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Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 60 – O Feiticeiro Janta e se Decide, Olhos Focados no Resultado da Grande Guerra

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Poder algum é ilimitado. Poder algum não tem custo.

A assistência de Deus requer suporte, e não apenas na força de orações…

-Feiticeiro Odysson I-

Essa pode ser muito bem a minha última refeição. Não é um banquete de luxo, mas a escolha de vinho, carne e sopa em uma sala de reuniões é impressionante, se considerarmos que estamos na véspera da batalha.

— Ouçam, todos aqueles que se reúnem na fortaleza solitária sob a bandeira esvoaçante da chama!

Maldito sacerdote de coração negro. Suas bochechas carnudas estão retorcidas por causa do sorriso.

— Amanhã, marcharemos! Alguns de vocês podem não retornar! Talvez nenhum de nós retorne! Mas eu não vejo sombras de tristeza nos rostos que cercam a mesa nesta noite! Não há traço algum de medo! Somos os carrascos da vontade dos céus pela revolução! Desespero é o nosso verdadeiro inimigo!

Seus olhos estão queimando; seus punhos estão tão apertados que chegam a tremer. O que deu nele? Isso é estranho, até mesmo para ele. É como uma criança fazendo birra.

— Dissidentes! Chamam a nós todos de dissidentes! Como podem? Ontem, nossa cadeia de montanhas protetiva foi rompida, nossos soldados heroicos, mortos, e nossos cidadãos inocentes, massacrados e devorados! Nesta véspera da destruição, o futuro da humanidade é incerto! Imundos! Imundos! Tal sentimento, merecedor de desprezo, enfim tornou-se uma maldição venenosa!

Mas que droga, son Peine, não me ofereça comida agora. O seu melhor amigo está gritando com toda a força. Ooh, isso aí é batata frita crocante? Vou querer um pouco.

A-Ahem. Certo. Coma, descanse, lute. Não há mais necessidade de razão; não há tempo para hesitação. A fim de sobrevivermos, precisamos vencer.

— Ao examinar o selo imperial da carta, descobri que tem apenas a marca da irmã mais nova do rei, Inkja! É verdade! Para vocês entenderem, o rei e o príncipe estão desaparecidos! — declara o sacerdote.

Suponho que o rei teria uma irmã ou duas. Sua família é enorme, afinal. Não que eu me importe. Todas essas cartas petulantes fazem com que a nossa rebelião se torne ainda mais oficial.

— A irmã do rei é inumana. — diz Ange. Uou, senhora. Que coisa para se chamar alguém. O nojo em seus olhos é palpável. — Mesmo entre os nobres podres, ela está em outro nível. Vocês ouviram os rumores, não é? Que eles sacrificam virgens em enormes quantidades para o Deus Demônio. Até mesmo sequestram crianças de várias cidades para satisfazer o culto maluco deles… como a minha filha.

Uou, uou! Mas que merda? Até mesmo son Peine parou de comer. Embora não tenham sido todos. Bem, um deles é um coelho; o preto e branco. Está no colo de Sira e mastigando vegetais, seu chifre está enfeitado com uma decoração de couro, como se fosse a bainha de uma espada. O outro… Sim, vamos fingir que não vi; ela é especial. Tentar pará-la traria punição divina, eu aposto. Ela está mastigando e fazendo um barulhão, entretanto.

Sira parece preocupada; ela estende uma mão para a senhora Carmesim. Ela é uma boa garota.

— Acho que todos nós já ouvimos histórias semelhantes. A irmã do rei que eu conheço é um monstro e é viciada em drogas.

Uou, Padre. Enfim deu a louca? Falar mal da família real nos faz parecer muito com um grupo de rebeldes, mas não é isso. A “revolução” da qual estamos falando não é uma briga entre humanos. O que você está planejando é uma conflagração que irá engolir o continente, suas espécies… e até mesmo os deuses.

— Lady Ange, não tenho palavras para descrever as atrocidades que minha família cometeu. Se é um rancor de sangue que carrega, convido-a para me matar quando tudo estiver terminado. — confessa o sacerdote.

Espera… Uou, uou, uou! Isso quer dizer que ele é…?

— Quem diabos é você? — pergunta Ange.

— Sou o sétimo príncipe deste país. Meu nome oficial é Felipo Valkie Millennium. Meu pai é o rei, e o príncipe herdeiro é meu irmão, e a irmã do rei, minha tia.

Ele é a porra de um príncipe?! Son Peine sabia disso? A julgar pela forma que continua comendo, deve saber. O cavaleiro e seus irmãos estão surpresos; pode-se realmente ver a aparência da família nas expressões parecidas deles. Será que o rei também tem um coração negro que esconde debaixo da manga? Não é hora para isso, mas não consigo deixar de sorrir um pouco. Oh, alguém sorriu antes de mim… a senhora Carmesim. Ela segura a mão de Sira.

— Você, um príncipe? Não me faça rir, seu porco sujo e suado.

Pare com isso, son Peine! Não é hora para estar  se peidando de tanto rir… eu acho.

— Não me entenda mal. Você é um sacerdote, aquele que se jogou na sujeira da Fronteira, ensanguentou as mãos em batalha contra monstros e ainda fala sobre grandes aspirações como “revolução”. Podemos ficar emocionais sobre as nossas famílias, você e eu, mas somos farinha do mesmo saco.

Ah, entendo. A queda do palácio, o destino da nação, a ascensão ao poder da irmã do rei… Tudo parece ser ficção para mim, mas, para o sacerdote de coração negro, são bem reais. Não posso deixar minhas emoções à mostra; isso já não é mais apenas o problema de outra pessoa.

— Então? O que planeja fazer, Felipo? — pergunta son Peine. Claro, só depois que algumas batatas fritas foram devoradas. Que maldito. — Tenho certeza de que não pretende falar sobre sucessão, né? O seu direito ao trono existe, mas ainda é muito pequeno; ninguém dá a mínima para isso. Agora, conte-nos o resto. O que você analisou e como propõe que avancemos?

Ele parece mesmo estar se divertindo. Seus dedos e lábios brilham de óleo, mas quase parece que está segurando uma espada ou uma lança; é como se estivesse implorando para uma ordem de ataque. Certo, sempre foi aquele que mais desejou a batalha dentre todos nós. Divertido, considerando que é um grande estrategista.

— Para ser franco, minha tia é a marionete dos vampiros. — O sacerdote reconhece. Era de se imaginar. Tipo, o que mais poderia estar acontecendo? — A carta provavelmente foi produzida por um membro importante do Bando Luz das Estrelas e um vassalo vampírico como método de nos provocar e atrair. Talvez eles desejam limitar nossos campos de batalha agora que não precisamos mais nos preocupar com a queda do forte.

— Parece plausível, mas não há muito sentido nisso. Por lógica, não iríamos ao palácio ao saber que foi tomado?

— Então pode ser uma demonstração? — O Willow mais jovem apresenta sua hipótese. Ele tem um rosto bonito, mas é doido também. — Uma forma de diminuir nossa moral, ou de obstruir a fé da população em nós. Talvez desejam nos levar para o forte.

— Bem, deixando de lado a moral dos nossos soldados, os cidadãos estão certamente preocupados. Se fossemos lidar com todos eles, dificultaria demais a nossa velocidade de marcha. — argumenta son Peine.

— Oh-hoh! Assumo que suas sugestões venham da experiência que tiveram na Expansão Infernal?

Uh, do que ele está falando? Não consigo acompanhar.

— Isso é tão… humano. — Humano? Quem? Os olhos amarelos? — Pense sobre as ações deles desde a declaração de guerra: testando as águas no oeste, a batalha estendida na Expansão Infernal, a armadilha massiva que armaram ao executar um ataque em pinça na Fronteira, a ofensiva extrema que lideraram para o palácio… Foram todas operações muito bem planejadas.

Não é nem um pouco a cara dos vampiros, pelo que conclui son Peine, então joga um feijão cozido na boca. Depois, continua:

— Se Lady Kuroi fosse o único objetivo deles, então uma ameaça seria uma opção melhor, não uma carta que exige respostas. Eles poderiam torturar os cidadãos do palácio e invocá-la. Ou, ainda melhor para eles, destruírem o palácio da mesma forma que fizeram com a montanha e atacar o forte com força bruta. Isso seria muito mais a cara deles.

Ele tem razão. Os olhos amarelos são monstros que se deleitam na violência. Até mesmo o ataque da Dourada foi desleixado e desprovido de estratégia — forçado e puramente por diversão.

— Entendo. Então você está dizendo que o uso deles da autoridade da família real em si não é natural? — pergunta Marius.

— A menos que eu esteja deixando algo passar e a irmã do rei é uma figura maior para eles, sim.

— Portanto, não é natural. Essa carta… Considerando o tempo e o método empregado… Sim, sim. Astúcia e malícia não explicariam isso.

— Talvez estejam se divertindo ao fazer com que nós, humanos, nos oponhamos um contra o outro? — sugere Ange.

— Se este fosse o caso, não nos garantiriam uma chance de explicar a retirada. — O irmão mais novo tem mesmo um sorriso perturbadoramente frio; até mesmo Origis é pego de surpresa. — Eles enviariam os cavaleiros reais sem pensar duas vezes; o exército da minha família também. Uma batalha entre Williows seria o resultado mais provável.

— Marius, o que está dizendo? — questiona Origis, surpreso.

— Não considerou a possibilidade, Origis? Não soubemos de nada sobre as movimentações deles, mas nosso Pai e Nazarus não são do tipo que ficam quietos em uma situação como essa.

Problemas de família, hein? Acho que as famílias famosas têm seus próprios problemas. Os braços de Agias estão cruzados, e ele nem se mexeu ainda.

— Uou, Marius! Essa é uma informação importante. Não acha, Felipo?

— Sim, é. O escopo completo dos planos incompletos dos vampiros está ficando aparente.

— E o que supõe dessa estratégia mal feita?

— Que algum tipo de problema pode ter ocorrido.

O sacerdote de coração negro atacou um peixe defumado com um apetite renovado. Quanto a son Peine, ele muda o alvo para o omelete. Ambos parecem deliciosos.

— Se estivessem tentando usar a autoridade humana como vantagem, não perderiam o fato de que a maior parte da nossa força principal é composta por soldados Willow. Porém, se não são capazes de discernir isso, o que pode significar? Son Peine?

— Que o exército da Casa Willow está em movimento, longe do palácio.

— E, por falar de autoridade, religião seria a maior forma disso. Não acha estranho que não fizeram nenhuma referência sobre a existência do nosso Deus?

— Felipo, eu diria que o fato de que a Igreja foi queimada é a parte mais estranha. Fogo é o elemento dos humanos. Se desejassem exaltar o próprio deus, certamente teria uma maneira melhor de destruí-la. Talvez uma que envolvesse relâmpago ou terra.

— De fato, sim. E nem mesmo tocamos no fato de que o Arcebispo ardiloso jamais ficaria de bobeira e morreria.

— Suponho que algumas pessoas realmente não morrem quando são mortas. Elas têm um… desejo pela vida.

— Fala de si mesmo agora, Zumbi son Peine?

Hã, o quê? Por que estão tagarelando tanto? Até mesmo eu estou pegando um pouco de carne agora. Oh, isso aqui é bom. Um pouco de vinho cairia bem.

— Então o plano dos vampiros é fazer se parecerem maiores do que são? — Agias, comandante do nosso exército, pergunta para ter clareza. O sacerdote de coração negro, son Peine e Marius assentem. Ange segue, e eu dou continuidade. Origis concorda com os olhos. Sira faz carinho no coelho… e a garota de cabelos negros está focada demais na comida para ter ouvido qualquer coisa, eu aposto.

— Com licença, tenho uma mensagem urgente.

Oh, Capitão Zakkow! Então ele estava de guarda, hein?

— Os vampiros no palácio dividiram suas forças. Mil estão indo para o noroeste.

Atualmente, há cinco mil vampiros na capital, eles acabaram de enviar mil? Essa é uma força grande. O que tem no noroeste, afinal?

— A propriedade dos Willow está ao noroeste do palácio. — Comenta Agias. Espera, como é? — Nossa família deve ter inspirado essa marcha. É também a prova suprema de que essa carta foi um blefe. Em outras palavras, uma rachadura apareceu em seus assuntos de estado. Rapidez é de maior importância agora. Amanhã cedo, todo o nosso exército irá marchar para a capital.

— Espera, espera, espera! — Eu os paro. Espera um pouco aí. — E quanto aos reforços? Não vai mandar nada? São mil vampiros, sabia? Certo, podemos usar magia de fogo, mas a bênção de Deus ainda não se propagou pelo sul do forte.

— Se precisassem de reforços, diriam. Do nosso local, a estrada até a Propriedade dos Willow também é traiçoeira. Se mandarmos tropas para lá, será difícil para se encontrarem conosco no palácio.

— Mas isso quer dizer que…

— A Casa Willow tem um dever a executar e dignidade a manter. Eu também…

Seus olhos ardentes caem sobre Kuroi. Ela segura uma tigela de sopa. Cara, não tem como ela parar de comer. Quantas tigelas já foram? Fiquei sabendo que veio de uma corrida frenética desde a Expansão Infernal e que, quando a batalha acabou, desmaiou. Acho que é melhor assim, então. Coma enquanto pode, sabe? Mas, tipo… olhe um pouco para nós, pelo menos. E beba um pouco de água!

— … gostaria de levar a Apóstola para o palácio. — continua Agias. — O propósito deste movimento é dar um pouco de esperança para a humanidade.

Malditos sejam os homens que nasceram para serem militares. Tão másculos, sempre prontos para a batalha. Que coragem majestosa… diferente de mim.

— Devemos seguir o caminho da justiça, para que assim todos possam nos seguir. — declara ele.

Ele está marchando por algo grande… talvez marchando para a sua morte. Posso ver em seu rosto, esse maldito. Mas não deixarei que aconteça. Duvido que qualquer um aqui sobreviva; a guerra não é gentil. Entretanto… há alguns de nós que devem, absolutamente, sobreviver. E eu farei o possível para que eles consigam, para que assim possamos provar da verdadeira vitória. Não deixarei que morram.


 

Tradução: Taiyo

Revisão: Midnight

 

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