matadora de Dragões. Minhas palavras despertaram algo nele, ascendendo seu desejo de batalha.

— Sem problemas. Tenho toneladas de poções de cura, então não desista!

— Claro!

Yohm deu um passo à frente. Sufia respondeu com uma risada satisfeita.

— Haaaaaaa-ha-ha-ha-ha! Bem jogado humano. Acha que pode me entreter?

Enquanto eu observava sua performance gloriosamente exagerada, Shion me entregou para Shuna. Opa, ela tinha suas próprias ideias? Assim que pensei nisso, Shion fez exatamente o que eu esperava.

— Não tão rápido. Eu aguardei pacientemente aqui e deixei você expressar sua opinião, mas a ousadia dos seus insultos ao Senhor Rimuru… Eu me segurei por tanto tempo apenas porque o Senhor Rimuru me instruiu a fazer isso, mas parece que não tem mais necessidade. Eu serei sua oponente.

Os olhos de Shion ficaram vermelhos quando ela entrou em ação.

Eu estava disposto a deixar Yohm participar disso, mas a iniciativa de Shion não era mais uma piada. Ah, bem, não é como se eu pudesse impedi-la se tentasse. Simplesmente teria que deixar as coisas com ela – e com um oponente tão animado, não era a hora de tentar parar a luta.

— Que boooooom! — uivou Sufia, sua feroz natureza felina vindo à tona. — Eu, Sufia, a Garra do Tigre das Neves, estou pronta e disposta a testar os tais subordinados do grande e poderoso lorde slime!

Então, ela e Shion entraram em confronto, movidas puramente por seus instintos de guerra. Em um instante, o local se transformou em um campo de batalha.

Yohm, no entanto…

— Oh, querida… Simplesmente não tem como lidar com você Sufia. Nesse caso… Gruecith! Seja o oponente do humano.

Ao lado do duelo de Shion e Sufia, a Cobra de Chifres Dourados, Albis, gentilmente deu uma ordem para um de seus nascidos da magia.

— Eu? Enfrentar um humano? — zombou a criatura de aparência galante que deu um passo à frente. — Sei que sou um membro de baixo escalão da Aliança Guerreira do Mestre das Feras, mas… Bem, que assim seja. Vamos brincar, humano!

Seu cabelo era cinza, combinando com seus olhos, e sua pele era de um tom escuro de castanho. Era tão musculoso quanto flexível, e as grandes facas que segurava dançavam em suas mãos enquanto olhava intensamente para Yohm. Para ele, este humano não era nada, mas seus olhos ainda estavam focados, como um caçador se preparando contra sua presa. Apesar de seus insultos, claramente não ia pegar leve.

Eu não deveria ter esperado nada menos dos servos de Carillon. Diga o que quiser sobre eles, mas eram guerreiros de primeira classe. Eram as raças de licantropos, acredito, que Carillon governava. Millim tinha me ensinado um ou duas coisas sobre eles – hesitantemente, no início, mas quando ofereci mais alguns dos meus doces açucarados, ela disse “Eu não deveria te dizer, mas vou” e, em seguida, falou sobre eles até o fim do dia.

Licantropos eram, como o nome sugeria, a família de semi-humanos que podiam se transformar em bestas. Eram principalmente cães, gatos, macacos, ursos, cobras e pássaros; espécies maiores como elefantes também existiam, mas eram raras. Monstros inferiores, como orcs e kobolds, eram consideradas versões medíocres desses licantropos, incapazes de se transformar – o que, por sua vez, sugeria que eram de nível muito superior no que diz respeito aos monstros em geral. Na verdade, ter poderes humanos e de monstros desde o nascimento tornava justo chamá-los de nascidos da magia de baixo nível. Uma vez que um licantropo se transformasse, ganhariam novas habilidades com base em suas características únicas. Nasceram como soldados, possuindo habilidades de batalha desde tenra idade, e mesmo neste mundo tão competitivo, eram amplamente reconhecidos como superiores às massas em muitos aspectos.

Se tomarmos isso como verdade, então os licantropos exibiam suas verdadeiras forças apenas quando “transformados” na besta da qual eram originados. Isso sugeriria que, mesmo que eu não achasse que esses caras estavam apenas brincando, ainda não estavam realmente lutando. Sufia ainda estava na forma humana, assim como Gruecith. Shion poderia derrotá-la? Independentemente disso, as duas batalhas entre Shion e Sufia, e Yohm e Gruecith, já estavam acontecendo. Assisti tudo de um lugar seguro, aninhado contra o peito de Shuna.

 


 

Tradução: Another

Revisão: ZhX

 

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