Maou começou com uma checagem completa nos equipamentos do estabelecimento.
Eletricidade e utensílios de cozinha funcionavam bem, pelo menos. A geladeira de alta umidade na parte de trás era um novo modelo Tsukizaki, muito melhor do que o antigo, refrigerador chugging no MgRonald em Hatagaya.
O refrigerador de bebidas demonstrava sua idade, entre o painel superior amarelado e os pés enferrujados, mas eles poderiam escondê-lo bem o suficiente se posicionado no local certo.
A cervejeira, com duas torneiras alimentadas por um único cano, provavelmente havia visto muita cerveja passar por ali durante o tempo.
Mais profundamente dentro do prédio, o grupo encontrou uma máquina de raspar gelo, operada manualmente e coberta de poeira.
Funcionava bem, apesar de hesitante. De qualquer forma, não estava em um estado crítico.
Depois de verificar o resto das tomadas e iluminação, Maou assentiu sagazmente para si mesmo e chamou Amane, que espreitava de algum lugar atrás do balcão.
— Amane. Quanto dinheiro temos em caixa?!
Era o termo para dinheiro mantido por uma empresa ou departamento além de sua conta bancária regular, destinada a pagar pequenas despesas diárias ou situações inesperadas.
Não era um item contábil que Maou via muito no MgRonald, dada como as finanças locais eram, a princípio, tratadas pela sede regional. Mas às vezes eles colocavam a mão nesses fundos para cobrir os custos de transporte de funcionários suplementares, ou para o papel e as canetas que usavam durante os turnos.
No caso de Ohguro-ya, um comércio familiar sem muita noção de regulamentações fiscais ou procedimentos corporativos, eles utilizam a verba para coisas como compras no supermercado quando algo faltasse.
— Uhmm, eu acho que cerca de vinte mil ienes ou mais! Mas provavelmente posso conseguir um pouco mais se precisar.
A resposta veio da sala dos fundos. Como Chiho era menor de idade, Amane preparava um contrato de aprovação paterna. Maou teve que entregar a ela, pelo menos quando se tratava de assunto legais, Amane era rigorosa.
— Vinte mil devem ser mais do que suficiente. Ei, Emi!
Maou pegou uma caneta e um caderno do caixa, fez uma anotação e entregou para Emi.
— Quero que você veja com Amane qual é a maior loja da região e compre tudo isso por menos de 5 mil. E pegue algumas notas de dez mil ienes do caixa, do valor das contas regulares, e troque em moedas de cem ienes no banco.
— Hum… Eu entendo o motivo das moedas, mas… bóias novas, uma bomba de ar, papel de construção e lixa? No que vai usar tudo isso?
Emi estava verdadeiramente em dúvida. Maou não perdeu a postura.
— Apenas pegue tudo para mim, ok? E certifique-se de trazer o recibo.
— Recibo?
— Sim. Contanto que todos os itens sejam impressos nele, o recibo da compra deve servir. Mas se não detalhar tudo, peça que escrevam à mão para que possamos contabilizar com o dinheiro em caixa.
— Beleza. Já tive que fazer serviços de despesas no trabalho, ao menos isso eu entendo. Devo escrevê-lo para “Ohguro-ya” e defini-lo como “bens e serviços”…?
Emi humildemente caminhou até Amane em busca dos detalhes de que precisava.
— Ashiya, eu quero que você limpe o chão antes que a Emi volte. Não deixe um único grão de areia.
— S…Sim, meu soberano…!
Ashiya tropeçou em sua resposta quando entrou em ação, pedindo que Amane mostrasse onde estava o equipamento de limpeza. Chiho saiu do andar da loja assim que ele começou a varrer.
— Srta. Sasaki, posso perguntar uma coisa…?
— Claro, Ash… Ashiya?! Por que está chorando?!
Lágrimas irromperam dos olhos de Ashiya, seu nariz ficou avermelhado e fungava, enquanto começou a varrer, com a vassoura firmemente em seu aperto. Isso, para dizer o mínimo, enervou Chiho.
— Emilia… Emilia, a heroína de Ente Isla! O inimigo jurado de cada demônio vivo! Ela foi tocada pela aura gloriosa que emana de todos os poros do meu soberano! Ela se prostrou diante dele, colocando-se a cada um de seus apelos e comandos! Observando esta visão deslumbrante se desdobrar diante de mim… Eu… Eu não sei como expressar minhas emoções…! Este é um pequeno passo para um demônio, mas um salto gigante para os reinos demoníacos…!!
Lágrimas começaram a escorrer pelas bochechas de Ashiya, nada mais restou em seu coração para contê-las. Chiho sorriu desconfortavelmente enquanto observava.
— Eu… acho que posso ver por que isso te faz feliz, mas você provavelmente está entendendo algo errado. E eu acho que você meio que deve a Neil Armstrong um pedido de desculpas também.
— Ohhh… como estou feliz por estar vivo, por superar aqueles dias e noites de desespero sem esperança…
Fingindo um sorriso para aplacar Ashiya – embora ela ainda não tivesse certeza do que causou esse colapso emocional – Chiho retornou para Maou.
— Oh, ei, Chi. Como foi com sua mãe?
Chiho concordou prontamente em ajudar, mas Maou sabia que ele estava colocando um fardo bastante grande sobre ela durante suas supostas férias. A julgar pelo seu rosto, porém, as coisas saíram bem com a família.
— A Sra. Ohguro intercedeu, então mamãe disse que estava tudo bem. Acho que Amane está na sala dos fundos agora, escrevendo contratos para todos nós…
Chiho parou no final, escolhendo suas palavras com cuidado.
— Ela realmente disse sim? Sério mesmo?
Riho deve ter assumido que o que quer que Chiho estivesse fazendo em Choshi, tinha que envolver Maou de alguma maneira não trivial.
Ele não tinha consciência da conversa de Emi e Riho, mas mesmo sem saber dela, a ideia de a mãe de Chiho permitir que ela trabalhasse durante suas férias o pareceu bastante corajosa.
A permissão concedida para os voos de liberdade de sua filha foi, sem dúvida, respaldada pela confiança que eles tinham. A confiança que uma mãe tinha não apenas para sua filha, mas para todas as pessoas que ela, por sua vez, confiava.
Sob nenhuma condição Maou poderia se dar ao luxo de fazer qualquer coisa que danificasse esses votos de confiança.
— … Acho que terei que levar um presente do Castelo Demoníaco para sua mãe assim que voltarmos, hein?
— Huh? Não, não precisa ir tão longe assim. Estou fazendo pela diversão, basicamente.
Claro que Chiho diria isso. Maou balançou a cabeça.
— Mas tenho que fazer algo. Você e sua mãe vêm sendo muito gentis comigo… Chi, talvez eu realmente peça que se une a mim no exército demoníaco algum dia
Maou pretendia que fosse um comentário casual
— …Wow. Isso é um pouco emocionante de se ouvir.
Mas até ele pode ouvir o suspiro abafado de Chiho.
Só então Maou percebeu que a fala saiu muito mais profunda do que pretendera.
— Uh… Oh! Não, eu não quis dizer nada importante com isso, mas… sabe, foi apenas forma de falar. Não era a “resposta” que você estava falando ou algo assim. Ah, mas não leve como um “não” ou… O quê? Espera.
— Se… se você deixar de fora a parte “do meu exército”… isso… Eu definitivamente… o… ughhh…
— Huh? O que foi isso?
Chiho procurou palavras em sua boca, tornando impossível para Maou ouvi-la.
— N-Nada. Eu, eu só…você sabe, realmente… algum dia…
— Ai, rapaziada, informação demais. Se vocês não tem nenhum trabalho, eu vou lá atrás no ar-condicionado.
— Ah!
— U-Urushihara?
Maou e Chiho pularam em surpresa. A seus pés, a voz de Urushihara emergiu debaixo do balcão de cerveja.
— Uh, não… quero dizer, sim, eu tenho trabalho para você. Espere um segundo!
— S-Se estava aí o tempo todo, por que não disse nada?! — Chiho protestou em voz alta, o rosto vermelho como um tomate maduro. Urushihara ergueu os olhos interrogativamente.
— O quê? Como se vocês fossem reclamar, não importando quando eu falasse.
Urushihara, pela primeira vez, estava completamente certo.
Se provava um confronto embaraçoso para ambos. Felizmente, Maou voltou bem a tempo, bravamente na tentativa de salvar sua reputação como ambos, o Rei Demônio e um jovem constrangido.
— Ah-hem! Certo! Venha aqui, Chi. Isso não é nada muito emocionante, mas…
Chamando Chiho para a cozinha com uma tosse alta, Maou pegou um pouco de sal e vinagre da prateleira de especiarias e pegou um pincel da pia.
Enquanto Chiho olhava com curiosidade, Maou pegou uma tigela pequena, adicionou uma colher de sopa de sal e derramou vinagre suficiente para cobri-la antes de mexê-la com o pincel.
Trazendo a mistura para as torneiras de cerveja manchadas, ele começou a esfregar a superfície de latão com o pincel.
— Ooh! Uau! Está saindo!
O brilho dourado do bronze emergiu do local que Maou poliu.
— Os grãos de sal atuam como um abrasivo que ajuda o ácido acético no vinagre a penetrar e remover a ferrugem. Agora, vai levar algum tempo, Chi, mas eu gostaria que você polisse essas torneiras até que elas fiquem brilhantes.
— Claro. Vou fazer uma tentativa.
Seu rosto ainda mostrando uma pontada de rosa, Chiho ansiosamente pegou o pincel na mão.
— Se você ficar sem sal e vinagre, basta adicionar um pouco à tigela. Me avise quando terminar.
Chiho assentiu e foi trabalhar, bem a tempo de Urushihara subir novamente.
— Onde você aprendeu essa dica de casa? Você não tinha TV ou Internet até eu aparecer.
— Estudei um pouco depois de chegar ao Japão. Todas aquelas espeluncas em que trabalhei como temporário… Havia alguns locais de trabalho muito feios.
— Oh? Você quer dizer como o lugar que te fez comprar aquela camisa de mangas compridas?
— Sim. Na maioria das vezes, apenas movíamos coisas pesadas, mas às vezes instalávamos adereços de palco, ou de pé nas esquinas com placas de sanduíche, ou mantendo o controle de quantos carros passavam… todos os tipos de porcaria. Aprendi esse truque de ferrugem quando ajudava a limpar uma izakaya1https://pt.wikipedia.org/wiki/Izakaya com tema retrô antes de abrirem. Muitas coisas simples como essa que não exigem ferramentas especiais.
— Hum. Nunca se sabe o que vai te ajudar na vida, hein? — Urushihara riu para si mesmo, em rara concordância.
— E já que você não sabe o que vai fazer da vida ainda, eu vou ter alguns serviços para você também.
— Nada que seja um pé no saco, obrigado.
Ele não gritou no ouvido de Amane nem nada, mas ainda era um passo longe demais para os gostos de Maou.
Tirando Urushihara de seu cubículo, ele o apontou para os assentos dos clientes.
— Vê o preenchimento nessas cadeiras? Tire elas para mim.
— Hã?
— Você pode usar uma tesoura ou qualquer outra coisa que quiser. Arranque tudo, até a superfície de madeira. Entendeu?
— Arrancar tudo…? Bem, claro, mas, tipo, pra quê?
— Os clientes da praia sentam nestas cadeiras com seus trajes de banho molhados.
Maou apontou um pedaço de preenchimento particularmente manchado de água.
— Ninguém quer colocar a bunda em algo assim, certo? Esses assentos costumam ter capas de couro de vinil que os tornavam à prova d ‘água, mas agora que eles estão assim, vão apenas absorver água como uma esponja.
— Huh? Mas, cara, se arrancar toda essa espuma, vão sentar na madeira .
— Tudo bem. O importante é que os clientes tenham um lugar para se sentar fora da praia que não seja todo encharcado e nojento, ok? Isso, e não adianta deixá-los mais confortáveis do que o necessário. Isso só vai aumentar a nossa taxa de rotatividade, e eu não estou esperando uma tonelada de clientes no início de qualquer maneira. Com a quantidade de tempo que temos para trabalhar, quero me concentrar mais em ter movimento, em vez da experiência individual do cliente. Então, assim que você tirar essa espuma, você vai pegar a lixa que Emi foi buscar para nós…
— Oooh, entendi. Lixe as bordas da madeira para que fique tudo liso, certo?
Amane observou de lado. O maço de papéis em sua mão deveriam ser os contratos de trabalho temporário que Chiho mencionou.
— Você com certeza está tendo muitas ideias, hein? Você já dirigiu uma loja antes?
— Ah, na verdade não. Quero dizer… Eu posso explicar por que estou fazendo tudo o que estou fazendo aqui, mas quanto ao que me inspirou a tentar, são principalmente palpites.
Não havia nada que Maou instruísse sua equipe a fazer que fosse puramente sua própria ideia. Ele estava apenas construindo o que achava que eram as “melhores práticas” que o lugar precisava – qualquer coisa de sua experiência passada e o que havia aprendido na MgRonald, que poderia se conectar aos clientes que queriam comprar um pouco mais deles.
— Sinto muito, no entanto. Provavelmente parece que estou estragando tudo aqui.
— Oh, está tudo bem, está tudo bem! O lugar precisa disso de qualquer maneira. Além disso, depois daquele seu pequeno discurso, você me convenceu. A maioria das casas de praia nas proximidades tem um monte de cadeiras de pátio alinhadas, mas realmente não tínhamos dinheiro para investir nessas coisas, então… Se pudermos consertar este lugar sem quebrar o banco ao longo do caminho, chegaremos lá, eu diria.
Era difícil dizer se Amane falava sério ou apenas tentava estimular Maou, mas de qualquer forma, ela terminou sua avaliação com uma risada calorosa e um tapa no ombro dele.
— Tudo bem, Urushihara. Temos a permissão da nossa chefe. Esfolar a cadeira até a madeira. E limpar, também. Não quero ver nenhum pedaço de espuma ou couro no chão depois disso.
— Eu sabia que isso ia ser um pé no saco… — Urushihara choramingou, embora fosse pelo menos gentil o suficiente para manter baixo o murmúrio na frente de Amane enquanto ia trabalhar.
— Vou verificar como estão as coisas com Suzuno por um segundo, então se você tiver algum formulário de pedido para loja de bebidas local, mercado de agricultores ou outras coisas, eu adoraria vê-los.
— Claro. Eu imprimi alguns contratos também, então dê uma olhada quando sua esposa voltar ok?
— Ela não é minha esposa, Sra. Ohguro…
Maou franziu a testa e correu para fora, sem esperar por uma resposta.
Um pouco em frente à costa, Suzuno construía um castelo de areia com Alas Ramus.
Ou, para ser mais exato, Suzuno estava cuidando do trabalho sozinha.
— Papai! A irmãzona Suzu é incrível!
Alas Ramus tinha motivos para estar animada. Suzuno, com areia presa contra a bainha de seu quimono, havia completado um castelo. Um de verdade. “Castelo de areia” não fazia jus aquela construção arquitetônica.
Não era um castelo medieval de estilo ocidental, mas um donjon2https://inuyamajo.jp/wp-content/uploads/2020/03/%EF%BC%92-%E5%A4%A9%E5%AE%88%E5%85%A8%E4%BD%93-1920×1418-1.jpg de estilo japonês completo, baleias douradas adornavam ambos lados do telhado principal.
Ela se atentou a todos os detalhes em um período incrivelmente curto de tempo, tinha até o fosso cheio de água do mar ao redor do edifício.
A maioria das crianças muito pequenas, quando presenciassem esta visão, imediatamente atuariam como todos monstros de filmes sobre o castelo, com suas mãos e pés. Não Alas Ramus. Seu crescente senso de apreciação pelas artes deve ter sido estimulado pela obra-prima de Suzuno.
— Eu não tinha ideia de que você poderia fazer isso.
— Mmh. Rei Demônio. Ela estava me implorando para continuar, e eu fiquei um pouco… envolvida no trabalho.
O sorriso em seu rosto desmentia suas palavras, demonstrando o seu óbvio orgulho. Realmente era impressionante, provavelmente alguém gostaria de tirar uma foto e descrevê-la como “Saudações do Castelo de Himeji3https://www.japan.travel/pt/spot/1030/, Japão” apenas para ver quantas pessoas conseguiria enganar com ela.
— Não é nada tão impressionante. Alguns dos monges ascetas de nossa fé dedicam uma vida inteira ao estudo da arquitetura da igreja ou da escultura religiosa. Trabalhar com areia é muito mais simples em comparação. Pode-se sempre começar de novo se as coisas acabarem mal. Embora, infelizmente, o vento já esteja causando a deterioração da estrutura.
Um clérigo da Igreja versado em arquitetura e escultura religiosa, criando um modelo de areia do mundialmente famoso Castelo Himeji, era novidade para Maou. Porém, dado que ele esperava que ela distraísse Alas Ramus por uma hora ou duas, com conchas ou o que quer que fosse, a visão o fez repensar um pouco as coisas.
— Escute, Suzuno, eu tenho que te pedir um favor. Você poderia, tipo, construir isso ao lado da casa de praia mais tarde? Amane provavelmente pagará por isso.
— Isso? O castelo de areia? Muito bem… mas qual seria o propósito disso?
— Você realmente não sabe? Porque se você não fizer, seria apenas assustador.
Maou examinou atentamente o Castelo Himeji em miniatura.
Emi e Chiho estavam trabalhando com um horário restrito. Mas Suzuno, em geral, era uma mulher livre.
Se conseguisse alojamento para ela, salário e a implorasse de joelhos por tempo suficiente, poderia convencer Suzuno a construir esculturas de areia para ele diariamente. Não poderia haver uma maneira melhor de atrair clientes.
— Mas, de qualquer forma. Obrigado por cuidar de Alas Ramus por enquanto.
— Por nada. O que você gostaria de construir a seguir, Alas Ramus?
— Hmmmm Mamãe!
— Emilia, então? Muito bem. Lá vamos nós!
Dada a sua primeira obra-prima, uma escultura humana era sem dúvida um pedaço de bolo para ela. Suzuno poderia até construir um golem de areia para atacar Maou se ele não tivesse cuidado. Deixando-os para trás, caminhou de volta para a loja.
— Aqui estão todos os nossos principais suprimentos. E aqui está a lista de menus que tivemos durante a maior parte do ano passado.
Amane havia espalhado uma pilha de documentos no balcão, ao lado de onde Urushihara se acabava nos assentos.
— Perfeito. Devíamos manter um menu com poucas opções no primeiro dia. Provavelmente todos os ingredientes não vão chegar até amanhã de manhã, e vamos ficar sem tempo se tentarmos fazer tudo de uma só vez. Vamos ter que fazer o que pudermos na grelha no início, e… Ei, uh, que tipo de trabalho você faz de qualquer maneira, Amane?
Em relação a Emi, Chiho e Suzuno, Maou não podia contar com elas além de hoje. O que significava que, a partir de amanhã, ele e Ashiya teriam que cobrir o máximo possível para Amane, que havia deixado a casa cair em ruína de fato, e Urushihara, que mal conseguia terminar uma frase ao falar com um estranho.
Ainda assim, se Amane tivesse alguma experiência trabalhando com clientes ou cozinhando, talvez ele pudesse contar com ela para a preparação de alimentos ou algo assim, até certo ponto…
— Eu? Humm… soldado da fortuna, mais ou menos?
— Sol…o quê? — Maou respondeu, antes de ter as palavras totalmente analisadas.
—Bem, no que diz respeito à comida, de qualquer maneira, não sei praticamente nada. Eu nem mesmo consigo cortar alface ou verduras.
E ela tinha uma lanchonete? Isso estava começando a deixar Maou ansioso.
— Caso contrário… sim. Eu acho que você poderia chamar de segurança do trabalho.
Esperançosamente, não era como o “trabalho de segurança doméstica” que Urushihara fazia, trancando-se dentro do Castelo Demoníaco 24 horas por dia, 7 dias por semana. Ela mencionou por telefone que isso costumava ser o negócio dos seus pais. Uma imagem mental estava se formando na mente de Maou de um pai preguiçoso e indolente impondo sua loja de praia suja e de baixo desempenho a uma filha que não se importava em ganhar a vida honestamente.
Ele não podia arriscar em deixar a cozinha nas mãos de Amane.
Mas ela entendia o que era “dinheiro em caixa”, pelo menos. Sabia o básico da operação de negócios. Maou se sentiu seguro o suficiente deixando todas as necessidades financeiras da loja nas mãos dela.
Por uma questão de curso, então, teria que ser Ashiya cuidando da grelha.
— Para bebidas… acho que vamos nos concentrar em água mineral e 5-Honest Energy4Provavelmente é alusão a essa bebida 😊 https://5hourenergy.com/, além de Kola-Cola, refrigerante de laranja, bebidas esportivas, chá… talvez seja demais?
Eles só tinham um único cooler de quatro níveis para trabalhar. A menos que limitassem o número de marcas, ficar sem um único item faria com que o resto do cooler parecesse com poucas opções.
— Por que a 5-Honest Energy? Isso não vem naquelas garrafas minúsculas?
Maou assentiu.
— Sim, para que possamos enfiar vários no refrigerador, vendê-los barato e ganhar dinheiro com o volume. Se tudo no refrigerador é cento e vinte ienes, exceto por um item que é cem, independente de comprá-lo ou não, você percebe, certo? Além disso, eu não acho que as pessoas devem estar com muitas contas se estão indo para a praia. Os armários e chuveiros estão por 100 ienes aqui, então quando eles nos pedirem troco, nossos clientes terão um monte de moedas no bolso. Ter algo que podem comprar rapidamente com o que têm ajuda a aumentar as vendas médias por cliente.
Isso foi algo que aprendeu com o “100 Yen Mag”5https://gigazine.net/gsc_news/en/20131004-mc-toast/ do MgRonald.
— Além disso, eu gostaria de pegar um pouco disso.
Maou apontou para um item na folha de pedidos, que divulgava “Pacote de 5-Honest Energy – Compre 2 unidades para 1 Conjunto de Cartazes Promocionais em Tamanho de Filme!” Enquanto eles pedissem duas unidades, publicidade viria de graça.
— Oh? Você está procurando por um daqueles pôsteres de biquíni, Maou?
Amane sorriu ao ver a jovem fumegante – sem dúvida alegremente revigorada depois de receber tanta cafeína quanto a principal xícara da propaganda – na ilustração do cartaz. Maou estoicamente balançou a cabeça.
— Cartazes de estilo retrô como esse podem ajudar a encobrir algumas das manchas nas paredes. E se colocarmos os cartazes perto do refrigerador para atrair a atenção das pessoas, acredito que vai distraí-los do quão acabado está. Isso, e garotas bonitas não machucam, eu suponho.
— Você é tão sem graça. Ou… Talvez, você tem outros gostos, entende o que quero dizer?
Esse não era o tipo de feedback que Maou esperava.
— É por isso que estou pedindo a Chi…er, a Sra. Sasaki para polir essas torneiras também. Se estiverem brilhantes, vão atrair o olhar das pessoas. E quando alguém está pedindo um refrigerante, se conseguirmos algum tipo de cartaz de cerveja além do energético, pode chamar a atenção para a cerveja e os outros itens do menu. Seria perfeito.
— Huh? Ótimo.
— O mesmo vale para as boias também. Se pegarmos as novas que a Emi foi comprar e o colocarmos na frente, os mais antigos que temos em estoque parecerão menos “antigos” e mais como variações. O ponto é que, desde que estejamos fornecendo o mínimo como um bar à beira-mar, nós ganhamos. Então podemos realmente ir para a ofensiva depois disso.
— É isso aí…
Enquanto Amane olhava com admiração, Maou de repente recebeu um telefonema.
— Opa. Como estão as coisas? Acho que o mundo vai acabar amanhã se você estiver realmente me ligando, hein?
— Vou desligar.
Pelo tom de sua voz, isso não era tudo o que Emi queria fazer.
— Estou no supermercado perto da estação de Choshi, mas que tipo de boia devo procurar? Com todas as outras coisas que tenho que comprar, duvido que eu possa comprar mais de uma por cinco mil ienes.
— Talvez uma de tamanho infantil. Algo neutro em termos de gênero. Tem alguma de Pokétures6Acho que nem preciso buscar referências né Hahaha [esse pobre revisor…]?
Pokétures, abreviação de “Criaturas de Bolso”, era uma franquia de jogos e merchandising agora grande o suficiente para gerar um novo filme a cada ano.
Muitos dos brinquedos que a MgRonald vendia como parte de seu menu orientado para crianças “Lanche Feliz” também eram baseados nos Pokétures.
— Desculpe. Eu acho que eles estão esgotados. É tudo Pretty & Pure ou coisas de super-heróis… Oooh, aqui tem um Relax-a-Bear…
— Não está comprando coisas para você, certo? Calma.
— Está tudo bem! Quero dizer, os meninos ficariam bem com Relax-a-Bear, certo? Provavelmente?
— Não.
A negação foi direta e concisa.
— Ah, vamos lá! Quero dizer, você teria que ser um monstro demoníaco para não pensar que isso é fofo… Oh, Pokétures! Ah, espera. Esqueça. Isso é uma piscina infantil…
Ouvir Emi se atrapalhar na seção de produtos de verão atingiu Maou com uma revelação repentina.
— Emi! Quão grande é essa piscina?!
– Hm. Não muito grande. Talvez 1,80m de diâmetro. É uma piscina infantil, então também não é muito profunda…
— Seis ou sete pés… Perfeito! Compre isso para mim, agora!
— Huhh? Comprar isso? Isso vai te colocar muito acima do orçamento…
— Eu vou te pagar de volta, ok? E vá em frente e pegue aquela boia do Relax-a-Bear também!
— … Beleza, Certo. Estarei de volta em pouco tempo.
Maou desligou antes de permitir que Emi tivesse mais tempo para reclamar.
Então se jogou na caixa registradora e rapidamente folheou a lista telefônica.
— Choshi é uma cidade portuária… Tem que haver algo para manter o peixe fresco e outras coisas… Aqui vamos nós!
Aparentemente vendo um anúncio em uma página aleatória, imediatamente pegou seu telefone.
Amane olhou maravilhada quando, depois de terminar a ligação, Maou ergueu um punho no ar naquela pose clássica de “sim!!”.
— Para quem você ligou?
— A casa de gelo. Chama-se Fabricação de Gelo Nanchou.
— Casa de gelo?
— Eu imaginei que em uma cidade portuária como esta, tinha que haver uma empresa lá fora fornecendo gelo para as pescarias locais. Então eu liguei para eles, e disseram que poderiam me oferecer um acordo em uma ordem muito pequena, se eu quisesse. Desculpe incomodá-la, Amane, mas se importaria de pegar com sua van amanhã? Reservei um pouco de gelo comestível para fazer doces de gelo raspado, e um pouco de gelo puro mais frio para fins de congelamento.
— Congelamento?
Maou se virou, de frente para o espaço da loja, e gesticulou para ele com a mão.
— Não podemos mover o freezer muito longe. Não há outro lugar para ligá-lo. Então pensei em encher a piscina infantil que a Emi está comprando com água gelada e encher de latas de refrigerante e coisas assim para venda. Isso ajudará a atrair clientes e, mesmo que eles não queiram entrar, terão algo para comprar de nós. Então podemos dedicar o espaço do freezer com bebidas para as pessoas que desejam se sentar e aproveitar uma refeição. Dessa forma, podemos oferecer mais variedade.
— Hohhh… Cara, você é cheio de ideias, não é? Mas… você estava planejando usar essa coisa para fazer raspadinha de gelo?
Amane olhou para a máquina de raspadinha de gelo que Maou havia tirado do armazenamento mais cedo.
— Quer dizer, parece fácil, mas você vai precisar de bastante força para a manivela dessa coisa. Você acha que teremos tempo para isso amanhã?
— Claro. Podemos fazer com que Urushihara cuide das bebidas e do gelo raspado.
— Oq- Ei! Cara! Você é muito doido!
Urushihara pestanejou, ainda puxando a espuma da almofada do assento.
— Hum, eu realmente… Eu não acho que Urushihara possa estar pronto para isso…
— Eu concordo, Maou. Não tem como.
— Uh, caras, eu já disse que não posso. Mas vocês não tem que esfregar na cara assim, né?
Urushihara inchou as bochechas quando Ashiya e Chiho, ambos ainda ocupados com seu próprio trabalho, entraram em sintonia com avaliações próprias.
Mas Maou ficou de pé, cheio de confiança.
— Não se preocupe. Eu vou estar aqui dentro cuidando do que precisar, então se ficar muito complicado, eu posso vir para ajudar. Caso contrário, Urushihara pode executar isso sozinho. Ele tem a garantia de não estragar tudo. E mesmo que essa máquina não funcione muito bem, os clientes nunca vão reclamar disso. É o sistema ideal.
— Huhh?
— D-Do que está falando!!?
— Urushihara pode…fazer isso sozinho?
Maou tinha um olhar satisfeito em seu rosto enquanto examinava sua multidão incrédula. Qual era esse sistema maravilhoso que faria um anjo caído fechar vários postos de trabalho ao mesmo tempo? Ele começou a explicar.
E quando terminou:
— Hum. Agora eu entendi. Você precisaria de um lugar como Ohguro-ya para fazer isso, com certeza. Definitivamente não teria como no MgRonald.
Chiho resmungou, tal foi sua surpresa.
— Realmente… Contanto que ele possa abrir e fechar a porta da geladeira e ler os preços, certamente é possível. Absolutamente astuto. Você pensou em tudo!
— Não é nada tão incrível, Ashiya. Você está realmente começando a me fazer ter pena de você, sabe.
Urushihara, por sua vez, parecia extremamente aliviado.
— Eu não sei, mas… acho que posso fazer isso, tá ligado?
Era raro vê-lo exalar tais vibrações positivas.
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Tradução: Vinícius
Revisão: Bravo
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