A extravagância colorida de alguns pássaros: os chifres, crinas e presas, deliberadamente excessivas em alguns mamíferos; o complexo comportamento de cortejo de muitos animais, a própria existência do sexo — e, por extensão, das canções de amor no rádio, e todos os poemas confusos de amor já escritos — todos provavelmente evoluíram por causa de parasitas, porque todos os organismos devem correr o mais rápido que podem apenas para ficar no mesmo lugar.
— Moises Velasquez-Manoff
‘’An Epidemic of Absence’’
Kengo Kousaka, que se juntou a uma pequena empresa de desenvolvimento de sistemas, após se formar na faculdade, decidiu sair um ano depois, fugindo por razões que fariam qualquer um levantar uma sobrancelha. Desde de então, isso se repetiria de maneira semelhante quase anualmente, e na hora de alternar entre empregos, ele de repente caiu em depressão. Mas não tinha consciência de sua doença; mesmo nos piores momentos, quando estava tão deprimido que achava que respirar era uma tarefa difícil, mesmo quando ele de repente encontrou tentações de morte cruzando sua mente, mesmo quando ele começou a chorar à noite sem motivo aparente, pensou que era tudo culpa do frio do inverno.
Aconteceu no inverno quando Kengo tinha 27 anos. Foi um inverno bizarro, pensando bem. Houve várias reuniões e um certo número de despedidas. Houve coincidências felizes e infelizes acidentes. Houve coisas que mudaram muito e coisas que não mudaram nada.
Naquele inverno, ele experimentou um primeiro amor bastante tardio. Era uma menina dez anos mais jovem. Um jovem desempregado e deprimido, e uma garota que adora insetos matando aula. Não era adequado em nenhum sentido, mas era inegavelmente amor.
https://tsundoku.com.br
— Cópula vitalícia? — Kousaka repetiu.
— Sim, pelo resto da vida — a garota acenou com a cabeça — Diplozoon paradoxum gastam metade de suas vidas se fundindo com seu parceiro.
A garota pegou um chaveiro e o segurou na frente de Kousaka.
— Este é D. paradoxum — Kousaka aproximou o rosto e examinou-o.
Seu design foi simplificado, mas parecia que foi modelado a partir de uma criatura com dois pares de asas. As asas dianteiras e traseiras diferiam, o par dianteira sendo cerca de três vezes o tamanho do par traseiro. À primeira vista, parecia uma borboleta.
— E apesar de parecer bonito, é um parasita genuíno, pertencente a Platyhelminthes Monogenea.
— Parece uma borboleta simples e velha.
— Olhe mais de perto. Sem antenas, certo?
Como a garota disse, a criatura não tinha antenas. Poderia presumir que foram simplesmente omitidos por conveniência de design, mas a garota considerou isso uma distinção importante.
— Na verdade, isso representa dois D. paradoxum unidos em forma de X.
A garota formou um X com os dedos.
— Então, já que você diz que eles fazem cópula vitalícia — disse Kousaka, tentando encontrar a expressão adequada — depois que eles se unem, estão constantemente fazendo sexo?
— De certa forma, sim. As partes sexuais masculinas de cada um se conectam às partes sexuais femininas do outro.
— Cada um é…?
— Sim. D. paradoxum tem sexo masculino e feminino. O que chamam hermafroditismo. Então você pode pensar que eles poderiam se autofecundar sem um parceiro, mas por algum motivo, eles não fazem isso. Eles se esforçam para encontrar um parceiro, e então trocam espermas.
Kousaka sorriu amargamente.
— Fale um pouco mais.
— O fato deles se atreverem a fazer com outra pessoa o que pode ser feito sozinho é meio nojento, né? — Questionou a garota. — Mas há coisas para aprender com isso. Por exemplo, D. paradoxum não é exigente com os parceiros. Como se tratasse seu amor à primeira vista como destino, eles vão se combinar com o primeiro de sua espécie que eles conhecerem sem qualquer escrúpulo. Além disso, D. paradoxum não abandona seus parceiros. Uma vez que D. paradoxum se juntam, eles nunca se separam um do outro. Se você tentar separá-los, eles morrerão.
— É por isso que é uma cópula vitalícia — disse Kousaka, impressionado. — Surpreendente. Como um casal feliz.
— Sim. Como pássaros da mesma pena, como raízes entrelaçadas — respondeu a menina com orgulho, como se um de seus pais fosse elogiado. — Como um bônus, esses parasitas habitam koi.
— Koi?
— Sim. Então eles são parasitas do “amor”. Isso não é perfeito? Ainda mais, um D. paradoxum que habita com sucesso um koi, descarta seus olhos em 24 horas. Então, o koi, como o amor, é cego.
— O amor é cego — ele repetiu em voz alta — Eu nunca esperei ouvir uma coisa tão romântica sair de sua boca.
Ao ouvir isso, os olhos da menina se arregalaram como se ela tivesse acabado de ganhar sentidos, e após uma pausa, ela cobriu o rosto.
— E aí?
— …Agora que pensei nisso, talvez órgãos sexuais, copulação e outras coisas não são coisas que eu deveria falar em público — As bochechas da garota coraram levemente — Me sinto estúpida agora.
— Nah, foi interessante — Kousaka bufou, achando a agitação engraçada — Continue falando. Sobre… parasitas.
A garota ficou em silêncio por um tempo, mas lentamente começou a dizer mais. Kousaka a ouviu.
Tradução: Wiker
Revisão: Sonny
QC: Axios
💖 Agradecimentos 💖
Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:
- Abemilton Filho
- Ashkaron
- Bamumi
- Binary
- Bressian
- Cael
- Caio Celestino
- CarlPool
- deciotartuci
- Diego Moura
- dieguim
- DPaus
- Enilson’Aguiar
- Enrig
- FalkatruaVg
- G.Nery
- Gabriel_Caballero
- GABRIELCWINTER
- Gott
- Guivi
- Jonin
- Juan
- Juans
- Khan Sey Jah
- Kotowaru
- Kovacevic
- Leonardoooc
- Lyo
- MackTron
- MarceloSwH
- Matheus
- megafan
- NeeaaN
- niceasta
- Nightwolf
- Nyan
- ProMetheuz
- rian rrg
- Roberto_267
- Rublica
- Samuelinho
- Sartius
- Tat
- Thinno
- Tubarão Linguiça
- zBrunoH
📃 Outras Informações 📃
Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.
Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.
Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!
Comentários