Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 44 – Controle de MP em DDR/A Garota se Voluntaria para Espalhar a Palavra

Se eu pudesse descrever a presença de Deus, seria como uma fogueira que ilumina as costas de alguém.

Quente, asseguradora, brilhante… e estrala de vez em quando.

-Transmissão de DDR/VOD Parte 3-

Pensei que minha empresa tinha ligado, mas era alguém tentando me vender criptomoeda. Eles eram muito entusiasmados e suspeitos.

Ei, pessoal, PotatoStarch aqui. Meu lema é trabalhar duro sem pegar atalhos. Isso não muda nem mesmo nos jogos. Caça a vampiros com o cavaleiro gostosão e seus homens! Vasculhando a terra até o último deles! Sou do tipo que gosta de eliminar todas as marcas inimigas do mapa em jogos de Guerreiros da Dinastia. Todo vapor à frente!

Então, como já falei, jogos de caça a monstros não são a minha praia. Era difícil demais para mim caçar até mesmo uma família herbívora no tutorial. Eles choram quando você os atinge! Sério, não.

Mas quando os humanos caçam vampiros, isso não dói no meu coração, por sorte. Eles tratam os humanos como comida, afinal. Fazem com que eu me lembre dos invasores em jogos pós-apocalípticos, ou caçadores em jogos de criaturas. É uma sensação incrível dar uma surra neles.

Sinto muito, sei que não paro de falar sobre outros jogos. Devo estar cansado de jogar DDR por tanto tempo. Meu PC está em perfeitas condições, como sempre. Ufa, outra cidade libertada. Matar vampiros, salvar os cidadãos prestes a serem escravizados ou usados como alimento, direcioná-los para evacuação e missão completa. Todas as cidades foram abandonadas. Tipo, elas estavam encharcadas de sangue e cobertas de cinzas agora.

Mesmo que seja um jogo, ainda dói no meu peito ver pais sendo devorados enquanto defendem seus filhos. Para ser honesto, é por isso que o pessoal chama os desenvolvedores de organização criminosa. Por “pessoal”, me refiro à Associação de Pais e Mestres, puristas online e o Exército Americano. É comum entre os fãs de DDR dizer de maneira cômica “Por quê?” para o último. Sério mesmo, por quê?

Acho que o cavaleiro gostosão e os seus amigos estarão salvando cidades por um tempo. Vou deixá-los no automático e vou fazer Kuroi recuperar o MP. Pausas frequentes são a chave para o sucesso. No nosso último evento de batalha, ela acabou em apuros por causa da falta de estamina e incapacidade para continuar lutando. Entretanto, esse também foi o motivo de Kuroi ter sido capaz de derrotar Dourada, ao assumir a vantagem do estado sem mana do Apóstolo inimigo. É difícil dizer se o Daemon Invocado teria acabado com tudo.

Quanto a isso, viajar com a cavalaria faz com que Kuroi seja quase invencível. Eles são rápidos e fortes, por isso é fácil para ela recuperar mana. Até mesmo recebem suprimentos de vez em quando.

Então, como está indo o modo de observação… Ainda instável, hein? Estou tão acostumado com isso. Acho que aproveitarei essa oportunidade para checar os outros locais. Hehehe! Essa é a minha chance de usar um sistema que nunca tentei antes.

Eu me refiro à visão de servo.

É literalmente um sistema que o permite a ser espectador do seu servo em terceira pessoa… talvez. Não usei ainda, então estou um pouco nervoso. Nunca joguei como um Apóstolo antes! O mais perto que cheguei foi ser o servo de um. Era um trabalho insuportável, puxado demais, por isso morri rápido. Absoluto é deveras assustador.

Clica. Oh, mudei de visão. Sira certamente está comendo muito udon. Espere, essa não é a Fronteira. Onde é que ela… Oh? O forte? Quando que veio para cá? Ah, e tem o seu companheiro coelho consigo, o Shirokuro.

Oh, ela está olhando ao redor. Que fofa. Agora começou a andar de repente. Haha, está carregando Shirokuro nas costas! É como uma daquelas mochilas dos desenhos animados. E pelo corredor do forte ela vai… até a capela? Algum assunto para resolver depois do jantar?

-Sira I-

Shirokuro se contorce nas minhas costas. Também sei o motivo.

É porque Deus chegou. Ele está logo aqui, observando-nos. Está tudo bem. Isso não significa que algo aconteceu com a Lady Kuroi. Deus não parece estar irritado nem triste. Talvez tenha vindo porque eu estava comendo algo quente.

E que hora boa.

— Oh? Já terminou de comer?

Ainda bem, a moça da Empresa Flor Carmesim ainda está na capela. Desde que veio para cá a trabalho, esteve sumida e não pude vê-la. Implorei para que me deixasse vir junto, por isso não posso atrapalhar no seu trabalho nem ser egoísta.

— Deixe-me lhe apresentar. Essa é Sira, ela estava dormindo quando chegamos. — A moça diz para uma mulher de chapéu branco, a qual era linda. Ela tinha um longo cabelo ondulado ruivo, que saltava para todos os lados. Aquilo me fazia lembrar o fogo.

— Sira, essa é a Acólita Hikurina, da Igreja. Ela me ajudou com meus negócios e… ei, o que foi?

Os olhos e boca da moça acólita estão escancarados, em silêncio. Sei o que é. Você é capaz de ver a presença de Deus, não é? A grandiosa e esplendorosa presença Dele.

— O-Oh, Deus… — murmura ela.

— Hm? Oh, entendo. É isso, Sira?

— Sim. Ele chegou há pouco tempo.

A moça da Empresa Flor Carmesim não é capaz de sentir Deus, assim como também não é boa com magia. Mas sempre esteve rezando fervorosamente. Deve estar rezando por alguém que nunca mais irá encontrar.

— Oh… Deus Ex… — A acólita continua a murmurar.

— Sira, será que…

— Não se preocupe. Acho que é porque eu comi algo delicioso.

— Ah, entendo. Como da outra vez. Talvez eu devesse oferecer uma bebida.

A benção de Deus é algo estranho. Sua força difere completamente dependendo da pessoa, lugar e hora. É igual a luz e sombra. Assim como quando você olha para o alto e vê o sol, Deus está sempre lá quando se reza para Ele, mas não se sente incomodado quando Ele parte. Mesmo assim, todos querem que continue aqui, por isso rezamos.

Há tantas pessoas que rezam para ele agora. Deus ficou tão popular, o que significa que posso trabalhar ainda mais duro. Rezar te deixa forte. Curvar-se e gritar por ajuda não te leva a lugar algum; é preciso levantar e agir. Deve seguir em frente.

— Você… você é a Apóstola? — pergunta a moça de cabelos ruivos, segurando minha mão. Mas Papai não interfere, então ela não deve estar querendo mal algum. Mas ainda dói.

— Não. — clarifica a moça da Empresa Flor Carmesim.

— Hã?

— O que está perguntando? Eu já te disse, a Apóstola é Kuroi, Lebre das Chamas. Essa garota é a sua serva. Eu acho que é, tipo assim, a segunda na fila na benção de Deus.

— A serva de um Apóstolo… a serva de Deus….

— Solte a mão dela.

— Hã? Ah! E, e, eu sinto muito!

O lugar onde os seus dedos estavam está ficando vermelho. Se eu fosse outra pessoa, teria me ferido. Essa mulher também pode ser uma guerreira.

— Perdoe-me. Meu nome é Hikurina. Sirvo à Igreja como acólita. Com relação a você, Lady Sira, eu…

— Pare. Entendo que esteja eufórica, mas Sira ainda é uma criança. Deixe as formalidades dos adultos longe dela.

— T-Tudo bem… peço perdão. Minhas mais profundas desculpas. — Ela se curva várias vezes, seus olhos fixados no espaço atrás de mim. Pode sentir Deus. E Deus… está olhando para ela? — Agora eu entendo tudo. Ange, obrigada por me chamar.

— Oh, é mesmo? Bem, a experiência vale muito mais do que mil palavras.

— De fato. Agora também compreendo as ações malucas do Padre Felipo. “Deus existe, e Ele é grandioso. Por que devemos ser acorrentados por convenções?” foi o que disse.

— Maluco de merda. Ele esteve falando com os documentos e criando músicas infantis também?

— E entregando a carta da Guilda dos Feiticeiros à Igreja, assim como as reclamações do norte contra os nobres.

— Oh, sério, ele é louco. Os nobres sequer estão do nosso lado ainda.

— Não, uma luta de poder seria apenas um método de desvio. Talvez é a abordagem que mais devemos evitar. Tudo poderia ter desmoronado ao nosso redor antes de a guerra ter começado se ele não tivesse espalhado a história até os confins.

— Está falando dos leais aos vampiros?

— Sim. A declaração da batalha final tornou-se um vento de cauda para o Bando Luz das Estrelas. Muitos cidadãos se juntaram a eles, rejeitando-nos.

Elas estão falando de coisas difíceis, mas entendo um pouco. A moça ruiva está tentando o seu melhor em algo, mas é em vão. Entretanto, não irá desistir, por isso está aqui. Posso ver pelo olhar em seus olhos e a cor ardente do seu cabelo. Oh, talvez seja por isso que Deus veio. Acho que esteja aqui para dizer que ficará tudo bem.

— Ouça, pessoal. — Pelo menos, espero que seja esse o motivo. Porém, mesmo que não seja, estou feliz por Ele ter vindo. — Acho que eu posso fazer muito mais agora. — declaro.

Papai, apareça. Não apenas a mão, tudo. Deus está nos observando, então vai ficar tudo bem. Ah, viu? Faz tanto tempo desde a última vez que nos abraçamos. Mais ainda desde a última vez que esfregamos bochechas. Estive esperando para ver o seu sorriso havia tempo.

— Vou conversar com todos no forte. — continuo. — Direi que sei que é assustador, mas temos que tentar o nosso melhor.

As duas começaram a rezar novamente. Eu sorrio.

— Quero que saibam que Deus está no meio de nós, então ficará tudo bem. Eu preciso contar a eles.