Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 02 – Cap. 04.4 – Fraqueza

Quando entramos na última etapa da corrida, os outros participantes finalmente começaram a se afastar de mim para conseguir um lugar decente na linha de chegada.

— Isso é bom o suficiente, eu acho, certo? — disse alguém.

— Depois de levar essa surra, gostaria de ver se termina, quanto mais lutar. — disse outro.

— Sim, até mais, perdedor!

Assisti os babacas se afastarem, então agarrei meu guidão com mais força e acelerei. A vibração do meu motor acelerando me emocionou. Eu tinha uma moto quebrada e um capacete rachado, mas meu coração estava inteiro.

Que pena para vocês, idiotas! Deveriam ter acabado comigo se quisessem ganhar.

— Nós podemos fazer isso, certo, Luxion?

— Pronto para quando quiser. No entanto, acho estranho que o árbitro tenha ignorado tal jogo sujo de forma tão clara. Não é isso que vocês humanos consideram agressão?

Dei de ombros.

— Foi mal. Deveria ter comprado o árbitro para me ajudar.

— Você realmente tem as ideias mais repugnantes. Embora eu suponha que ele já foi subornado para ignorar sua situação, então sem dúvida teria exigido uma quantia ainda maior antes de concordar em ajudá-lo.

— Como se isso fosse um problema. Tenho mais dinheiro do que sei o que fazer com ele! Pelo menos agora não vou me sentir mal por trapacear.

À medida que aumentava minha velocidade, avistei o grupo que havia me encaixotado mais cedo. Apesar de quão bem haviam se coordenado contra mim, estavam lutando um com o outro agora.

Minha moto aérea dirigiu sem problemas graças à assistência do piloto automático de Luxion. Mesmo com minhas escassas habilidades, não tive problemas para seguir em frente e passei direto por eles.

— Seu desgraçado!

Gritaram atrás de mim, consternados.

Acenei de volta para eles.

— Obrigado por atrapalharem um ao outro. Último lugar combina com vocês. Continuem batendo cabeça e comam minha poeira!

Corri em direção aos líderes do bando, os comparsas de Clarice. Ao contrário de todos os outros, esses tinham um forte senso de camaradagem e estavam dispostos a dividir a vitória um com o outro, então ninguém se priorizava sobre o resto.

— Você está se movendo rápido, como eu previa. — disse Luxion.

— Podemos pegá-los?

— Não me faça rir. Não vai demorar mais do que um minuto para nós passarmos por eles.

O motor foi até o limite e a máquina inteira chacoalhou enquanto se inclinava para frente. Agarrei-me ao guidão, incapaz de fazer nada além de me segurar para salvar a vida, pois confiava em Luxion para lidar com a condução real.

— Mestre, a transferência de carga está causando um leve arrasto. Permita-me ser franco, você é um peso morto.

— Você é o único que ferrou com o sistema e agora está tremendo como um louco! E não me chame de peso morto! Vai me fazer chorar.

Movi meu corpo no esforço de ajudar na distribuição de peso, tentando combinar com os movimentos da moto.

Logo, passamos por vários dos principais concorrentes.

A multidão irrompeu em alvoroço. Até a voz do locutor se elevou em oitavas de choque.

— Inacreditável! Bartfort está lutando na frente pela liderança. Como algo assim é possível? Ele poderia ter melhorado ilegalmente sua moto?

A ideia de eu ganhar os incomodava tanto assim?

— Entendo como é. Nesse caso, agora tenho que vencer não importa o que aconteça. — falei com os dentes cerrados. Mal posso esperar para ver as lágrimas em todos os seus olhos.

Ao passar pela pessoa em terceiro lugar, a pessoa em segundo bloqueou o caminho.

— Não vou deixá-lo passar!

Eu gargalhei.

— Ah, amigo, estou passando, quer você goste ou não!

Me movi com a moto quando passei por ele em segundo lugar.

Agora, apenas um cara corria na minha frente, o terceiranista com quem falei na garagem.

Mudei para a pista externa para tentar ultrapassá-lo e, ao fazê-lo, ele não mostrou nenhum sinal de envolvimento em qualquer tipo de truque sujo para me superar. Ao invés, parecia satisfeito em lutar bastante na reta final. Não tinha pensado que ele parecia o tipo sorrateiro, e pelo que parece estive certo.

— Desculpe por isso. — murmurei.

Ao comando de Luxion, chamas saíram do silenciador da minha moto aérea. Até eu estava apavorado com a intensidade da velocidade que, de repente, nos impulsionou para frente. Naquele momento de pesadelo, jurei que nunca mais andaria de moto aérea.

Felizmente, saímos o suficiente à frente do nosso oponente para garantir a vitória.

Eu sou o vencedor! Pensei alegremente enquanto passávamos pela linha de chegada.

Parei minha moto antes de tirar meu capacete para que pudesse sorrir e acenar para as arquibancadas.

— Ganhei, pessoal! Desculpe, não sinto muito!

A plateia rugiu de volta para mim.

— Você de novo?

— Devolva meu dinheiro!

— Seu prenúncio de desastre!

Incentivado por seu “apoio”, continuei acenando. A amargura em seus rostos era a maior recompensa que eu poderia pedir.

— Mestre? — Luxion me cortou.

— Cala a boca, estou vivendo o sonho.

— Por mais que adoraria “calar a boca”, o motor está no limite.

— Hã?

Olhei para trás para encontrar uma fumaça branca saindo da moto.

— Nããão!

Gritei e agarrei Luxion enquanto saltava da moto. Bem, isso explica por que minhas costas estavam tão quentes.

Para minha sorte, o aluno do terceiro ano que ficou em segundo lugar me pegou em seus braços antes que eu caísse do céu para um fim mortal.

Fiquei tão grato que quase tive vontade de chorar.

— Você me salvou!

Ele deu um sorriso tenso.

— Não foi nada. Honestamente… Não posso dizer que me arrependo de como seu duelo terminou. Pense nisso como meu agradecimento. Além do mais, para dizer a verdade, você fez uma boa aposta.

Hmm, acho que ele odiava Jilk o suficiente para apostar na minha vitória naquela época.