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Sobre Quando Reencarnei Como um Slime – Vol. 03 – Cap. 01.2 – O Nome de uma Nação

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As residências de toda a população tinham sido finalizadas. E isso, é claro, significava que agora precisávamos focar nos problemas dos residentes.

Se comparados a antes de suas evoluções, a taxa de reprodução dos monstros tinha caído para, mais ou menos, a mesma da de uma família humana. Antes poderia esperar cerca de cinco a dez nascimentos de uma só vez, mas agora era entre dois a três. Não era algo ruim, não mesmo; eram hobgoblins de alto nível desde o nascimento, o que provava que eram criaturas evoluídas que eu havia “criado”. Porém, significava que eu precisava sugerir um sistema de casamento formal logo.

Quando se tratava de goblins e orcs, os membros mais fortes da tribo supostamente tinham o direito de selecionar o parceiro que quisessem. Era um costume que servia para assegurar que seus descendentes fossem os mais fortes.

A questão era: eu deveria permitir a poligamia ou não? Parecia prático no caso de, por exemplo, viúvas que perderam seus maridos, mas eu não queria que os machos alfas ficassem com todas as mulheres com exclusividade. Isso causaria todo tipo de descontentamento. Os magos ogros me disseram que poderiam se procriar entre si, embora não preferissem isso. Mas se, por acaso, Benimaru e Soei decidissem criar um harém, não acredito que teriam muitas mulheres capazes de recusá-los.

Entretanto, Benimaru disse:

— Sabe, Senhor Rimuru, você deve ser a única criatura do mundo que não precisa se preocupar em esgotar suas magículas. A quantia de magículas de um monstro é equivalente à força vital de um humano, por assim dizer. Às vezes, dar um nome para um dos seus discípulos acabaria com suas magículas a ponto de você nunca mais conseguir se recuperar. Não se vê uma criatura no mesmo nível de um Lorde Demônio dando nomes para todo mundo, sabe? E, caso fizéssemos algo como gerar filhos, isso afetaria gravemente a nossa força.

Isso me deixou em choque.

— Ei, ei, ei! Eu, tipo assim, dei um zilhão de nomes, cara! Não me diga isso agora!

— V-Você não sabia, Senhor Rimuru…?!

Eu odiava quando Benimaru me mostrava aquele olhar estranho.

Talvez devesse agradecer à minha sorte por ter minhas magículas se reabastecendo até o momento. Seguindo em frente, eu realmente teria que começar a pensar sobre quem dar nomes e quando. Pensei que era normal recuperar a força mágica com o tempo. Tinha certeza de que estava tudo bem, mas… Pois é, o jeito é ser mais cuidadoso.

Enfim.

Aparentemente, com os monstros, havia duas formas diferentes de procriar. A normal, em que bastava engravidar a fêmea, e a “agora bora com tudo”. Na primeira, a criança teria algumas das habilidades dos pais, embora começasse muito fraca. Este método consumia poucas magículas, por isso um macho poderia ter quantos quisesse, embora a ameaça de esgotar suas magículas ainda existisse devido ao excesso de atividade.

Na segunda, entretanto, a criança era bastante poderosa e portava todas as habilidades dos pais, mas “ir com tudo” poderia afetar o tempo de vida do pai.

Citando Benimaru: “Estou bem solteiro. Evoluir adicionou uns bons anos à minha vida, por isso não me importo em ter descendentes.”

“Adicionou uns bons anos” não era nem o começo. Um ogro qualquer tinha uma expectativa de vida de cem anos; para um ogro mago, eram mais de mil. Sem zoeira, não precisava mesmo de filhos. Eu podia ver porque Benimaru estava tão desinteressado.

Com ogros magos como ele, pelo menos, eu não teria que me preocupar tanto sobre o controle populacional. Mas e quanto aos hobgoblins mais fortes? Decidi perguntar-lhes, e ainda que não fossem tão contraditórios à ideia, a grande maioria compartilhava os pontos de vistas dos ogros magos sobre ser pai. Os monstros não eram como humanos, ter um filho seria o mesmo que ficar sem magículas. Às vezes, além do que poderia ser recuperável.

Então, basicamente, ninguém era idiota o suficiente para procriar feito coelhos. Partos não afetavam tanto os goblins comuns; tinham que se reproduzir bastante, caso quisessem que a tribo sobrevivesse por mais uma geração, mas, para os hobgoblins, isso consumia uma imensa quantidade de magia.

Como eles preferem dizer, no momento em que se realiza o ato, já se sabe na hora se a fecundação “funcionou” ou não. Meio gráfico, mas é a verdade. Se resultasse em uma gravidez saudável, custaria ao pai cerca de metade do máximo de sua armazenagem de magia. Seria recarregada com o tempo, mas não se continuasse repetidamente… isso poderia reduzir a capacidade de magículas para sempre.

Por isso, suponho, que mesmo se tivesse uma fila de garotas para escolher, não poderia sair por aí e voltar com uma horda de filhos. Sendo mais realista, um homem assumiria várias esposas para que pudesse protegê-las, não construir uma família.

Isso não se aplicava às fêmeas, a propósito. Na realidade, do jeito que falavam, eram capazes de recusar à vontade a fecundação, a menos que a força pura da semente dominasse seus corpos.

Portanto, se um parceiro indesejável violasse limites éticos para realizar o ato, uma criança não nasceria. Apenas aqueles que as mulheres consideravam dignos tinham o direito de se tornarem pais… E isso também valia para outros monstros de alto nível e nascidos da magia.

Poderia dizer, surpreendentemente, que monstros copulavam por amor, muito mais do que o esperado.

Semi-humanos de sub-raças que cruzavam com a raça humana não tinham bem esse tipo de influência sobre o resultado; dificilmente eram diferentes dos humanos neste quesito. Suponho que, caso perguntassem qual método era o melhor, eu não saberia o que dizer.

Por isso decidi criar uma regra:

“Com relação a descendentes, poligamia está permitida apenas com as fêmeas viúvas que querem ter filhos.”

Viúvas que não quisessem filhos poderiam receber um auxílio da nação, eu acho. Se isso causasse problemas, eu poderia mudar as coisas depois. Tipo, talvez um tipo de cerimônia no começo de cada mês, na qual residentes poderiam confessar seu amor entre si e, então, entregaríamos residências para os casais criados. Seria uma boa tradição para se dar início. Homens e mulheres solteiros poderiam viver em dormitórios, enquanto os que tivessem cargos mais altos poderiam ter o direito a uma casa.

Essas eram as coisas em que eu pensava à medida que observava alguns dos casais de monstros passarem por mim. Posso deixar para ajustar tudo depois, pensei. Tenho que me certificar de que todo mundo esteja feliz.

Com as moradias já preparadas, meus objetivos iniciais estavam completos. Tínhamos alimento, abrigo e roupas.

Sobre o abrigo, acabei de explicar. Quanto às roupas, enquanto isso, as goblinas sob o aprendizado de Garm e Shuna estavam dando forma a novas roupas sem parar. Nosso recente crescimento da população deixou a questão do alimento um tanto caótica. Todos os novos orcs superiores deixaram a busca por provisões bastante difícil para todo mundo.

Por sorte, durante suas patrulhas, Rigur, o capitão da nossa força de segurança, conseguiu uma boa quantidade de caça. Ele reforçou o número de unidades sob seu controle e, agora, tinha mais ou menos mil caçadores em busca de suprimentos em todas as direções. Cultivo de vegetais e afins, enquanto isso, estavam sob a jurisdição de Lilina, e estava indo bem. Shuna também fazia a avaliação das ervas que as equipes de Rigur coletavam e, com elas, fazia sementes, produzindo ainda mais produtos comestíveis.

O próximo trabalho para nossas equipes de construção era desenvolver a área ao redor dos limites externos da cidade. Nossos campos cresciam a uma taxa incrível, fazendo maravilhas para melhorar nossa situação alimentar. Agora não precisávamos mais nos preocupar muito com a fome.

Agora estávamos parecendo muito mais com uma cidade de verdade.

 

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Havia mais uma pessoa que era digna de nota: Gabil.

Cerca de um mês atrás, aquele bocó entrou na cidade como se não tivesse preocupação alguma no mundo, comendo a nossa comida como se fosse dele.

— Hahaha! Bem, sabe, Senhor Rimuru, eu, Gabil, vim para cá assim que possível, pois desejava servi-lo!

O que você está fazendo aqui? — implorei saber, diante da sua tentativa descarada de sicofantismo.

— Posso matá-lo? — perguntou Shion, rosto sério o suficiente para que me fizesse parar. Ela com certeza, sem dúvida alguma, queria mesmo fazer isso. Brinque com ela e vai assumir as consequências. Até mesmo um rápido aceno de cabeça meu a faria cortar esse cara ao meio.

Gabil, talvez sentindo isso, ficou pálido e rapidamente se prostrou diante de mim.

— Eu quase não tive refeições decentes durante semanas, e deixei minha arrogância corromper minha mente. Por favor, tenha piedade de mim! Faremos qualquer coisa para nos tornarmos seus fiéis servos, Senhor Rimuru. Prometo que seremos de grande ajuda a você, então, por favor!!

Seguindo isso, os outros cerca de cem guerreiros que o acompanhavam se ajoelharam. Isso foi o suficiente para fazer até mesmo Shion guardar a espada, uma expressão de satisfação no rosto. Agora, pelo menos, poderíamos conversar.

Parece que o pai de Gabil o deserdou, deixando-o sem um lar para voltar. Era uma história tão patética que concordei com o seu pedido. Além disso, pela forma que ele comeu livremente a nossa comida, sem parecer deslocado no meio de todos os hobgoblins, achei que tinha um talento que eu não poderia deixar passar.

No momento, não tínhamos muralhas de proteção no lugar, já que só atrasaria nossos esforços de construção. Deveria ser fácil para eles conseguirem passar pelas nossas fronteiras, mas eu poderia imaginar que ele convenceu nossas patrulhas, dizendo que era um dos meus servos.

— Este era o seu plano desde o início, não era?!

— Bem, eu já não tinha praticamente ninguém a quem recorrer… Além disso, não tinha o mínimo de intenção em servir outro mestre que não fosse você, Senhor Rimuru… — respondeu Gabil, alegre.

— Pode não parecer, mas ele se arrepende de suas ações. Por favor, se puder garantir esta chance para que ele se expie pelas próprias ações… — comentou outro membro da comitiva de Gabil.

Prestando maior atenção, percebi que foi a capitã da guarda real dos homens-lagarto; o time que protegia Abil, seu chefe. A filha de Abil e irmã mais nova de Gabil, se bem me lembro. Eu tinha bastante certeza de que ela estava agindo como conselheira de Abil quando o batizei.

— Oi? Por que também está aqui, Capitã? Pensei que estaria envolvida na construção do tal novo sistema de governo em que Abil estava trabalhando.

— De fato. Diferentemente do meu irmão, não fui banida do nosso povo. Vim aqui por livre e espontânea vontade.

O nome que dei a Abil, explicou ela, teve o efeito de estender bastante a sua vida. Para homens-lagarto, a média era entre cinquenta e setenta anos. Para dragonatos, mais de duzentos. E até isso vinha apenas de livros de referência; ninguém tinha certeza ao certo de quanto tempo ele poderia viver.

Assim como Rigurd e o resto, eu tinha basicamente feito ele voltar no tempo. Brigas sobre a sucessão teriam, portanto, que esperar por pelo menos mais algumas décadas. Por isso concordou que sua filha fizesse essa viagem, talvez para ensiná-la mais sobre o mundo em que vivia.

— Meu pai lhe mostra apreço. — A capitã encerrou ao dizer isso.

— Como é? — gritou Gabil. — Pensei que tinha se juntado a mim por estar preocupada com o meu bem-estar!

— Eu o respeito, irmão — respondeu. — Mais ou menos. Mas, se for citar um motivo, seria meu encanto com o Senhor Soei. Se possível, adoraria ter uma chance de servi-lo diretamente.

— Quêêê?!

— Algum problema com isso?

Eles não negam mesmo que são irmãos. A capitã da guarda era tão estranha quanto Gabil.

A maioria dos servos de Gabil eram, obviamente, mais leais ao seu lorde. Mas alguns dos guardas reais estavam entre eles. Não havia dúvidas de que era a pedido da sua capitã. Hm. Bem, se querem ajudar Soei, que seja, eu acho.

— Se é isso que desejam, posso ser a ponte entre vocês. Mas ele está mais para um agente secreto, sabe? Acha que podem ajudar?

— Oh, é claro! Diferentemente deste pirralho mimado, sinto-me mais do que capaz!

— Quê?! Eu estava aqui de boa e deixei você ir longe demais! Não irá me difamar, garotinha!

Não era a melhor das relações, então. Ou é uma daquelas situações em que brigam por se gostarem? A capitã da guarda deveria ter ressentimentos sobre como também foi capturada quando Gabil colocou seu plano em ação.

Ela deveria tê-lo deixado sozinho. Não era uma história em que eu queria me meter, por isso não o fiz.

De acordo com o que ouvi depois, entretanto, existia mais uma razão para isso. Parecia que Abil, sem que Gabil soubesse, pediu para que ela o monitorasse por ele, por isso foi melhor para que o grupo deles viajasse sob esse disfarce. Dependendo das ações de Gabil, o chefe dos homens-lagarto estaria de braços abertos para recebê-lo de volta.

Tudo isso foi mantido em segredo de Gabil, entretanto. Ele deixaria que isso subisse à cabeça assim que alguém lhe contasse. Melhor que se sinta arrependido por um pouco mais de tempo.

 


 

Tradução: Taiyo

Revisão: ZhX

 

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