Dark?

Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 02 – Cap. 05.9 – Despachando Piratas

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O Parceiro chegou ao território do Baronete Wayne à luz do entardecer.

— O sol com certeza se pôs rapidamente. — eu disse. Para piorar as coisas, estava frio lá fora.

A este baronete faltava um porto para o Parceiro atracar, então fomos forçados a embarcar em um navio menor para desembarcar. Isso, no entanto, tornou-se um problema.

— Como você pode ficar calmo em uma situação como essa? — Brad estourou comigo.

Ok, então estávamos meio que cercados pelos soldados do baronete. Levantei minhas mãos no ar, principalmente por causa de todas as armas apontadas para nós.

— Não fique tão nervoso. Eu me sinto tão desconfortável quanto você. — respondi.

— Não tenho certeza se você é incrível ou um idiota incrível. — Greg disse irritado.

Os soldados nos olharam com tanta cautela por causa dos dois navios parecidos com navios piratas que trouxemos. Bem, ok, não parecidos, mas navios piratas reais. Não podia culpá-los pela abordagem cautelosa.

O baronete Conrad Fou Wayne apareceu entre seus soldados, tendo sido chamado de imediato. O pai de Carla era um homem de meia-idade com uma barriga grande saindo da cintura. Quando se aproximou de nós, seu rosto era caracterizado principalmente pela exaustão, porém quando pôs os olhos em nós, logo se transformou em surpresa.

— Abaixem suas armas! Agora!

Uma vez que eu não estava mais olhando para o(s) cano(s) de (múltiplos) rifle(s), deixei minhas mãos baixarem.

— Lorde Brad? — o senhor Conrad engasgou, curvando-se para Brad sem sequer me reconhecer. — Faz muito tempo.

— Hã? Ah, sim, claro.

Brad parecia não se lembrar do rosto do velho.

O senhor Conrad deu-lhe uma risada autodepreciativa.

— Nos conhecemos em uma festa na propriedade de seu pai. Você cresceu muito desde então.

Brad, aliviado com a explicação, relaxou um pouco.

— Mais importante, por que seus soldados estão suspeitando de nós? Viemos em resposta ao pedido de ajuda de sua filha.

— Ajuda? — o senhor Conrad parecia perplexo — Minha filha pediu ajuda a você, Lorde Brad?

Todos se viraram para Carla, que ficou tensa sob escrutínio. Chocante. Instruí Luxion a ficar de olho nela, então estava ciente das profundezas de sua horribilidade. Sua câmera havia capturado todo o seu plano.

—N-Não! — Carla se atrapalhou. — Consultei essa garota sobre um problema que tive, e ela exagerou. E-Então…

Os olhos de todos voaram para Lívia.

— Hã? Uh, hum, Carla me pediu…

Lívia reagiu. Era como se, até aquele momento, sua mente estivesse em outro lugar.

Na verdade, Lívia estava indisposta ultimamente. Toda vez que tentei falar com ela, fui evitado. O que estava acontecendo?

Em parte por causa disso, quando o senhor Conrad se moveu para interrogá-la, eu intervim.

— Sua filha queria ajuda e pediu a Lívia que nos apresentasse. Então corremos aqui para prestar nossa ajuda.

O senhor Conrad olhou para mim como se dissesse: E quem diabos é você?

— Este é Leon Fou Bartfort. — disse Brad, me apresentando. — Estou claro que tenha pelo menos ouvido os rumores.

Os olhos do senhor Conrad se arregalaram.

— Barão Bartfort? Por favor, perdoe minha grosseria. Hum, no entanto, minha região, que eu saiba, não precisa de nenhuma assistência especial. Tem certeza de que minha filha pediu sua ajuda nisso?

— Se importa de explicar? — Brad estreitou os olhos para Carla.

Agora encurralada, Carla tentou olhar para Lívia, porém me coloquei entre as duas. Lágrimas brotaram nos olhos de Carla.

Sentindo algo errado, o senhor Conrad tentou encobri-la.

— Minhas desculpas, meus senhores. Minha filha parece confusa. Por enquanto, permita-me convidá-los para minha casa e…

Bufei. Este jogo otome estúpido. Este mundo é especialmente fácil com as garotas da academia. Como se fosse deixar esse golpe acabar.

— Sua filha nos chamou aqui com uma promessa de compensação em troca de nossa assistência. Sabe o que isso significa, não é, baronete? — explodi, olhando para o homem mais velho. — Não estamos brincando.

Nunca quis o título de barão, contudo, agora que o tinha, faria o melhor uso possível.

— Esses dois são futuros barões. — continuei, inclinando a cabeça para Greg e Brad. — E já recebi meu título. Até trouxe meu próprio navio e apreendi dois navios piratas. Não vai me dizer que tudo foi um mal-entendido, vai?

— M-Mas, eu estou, a situação certamente não está clara…

— Carla está bem ali. Peça para que esclareça. Entendo que queira mimar a garotinha fofa do papai, mas não pense que isso vai resolver. Tenho minhas próprias maneiras de extrair o pagamento que me foi prometido.

Luxion teve a gentileza de me apoiar e mover o dirigível para frente.

O baronete olhou para a forma massiva do Parceiro que pairava no alto; provavelmente assumindo que tínhamos mais aliados lá dentro. Ele agarrou a filha pelos ombros.

— Carla, o que está acontecendo? Você pediu mesmo a ajuda deles?

Carla soluçou e, a princípio, tentou fingir que não sabia o que estava acontecendo.

— Piratas? Que piratas? Não sei do que estão falando.

— Sério? — eu disse. — Pois tenho dois navios cheios deles prontos para nomeá-la como cúmplice.

Isso a fez rachar. Carla confessou tudo, incluindo o truque de etiqueta original que usou para me atrair aqui. Contudo, o verdadeiro deleite foi quando nomeou a garota Offrey como a mentora em voz alta.

Depois de arrancarmos todos os detalhes, optamos por retornar ao Parceiro em vez de acompanhar o baronete de volta à sua propriedade.

No segundo em que fiquei a sós com Lívia em um quarto particular, levantei os braços e estiquei as costas.

— Ah, estou exausto. Vamos ver como vai ser amanhã, mas acho que vou ter calma por enquanto. Ainda temos alguns dias de folga.

Primeiro dia de nossa viagem e já resolvemos o problema dos piratas. Na verdade, tinha ido tão bem que era meio anticlimático, porém isso não era um videogame. Não poderia me opor a um local relativamente calmo. A melhor coisa que poderia esperar neste mundo era um futuro de paz e segurança.

A única coisa fora de lugar é a ausência das perguntas preocupadas de Lívia. Você sabe, tipo, tem certeza que é uma boa ideia? Contudo, agora, seu olhar estava colado em seus pés. Sequer tentou conversar.

— Tudo bem? — perguntei.

Lívia ergueu o rosto devagar.

— Eu não entendo.

— Hã?

— Você é incrível, não é? Não precisa de ninguém. Pode resolver todos os problemas sozinho.

Algo sobre a maneira como ela se portava, seu tom de voz, me preocupou.

— Hm, Lívia?

Estendi a mão em sua direção, no entanto Lívia me ignorou. Até deu um passo para trás, colocando mais distância entre nós.

— Por que está sempre sendo tão gentil comigo?

— Uh, bem, porque…

A primeira coisa que me veio à cabeça foi minha desculpa de sempre: porque você é a personagem principal. Não posso responder isso. As palavras ficaram presas na minha garganta.

— É estranho, não é? Sou uma plebéia inútil. Que motivo teria para me ajudar? Não tenho nada. O que quer que esteja esperando, não posso te dar. Então, por que ir tão longe para ajudar alguém como eu?

Quando não respondi, seus lábios se curvaram em um sorriso sombrio.

— É o meu corpo?

— N-Não! Não é iss…

Lágrimas deslizaram por suas bochechas, e o sorriso em seu rosto era tão doloroso que fez meu coração doer.

— Claro que não. Não sou fofa. Angie é muito mais bonita do que eu e é uma senhorita refinada. Realmente não tenho nada… Nem uma única coisa. Não há nenhuma razão para tê-lo me tratando com gentileza.

Eu tinha me ferrado?

Lívia soluçou ao cair no chão, e não consegui encontrar palavras para oferecê-la. Me senti patético.

— Então… O que quer de mim? — Lívia engasgou através das lágrimas. — Por que é tão legal comigo? É estranho. Não posso ser útil, não para você, não para Angie.

Espere um minuto. Carla e a garota Offrey a disseram algo?

— Você não precisa ser útil. Não é por isso…

Não é por isso que fazemos essas coisas por você, era o que queria dizer. No entanto, me lembrei de quantas vezes disse coisas como Este mundo é um simulador de namoro, e Aqueles grandes senhores são interesses amorosos no jogo.

Suas palavras atingiram meu coração como pequenas facas. Minhas desculpas desmoronaram enquanto tentava convocá-las. Percebi algo, alguma parte de mim e meu comportamento que odiava.

Não tinha tratado apenas os interesses amorosos com desrespeito irreverente. Fiz o mesmo com Lívia. Estava a tratando como protagonista, uma mera personagem 2D com um papel a desempenhar.

Lívia estava destinada a se tornar a Santa, momento em que eu planejava que ela resolvesse todos os problemas do reino, pelo meu bem. Em outras palavras, estava usando-a. Assim como Carla o fez. O que me faz diferente daquela garota repugnante?

Meus pensamentos ricochetearam para frente e para trás, chacoalhando em meu cérebro.

Alguma vez olhei de verdade para Lívia como uma pessoa? Ou só a tinha visto como uma peça em um grande jogo de tabuleiro, essencial para minha futura vitória?

Lívia chorou e chorou, suas pernas esparramadas no chão embaixo dela.

— Eu queria… Queria ser amiga de vocês, de vocês dois! Mas me tratam como um animal. Não seja condescendente comigo! Não sou seu animal de estimação, sou uma pessoa!

Incapaz de dizer qualquer coisa em minha defesa, fugi do local.

 


 

Tradução: Demiurgo

Revisão: Play_Cabs

QC: Bravo & Errei

 

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