Frey, a rainha das harpias, estava farta. Esta não era uma conferência na qual tinha qualquer razão para estar. Milim apenas a forçara por algum motivo inescrutável. “Ah ha ha ha ha ha! Você precisa relaxar um pouco!” disse ela, sem se preocupar em perguntar o que Frey achava. Sem falar dos outros Lordes Demônios.
Frey sabia que não adiantava se preocupar com isso, já que não era como Milim faria. Mas não gostou de como foi nomeada silenciosamente como a Lorde Demônio a limpar a bagunça que se seguia aonde quer que Milim fosse.
Além disso, o momento não poderia ter sido pior. Uma das sacerdotisas harpia havia acabado de profetizar o ressurgimento de uma calamidade que já existia há muito tempo. Uma profecia nominal, talvez, mas já havia sido confirmada. Lendo o fluxo de magias e a torção e deformação do espaço, ela confirmou a chegada iminente: a chegada do inimigo natural das harpias. O renascimento de Charybdis, o monstro em nível de calamidade que um herói há muito perdido selou em tempos imemoriais.
Charybdis foi uma grande criatura mágica que governou os céus na antiguidade, aquela que poderia convocar os megalodontes em forma de tubarão para executar suas ordens e completar sua tirania. Ele morria e renascia em um ciclo de poucos séculos, e fazia pouco tempo que Frey era um Lorde Demônio quando ele ressuscitou pela última vez, devastando uma grande parte de seu território. No final, graças ao “herói” que queria dar um fim de vez ao ciclo, Charybdis foi levado para uma região fechada do espaço, em algum lugar dentro da Floresta de Jura… e agora aquele selo estava para ser desfeito.
Ter o selo de um herói se desfazendo assim já era enervante, mas Frey não conseguia se livrar da ideia de que o desaparecimento de Veldora estava intimamente relacionado. Charybdis era uma criatura diferente da norma, chamada “cristalização” de pensamentos malignos. Uma espécie de forma espiritual criada a partir de uma nuvem de energias mágicas que procuravam semear as sementes da destruição.
Como diz a lenda, ele poderia ressuscitar temporariamente dentro de um cadáver sempre que uma grande mortandade ocorresse na terra, ou assim diziam. Em outras palavras, precisava de um receptáculo corporal para renascer…
Ugh, isso é irritante. Espalhar o caos pela Floresta de Jura e usá-lo para dar à luz um novo Lorde Demônio? Se eu soubesse disso, teria colocado um fim nisso antes que acontecesse…
Ela não sabia qual foi a causa, mas Frey raciocinou que a conspiração que Milim havia arquitetado com os outros era um fator primordial. Pensar nisso a irritava profundamente, mas poderia ter impedido Milim, mesmo se tentasse? Não foi fácil de responder, e não havia por que insistir na pergunta.
Frey tinha que dar uma resposta. Até mesmo um megalodonte representava um perigo de nível A+. Charybdis estava em um nível muito mais acima. Estava muito além do que um nível S poderia expressar, uma força realmente digna de ser chamada de calamidade. Até mesmo as nações humanas atribuíram a ele o grau S, classificando-o como o equivalente a um Lorde Demônio. Ele não tinha mente própria, simplesmente agindo de acordo com seus instintos, e essa era realmente a única razão pela qual ele próprio não era chamado de Lorde Demônio.
E tudo bem, talvez esses fossem meros humanos dando essas classificações, mas ainda assim incomodava Frey, ser colocada no mesmo degrau que aquela coisa. Mas havia uma razão para essa classificação. Esses “instintos” eram dolorosos. Ele flutuava livremente pelo céu, matando qualquer coisa que chamasse sua atenção. Sempre que ficava com fome, atacava uma cidade e devorava tudo à sua frente, consumindo humanos e monstros ao mesmo tempo. Era uma ameaça em um nível além do que qualquer Lorde Orc poderia apresentar.
As harpias eram as governantes dos céus, e Frey tinha força suficiente para ser chamada de Rainha do Céu. Sua magia era uma força fora de série, e suas habilidades em combate aéreo eram excelentes. Ela tinha orgulho de nunca ter perdido para nenhum inimigo terrestre.
Combinando essas habilidades com Interferência Mágica, uma habilidade única de sua raça, tinha a capacidade de anular qualquer magia baseada em voo no campo de batalha. Isso, por si só, significava que qualquer inimigo que não voasse com asas físicas seria imediatamente enviado para a morte. Mesmo isso poderia não ser suficiente para matar um monstro de nível superior, é claro, mas, para um humano, as chances de sobrevivência eram muito pequenas. Mesmo se alguém conseguisse, não teria tantas opções para atacar um alvo no alto do céu. Enquanto isso, ela poderia fazer chover ataques sobre as formigas indefesas abaixo; uma vantagem tática óbvia.
Qualquer coisa que não pudesse voar não era uma ameaça para ela. Exceto por Charybdis.
Era enorme, com dezenas de metros de diâmetro, e a Interferência Mágica não funcionava nele. Em outras palavras, a Interferência Mágica era uma habilidade inerente a ele, assim como às harpias. As habilidades de voo veloz lhe davam uma vantagem imensurável na batalha, e perder tal habilidade era um golpe sério. Fazia sentido que as harpias vissem Charybdis como seu inimigo natural.
Claro, simplesmente ficar quieto e rezar para que essa ameaça nunca aparecesse para saudá-las feria o orgulho de Frey como Lorde Demônio. Ela queria fazer algo a respeito, mas tentar um ataque frontal resultaria em baixas inaceitavelmente pesadas. Era isso que a preocupava, e foi por isso que chegou a esta cúpula de tão mau humor. Se não fosse por aquela ressurreição, talvez estivesse um pouco mais ansiosa sobre o plano do novo Lorde Demônio, mas…
Ela havia notado uma figura alada nas esferas de cristal. Isso a fez pensar na possibilidade de que o nascido da magia tivesse sobrevivido e ficado mais poderoso, porém rapidamente descartou. Mais um nascido da magia não é grande coisa, pensou ela. Não temos ideia de quão poderoso ele é em batalha. Um nascido da magia de alto nível não tem chance contra um inimigo da classe Lorde Demônio. Mesmo que tenha se transformado em um sub-demônio, não há garantia de que será amigável aos nossos avanços. Que saco. Seria muito mais fácil se eu pudesse lutar sem todas essas… coisas me segurando…
Frey soltou um suspiro abatido. Como Lorde Demônio, ela não podia mais liderar pessoalmente seus exércitos para a batalha como rainha. Tinha a responsabilidade de manter suas terras e pessoas seguras, e isso significava mais do que simplesmente acumular vitórias no campo. Não importava o sacrifício envolvido, Frey estava estritamente proibida de entrar em uma batalha. Somente quando a vitória estivesse garantida, poderia assumir o centro do palco.
Havia apenas um método seguro de derrotar Charybdis. Foi a primeira coisa que pensou depois de receber a profecia que tanto temia.
Mas… aquilo?
Frey deu uma olhada para Milim.
Ela encarava com ansiedade uma esfera: um Lorde Demônio em nível tão diferente dos pilares de poder ao seu redor. Carillon e Clayman não sabem como ela realmente é. Estão muito enganados pela sua juventude externa para entender qual é a sua verdadeira natureza. E embora ela fosse tecnicamente um Lorde Demônio como eles, Milim era bem diferente.
Milim Nava era especial. Não como Frey e os outros recém-nomeados Lordes Demônios. Ela era um dos Lordes Demônios mais antigos do mundo, e era da raça dragonoide. Um nascido de dragão. O que a tornava uma classe S especial. O nome “Destruidora” não era apenas fachada; dizia-se que ela literalmente destruiu um reino sozinha no passado.
Também podia voar, usando suas próprias asas, que normalmente mantinha escondidas. Seu corpo era forte; claro, não por mágica, e suas habilidades em batalha eram quase injustas. Algo como Interferência Mágica nunca funcionaria com ela. Milim era tão inimiga para Frey quanto Charybdis, e, ainda assim, arrastou-a para algo de que não queria fazer parte. Frey simplesmente não conseguia desafiá-la.
Toda a cúpula foi uma distração enquanto ela procurava uma maneira de lidar com Charybdis. Ela forneceu algumas observações monótonas ao longo do caminho, esperando que a conferência terminasse logo.
Mas, ao mesmo tempo, teve outro pensamento: se Milim pudesse trabalhar com ela, isso seria o suficiente para derrotar Charybdis? Afinal, era imune à Interferência Mágica.
Mas não seria assim tão fácil. Os Lordes Demônios dificilmente formavam uma grande família feliz. Não se poderia simplesmente ir até um e pedir um favor como esse. Preferiam usar e abusar uns dos outros do que pedir com gentileza. Dizem que os ricos são espertos o suficiente para não se envolverem em brigas de rua e, embora isso não os descreva de maneira correta, não podem ser abertamente hostis uns com os outros. Isso apenas daria espaço onde os outros Lordes Demônios poderiam tomar proveito. Não valia a pena arriscar, e poderia até proporcionar aquele momento de fraqueza que os levaria à sua ruína. Essa era a razão pela qual os Lordes Demônios assinaram pactos de não agressão uns com os outros, em primeiro lugar.
Nessas circunstâncias, não havia como ela pedir a um outro governante que matasse um monstro da classe dos Lordes Demônios por ela. E não era realista esperar que Milim concordasse com isso. Era impossível saber quais eram seus verdadeiros desejos. Havia uma nação de pessoas que a adorava como a filha de um dragão, e ela concedeu sua proteção “divina”. Era um lugar pacífico, abundante e mortalmente chato. Eles não tinham poder militar, mas Milim fornecia todo o poder de que precisavam, nenhuma nação era ousada o suficiente para desafiar um reino sob a proteção direta dela.
Em outras palavras, Milim já tinha tudo: poder, riquezas, glória. Não tinha interesse em conquistar novas terras, nenhuma motivação para forjar alianças com outras nações.
Se eu pudesse encontrar algo para fazer Milim agir, pensou Frey, acho que poderia encontrar uma solução para isso…, mas falar é fácil…
O que Milim queria mais do que tudo era algo para fazer o tédio passar. E Frey não tinha ideia do que poderia ser. Mas veja só, sua atenção foi totalmente capturada pelo que viu na esfera.
Talvez eu pudesse tirar vantagem disso.
Talvez ela pudesse mover Milim, afinal.
Não. Mais que isso. Eu tenho que aproveitar. Charybdis precisa sair de cena.
Ela respirou fundo, sua decisão finalmente tomada.
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Com um sorriso educado, Clayman observou os três Lordes Demônios diante dele.
Foi ele quem dirigiu Gelmud durante toda a operação. Se isso se tornasse de conhecimento público, não seria uma boa notícia para sua posição, mas não importava mais. No momento em que Gelmud soltou seu último suspiro, todos os vestígios de evidências desapareceram com ele.
Carillon tinha suas suspeitas, talvez, mas não era do tipo que as perseguia verbalmente assim. Ele estava seguro. Frey forneceu outras preocupações, mas sem nenhuma evidência disponível, poderia se livrar de tudo o que ela dissesse.
Além disso, essa era uma oferta atraente para os outros Lordes Demônios, e Clayman dificilmente era o único culpado ali. O esquema não funcionou, mas não era como se alguém tivesse ficado ferido com gravidade no final.
Não era hora de pensar no passado. Em vez disso, Clayman se concentrou em um novo plano. Alguma maneira de investigar quem sobreviveu e encontrar uma maneira de usá-lo. Era essa a melhor coisa? Isso o fez parar.
Felizmente, os outros Lordes Demônios estavam mostrando um claro interesse. Para Clayman, o destino dos sobreviventes nascidos da magia realmente não importava muito. Se cumprissem seu potencial como isca para atrair os outros Lordes Demônios, era tudo o que ele precisava. Certamente, se houvesse um Sub-Lorde Demônio entre eles, recrutar o sortudo seria uma grande vantagem para suas próprias forças. Mas se força era tudo que queria, Clayman tinha outras saídas para isso. Ele tinha dinheiro para contratar qualquer mercenário que quisesse.
Um Lorde Demônio completo que fielmente fazia tudo o que queria era uma coisa, mas um nascido da magia de alto nível qualquer? Não precisava disso. Assim, colocando suas próprias prioridades na balança, decidiu mudar sua missão. Ele queria que Milim e Carillon lhe devessem um favor e queria que confiassem nele. Além disso, queria o apoio deles apenas no caso de algo acontecer mais tarde.
Ou assim pensava. Mas…
Milim e Carillon respeitam minha força, como imaginei. Felizmente, morderam a isca. Mas Frey está me deixando com uma pulga atrás da orelha. Ela parece preocupada com alguma coisa; talvez seja alguma fraqueza que eu consiga entender. Pode ser interessante dar uma examinada.
Clayman teve que rir dos resultados inesperados. Ele esperava ter Milim e Carillon do seu lado, mas agora talvez pudesse tirar vantagem de uma fraqueza da parte de Frey. Ter controle total sobre até mesmo um Lorde Demônio seria um maravilhoso prêmio de consolação depois de perder o Lorde Orc.
Os Lordes Demônios eram pessoas astutas e observadoras. Sabiam que Milim e Carillon tinham as personalidades mais simples. Mas os dois também eram guerreiros talentosos. Enquanto a maioria achava prudente esconder toda a extensão de seus poderes um do outro, esses dois nunca hesitaram em exibi-lo.
Dadas suas especializações voltadas para a batalha, conquistar sua confiança nunca foi uma má ideia. E ter três votos garantidos, contando o dele, na Walpurgis, a grande reunião que todos os Lordes Demônios comparecem, era ótimo. Adicionar Frey à equação significava que Clayman poderia fazer quase qualquer voto, qualquer proposta, ir do jeito que quisesse.
Heh heh… Excelente. Não é exatamente o que eu planejava, mas é quase tão ideal quanto. Teria sido interessante ter um Lorde Orc servindo como meu Lorde Demônio fantoche…, mas isso funciona do mesmo jeito. E posso ter até Frey participando…
Clayman teve que abafar a risada borbulhando em sua garganta. Era hora de mostrar suas habilidades como Mestre das Marionetes. Frey viria primeiro; depois Milim e Carillon. Então, Walpurgis seria como um tribunal pessoal para ele. Tudo no mundo poderia ser dele, na verdade. Não era mais um sonho inútil.
A Floresta de Jura era um território proibido. Nenhum Lorde Demônio era autorizado a enviar uma expedição para lá. Ele precisaria conseguir outro não afiliado nascido da magia de alto nível, como Gelmud, e teria que garantir que este agente não soubesse que Clayman estava puxando os fios. Seria uma operação delicada. Mas esse tipo de troca por baixo dos panos era a especialidade dele, algo para o que Milim e Carillon não eram adequados. É por isso que foi ele quem “lidou” com Gelmud em seu último esquema.
E seria a mesma coisa desta vez. Milim parecia ter um interesse extraordinário em tudo isso, o que era uma preocupação, mas provavelmente seria Clayman cuidando da expedição, de qualquer maneira. A situação dentro de Jura era totalmente desconhecida, então imaginou que seu papel seria uma conclusão precipitada.
Na verdade, eu poderia pedir para essa pessoa espionar Milim e Carillon para mim antes de ir para a floresta. Agora está ficando interessante…
Clayman sorriu um pouco ao imaginar. Ele sabia que não deveria ser muito ganancioso. Dependendo de como as coisas acontecessem, não era impossível. Encontrar a fraqueza de Frey era a prioridade número um, e, se possível, queria assumir a liderança na expedição da Floresta de Jura.
Com seus objetivos claros em sua mente, ele vagarosamente começou a avaliar o resto da mesa.
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Milim Nava, a Lorde Demônio cujas marias-chiquinhas rosas platinas combinavam perfeitamente com ela, estava perdida em pensamentos.
Se eu deixar as coisas para esses idiotas, tenho certeza que vão deixar meu novo brinquedo ir para o lixo. Todos eles ainda são novatos recém-nascidos… não têm como ver como as coisas realmente são. Sou tranquila e inteligente o suficiente para assumir a liderança aqui.
Graças ao seu fácil conforto como um dos Lordes Demônios mais antigos, Milim se sentia assumindo o papel de líder para as gerações mais jovens de governantes, que tinham apenas alguns séculos de experiência. Era irônico pensar que a que tinha a aparência mais jovem entre eles também era a mais astuta, mas era a verdade inegável.
Depois de um momento de reflexão, Milim abriu a boca, então exibiu toda sua magnificência como única dragonoide na mesa e a mais antiga dos Lordes Demônios.
— Certo! — Ela começou a falar, praticamente explodindo de antecipação. — Neste caso, estou indo agora para negociar com quem sobreviveu!
Os Lordes Demônios a olharam em silêncio. O que fazia sentido. Com o atual pacto cobrindo a Floresta de Jura, não havia como entrar sem antes fazer alguns arranjos. Simplesmente ir para lá, como Milim sugeriu, era impensável.
—Hm, Milim… Não podemos fazer isso, sabe? Temos um acordo de não agressão.
— Sim! De onde saiu essa ideia?
— Milim — interrompeu Clayman. — Por favor, acalme-se um pouco. Enviarei uma força expedicionária completa para lidar com isso e prometo que não será uma espera longa.
Ela riu de todos eles.
Para os Lordes Demônios que conheciam Milim, ela era considerada alguém com músculos no lugar de um cérebro. Em outras palavras, uma idiota. Mas a verdade era outra. Ela era, entretanto, extremamente inteligente, o único problema era o seu pavio curto, que fazia as pessoas terem uma ideia errada. Ela tinha a capacidade total de separar o certo do errado e processar as questões de maneira estratégica, algo que muitas vezes a fazia pular direto para a ação, fazendo-a parecer incrivelmente imprudente. Era um dos maiores gênios entre eles, na verdade, mas, infelizmente, poucas pessoas notavam isso. Na verdade, achavam que ela era a mais simples e mal-humorada.
Totalmente ignorante a tudo isso, Milim estufou o peito para frente com confiança e revelou seus próprios pensamentos para o mundo:
— Quem se importa com esse pacto de não agressão? — disse, um sorriso corajoso em seu rosto. — Devíamos simplesmente abolir essa coisa de uma vez. Temos quatro Lordes Demônios aqui, então é fácil, certo?
O resto parecia perdido. Eles mastigaram as palavras dela, como se as vendas tivessem acabado de serem tiradas de seus olhos. Sim. Isso era realisticamente possível. Eles tentaram negar, mas não conseguiram encontrar nada com que refutá-la. Naquele momento, todos os esquemas e planos em suas mentes se transformaram em pó.
Claro, para Carillon, tentando pensar em um motivo para se juntar à expedição, isso foi um presente caindo do céu. Isso significava que poderia enviar suas próprias forças para a floresta sem se preocupar em escondê-las. Muito fácil.
— Faz sentido — concordou. — Com nossas assinaturas, poderíamos fornecer uma notificação de que o acordo é nulo e sem efeito. Deve ser aceito, desde que ninguém se oponha a ele. Estou disposto a aceitar a ideia.
— Estou com você nessa — disse Frey. — Meu território faz fronteira com a floresta, e ser proibido de entrar nunca foi conveniente para nós.
Para ela, concordar com Milim era a maneira mais simples de fazer com que o mais antigo Lorde Demônio ficasse do seu lado. Os fartos campos de alimentação dentro da Floresta de Jura também forneceriam uma boa caça para suas queridas filhas. Os guardiões da floresta podem ter problemas, mas podiam se preocupar com isso quando acontecesse.
Milim sorria para seus dois novos aliados quando Clayman falou:
— Tem certeza que seria tão fácil assim? Os outros Lordes Demônios estariam dispostos a concordar?
Arriscar a raiva de Milim normalmente não era uma boa ideia, mas do jeito que Clayman via, isso não era algo com que pudesse concordar com facilidade. Não pretendia se juntar pessoalmente à expedição, mas não queria que os outros Lordes Demônios reclamassem sobre a coisa toda mais tarde. O acordo de quatro Lordes Demônios fazia com que a anulação valesse, mas aquele tratado de não agressão havia durado séculos. Não parecia algo que devesse ser abandonado com tanto entusiasmo impulsivo.
Se pudéssemos rasgá-lo com tanta facilidade, raciocinou, não precisaríamos gastar todo esse esforço para permanecer disfarçados. Existe algum motivo para essa explosão? Como… o desaparecimento de Veldora, dentre tudo isso…?!
Assim que o pensamento lhe ocorreu, Milim sorriu mais uma vez e acenou com a cabeça.
— Hmm? Oh, você notou? Bem, tem razão. O motivo por trás desse pacto era porque o território pertencia àquele dragão grande e mau. Todos nós assinamos quando Veldora, o Dragão da Tempestade, foi selado, há cerca de trezentos anos, só para garantir que nada do que fizéssemos acabasse desfazendo o selo por acidente. Vocês se tornaram Lordes Demônios mais ou menos na mesma época, então acho que faz sentido que não tenham percebido. E tenho quase certeza de que a primeira pessoa a apoiá-lo foi…
Assim começou uma longa e sinuosa história da política dos Lordes Demônios de séculos atrás. Milim claramente gostou de se lembrar e, ao ignorar isso, Clayman percebeu que ela estava certa o tempo todo. Veldora era o verdadeiro problema e, se ele morresse, nenhum Lorde Demônio reclamaria sobre a abolição do pacto. Mesmo se o fizesse, parecia improvável que três mais também seguissem o exemplo; o número necessário para um quórum nessas conferências.
Talvez, pensou, rejeitando instantaneamente seu raciocínio original, fosse mais fácil fazer o que Milim diz.
— Se for esse o caso, então não tenho objeções. Podemos também começar a selecionar nossa força expedicionária imediatamente para implantação na floresta.
— Ei, ei, Clayman. — Carillon deu um sorriso carrancudo e agressivo. — Quer dizer que todos nós trabalhamos juntos? Ou o primeiro que chegar, leva, como Milim disse?
— Hmm — disse Frey antes que Clayman pudesse responder. — Eu estava pensando… Que tal cada um de nós mandar suas próprias forças e fazê-las competir umas contra as outras? Eu poderia até mesmo mandar minhas próprias filhas em meu lugar… e, além disso, não é um motivo bobo para se ter uma briga?
O jeito sombrio que ela apresentou a ideia indicava a inutilidade de lutar por uma expedição que deveria aumentar todas as suas forças. Isso fazia todo o sentido. Os outros três congelaram por um momento. Para todos, trabalhar separadamente parecia muito mais palatável do que trabalhar juntos. Com uma competição, não teriam que considerar as necessidades de mais ninguém.
Avaliaram os rostos uns dos outros por um momento, depois assentiram.
— Ha ha ha ha! Então, o primeiro que chegar, leva! Sem ressentimentos!
— Pois bem. Mas eu não me importo com uma expedição lenta e árdua. Não vou atrapalhar nenhum de vocês, mas também não vou ajudar. Todos de acordo?
— Bem, que assim seja. Não sabemos quem sobreviveu à batalha, mas suponho que descobriremos em breve. Vocês participam por sua própria conta e risco, lembrem-se.
Foi decidido. A Floresta de Jura logo seria palco de não uma, mas de quatro intervenções diferentes.
— Que comece a competição, então! Mas não se intrometam um com o outro, certo? Isso é uma promessa!
— Certamente. Terei a certeza de dizer às minhas filhas para não interferirem com mais ninguém.
— Parece justo. Juro pelo meu nome como Mestre das Feras que vou cumprir com isso!
— Entendido, Milim. Eu, Clayman, não vou quebrar este acordo.
— Ótimo! Então, todos os arranjos estão feitos. Agora vamos anular esse pacto de não agressão de uma vez por todas — disse Milim, radiante.
Assim, quatro Lordes Demônios concordaram em não permitir que suas forças se intrometessem dentro da floresta. Suas quatro assinaturas, as chaves para anular o tratado, foram rapidamente enviadas por correio oculto para os outros Lordes Demônios. A Floresta de Jura não era mais território neutro. Agora seria o palco para alguns jogos de guerra de Lordes Demônios.
— Bem, bora lá!
Milim saiu correndo da sala no momento em que sua declaração foi concluída. Foi tão rápido que seu último adeus ainda estava ecoando no alto da câmara quando já estava fora de vista.
— Parece que já fomos deixados para trás — observou Frey, exasperada. — Tão egocêntrica como sempre, pelo que vejo.
Carillon riu e encolheu os ombros em concordância.
Clayman mostrou seu próprio sorriso irônico, abstendo-se de qualquer comentário verbal, a princípio. Então, um pensamento lhe ocorreu.
— Mas se o pacto de não agressão é uma coisa do passado, a Floresta de Jura não exigirá um novo governante? — sussurrou ele.
— Sim? — respondeu Carillon. — Quer que eu assuma o papel?
— Acho que isso foi parte do motivo pelo qual o tratado foi assinado, em primeiro lugar — rebateu Frey.
— Gah ha ha ha! Ah, qual é. Olha, se descobrirmos que o sobrevivente está na classe de Sub-Lorde Demônio, pelo menos, não vejo por que não podemos deixá-lo ser rei. Então podemos ressuscitar nosso plano de criar um Lorde Demônio fantoche, certo?
— É verdade — disse Clayman.
— Bem, dado que aparentemente já temos alguém com olhos para governar a floresta, acho melhor irmos embora, hein?
Não havia muito planejamento a ser feito até que explorassem Jura. O resto dos demônios decidiu seguir o exemplo de Milim.
Com outra risada agradável, Carillon abriu um Portal de Distorção, uma das magias elementares, para voltar para casa. Frey também se foi logo depois.
Clayman, deixado sozinho, sorriu fracamente quando começou a formular um plano para o futuro.
— Milim, Carillon e Frey. Vamos ver…
A antecipação estava clara em seu rosto enquanto fantasiava sozinho.
Muito em breve, uma nova ameaça estaria visitando a cidade que Rimuru e seus seguidores chamavam de lar.
Tradução: Taiyo
Revisão: ZhX
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