— Cara! O que aconteceu com você? Parece ainda pior do que quando saiu!
— Papai, qual é o problema?
— Ah. Você voltou. O que diabos aconteceu para você desmaiar na casa da Chiho?
Urushihara, Alas Ramus e Suzuno cumprimentaram Emi, Ashiya e Maou em seus próprios caminhos.
Emi ficou chocada ao encontrar Urushihara dando a Alas Ramus um passeio de cavalinho pela sala, e Alas Ramus realmente se divertindo.
Talvez a criança estivesse começando a sentir alguma simpatia por ele.
—… Não posso realmente dizer, mas acho que foi demais para o Rei Demônio aguentar.
— Uau, então era realmente um vídeo amaldiçoado?!
A resposta rápida de Emi foi o suficiente para tornar a feição de Urushihara tão pálida quanto a fantasmagórica de Maou.
Sem vontade de arrastar o Rei Demônio inconsciente de volta ao seu domínio, Emi ligou para Suzuno e disse a ela para pedir a Ashiya que o levasse.
Colocando a boneca de pano nas costas de Ashiya, ela se desculpou pelo alvoroço, deixou a residência da Sasaki e fez o caminho de volta até ali.
Observou calmamente enquanto Maou cambaleava como um zumbi na frente da porta antes de desabar na escuridão.
— Amaldiçoado, uma ova. Não foi nada de mais. Que tipo de cara desmaia por causa de uma garota dançando? Ele foi apenas rude.
— Dan-dança…
O verbo que Emi usou foi o suficiente para instigar a imaginação de Urushihara. Seu rosto começou a tremer.
— Vocês estão agindo como se fosse o fim do mundo! Chiho e sua mãe também acharam normal.
—O quêêêêê?! Não tem como!!
— Luuchifer, a mamãe nunca mente!
Alas Ramus, ainda montada em suas costas, deu-lhe um tapinha na cabeça.
Mas o testemunho de Emi era a verdade nua e crua.
Riho foi honesta quando elogiou a roupa de Shiba, e além da estrutura bem nutrida da proprietária, Chiho também não achou nada surpreendente.
— Bem, olha, depois de amanhã, todos vocês vão pegar o trem para Chiba, certo? Em algum restaurante na praia administrado pelos parentes da sua senhoria, até o final do Obon.
— Oh? Um trabalho com moradia e comida? Enfim, um sonho se tornando realidade, de fato! — Suzuno disse, verdadeiramente admirada.
Alas Ramus ergueu a cabeça por trás dos ombros de Urushihara.
— Mamãe também vai para Chiba?
Emi sorriu e balançou a cabeça em negação, enquanto retirava a garota de sua montaria.
— Mamãe vai ficar com você, Alas Ramus!
— Yehh!
Emi ergueu Alas Ramus em seus braços, distraindo-a na moda materna clássica, para evitar a inevitável demanda de “Eu quero ir para Chiba com o papai!” enquanto Urushihara esfregava seus pulsos cansados.
—Ufa! Irmão, ela está começando a ficar bem grande. Bem, então Chiba, huh? Hmmm. Bem, parece bom para mim.
Emi não deixou seus murmúrios distraídos passarem despercebidos.
Este anjo caído não achava que ele era parte da equação de trabalho.
— Estou feliz que você pensou o suficiente a ponto de cuidar de Alas Ramus esta noite, mas o que você acha que está fazendo aqui? É difícil dirigir um daqueles estabelecimentos beira-mar. Mas vai ser uma boa oportunidade para você se libertar dessa rotina descendente de desempregado que anda tomando.
— É o que? Cara, eu vou ter que trabalhar também?!
Urushihara ficou chocado de duas maneiras diferentes. Após essa revelação, Emi o agradeceu de novo por algo.
— Bem, é o que eles estão planejando para você, pelo menos. Quero dizer, afinal, você estava esperando se esconder lá e não trabalhar?
— Não, mas, quero dizer… Sério mesmo?
Urushihara brincou com um fio de cabelo.
— Uma casa na praia? Nesse calorzão? Quem diabos gostaria de ir trabalhar em um forno desse jeito…? E mano, eles nem conversaram comigo sobre?
— Você não consegue entender o que está fazendo.
Suzuno silenciou os lamentos de Urushihara.
— Nada de construtivo resultaria de pedir sua opinião neste caso. Como Emilia observou, essa é uma ótima oportunidade. Pense nisso como uma casa de recuperação, em seu caminho para se tornar um membro lucrativo da sociedade!
— Eu não quero! Essa é uma analogia estúpida de qualquer maneira! A-além disso, eu só atrapalharia lá! Eu não sei como trabalhar ou algo do gênero! Eu nem deveria ser visto em público de qualquer maneira, certo? Não enquanto os policiais tiverem Olba aqui.
As tentativas sufocantes de Urushihara de fugir do dever foram recebidas pelos olhares frios e impiedosos das mulheres.
— Quanto tempo você pretende se esquivar das suas obrigações sociais com essas desculpas idiotas?
— Considerando a importância de se manter disfarçado, você parece muito contente em mostrar seu rosto para os entregadores da Sasuke Express que continuam entregando todas aquelas besteiras da Jungle.com, bem na sua porta. Estou errada?
— Tipo, alguma coisa aconteceu nos quase três meses desde que Olba foi pego? Você tem ido ao banheiro público, certo? Você já se sentiu como se estivesse em perigo até agora?!
— Ma-mas, mas é exatamente por isso que não posso baixar a guarda agora! Só porque nada aconteceu hoje, não significa que não acontecerá amanhã! Eu só estou tentando redimir meus próprios crimes aqui, sabe…
— Talvez eu acreditasse nisso se você vivesse a vida de um ascético, refletindo sobre seus pecados. Mas você simplesmente desperdiça seu tempo em coisas fúteis, atrapalhando sua família! Que direito você tem de dizer essas coisas? Eu chamaria de amável, se você pelo menos tentasse criar algum esquema de conquista mundial com o Rei Demônio ou algo assim! Mas não.
— Nn…rrghh…!!
A lógica pura e avassaladora do contra-ataque das mulheres fez com que lágrimas começassem a se formar nos olhos de Urushihara.
— E mesmo que você nunca tenha trabalhado nenhum dia de sua vida, o que você está planejando fazer, afinal? Como você pode se esconder dentro de um quarto, sem nenhum quarto? Se você tentar fazer algum truque como o que você tentou com Olba, eu juro que você vai se arrepender.
— De qualquer forma, é seu direito se intrometer e recusar ajudar, sim, mas você realmente consegue se orgulhar disso? Assumindo que você é descarado ao ponto de mamar na boa vontade de um completo estranho, ficando em sua casa e comendo da sua comida, sem ajudar em nada!
— Mamãe? Irmazona Suzu, não pega no pé do Luuchifer.
Alas Ramus, ciente de que Urushihara estava cercado, comentou em sua defesa. Foi mais um golpe em seu orgulho.
— Hmph. Bem, o Castelo Demoníaco pode cuidar de seus próprios negócios. Não é como se tivéssemos a obrigação de se preocupar com vocês.
— De fato. Não era nada além de um goblin rebelde, que foi expulso do paraíso. Com certeza sua ética e senso de vergonha devem ter desaparecido junto com suas vestimentas divinas!
— Cara, pare! Eu vou chorar, beleza?! Eu vou realmente chorar se você continuar com essa porcaria!! Você é uma desempregada tanto quanto eu, Bell! Onde você fica?!
O rosto de Urushihara ficou vermelho quando gritou, com oscilações perceptíveis em sua voz.
— Bell está desempregada no Japão, sim, mas quando ela voltar para Ente Isla, será uma clériga consagrada pela Igreja. Tem objetivos para alcançar. E o mais importante, ela pode cozinhar, limpar e lavar a roupa para si mesma. Talvez esteja desempregada como você, mas sabe de uma coisa? A diferença é como o sol e a lua!
— Você…! Ngh! Maldição!…Me tratando como um idiota!
— Luuchifer, não chore! Garotos não choram! Dor, vá embora! Vá amboraaa!
— Cara, isso é muito fofo, mas… Ughhh…
Afastando a mão fornecida por seu único aliado no momento, Urushihara voltou seus olhos chorosos para Emi e Suzuno.
—Certo! Está bem, beleza?! Eu vou trabalhar! Assim que eu entrar nisso, vou fazer a Maou parecer uma lesma, com o quanto eu vou trabalhar! Vou fazer você retirar tudo o que disse!!
Seus ombros tremeram quando botou para fora, mas antes que as mulheres pudessem responder, bateu a porta do quarto 201 na cara delas. Emi e Suzuno se entreolharam, aliviadas.
— Você acha que funcionou?
— Eu acho. Talvez.
— Mamãe? Irmazona Suzu? Não pode ser mau com Luuchifer!
Esquivando-se do lamento triste de Alas Ramus, Emi se virou para a saída, fadiga já começando a aparecer em seu olhar.
— Ficar desempregado e sem-teto no mesmo dia acabaria com qualquer um. O Rei Demônio e Alciel são uma coisa, mas estou mais preocupada com Lúcifer. Ele é o único deles que ativamente causou danos ao Japão.
Esta era a razão por trás do comportamento estranhamente cooperativo de Emi durante esse tempo de necessidades.
Se Urushihara, nunca conhecido por sua calma, fosse instável por conta dessa crise, não havia como adivinhar como ele reagiria. Mas com os três demônios agora de volta ao trabalho e sob um teto, o coração de Emi estava repleto de um alívio profundo.
— Mas Choshi fica a uma longa distância de Sasazuka, não?
A província de Chiba fazia fronteira com Tóquio, mas em termos de tamanho, era ainda maior. Emi não tinha ideia de onde era Kimigahara. Porém, pelo menos, por enquanto, ela não estava particularmente preocupada com os planos futuros dos demônios.
— Você nunca se encontrou com a senhoria pessoalmente, certo Bell?
— Certo. Nós simplesmente trocamos cartas.
Emi lembrou-se da primeira vez que conheceu Miki Shiba, dona da Villa Rosa Sasazuka.
— Como devo dizer…? Enquanto ela estiver envolvida, eu tenho a sensação que eles não vão fazer nada ruim. Ou talvez não possam, mesmo se quiserem. Eu não vou deixá-los em paz, mas também não acho que precisamos estar na cola deles pelas próximas duas semanas.
— O que quer dizer?
Certa vez, Urushihara e Olba desafiaram o Rei Demônio para um combate de vida ou morte, tendo Chiho como sua refém.
Foi há apenas alguns meses, mas de alguma forma parecia um passado distante.
— Em Ente Isla, existem tantas coisas, tantos poderes, coisas que temos, que essas pessoas da Terra podem meramente sonhar. Mesmo assim…
Eu pensaria que você, de todas as pessoas, entenderia o poder por trás do pensamento e vontade das pessoas.
—… E no entanto, há pessoas na Terra com poderes que nem podemos imaginar.
Suzuno arqueou as sobrancelhas em confusão.
— Isso, e tem Chiho também.
— Chiho?
— Quer ela goste ou não, ela está profundamente envolvida nisso. Mesmo que sigamos os demônios até lá, precisamos garantir que ela esteja segura. Caso contrário, não sei se posso deixar Sasazuka.
A essa altura, Chiho era conhecida tanto por Ente Isla quanto pelo paraíso, como alguém pego na batalha entre o Herói e o Rei Demônio. Apagar suas memórias, como uma celebridade apaga uma postagem embaraçosa, não ajudaria muito a esconder os fatos. Emi e Maou se importavam com ela, e agora isso era imutável.
E eles não podiam nem descrever o arrependimento que sentiriam se ela acabasse como refém de Sariel ou Gabriel mais uma vez.
Emi cruzou os braços, profundamente pensativa.
— Seria ótimo se tivéssemos permissão de sua mãe para ela vir junto… mas isso provavelmente vai ser difícil. Seria bom se os pais dela pudessem fazer uma viagem para fora do país ou algo assim para nós. —
— Fala sério. —
Não se pode simplesmente arrastar um adolescente de um lado para outro desse jeito. A vida real não funcionava assim.
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Tradução: Vinícius
Revisão: Bravo
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