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Registros de Guerra: Tanya, A Diabólica – Vol. 01 – Cap. 01.3 – O Céu sobre Norden

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— O pelotão de feiticeiros inimigos está a caminho. Devem chegar ao espaço aéreo da artilharia imperial em aproximadamente trezentos segundos. E, ao mesmo tempo, a Sétima Companhia Móvel de Feiticeiros está a caminho para interceptá-los. Como eu disse antes, esperamos que cheguem até você em seiscentos segundos.

Aghh, parece que o pior cenário possível está prestes a acontecer. Maldita seja a lei da causa e efeito por provocar esta situação de merda!

Por que as tropas mágicas inimigas têm que correr direto para a artilharia logo onde o espaço aéreo está sob minha jurisdição? O que caralhos as tropas encarregadas da linha de alerta estão fazendo?

Como uma companhia de feiticeiros chega tão longe antes de alguém perceber? Será uma merda se eu for culpada por alguém não fazer o próprio trabalho direito. Se esses caras querem acabar com a nossa artilharia, não seria a mesma coisa se fossem para outro setor? Por que tiveram que vir logo para esse?

Diabo desgraçado, ainda está me amaldiçoando? Se é assim que vai ser, foda-se. Estão aqui para me matar, não é? Nesse caso, não vou cair sozinha. Já me decidi. Se eu morrer, vou levar alguém junto. Não ficarei satisfeita a menos que leve alguns desses lixos comigo.

— Fairy 08, entendido. Controle Norden, vou lutar com todas as minhas forças!

— Controle Norden, entendido. Boa sorte!

Admito que gritei sem esperanças, mas “boa sorte”? Sério? Quero dizer, pra que falar isso? Não consigo deixar de franzir as sobrancelhas por conta do sentimento sinistro em meu peito.

Essa situação me lembra de como, em uma estranha reviravolta do destino, os soldados de Tokugawa que dominavam a Batalha de Sekigahara encontraram as peculiares forças Shimazu. Em outras palavras, o que eu quero dizer é não venham aqui. Vão embora. Sumam.

Mordendo meu lábio inferior, não consigo parar de amaldiçoar meu azar. Bem, estou sendo usada como brinquedo por entidades como a Existência X. Eu me preparei, de verdade mesmo… Mas nunca sonhei que acabaria me enfiando em uma situação como essa.

Não existem agências de proteção às crianças? Eu não sei se sou tão fofa como uma rosa, pelo menos acho que estou próxima. E sou pequena o suficiente para me chamarem de “garotinha” ou “baixinha” constantemente. Gostaria que o inimigo hesitasse em atirar quando me visse, mas você não pode esperar sentimentalismo em um campo de batalha.

Qualquer um que saiba o que aconteceu no Holocausto, em Sarajevo ou Ruanda, já deveria ter percebido o quão realmente perigoso é acreditar cegamente nos ideais do humanismo. É muito fácil para os humanos se transformarem em demônios capazes de realizar atrocidades monstruosas. Isso pode não ser ensinado na aula de ética, mas é a nossa natureza.

O comentário ocidental sensato de que “um Deus virtuoso deve existir” justamente por causa desses demônios que cometem tantas coisas malignas, é um pouco intrigante. Infelizmente, como a Existência X não me pareceu muito virtuoso, tenho que discordar.

— ‘Deus está morto’, hein?

Apesar de controversa, a conclusão de Nietzsche provavelmente está certa. É impossível que Deus exista, portanto, cada pessoa é responsável por sua própria salvação. Ou seja, significa que cabe a mim planejar e executar uma manobra evasiva e que atrase os inimigos.

As ferramentas disponíveis são um uniforme leve à prova de balas, equipamentos de monitoramento e um Orbe de Operação Padrão Modelo 13 da Fábrica de Armas Volcker. Como estou em missão de observação, não tenho meu fuzil de munição mágica, o que permite ao atirador um alcance maior ao carregar e disparar fórmulas. Mesmo assim, essa arma seria muito pesada para mim, de qualquer forma.

Como posso atrasar o inimigo assim? Claro, eu sei que minha única opção é encontrar um ponto fraco e, obviamente, não tenho nenhuma intenção de morrer em silêncio. Se o pior acontecer, pretendo me autodestruir ou o que for preciso para matar o máximo de pessoas possível. Se for dessa forma ou sendo massacrada pela munição inimiga, não ficarei satisfeita a menos que os leve comigo. Mesmo assim, se houver uma mínima chance, prefiro sobreviver.

Na verdade, a sobrevivência é minha maior prioridade. Sério, só quero ir para casa. Se eu retirar meu equipamento de apoio de artilharia, ficarei mais leve. As tropas inimigas estão mirando na artilharia, então posso bater em retirada e ir para uma zona segura, aumentando nossa distância. Mas mesmo que eu consiga escapar, não tenho a menor chance de sair ilesa. Nem preciso dizer de que maneira o exército pune a deserção… Execução por fuzilamento. A partir do dia em que eu desertar, ficarei presa em um jogo épico de pega-pega com a polícia militar que nunca acabaria. Não há escolha a não ser lutar, apesar de estar completamente sozinha, sem apoio algum.

— Acho que isso faz com que essa seja minha própria guerra.

Em um campo de batalha onde a vitória já está garantida para o meu país, estou me preparando para morrer em combate. Bem, tecnicamente, o objetivo do inimigo é fornecer apoio para suas tropas em retirada, atacando nossa artilharia, não para me eliminar. Em outras palavras, atirar em mim, provavelmente, é como se fosse esmagar uma mosca irritante.

É realmente um insulto a forma com que minha vida e carreira militar estão sendo ameaçadas, enquanto sou tratada como uma peça descartável. É meu direito desprezar os outros, ninguém deveria ter permissão para fazer isso comigo. Sem pensar nas consequências, comecei um processo para melhorar artificialmente minha performance, através da conjuração contínua de uma fórmula de interferência. De imediato, percebi uma melhora no tempo de reação e aumento da força física. Antes que meu cérebro registre a dor de forçar a abertura dos circuitos mágicos, eu alivio com narcóticos intracerebrais. Ahhh, estou ficando animada. Meu corpo está quente de tão animada que estou.

Fico imaginando se é essa a sensação de ficar chapado. Agora, se o pior caso acontecer e eu levar um tiro, serei capaz de escapar sem cair de dor.

— Quanta honra. Isso é ótimo. Que momento maravilhoso. Ahh, isso é tão, tão divertido. Eu mal consigo me conter.

— Fairy 08?

Falei comigo mesma com a intenção de ser escutada, que bom que o PC ouviu. Assim, tenho uma testemunha que pode comprovar o quanto estou ansiosa para lutar. Estou explodindo de emoção. Mesmo quando o mundo está girando, o cérebro de um feiticeiro consegue sustentar os pensamentos. É uma coisa maravilhosa.

Ele efetivamente protege que meus pensamentos sejam afetados por drogas ou insanidade. Tenho tanta sorte de ser uma feiticeira… Mas não é como se eu quisesse continuar sendo uma soldado.

— Estava com medo de que esse trabalho fosse chato, mas agora sou a estrela do campo de batalha, prestes a confrontar uma companhia inteira do exército inimigo sozinha.

Não tem chance alguma de eu morrer aqui. O mundo está bem longe de ser justo, mas isso é apenas uma questão de falha na propaganda. Tais falhas precisam ser corrigidas.

Como o problema se resume ao custo, tenho que aumentar o meu ao máximo possível. E uma estratégia de marketing é sempre imperativa. Por causa disso, preciso me expor. Dar tudo de mim, nunca deixar passar uma oportunidade de autopromoção. Em outras palavras, aproveitando ao máximo todas as oportunidades. Se eu conseguir, a vida se tornará bem mais agradável.

— Estava com medo de ficar fora da batalha entre nossos amigos e inimigos, mas em vez disso, agora estou aqui, sendo o centro das atenções.

Isso não me deixa nem um pouco feliz, sou a única neste espaço aéreo. O fato de eu não conseguir fugir torna a situação ainda pior. As circunstâncias no campo me deixaram com poucas opções. Sendo esse o caso, tudo o que posso fazer é considerar a melhor forma de agradar o público – também conhecidos como meus oficiais superiores – com minha performance. É incrível como os humanos podem fazer um show quando estão encurralados.

— Então é esse o sentimento de perceber o fim da vida. “É um bom dia para morrer…” Droga, realmente é.

Retirei o equipamento de observação. Esses feiticeiros inimigos fortemente armados estão imaginando um combate lento, mas, ao invés disso, que tal uma dança? Começando manobras básicas de combate, fico animada com o pensamento divertido. Isso com certeza é a melhor escolha entre todas as opções terríveis e, por mais que eu não esteja inclinada a aceitar, a única coisa que importa é cumprir meu dever e sobreviver.

Parecer que cumpri minha missão já basta. Depois de uma luta honrosa, posso fingir que o inimigo fugiu ou me derrubou. Depois, outros soldados que se virem pra lidar com eles. Pelos meus cálculos, um grupo disposto a enfrentar o impossível para atacar nossa artilharia não se incomodará em vir atrás de mim, caso eu voe para longe.

Em vez de desertar diante do inimigo, meus esforços serão insuficientes, tornando-me incapaz de continuar lutando. Seria ideal se eu pudesse pousar o mais próximo possível de tropas amigas. E seria ainda melhor se pudesse parar aqueles vermes da Aliança Entente. Afinal, o tempo é muito mais valioso do que o ouro e os idiotas que invadiram estão saqueando. Como um prêmio de consolação, seria bom dar-lhes o troco. Portanto, não permitirei que ninguém saia vencedor nesta batalha. E se alguém saísse, seria eu.

Não gosto nem um pouco de dor e não tenho nenhum desejo de ficar toda enlameada, mas também não quero morrer. Não há razão alguma para eu morrer aqui. No entanto, estou disposta a beber água suja e contaminada, se for preciso para sobreviver. A vida é uma batalha por si só.

— Comandante Sue! Reforços inimigos! Uma companhia está chegando rápido! E estou captando um pelotão de feiticeiros atrás deles. Acredito que sejam reforços!

Deus, por quê? Por que isso tem que acontecer?

— O inimigo violou as defesas da Décima Sexta Divisão Holelstein!

Como chegou a esse ponto?

— O batalhão do Coronel Lacamp está emitindo um sinal de socorro para a equipe de assalto! Estão lutando contra um batalhão de feiticeiros imperiais. Disseram que não serão capazes de manter a rota de fuga por muito tempo.

Onde foi que erramos?

— Eu sei! Não temos tempo para isso. Não podemos eliminar o feiticeiro observador?!

Pela visão da batalha que tinha estando no céu, o Tenente-Coronel Sue foi forçado a reconhecer que a situação do exército de sua pátria, envolto em chamas e desmoronando, só estava piorando a cada segundo que passava. Seu rosto se contorceu de raiva e impaciência, mas mesmo que gritasse por uma trégua até que sua voz ficasse rouca, não mudaria nada a situação.

— Nossos tiros estão pegando de raspão!

Se seu olhar pudesse atirar chamas, o Tenente-Coronel Sue teria incendiado o feiticeiro observador inimigo, voando agilmente pelo céu, até que virasse uma batata frita. Agh, como isso foi acontecer no espaço aéreo que estamos sobrevoando, sobre o território Norden, já que o conhecemos tão bem? Hoje parece que tudo está deixando um gosto azedo na minha boca, até mesmo esse céu familiar.

— O desgraçado nos colocou em uma posição complicada. Lutar sobre aliados é um pé no saco.

A maior parte de seus homens estava perseguindo um único inimigo. Sue não poderia chamar o feiticeiro de covarde por fazer o seu melhor para sobreviver. Se não estivesse pessoalmente envolvido, teria admirado e respeitado a demonstração de valor e espírito de luta indomável. No entanto, não tinham tempo de apreciar a bravura do inimigo.

Os ouvidos de Anson Sue escutavam apenas os incessantes disparos de artilharia, e seus olhos não viram nada mais que seus aliados explodindo em pedacinhos no bombardeio.

— Malditos políticos!

Se perguntarem quem era o culpado, todos dariam a mesma resposta. O insulto que escapou de sua boca dizia tudo. Sue queria pegar os imbecis, os que zombaram do Tratado Londinium, ignoraram e utilizaram como parte de sua campanha eleitoral, e mandá-los para a guerra. Eram os cidadãos que estavam sofrendo e não os políticos.

— Aproximação! Preparar para avançar!

— Comandante Sue! Vamos seguir com o plano B e atacar a artilharia inimiga! Se um esquadrão ficar, não vai importar se o feiticeiro é rápido ou não, devem conseguir lidar com ele.

— Esqueça, Lagarde. Os reforços inimigos já estão a caminho. Seríamos exterminados!

Para o bem ou para o mal, as tropas do Tenente-Coronel Sue haviam penetrado profundamente nas linhas inimigas. Talvez, se tivessem à disposição mais alguns homens preparados, pudessem ganhar terreno e dominar a batalha. Mas quando invadiram, tiveram que deixar várias unidades para manter a rota de fuga aberta, que causou a diminuição no grupo disponível para o ataque, ficando do tamanho de um pelotão reforçado.

— Cunningham, quanto tempo até que os reforços inimigos cheguem?!

— A formação mais próxima estará aqui em 480 segundos! Se não nos apressarmos, vão nos pegar!

Com as unidades imperiais chegando uma após a outra, mesmo que arriscassem morrer para realizar o ataque, ele não conseguia ver como sobreviveriam. Ainda assim, faria o possível para essa investida ter alguma utilidade, no fim das contas.

Essa foi a decisão do Tenente-Coronel Anson Sue enquanto soldado da Aliança Entente, como também o limite do que ele poderia fazer, dada as poucas informações que tinha. Ele era indiferente ao romantismo militar, então, quando imaginou que as baterias inimigas estariam fortemente protegidas, rapidamente desistiu de atacá-las.

Mas a verdade era cruel. O espaço aéreo acima das baterias estava aberto.

— Eu sei. Se nós… Merda! Lagarde?!

— Capitão?! Capitão Lagarde?!

— Cunningham, cobertura! Lagarde, está na escuta? Lagarde?!

Diante de seus olhos, o capitão Lagarde atacou precipitada e cegamente o feiticeiro inimigo. Seu apoio, sem saber como reagir, dessincronizou e, no momento em que pararam de atirar por medo de acertar acidentalmente o capitão, o inimigo conjurou uma fórmula. Lagarde atacou acreditando que a mobilidade do inimigo estava comprometida pelos tiros dos seus aliados, e agora ele estava muito perto do inimigo para conseguir se afastar.

— Ah, não, você não! Me deem cobertura!

Lagarde foi pego por algo muito mais forte do que uma onda de choque, ele levou um golpe direto da explosão. Alterar o curso não ajudaria. Em um instante, sua película protetora quebrou e o campo defensivo se estilhaçou. Ele tomou uma decisão em fração de segundo para proteger seu rosto com os braços, mas foi graças a Deus que sobreviveu.

— Porra! O desgraçado estava planejando fazer isso! Thor!

O lado de Sue estava em maior número e se concentravam na linha de fogo. Mas o preço que pagaram por deixar um inimigo escapar depois de prendê-lo era muito alto.

— Relatório de baixas!

— Dois mortos e o Capitão Lagarde está gravemente ferido.

Com os dois braços queimados, Lagarde estava caindo, vagamente consciente por causa da perda de sangue e da dor. O Primeiro-Tenente Thor também foi atingido pela fórmula explosiva à queima-roupa quando entrou na linha de fogo, na esperança de encobrir seu parceiro, então, resumindo, ele também não era mais capaz de combater.

— Grah, ele não vai se safar dessa. Comandante, vou até o inimigo. Dê apoio!

— Agh, droga! Deem cobertura!

— Fogo! Vamos lá, fogo!

— Você é meu!

Em meio a tudo isso, Sue tinha certeza de que ouviu um: “Peguei você“.

A voz parecia quase feliz, como uma risada de um lunático.

— Pare, Baldr! Para trás! Esse feiticeiro vai… — Sue começou a gritar, mas no momento seguinte, o feiticeiro imperial conjurou um feitiço que envolveu todos ao seu redor.

— Um… ataque suicida…?

Ele não queria entender tal acontecimento, mas estava ali e testemunhou tudo.

— Comandante, não temos mais tempo! Estão quase aqui!

— Eliminamos o observador! Bater em retirada!

 

Separador Tanya

ANO UNIFICADO DE 1923, CAPITAL IMPERIAL BERUN, GABINETE DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO IMPERIAL, DEPARTAMENTO DE PESSOAL, GABINETE DO CHEFE DA SEÇÃO

O Major von Lergen, que faz parte da equipe que lidava com o Departamento de Pessoal do Exército Imperial, estava fumando para relaxar depois de muito trabalho. Suas feições bem definidas, que lembram a aristocracia Junker1Na Alemanha, jovem pertencente à nobreza; gentil-homem proprietário de terras., dava uma impressão de vitalidade e inteligência. No entanto, neste momento seu rosto estava sério e ele soltou um gemido sem querer.

O propósito da Diretoria de Avaliação de Desempenho do Estado-Maior do Departamento de Pessoal era investigar as conquistas da linha de frente e propor condecorações e bônus apropriados para o alto escalão. Era uma pedra angular dos assuntos de recursos humanos do Exército Imperial. Os oficiais Intermediários do Estado-Maior Geral eram mandados para lá para ganhar experiência como candidatos para se tornarem futuros generais do Império. Naturalmente, a tradição era escolher o melhor.

Como esperado, esses indivíduos eram altamente reconhecidos por suas capacidades. Lergen provou que o oficial superior que o designou chefe de condecorações tinha um bom olho ao processar com sucesso todas as indicações ao prêmio em tempo hábil, apesar das batalhas ferozes ao norte e da inundação de recomendações.

Lergen inconscientemente parou de mover a mão que segurava a caneta enquanto olhava para os documentos do norte sobre indicações de condecorações e aplicações para medalhas, e de repente, deixou um suspiro sair. Era natural que seus subordinados no departamento lhe enviassem olhares preocupados, perguntando: Deu algum problema?

— Não tinha a mínima ideia de que ela estava em Norden. — Lergen sussurrou enquanto exalava uma nuvem de fumaça, exibindo desconforto e desgosto irrefutáveis em resposta aos documentos.

O nome do oficial recomendado era “Segundo-Tenente Feiticeira Tanya Degurechaff.” Ela se formou na Academia Militar do Exército Imperial em segundo lugar em sua classe e encontrou uma perturbação em Norden após seu treinamento de unidade no norte. Ela serviu corajosamente junto à Unidade de Exército do Norte, onde sua atuação brilhante e valiosa contribuição para o exército resultaram numa recomendação conjunta, por todos os comandantes no local. Se Lergen visse isso como todos os outros documentos recebidos pela Diretoria de Avaliação de Desempenho, era realmente apenas mais um documento formal. Na verdade, para eles atribuírem um título, era bem incomum.

Naturalmente, como membro do Departamento de Pessoal, tinha o dever de manter a justiça e a objetividade. Não era como se não apreciasse os valiosos atos de auto-sacrifício da Tenente Degurechaff no combate no norte. Ela se dedicou completamente a atrasar sozinha uma unidade inimiga inteira. Embora não conseguisse ser capaz de detê-los até que os reforços chegassem, derrotou um e possivelmente dois outros em um movimento ousado que impediu o ataque inimigo. Mesmo ficando coberta de feridas, cumpriu seu dever e apoiou diligentemente seus aliados o tempo todo. Por maior que fosse o Exército Imperial, era raro encontrar atos tão louváveis de auto-sacrifício.

Normalmente, Lergen não teria motivos para hesitar, pelo contrário, teria elaborado os documentos para agilizar o processo para que ela recebesse condecorações. Mas, infelizmente, Lergen conhecia a Segundo-Tenente Tanya Degurechaff desde que ela era uma estudante de primeira classe na academia militar. Ela não deixou exatamente uma boa impressão nele.

Isso aconteceu durante uma das muitas ocasiões em que os negócios do Departamento de Pessoal o levaram para a academia. Foi quando ele presenciou o fato. Pequena ao invés de petite2Considera-se uma mulher petite aquela que não supera 160 cm de altura. A média dependerá do país. Em Portugal, por exemplo está em 163 cm, a garota era jovem o suficiente para ainda brincar de boneca. Mas, em vez disso, testemunhou a cena surreal dela utilizando sua orbe de operação e derrotando uma fila de cadetes. Essa foi a única vez que questionou seus olhos.

Normalmente, uma simples nota mental afirmando que ela é uma feiticeira talentosa que pulou alguns anos seria suficiente. Na verdade, sua impressão inicial era que realmente há prodígios precoces por aí.

Apesar dos superiores não concordarem com o envio de crianças, cuja idade não chegava aos dez anos, para as linhas de frente, as evidências empíricas do exército sugerem fortemente que os feiticeiros amadurecem mais cedo. Em tempos como esses, as autoridades estavam dispostas a enviar crianças do ensino fundamental para as linhas de frente, desde que fossem feiticeiros talentosos e se voluntariassem. É claro que os candidatos aceitos na academia militar não receberiam consideração especial por suas atribuições. Esta prodígio se apresentou dentro do esperado enquanto demonstrava sua devoção ao Império. Em circunstâncias normais, seria só isso. Em circunstâncias normais, mas quando parou para pensar, a situação era aterrorizante.

Esta criança, esta garotinha, ainda não tinha nem dez anos de idade. A ideia de ela sobrevoar pelo campo de batalha como um soldado experiente era de arrepiar. Mesmo que Lergen não quisesse falar mal da academia, queria perguntar aos instrutores da garotinha se eles haviam criado uma boneca assassina em vez de prepará-la para se tornar uma Segundo-Tenente Feiticeira.

Por um lado, os típicos aspirantes a oficiais exibiam enormes inconsistências entre suas ações e palavras. Apesar de toda bravata, os oficiais recém-nomeados eram realmente inúteis. Não era incomum que todos pedissem aos cadetes excessivamente entusiasmados para não atrapalharem os veteranos. Mas a Segundo-Tenente Degurechaff era um exemplo clássico de “uma mulher de palavra.” Desde seus dias na academia, ela mostrou vislumbres de valores surpreendentemente realistas.

 


 

Tradução: Rlc

Revisão: Castro

QC: Pride

 

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