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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 03 – Cap. 05.2 – Charybdis

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Não estava brincando; tivemos muita sorte de ver a Tempestade de Escamas de Charybdis antes que os Cavaleiros Pegasus aparecessem. As escamas que não caíram exatamente no alcance da Gula estavam causando sérios danos em praticamente todas as direções. Se tivéssemos sido atingidos em cheio por aquele tiro, a defesa simplesmente não seria possível. Todos seríamos picadinhos.

Nenhuma de nossas forças foi atingida diretamente pelas escamas, felizmente, mas a floresta próxima foi bem danificada, ou na verdade, remodelada de forma violenta. A quantidade de poder por trás daquilo era simplesmente ridícula.

Bem, então é melhor eu fazer meu trabalho. A primeira questão a resolver eram quantos segundos tinha até que outra onda de Tempestade de Escamas viesse. Já podia ver os reforços dos Cavaleiros Pegasus à distância. Estavam parados, aparentemente tão impressionados com aquele último ataque quanto nós. Presumivelmente, alguém explicaria o que estava acontecendo enquanto estou ocupado com Charybdis.

Era meu trabalho manter aquele dragão entretido comigo e revelar o máximo possível de seus ataques. Depois disso, poderíamos nos manter em uma margem segura e gradualmente dilacerar esse cara juntos. Seria uma maratona, mas só teríamos que trabalhar duro por ela.

Agora estava começando a me arrepender de ter recusado a oferta de Milim. Sério, não me importaria se trocássemos de posição agora, mas isso pareceria tão covarde da minha parte. Deveria dar uma chance ao bom e velho jeito universitário – se não der certo, penso em outra maneira.

Portanto, nossa missão de derrotar Charybdis estava totalmente em andamento. Para começar, disparei um raio de fogo mágico, um dos meus novos movimentos. No momento em que atingiu Charybdis, uma Chama Negra escaldante queimou e enrugou sua pele. Exatamente como pensei… funcionou.

O antigo jato de fogo normal teria sido apagado por sua resistência mágica. Chama Negra não teria sido diferente, sua energia mágica se dissipando no momento em que fizesse contato. Para contornar isso, teria que fazer contato físico com ele e atacar, ou, como fiz agora, cobrir minha magia com outra coisa até que fizesse contato.

É por isso que tentei carregar um raio mágico com Chama Negra e atirar nele. O resultado foi um sucesso, fazendo Charybdis se contorcer de dor com o calor intenso… Ou, pelo menos, parecer um pouco irritado, talvez? É tão grande que eu não tinha certeza se o raio causou muito dano. Contudo, não posso desistir agora. Com o suficiente deles, o dano tende a se acumular com o tempo.

Então continuei atacando, me impulsionando para frente. Tentei alguns movimentos diferentes, avaliando a resposta do dragão. Parecia que Chama Negra e Trovão Negro funcionaram bem contra ele. Ataques baseados em fogo funcionavam em uma ampla gama de seu corpo e os relâmpagos pareceram afetar um pouco sua rede neural mágica.

Junto com essas informações úteis, no entanto, descobri algumas coisas que gostaria de não ter descoberto.

— Ah… espera. Esse cara tem Regeneração Ultrarrápida, não é?

Sussurrei em voz alta, embora soubesse que ninguém responderia.

Entendido. Julgando pela velocidade de recuperação de sua estrutura física, não é incorreto assumir que o indivíduo “Charybdis” possui a habilidade extra Regeneração Ultrarrápida.

Ah, espera, alguém realmente me respondeu. Ou melhor dizendo, descobri algo naquele momento que desejava fervorosamente que não fosse verdade.

Basicamente, a Regeneração Ultrarrápida era o que fazia as escamas de Charybdis crescerem em alta velocidade. Uma vez que o processo fosse concluído, tinha certeza que haveria outra explosão de Tempestade de Escamas, ainda mais rápido do que antes, se não se incomodasse em mirar na tempestade desta vez. Talvez em três minutos, mas se eu pudesse danificar partes dele o suficiente, talvez  não fosse capaz de liberar as escamas dessas partes de seu corpo.

Confirmando isso, usei a Comunicação de Pensamento para que todos soubessem. Então, agora com uma grande quantidade de informações em mãos, descobri como envolveria os Cavaleiros Pegasus nisso.

 

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A batalha continuou… por mais de dez horas depois disso.

Milim tinha ficado tão entediada em ficar sentada à margem que adormeceu, mas eu estava lutando por minha vida. Tínhamos que danificar Charybdis mais rápido do que ele poderia se curar, ou então nunca chegaríamos a lugar nenhum. Todos nós mergulhamos nessa luta desesperada, bebendo grandes goles de poção de cura com abandono enquanto lutávamos.

Diria que estávamos a cerca de trinta por cento do caminho, talvez? Todos nós participamos do esforço. Qualquer um que pudesse voar estava lá, junto com Ranga e Soei via Movimento das Sombras , enquanto Benimaru e as irmãs dríades lançavam ataques mágicos de longe e Shuna e o restante forneciam suporte de cura e proteção. Raios de luz escaldantes e escamas afiadas zuniam de um lado para o outro no campo de batalha, magias e habilidades voando de um a outro. Foi um espetáculo incrível, porém assustador de se ver.

Todos nós estávamos trabalhando juntos e dando tudo de nós e não estávamos nem um terço do caminho até lá. Estávamos todos mantendo uma distância segura, então nenhum de nós havia desistido ainda. Acho que pode ter havido uma desistência, na verdade, mas talvez estivesse apenas imaginando. Mesmo o mais bem treinado entre nós teria problemas para manter esse ritmo para sempre. Não tínhamos a janela para cometer um único erro, perca o foco e não apenas você, mas toda a nossa estratégia viraria fumaça.

Parecia impossível, mas ninguém em nosso exército ousou desistir. E enquanto eu que estava quebrando a cabeça tentando descobrir o que deveria fazer:

Gnh. Grnhhh… aahh… V-você… Mi…

Hum? Acabei de ouvir alguma coisa?

Maldita seja… uuu, Mi-Mili… Milim!!

Huh?! Milim? Disse Milim agora há pouco? Imediatamente pedi ao Grande Sábio para fazer uma análise.

Entendido. Uma pequena e leve presença de vida é confirmada como estando dentro do corpo que Charybdis está ocupando. Acredita-se que o dano que sofreu levou à distorção biológica, talvez porque não se assimilou totalmente com o núcleo mágico do corpo. Além disso…

Escutei os detalhes.

De acordo com o Sábio, Charybdis usava os corpos de outros nascidos da magia para criar sua própria forma física. Esses corpos normalmente desapareceriam e seriam assimilados, mas se o nascido da magia envolvido tivesse sentimentos fortes o suficiente, raiva ou repulsa, a assimilação poderia não se completar totalmente.

E agora sua raiva era dirigida a Milim, não a mim. Hum? Espere um minuto. Então, esse monstro foi direto para nossa cidade porque algum nascido da magia por aí tinha um assunto mal resolvido com Milim?

Ah, ótimo.

Isso não tem nada a ver conosco! E aqui estava eu pensando que estava captando algum tipo de onda mágica de Veldora dentro de mim. Me fale sobre pensar demais.

E… espere. Então não tem nenhum problema se eu colocar isso nos ombros de Milim?

A chocante verdade me atingiu.

No momento em que a acordei, enviei a Milim uma Comunicação de Pensamento.

Ei, uh, Milim, acho que esse cara tem contas a acertar com você, afinal…

Aah, eu ouvi. Parece que Charybdis está usando Phobio, a Presa do Leopardo Negro, como seu corpo principal. Se lembra?! O cara que estava aqui antes.

Apesar de estar a uma longa distância, Milim ainda havia captado as ondas de pensamento de Charybdis, usando seu Olho do Dragão para descobrir com precisão sua identidade. Suas habilidades analíticas estavam à frente até mesmo das do Grande Sábio, mas não deveria ter esperado menos dela, eu acho.

Suponho que esteja certa. E aqui estava eu mantendo você ociosa porque pensei que este era o nosso convidado para cuidar.

Ooh, isso significa que posso lidar com isso, talvez?! Ela perguntou animadamente, sem se preocupar em esperar pela minha explicação completa.

Exatamente como eu esperava, ela aproveitou a oferta. Muito bom. Sabia que ela estava ansiosa por isso desde o princípio, mas ainda assim… Tenho que dar o braço a torcer; Estou impressionado que ela teve paciência para esperar tanto tempo.

Tudo bem. Tome meu lugar. Desculpe ter ficado entre você e seu amigo aqui, eu acho.

Fiz questão de enfatizar isso. Este era o convidado de Milim, não meu. Agora eu poderia pegar Charybdis, esse monstro de calamidade insondável e horrível, e jogá-lo para Milim.

Ah, e mais uma coisa:

Além disso, uh, Phobio estava trabalhando para Carillon, não estava? Você acha que poderia talvez cuspi-lo daquela coisa enquanto você acaba com o monstro? Gostaria de resgatá-lo vivo, se possível…

Isso era importante. Sabia que era uma coisa muito maluca de se perguntar, diante de um monstro como Charybdis e tudo mais, mas tinha a sensação de que Milim estava à altura da tarefa. Além disso, se ela matasse um servo do Lorde Demônio Carillon, isso só criaria novos problemas para nós. Também tinha outra motivação, mas era tão incrível que poderia guardá-la para mais tarde. Por enquanto, eu só queria Phobio seguro.

Wah-ha-ha-ha-ha! Entendido! Isso vai ser fácil para mim. Também aprendi a conter um pouco do meu poder ultimamente. Deixe-me mostrar como sou boa nisso!

Milim aceitou de bom grado, saboreando a chance de gabar-se de si mesma. Contudo, ela aprendeu como se conter…? Como se ela tivesse alguma ideia do que isso significava. Por alguma razão, isso me deixou um pouco preocupado. Optei por não expressar essa preocupação, entretanto, enquanto a deixei cuidar do resto.

E agora que isso estava resolvido, o resto aconteceria muito rapidamente.

— Ok, pessoal! Retirem-se da área imediatamente!

— Do que está falando, senhor Rimuru? Ainda não desistimos.

— Por favor, apenas façam o que eu digo! Acreditem em mim! Vocês todos têm que sair daqui!

Meus gritos foram o suficiente para fazer Dolph, capitão dos Cavaleiros Pegasus, gritar a ordem de recuar, embora a contragosto. Estávamos em um estado de exaustão total, era verdade. As coisas piorariam gradualmente para nós assim. Talvez ele tenha interpretado que minha estratégia era esperar que o corpo de cavaleiros restante aparecesse antes de voltar a se engajar.

— É todo seu agora! Boa sorte! — E com isso, Dolph enviou sua cavalaria de volta. Meus próprios amigos não expressaram nenhuma dessas objeções, é claro; eles haviam captado o suficiente de minha Comunicação de Pensamento para entender.

E então, assim que tive certeza de que todos, exceto eu, tinham ido embora, enviei o sinal.

Beleza, Milim! Tudo pronto aqui!

— Entendido!

Ela já estava no ar, sem se preocupar em esperar pelo sinal. Suas asas de dragão estavam esticadas bem atrás dela, um sorriso de satisfação no rosto. Em outro momento, ela estava ao meu lado.

— Gnh. Grrrhhhhh! Mili-Milimmmmm!!

Percebendo sua presença, Charybdis arqueou seu corpo e olhou diretamente para nós. Já era tarde demais.

— Bem, aqui vamos nós! Aqui está o que “se conter” se parece para mim! Explosão Dracônica!!

Um fluxo fantástico de luz branco azulada saiu dos braços estendidos de Milim.

Foi uma luz de destruição que fez tudo desaparecer.

…?! Não posso analisar. Coletando dados… Falha.

O Grande Sábio dentro de mim parecia um pouco surpreso. Talvez estivesse apenas imaginando, mas ainda assim. Não conseguiu identificar a natureza exata do ataque de Milim, mas os resultados foram bastante óbvios.

A visão diante de mim estava me forçando a repensar o significado do termo “se conter”. Vários feixes de luz branca se agruparam, atingindo o corpo de Charybdis. Começaram a corroê-lo, não dando ao dragão nenhum tempo para a Regeneração Ultrarrápida funcionar. A monstruosidade de quarenta e cinco metros de comprimento não era párea para ela e, em um piscar de olhos, desapareceu.

Tudo o que posso dizer é, graças a Deus, este era um alvo no ar. Se estivesse em terra, teria remodelado toda a geografia desta floresta. Essa era a enormidade daquele ataque. Passamos as últimas X horas gradualmente reduzindo-o, consumindo trinta por cento de sua energia e agora ele foi destruído, reduzido a nada, no espaço de alguns segundos.

Na verdade, a força de Milim só poderia ser descrita como além da imaginação.

Charybdis se foi e um pequeno pedaço de seu corpo caiu no chão. Ou melhor, não um pedaço, na verdade este era Phobio, aquele nascido da magia que Charybdis se construiu ao redor. Milim manteve sua promessa. Chamou isso de se conter; Diria que é uma obra-prima de trabalho.

Voei até o nascido da magia, agarrando-o antes que ele se espatifasse contra o chão. Ele estava vivo, embora mal, o que significava que consegui o que queria. Decidi começar a trabalhar imediatamente, preferindo que ninguém mais visse isso.

Analisando o estado de Phobio, descobri que ele e Charybdis estavam noventa por cento fundidos um com o outro. Sem uma ação rápida, a besta apenas se ressuscitaria novamente. É por isso que eu precisava fazer isso.

 

 

 

 

O que está fazendo com ele?

— Apenas observe — eu disse, esquivando-me da pergunta quando comecei. — Não podemos deixar Phobio sair livre, certo? Achei melhor cuidarmos dele agora. Totalmente.

A tarefa envolvia separar totalmente Phobio de Charybdis. Minha habilidade única Divergente me permitia sintetizar e separar coisas, e seria esta última que usaria para este trabalho. No entanto, apenas fazer isso sozinho faria Charybdis, uma forma de vida espiritual, flutuar para longe de minhas mãos. É aí que minha outra habilidade única, Gula, entraria.

Mesmo com meu Sábio e tudo mais, não fui capaz de combinar totalmente habilidades únicas. Sob seu controle, no entanto, poderia executá-las em paralelo uma com a outra. Seria uma sequência delicada, um pouco como fazer uma cirurgia, mas eu era capaz. Se estragasse tudo, teria que tirar a vida de Phobio também, então isso poderia ter repercussões no meu relacionamento com Carillon. Realmente queria que isso funcionasse, se pudesse evitar.

Concentrei-me no trabalho, dedicando todas as minhas forças nele. Primeiro, me separei um pouco; então consumi o pedaço que tirei. O Sábio cuidou de controlar as duas habilidades díspares para mim, então tive que fazer o trabalho real sozinho.

A batalha contra Charybdis estava começando a parecer um problema de outra pessoa agora e eu sabia o motivo. Foi Milim. Ela tinha dezenas de vezes mais energia mágica do que eu; uma Lorde Demônio com uma quantidade incalculável de poder. Tê-la por perto significava que eu não estava nem um pouco nervoso por enfrentar Charybdis. Sabia em minha mente que estávamos todos em perigo mortal, mas em um canto do meu cérebro, estava tranquilo pelo fato de que sempre poderia pedir ajuda a Milim. Não havia nenhuma sensação real de perigo para mim.

Isso, por outro lado, era diferente. Não poderia deixar esse trabalho para ninguém. Se me atrapalhar, poderia ser a faísca que desencadeou uma outra crise. Era por isso que não queria ninguém assistindo, eu queria assumir total responsabilidade pelo que quer que acontecesse.

Claro, eu tinha Milim bem ao meu lado, curiosamente observando o processo, mas…

Relatório. O núcleo mágico do indivíduo Charybdis foi separado com sucesso do indivíduo Phobio. Consumindo o núcleo mágico do indivíduo Charybdis… Bem-sucedido. Analisando núcleo… Falha parcial. Isolando e continuando a analisar. As seguintes habilidades foram obtidas…

Sucesso. Parecia ter demorado uma eternidade, mas o concluí antes de todos  que evacuaram para o ataque de Milim voltassem.

Uma torrente de informações fluiu em minha cabeça. Não gostei da parte “falha parcial” do relatório do Sábio, mas agora que todos estavam de volta, arquivei essa preocupação para mais tarde. Visto que estava isolado ou algo assim, tinha certeza de que não havia nada de perigoso nisso.

Tudo que eu tinha a fazer era dar um pouco de poção de cura para o enfraquecido Phobio antes que esquecesse. Dei a ele um gole da minha Poção Completa feita à mão, estabilizando rapidamente sua condição física.

Agora, era esperar que ele desperte.

Assim, Charybdis, a ameaça que pousou na nossa porta, foi totalmente exterminada.

 

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— Você poderia nos explicar o que aconteceu?

Essa foi a primeira coisa que o capitão cavaleiro Dolph disse quando me viu.

Hum. Sim, acho que você gostaria de uma explicação, não é?

— Bem, hum… Você sabe. Esta garota aqui, é na verdade a Lorde Demônio Milim, então…

— Ha-ha-ha, você certamente gosta de suas piadas, senhor Rimuru.

Seus olhos não estavam rindo.

— Mas se tivesse uma arma mágica capaz de produzir tanta força, gostaria que pudesse nos ter informado disso com antecedência! Estaremos esperando uma explicação mais oficial mais tarde.

Ele estava claramente zangado comigo e eu podia entender o porquê. Não tinha muitas desculpas, na verdade.

— Ainda assim, o que quer que você tenha feito conseguiu eliminar Charybdis, um ser que poderia ter sido um verdadeiro desastre para todas as raças vivas. É um golpe de sorte, de fato. Se me der licença, então, preciso relatar a Sua Majestade.

Ele relaxou um pouco a carranca e se curvou.

— Obrigado por toda sua ajuda. Fornecerei minha própria explicação ao Rei Gazel em breve — retribuí o gesto.

Quero dizer, este era um monstro da classe Lorde Demônio e os anões não hesitaram em se levantar contra ele. Sem o apoio deles, eu provavelmente não teria percebido que Phobio era o nascido da magia que dirigia sua raiva. Eram altas as chances de eu ter pedido a Milim para matá-lo de qualquer maneira, mas então ela não teria “se contido”, teria atomizado tudo pela frente e eu não teria levantado um dedo para impedi-la, não tenho dúvida.

Foi esse pequeno lapso de tempo extra que nos ajudou a notar a discrepância tão pequena entre Phobio e Charybdis.

— Agradeça a Sua Majestade, não a mim. Além disso, se eu puder falar apenas por mim… — Dolph se aproximou um pouco mais, baixando a voz. — Se vai se reportar ao rei, poderia pedir que viajasse para Dwargon a fim de fazer o relatório pessoalmente? Sua Majestade ainda está bastante angustiado com o resultado de sua última visita. O exílio e a recusa do conselho a que ele te sentenciou já foram levantados, então…

Este provavelmente era menos um convite pessoal de Dolph e mais sua interpretação dos sentimentos de Gazel, eu imaginei.

— Tudo bem. Nesse caso, diga ao Rei Gazel que adoraria receber um convite oficial. Estou ansioso para visitar novamente e apresentar meu relatório.

— Excelente! Tenho certeza de que Sua Majestade ficará muito feliz. Kaijin, Garm e os demais também podem retornar a qualquer momento. Eles poderiam se juntar a você, se quisessem.

Dolph já estava animado com a ideia. Tenho certeza de que Kaijin e sua turma gostariam de visitar sua casa algum dia. Levá-los junto pode ser bom e tenho certeza de que esse é o motivo pelo qual Dolph falou isso para mim. Ele pode ter aquele verniz militar áspero, mas acho que realmente cuidava dos outros também.

Depois disso e de algumas outras pequenas gentilezas, os Cavaleiros Pegasus estavam ocupados voltando para casa. Me senti verdadeiramente grato, do fundo do meu coração, por ninguém ter se machucado.

 

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Com o perigo passado, voltei para a forma de slime, mas quando estávamos prestes a voltar para casa…

— Ngh… On-onde eu estou? O que aconteceu comigo…?

Ouvi murmúrios confusos.

Phobio havia acordado. Isso colocou Benimaru e Shion em guarda, mas Phobio não teria nenhuma energia para lutar agora. Suas feridas foram totalmente curadas, mas seu poder mágico estava esgotado. Além disso, com Charybdis completamente extraído e eliminado dele, estava de volta a ser “meramente” um nascido da magia de alto nível, ninguém que não déssemos conta, se fosse o caso.

— Ei. Você está acordado? Se lembra do que fez?

Falei lentamente com o Phobio de olhos turvos, que foi gradualmente recuperando a consciência ao som das minhas palavras. Então ele deu um pulo e, de repente, sutilmente se prostrou diante de mim e de Milim. Acho que se lembrou.

— E-eu sinto muito! Quero dizer, me desculpo profundamente com você! Fiz algo horrível com você, Lady Milim… e causei tantos problemas para todos vocês pela segunda vez!

O pálido nascido da magia diante de mim era muito mais impulsivo com suas emoções do que eu pensava. Parecia antinatural, de certa forma, alguém assim causando tanto caos.

Estava prestes a perguntar o que o levou a fazer tudo isso quando Treyni fez uma pergunta ainda mais direta.

— Como… você sabia onde Charybdis foi selado? Porque duvido muito que simplesmente tenha tropeçado naquilo.

Esse foi um bom ponto. Este era um orgulhoso nascido da magia; se vingança contra Milim era o que ele queria, aposto que percebeu que poderia fazer isso por suas próprias mãos, mas buscar vingança a ponto de instilar Charybdis em seu próprio corpo? Isso parecia bastante incomum e vinha me perguntando sobre isso há algum tempo.

— Bem…

Para seu crédito, ele não escondeu nada e explicou completamente o que aconteceu com ele, o pedido que fez aos dois agentes mascarados dos Palhaços Moderados.

— Um par de palhaços mascarados de aparência estranha? Mas essa localização é secreta, só nós sabíamos onde ficava e foi a própria heroína que nos contou. Um inimigo formidável, de fato, se eles foram capazes de rastreá-lo… E mascarados, você disse?

Isso parecia incomodar Treyni em particular. Ela parecia conhecê-los.

— Uma das máscaras era assimétrica, talvez? Desenhada para parecer que eles estavam zombando de você?

— N-não. Havia uma garota cuja máscara parecia estar chorando e então um homem gordo com uma máscara raivosa. Eles se chamavam Teare e Footman.

Então não era o cara que Treyni conhecia. Mas… uau, um nascido da magia misterioso mascarado, hein?

…Espera um segundo.

— Ei, acho que Benimaru disse que havia um lá durante o ataque à sua terra natal…

— Sim. Acabei de pensar nisso. Um rotundo nascido na magia usando uma máscara de raiva. Aquela era uma das pessoas controlando os orcs!

Então era isso. A figura que me colocou contra Benimaru e os outros ogros em primeiro lugar.

— De fato. Um dos generais orcs trabalhando longe do meu comando estava acompanhado por um guarda-costas nascido da magia de alto nível, contratado por Gelmud. O nome desse homem era Footman — acrescentou Geld.

Então…

— E pensando bem, quando o senhor Laplace me resgatou, ele disse que também trabalhava para Gelmud… Ele disse que era o vice-presidente dos Palhaços Moderados, que descreveu como um grupo de pau para toda obra. E a máscara que ele usava… Era exatamente como Treyni descreveu. Assimétrico e com uma expressão arrogante!

Gabil lançou a bomba.

Eventos de toda a terra de repente estavam sendo conectados.

— …Entendo. O homem se chamava Laplace, você disse?

— E… Footman? Terei a certeza de me lembrar disso.

Os olhos de Treyni estavam cheios de uma luz perigosa e Benimaru exibia um sorriso desafiador.

Fiquei surpreso ao saber que Treyni também havia feito contato com esses caras. Dada a tendência dela para entrar e sair da existência em todos os lugares, eles devem ter se cruzado em algum lugar. E embora Footman não tenha interagido pessoalmente com os ogros lá atrás, certamente foi um fator importante por trás da destruição de sua terra natal. Eles não eram totalmente nossos inimigos, talvez, mas certamente tinham algo contra todos nós.

Os Palhaços Moderados. Um bando misterioso de pau para toda obra. Pareciam um problema, então decidi perguntar a Milim se ela sabia de alguma coisa.

— Hmm? Nunca ouvi falar desse grupo antes, não. Ninguém disse nada sobre usar caras como esses para causar brigas entre as raças ou algo assim. Que interessante! Gostaria de tê-los conhecido.

Milim, pelo menos, não tinha ouvido nada de seus consortes Lordes Demônios. Ela não sabia muitos detalhes sobre toda a operação do Lorde Orc, suponho. Gelmud era o homem principal por trás de tudo isso, aparentemente, Milim acabou de entender os contornos, não os pequenos detalhes como a contratação de um bando de coringas para ajudar a empurrar as coisas.

— Talvez tenha sido Clayman planejando nos bastidores com isso, não Gelmud. Ele tinha conexões para isso — ela continuou indiferente.

— Clayman? Quem é esse?

— Hmm? Um dos Lordes Demônios. Ele adora pequenos esquemas sujos como esse.

Nossa. Ela o estava expondo como se não fosse grande coisa, mas e daí? O cara ainda era apenas um suspeito; ainda não sabíamos se ele era o verdadeiro criminoso, mas, como Milim disse, Clayman era o tipo de cara que arranjaria algo assim. Não porque Gelmud não estivesse à altura da tarefa, mas porque Clayman estava sempre tentando armar para ter uma vantagem sobre os outros Lordes Demônios.

A operação do Lorde Orc foi planejada por três desses Lordes, que atribuíram o trabalho a Gelmud para manter as coisas equilibradas entre eles. Se algum deles ia tentar manipular o sistema, como Milim descreveu, era definitivamente Clayman. Não tinha muito o que comentar sobre esse ponto, então arquivei o fato no fundo da minha mente.

Achava que todo esse caso havia acabado, mas ainda havia claramente alguns problemas a serem resolvidos.

— Algo me incomoda. Este Laplace… Ele disse que não estava entre as tribos de monstros. — Depois que Milim terminou de falar, Treyni ofereceu outra observação.

Neste mundo, uma tribo de monstros ainda pode ser definida como qualquer um que seja hostil contra as raças humanas. Dizer que você não era um monstro era outra maneira de dizer que você era aliado dos humanos e assim por diante. Supondo que não estivesse mentindo. Se eles não tinham nenhuma disputa com a raça humana, isso parecia viável o suficiente para mim, certamente haveria outros nascidos da magia que aceitaram minha abordagem.

Ou… Espera aí.

— Ele disse que era um não mágico? — perguntei a Treyni.

— Sim, senhor Rimuru. Ele pode ter apoiadores na sociedade humana.

Aha. Sim, isso era difícil. Um grande problema, na verdade, mas não tive como confirmar. Sem qualquer evidência, debater sobre isso era inútil. Então resolvi ficar de olho nesse grupo estranho e concluí meu interrogatório com Phobio.

 

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Agora tínhamos uma quantidade bastante ampla de informações para trabalhar. Juntando tudo isso, uma verdade tornou-se clara sobre esse incidente: esses caras dos Palhaços Moderados gostavam de se aproximar de seus alvos alegando oferecer ajuda. Isso permitiu que os palhaços alcançassem seus objetivos sem sujar as próprias mãos.

Com o Lorde Orc, eles tentaram iniciar uma guerra entre as raças de monstros. Desta vez, queriam que Charybdis lutasse contra nós, ou Milim, pelo menos. Pareceu-me que Phobio simplesmente tinha sido usado. O verdadeiro mentor era outra pessoa.

— Parece que eles usaram e abusaram de você, hein? Tente ser um pouco mais cuidadoso ao aceitar ofertas suspeitas como essa no futuro, certo?

Phobio não estava exatamente isento de culpa aqui, mas dado que o verdadeiro culpado estava em outro lugar, não parecia certo puni-lo. Não queria causar problemas adicionais, além disso. Se ele jurou que não iria mais nos incomodar, estava feliz em deixá-lo ir em liberdade.

— …Huh?

Ele ainda estava prostrado diante de nós.

— Eu, er, não mereço ser perdoado. Aceitei esta oferta a meu próprio critério. Não teve nada a ver com Lorde Carillon, então, por favor, permita-me pagar por isso com minha vida…

Foi estranho, vê-lo agir tão ousado e corajoso enquanto se curvava na nossa frente.

— N-não, sério, não tenho nenhuma razão para matar você. Certo, Milim?

— Mm-hmm! Claro! Eu queria dar uma surra em você, claro, mas estou madura agora. Não estou com raiva de jeito nenhum, então considere-se perdoado!

Uma surra, hein…? Não soa tão maduro para mim, mas tudo bem.

— Viu? E se ela te perdoa, não me preocuparia com nenhum de nós.

— … Mas deixei minha raiva assumir o controle de mim…

— Mm-hmm. E provavelmente… Aquele cara com a máscara de raiva? Ele provavelmente estava usando essas suas emoções.

Phobio ergueu os olhos para a minha observação.

— Pensando nisso… aquele bastardo disse que se sentia atraído por meus sentimentos de raiva e repulsa…

Seu rosto estava surpreso quando ele percebeu. Estava apenas dando um pequeno sermão, mas talvez eu estivesse mais certo do que pensava.

— Sim. Viu? Portanto, não se preocupe com isso.

— Ele tem razão. E você está bem com isso também, não está, Carillon?

Huh? Carillon?

Como se para responder à minha pergunta, um homem apareceu do meio do mato. Ele tinha uma aparência atraente e áspera, ostentando uma roupa bem feita, mas bastante gasta. Seu cabelo loiro curto estava em pé, seus olhos afiados apenas adicionando à atmosfera intensa que ele apresentava.

— Heh. Você percebeu, hein, Milim?

— Claro.

— Sim, é claro — respondeu ele.

Entre o nome Carillon e a amizade óbvia que eles compartilhavam, poderia adivinhar a identidade deste homem de aparência selvagem projetando sua força interior no silêncio. Ele não era nem de longe tão grande quanto Charybdis, mas apresentava exatamente aquele tipo de aura avassaladora, se não mais de uma, como se fosse explodir você com um pensamento.

Então este é Carillon, o Lorde Demônio, hein?

— Ei. Meu nome é Carillon. Obrigado por ajudar esse cara sem matá-lo.

Assim, o Lorde Demônio Carillon me cumprimentou, olhando-me diretamente nos olhos.

O ar ficou repentinamente tenso.

Não tinha palavras para superar a assustadora aura de força que me oprimia. Mais uma vez, me lembrei de como o termo Lorde Demônio não era apenas para se exibir, mas como líder desta terra, não poderia me deixar intimidar assim.

— Não esperava que o próprio aparecesse. Meu nome é Rimuru Tempest, o líder de Tempest, nossa nação de monstros aqui na floresta — declarei, reunindo toda a coragem que pude.

— Pfft! Uma única pessoa nascida da magia, estabelecendo uma nova nação? Talvez eu tivesse acreditado no passado, mas, neste mundo, você teria que ser suicida. Disseram-me que o Lorde Orc matou nosso misterioso nascido da magia, mas acho que esse relato não era muito verdadeiro, hein? Você é o mascarado nascido na magia que matou Gelmud, não é?

Você olha para este slime e é a essa conclusão que você chega? Essa foi a única coisa que pude pensar, mas Milim estava aqui e talvez ele tenha testemunhado a batalha contra Charybdis também.

— Sim. Tem razão — me transformei em um humano. — Então você está aqui para se vingar de mim por isso, ou…?

Duvidei, mas perguntei mesmo assim. Carillon sorriu com a pergunta.

— Ha-ha-ha-ha! Engraçado. Não me admira que Milim goste de você.

A risada dissipou instantaneamente toda a tensão, mas quando ele parou de rir para si mesmo, o rosto de Carillon enrijeceu. Então, fez algo que nenhum de nós esperava. Admitiu que estava errado.

— Bem, desculpe, um dos meus homens aborreceu você. Acho que esqueci de supervisioná-lo bem o suficiente e espero que me perdoe por isso.

Ele não abaixou a cabeça nem nada, mas se desculpou da única maneira que pôde. E mais:

— Você poderia dizer que lhe devo uma agora, suponho. Deixe-me saber se tem algo em que eu possa ajudá-lo.

Na verdade, ele não poderia ter sido mais sincero conosco. Carillon, este Lorde Demônio que era muito mais poderoso do que eu, estava agindo de boa-fé com alguém como eu. Suponho que isso apenas prova o quão incrivelmente tolerante ele era. Ele me deve uma, hein? Se é assim que ele vê, posso pensar em algo…

— Nesse caso, seria bom se você pudesse assinar um tratado de não agressão conosco.

— … Isso é tudo que você precisa? Tudo bem. Pelo meu nome como Lorde Demônio, ou devo dizer, como Carillon, o Mestre das Feras do Reino Animal de Eurazania, juro que nunca voltarei nossas lâminas contra nenhum de vocês. Isso pressupõe, é claro, que você prometa o mesmo para nós.

Ele aceitou facilmente, outro sinal de sua incrível capacidade. Achei bastante admirável.

Como já estávamos bastante perturbados, concordamos em enviar emissários mais tarde para acertar os detalhes.

Não sabia o quanto poderia confiar nesse pacto; dado o quão impulsivo Phobio acabou sendo, seu mestre Carillon poderia ser da mesma forma? Isso deveria significar que ele não iria se intrometer em nossos negócios por um tempo, pelo menos.

Se pudesse aprender mais sobre Eurazania, talvez pudéssemos abrir relações diplomáticas com eles também. Isso seria a melhor coisa.

E isso praticamente encerrou o dia. Carillon deixou seus punhos falarem com Phobio, colocando-o à beira da morte mais uma vez, mas todos nós temos nossos traços engraçados assim, eu suponho. Ele deu um ombro ao seu subordinado manco enquanto os dois se afastavam e se teletransportavam de volta para casa.

Era hora de voltarmos para casa também. O dia teve seus altos e baixos, mas finalmente as coisas estavam começando a se acalmar.

 

 

 

 

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Taiyo

 

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