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O Mago da Morte – Vol. 1 – Cap. 22 – Após a guerra, o número de seguidores cresce

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A mulher estava deitada na cama como um cadáver vivo, olhando para o teto.

É para ter acabado agora?

Dizer que ela estava deitada como um cadáver vivo não era piada, obviamente. Essa mulher era algo conhecido como Vivo-Morto, um corpo recentemente morto que teve vitalidade forçadamente jogada nele e acabou voltando à vida.

Esse era um lacaio do Degenerado aventureiro Luciliano, que havia usado o tesão dos Orcs por se reproduzir para ficar de olho nos movimentos do Orc Nobre.

Os sentidos dos Vivos-Mortos não eram muito sensíveis, por isso o maior uso deles era para ouvir informações. Os sons de espadas batendo umas nas outras e gritos de morte haviam parado.

Os Ghouls lutaram mais do que eu esperava. É bem provável que graças a isso nós não vamos precisar montar um grupo grande para exterminar o resto dos Orcs.

Havia um grupo de mais de quinhentos monstros vivendo nessa vila. Era por isso que o chefe de Luciliano, o Visconde Balcheese, precisava entrar nas garras do Conde Palpapek, um marechal da nação de Mirg, para conseguir uma grande força de exterminação.

Contudo, se a batalha com os Ghouls reduzisse o número de Orcs em um terço, a contratação de dez grupos de aventureiros de classe C seria o suficiente. O mensageiro Orc trouxe a notícia de que todos os filhos de Bugogan e a maioria dos líderes de alto escalão, como os Orc Generais e Orcs Magos, foram derrotados, e sua voz ridiculamente alta chegou aos ouvidos do Vivo-Morto.

Se esse for o caso, o único inimigo que representaria uma ameaça para os aventureiros da classe C seria Bugogan, e mesmo ele era apenas Rank 7. Esse era o mesmo Rank que um Dragão da Terra, mas ele ainda era um inimigo que poderia ser derrotado se aventureiros de classe C formassem um grupo e lutassem juntos.

Contratar aqueles aventureiros da classe C não seria barato, mas muito mais acessível do que reunir uma força de extermínio de centenas. Mesmo se eles sofressem baixas, perder alguns trabalhadores contratados não seria um problema, ao contrário de perder soldados e cavaleiros.

Era o que Luciliano estava pensando, mas seus pensamentos foram interrompidos quando algo entrou na casa que havia sido destruída por seu dono em fúria.

Os passos eram muito baixos para que Bugogan voltasse após sua vitória, e havia vários deles. Eram Goblins que se perderam na confusão da batalha?

— Aí está, é um humano.

— … Ela ainda está viva?

Mas as criaturas que apareceram eram os Ghouls com suas jubas de leão. Luciliano arregalou seus olhos de surpresa.

Não é possível, os Ghouls não ganhariam contra os Orcs Nobres?!

Luciliano tinha ouvido que não haviam Ghouls superiores como Ghouls Tiranos e Ghouls Magos Anciões nesse Ninho do Diabo. Os Ghouls descendo a porrada e massacrando os Orcs era um resultado que ele nunca esperaria.

Não, Luciliano não seria o único. Ninguém acreditaria que fosse possível um grupo de várias centenas de Orcs serem aniquilados em um conflito interno no próprio Ninho do Diabo.

Contudo, não importa o quão inacreditável isso era, os Ghouls ainda estavam na visão de Luciliano.

— Ela se moveu um pouco, pelo visto ela está viva. (Ghoul Homem)

— Certo, vamos levar ela para junto dos outros humanos. (Ghoul Homem)

— Espera, deixa eu cobrir o corpo dela antes de levarmos. (Ghoul Mulher)

Uma mulher Ghoul apareceu de trás dos homens. Ela cobriu o corpo da Vivo-Morto que estava nú desde que Bugogan parou de estuprá-la, usando as peles da cama.

Luciliano observou esse ato de consideração com um olhar frio.

Agora que os Ghouls venceram, salvar as mulheres prisioneiras vai ser impossível.

Todos sabiam que os Ghouls eram como o pessoal do Sul, adoravam uma carne. Não havia dúvidas que eles usariam as mulheres capturadas pelos Orcs como comida em seu banquete de comemoração à vitória.

Ou talvez eles transformassem elas em Ghoul através de seu ritual, mas de qualquer forma, salvá-las agora seria impossível.

Bem, considerando como as coisas seriam depois que elas fossem resgatadas, tenho certeza que elas seriam mais felizes se fossem mortas aqui.

Elas eram vítimas que foram contaminadas pelos Orcs; Luciliano sabia que tinha uma grande chance delas nunca serem felizes mesmo depois de serem resgatadas.

Em pouco mais de um mês sendo mantidas em cativeiro pelos Orcs, elas já teriam feridas profundas em seus corpos e mentes devido aos terríveis abusos dos Orcs. Seria difícil elas se recuperarem sozinhas.

Nesse estado, seria difícil elas voltarem a ser aventureiras, e mesmo se quisessem, elas não teriam mais seu equipamento.

Talvez não fosse tão ruim se elas tivessem alguns fundos a salvo na Guilda, mas as aventureiras capturadas eram todas de classe D. Era improvável que eles tivessem dinheiro suficiente para comprar novos equipamentos.

Mesmo se elas desistissem e se aposentassem, seriam consideradas sujas e nunca receberiam propostas de casamento se as pessoas descobrissem que elas foram contaminadas pelos Orcs, até mesmo encontrar um emprego normal seria difícil.

Se fossem meninas normais da aldeia, ainda podiam contar com a ajuda do governo local. Do ponto de vista de Luciliano, o visconde Balchesse era justo como um nobre. Ele provavelmente não cuidaria delas pela vida toda, mas ele as sustentaria por pelo menos um ou dois anos. Mas essas mulheres eram aventureiras. As pessoas escolhem ser aventureiros por sua própria conta e risco, e tudo o que acontece com elas é de sua própria responsabilidade. A perspectiva de receber ajuda do governo era sombria. Na melhor das hipóteses, elas receberiam o equivalente a um mês de despesas básicas.

Heróis salvando mulheres capturadas por monstros e vivendo felizes para sempre era algo que só acontecia nos contos de fadas.

Claro, ainda era melhor do que no passado, onde elas poderiam ser executadas como – bruxas que deixaram monstros usarem seus úteros – ou tratadas como – espólios de guerra – pelos aventureiros e vendidas para um traficantes de escravos.

Enquanto Luciliano refletia sobre as incertezas do mundo, os Ghouls começaram a levar sua Vivo-Morto para fora. Provavelmente seria comida logo logo, mas felizmente, os Vivos-Mortos não tinham nenhuma sensação de dor, então Luciliano não teria que sofrer.

Era por isso que ele pretendia obter o máximo de informações possível antes que o Vivo-Morto fosse destruído.

Aqui fora está lotado de cadáveres de Orcs, Kobolds e Goblins. Mas eu não vejo nenhum cadáver de Ghoul. 

Luciliano, que não estava assistindo a batalha, não tinha ideia do que aconteceu lá fora. Para compensar isso agora, ele moveu os olhos do Vivo-Morto ao redor para investigar os arredores, mas tudo o que viu foram informações que o colocaram… informações que deixariam seu empregador, o Visconde Balchesse e o Conde Palpapek de mau humor.

Até onde ele podia ver, os Ghouls não sofreram nenhuma perda significativa, e havia mais de uma centena deles. E por alguma razão, cada Ghoul estava bem equipado e alguns até tinham armas que pareciam ser mágicas.

— Isso tudo é graças ao rei. O rei mais brabo de todos, aquele que peitou e derrotou sozinho o Orc Nobre!

— Viva o Rei Ghoul! Viva Vandalieu!

E então Luciliano ouviu os Ghouls empolgados gritando essas palavras.

Resumindo, um Rei Ghoul com habilidades de liderança e comando havia aparecido, equipado os Ghouls com equipamentos melhores que os da maioria dos soldados, e por fim acabou peitando e matando um monstro Rank 7.

…Se o Vivo-Morto for destruído, vou seguir nisso não, mesmo que eu tenha que me ajoelhar e implorar.

Luciliano com certeza recusaria se envolver na batalha contra o Rei Ghoul que tinha mais de cem aliados. Não importa quanta grana pagassem a ele, não valeria nada se ele estivesse morto.

De repente ele notou que as muralhas de fora da aldeia desapareceram, a madeira usada nelas estava jogada aqui e ali pelo chão. Isso foi coisa daquele Rei Ghoul?

Mas eu ouvi dizer que o título de Rei Ghoul só é concedido quando várias vilas Ghouls formam uma aliança…

O Vivo-Morto foi gentilmente largado no chão de uma construção que não tinha muitos danos.

— Espere aqui. Vandalieu vai chegar logo.

Com essas palavras, os Ghouls que trouxeram ela foram embora. O fato dos Ghouls não ficarem de olho no Vivo-Morto era porque eles não a consideravam um inimigo.

Bem, para esses Ghouls, a Vivo-Morto tá mais pra comida que inimigo mesmo.

Mais de uma dúzia de mulheres estavam aqui. Elas eram todas humanas; com olhares mortos e distantes, além do corpo cheio de hematomas.

— Aah… Ah… Nnh… No…

— Uu, uwah… Hic… Aah…

— Me mate… Por favor… Me mate….

Até mesmo Luciliano que às vezes era chamado de Degenerado queria tampar seus ouvidos para não ouvir os lamentos e sussurros. Pelo visto essas eram as mulheres aventureiras que foram capturadas e mantidas em cativeiro.

Como aventureiras, elas tinham a mentalidade e o corpo mais fortes que a maioria das mulheres, mas agora estavam totalmente quebradas.

Luciliano não queria vê-las sendo comidas vivas. Ele tinha esperança delas serem mortas rapidamente.

— ?!

Enquanto pensava nisso, ele se assustou de repente. Era uma criança que o encarava.

Os olhos de cor estranha, carmesim e roxo-azulado, olharam para ele atentamente. A criança era muito pequena, não tinha mais de três anos. O que estava fazendo em um lugar como este?

Esse bicho é um Dampiro? O que uma criança Dampira está fazendo aqui? Onde estão seus pais? Não havia Dampiros entre os subordinados do Orc nobre; será que ele está do lado dos Ghouls? 

Essas perguntas passaram pela mente de Luciliano, mas as palavras da criança Dampiro as explodiram.

— Que porra se tá fazendo aí dentro? Esse corpo não é seu, certo?

Ele consegue ver através do Vivo-Morto?! Isso é impossível; minha técnica não é algo que pode ser visto tão facilmente! 

O Dampiro se aproximou do surpreso Luciliano.

— O espírito dessa mulher está bem ao seu lado. Ela está dizendo para você devolver o corpo e parar de contaminá-lo.

Ele consegue ver espíritos; ele é um espiritualista!

Luciliano era um mago do atributo vida, mas como ele não tinha a Classe Espiritualista, ele não conseguia ver os espíritos. Foi por isso que ele nunca percebeu o espírito do cadáver que ele usou para criar este Vivo-Morto flutuando ao lado dele.

Luciliano desistiu de tentar se manter escondido. Ele ainda tinha outras opções. Ele estava usando magia para emprestar os sentidos desse Vivo-Morto; ele mesmo não estava neste lugar.

Se ele trouxesse sua consciência de volta, Luciliano poderia escapar deste Ninho do Diabo. Ele não estava nem aí para oque o Dampiro faria com o Vivo-Morto depois disso.

— Qualé, corre não.

No entanto, a mão do Dampiro mergulhou no corpo do Vivo-Morto. Essa mão fria agarrou a consciência de Luciliano.

— Gah?! Oo… o que você fez?!

Luciliano tentou retornar sua consciência de volta ao seu corpo real, mas por algum motivo, não conseguiu. Ele soltou um grito com a sensação de pressão e desconforto.

— Se importa de responder algumas perguntas?

Luciliano tentou resistir sem responder, mas como a sua consciência estava nesse Vivo-Morto ao invés de estar em seu corpo original, ele não conseguia usar magia corretamente.

— Eu sou um aventureiro. Usei este Vivo-Morto para investigar essa aldeia Orc.

Com a perigosa sensação de não saber o que iria acontecer com ele, Luciliano decidiu confessar.

— … Por favor, me diga todos os detalhes.

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Vandalieu aprendeu muito com Luciliano. O senhor desta região, Visconde Balchesse e Conde Palpapek, que era um marechal da nação Mirg, já haviam descoberto a existência da grande vila de Bugogan e sua ambição de atacar a cidade. Já havia movimentos para organizar uma força de extermínio em grande escala sob a liderança de Conde Palpapek. Ao ouvir isso, Vandalieu sentiu uma dor de cabeça chegando.

Ele pensou que os Ghouls poderiam continuar vivendo normalmente no Ninho do Diabo depois que os Orcs Nobres fossem eliminados. Uma vez que os Orcs fossem eliminados, aqueles que estavam no topo da cadeia alimentar neste Ninho do Diabo seriam, é claro, Zadiris e os outros Ghouls.

No entanto, os humanos aprenderam sobre a ameaça que Bugogan representava e essa informação chegou até mesmo aos seus escalões superiores. Agora que planejavam enviar uma grande força de extermínio, as esperanças de Vandalieu desabaram.

— O marechal cancelaria esse plano se soubesse que a aldeia dos Orcs Nobres foi aniquilada?

Em resposta a esta pergunta, Luciliano endureceu o rosto do Vivo-Morto em silêncio, e então respondeu como se desistisse.

— Eu sou apenas um aventureiro. Não dou ordens nem tomo decisões. Mas não acho que o marechal cancelaria seus planos.

Vandalieu suspirou. Era exatamente como ele pensava.

Os Orcs Nobres que representavam uma ameaça direta à sociedade humana foram destruídos. Seus subordinados Orcs, que eram principalmente Orcs Generais e Magos, todos foram mortos, e mesmo que alguns Orcs ou Goblins e Kobolds escravos tivessem escapado, eles não eram uma grande ameaça.

No entanto, da perspectiva do marechal e visconde Balchesse que governava esta região, tudo o que mudou foi que a ameaça agora era os Ghouls ao invés dos Orcs.

Era um grande exército de Ghouls que destruiu um grupo de mais de quinhentos monstros, incluindo vários Orcs Nobres de Rank 6, liderados por um Rei Ghoul. Quem poderia dizer que esses Ghouls não seriam uma ameaça para a sociedade humana?

Como os Ghouls e Orcs eram considerados monstros pelos humanos, a mera existência de um grupo de centenas de monstros em um Ninho do Diabo a apenas três dias de viagem da cidade era uma ameaça para eles.

E se ficasse sabendo que um Dampiro bolado estava no meio do grupo de Ghouls, havia uma grande chance da Igreja de Alda aparecer. Mais especificamente, um clérigo especializado em lidar com vampiros, como o sumo sacerdote Gordan.

Essa até podia ser uma chance para Vandalieu matar o sumo sacerdote Gordan, que assassinou sua mãe. Mas ele ainda não tinha confiança para dizer que tinha o poder necessário para fazer isso.

Quando ele queimou Darcia na fogueira, Gordan tinha uma força equivalente a um aventureiro de classe B. Se isso fosse verdade, então se ele fosse peitar um monstro Rank 7 como Bugogan, ele provavelmente venceria sem ter que usar um esquema quase suicida como o de Vandalieu.

Vandalieu não seria capaz de derrotá-lo a menos que ele tivesse muita sorte. E sorte era a única coisa que mais lhe faltava.

É por isso que ele resolveu deixar essa a chance passar. Na verdade, ele realmente queria evitar essa situação.

Mas não tenho como evitar isso.

Seu rosto, incluindo os olhos de cores estranhas que eram a característica distintiva dos Dampiros, tinha sido claramente visto por Luciliano.

Ele tinha apenas temporariamente transferido sua consciência para este Vivo-Morto para pegar emprestado seus cinco sentidos. Seu corpo real estava em uma cidade distante. Vandalieu não tinha como impedi-lo de falar.

Luciliano deu uma de x9 e disse toda a informação que Vandalieu queria saber por medo de não poder escapar e não saber o que poderia acontecer com ele, mas o máximo que Vandalieu podia fazer era impedir que sua consciência voltasse do Vivo-Morto para seu corpo real. E mesmo isso exigia que Vandalieu tivesse constantemente seus braços sob [Transformação em Forma Espiritual] mergulhados no Vivo-Morto, então ele não poderia manter isso por horas.

Era impossível ele continuar segurando Luciliano dentro do Vivo-Morto sem dormir ou descansar até que o corpo real de Luciliano morresse de fome.

Sendo assim, as opções restantes eram apelar para as emoções de Luciliano , suborná-lo ou ameaçá-lo com o silêncio… Vandalieu descartou a opção de apelar para suas emoções. Ele não sabia que tipo de humano era Luciliano, mas mesmo sendo uma pessoa de bom coração, ele fazia isso porque havia aceitado um pedido. Se ele ficasse quieto sobre Vandalieu e os Ghouls e eles fossem descobertos mais tarde, a Guilda dos Aventureiros faria mais do que simplesmente puni-lo; ele provavelmente teria uma recompensa colocada em sua cabeça.

Ele provavelmente não concordaria em se colocar em perigo assim.

Vandalieu também descartou a opção de suborno. Não importava o que Vandalieu prometesse a Luciliano, ele acharia mais desejável o pagamento legítimo que recebia do nobre que o estava contratando.

A última opção era ameaçá-lo, mas isso não estava surtindo efeito. Luciliano estava com medo de Vandalieu por enquanto, mas assim que voltasse para seu próprio corpo, ele estaria livre e Vandalieu não seria capaz de colocar a mão nele.

Ameaçá-lo apenas com palavras era possível, mas Vandalieu estava convencido de que isso teria o efeito oposto.

Quem ficaria assustado com as ameaças de uma criança com menos de três anos?

Bom, pelo menos ele era bem assustador graças à sua aparência e à aura ao seu redor.

Tendo decidido que evitar que sua existência fosse conhecida pelos humanos seria impossível, Vandalieu voltou à sua primeira pergunta.

— Eu entendo porque você está dentro desse humano. Então, você matou essa pessoa?

Esta pessoa… Este Vivo-Morto parecia jovem e bastante saudável, considerando que havia sido mantido em cativeiro pelos Orcs. Também não havia sinais de espancamento ou ferimentos fatais.

Vandalieu só podia imaginar que ela havia sido morta de forma conveniente demais.

— Você matou essa mulher com o propósito de criar este Vivo-Morto?

Percebendo que essa era a pergunta que estava sendo feita, Luciliano balançou a cabeça.

— Não, eu… usei um cadáver que o visconde preparou! Esta mulher, eu não… não sei como ela morreu!

O que esse cara está dizendo, é verdade?

Vandalieu fez esta pergunta ao dono original do corpo deste Vivo-Morto, mas ela só respondeu com: – Meu corpo foi roubado! – E, – Devolva meu corpo! Não o corrompa ainda mais! – Ele não conseguia obter uma resposta definitiva.

Parecia que mais de um mês se passou desde que ela morreu, e durante esse tempo, ela tinha visto seu próprio corpo sendo estuprado por Bugogan repetidamente. Vandalieu não podia culpá-la por estar neste estado quebrado.

— … Entendo. Eu vou deixar você ir por agora. Mas da próxima vez que te ver, você será um homem morto.

— !

Quando Vandalieu soltou sua mão, a consciência de Luciliano rapidamente deixou o Vivo-Morto. A expressão apavorada desapareceu do rosto do Vivo-Morto e ele ficou completamente imóvel.

Vandalieu pensou que ele voltaria a ser um cadáver, mas ainda respirava e seu coração ainda batia. Provavelmente permaneceria como um Vivo-Morto até que o Mana que havia sido colocado nele acabasse.

— Obrigada por recuperar meu corpo.

— De nada. O que você vai fazer agora?

— Agora? Eu… eu já estou morta, então… 

— Você tá afim de renascer?

— Eh? O que você quer dizer com isso? Todo mundo que morre acaba recebendo uma vida nova e renascendo.

Parecia que o conceito do círculo de transmigração existia em Lambda. O nome de Rodcorte não era conhecido, mas todos sabiam da ideia de que as almas dos mortos um dia nasceriam de novo.

Então, é claro, ela considerou bom senso que se ela deixasse este mundo e entrasse na vida após a morte, ela renasceria um dia. Ela estava se perguntando por que Vandalieu fez essa pergunta óbvia a ela.

— O que to dizendo é, você não tá afim de renascer e ter uma vida nova agora?

— Agora mesmo? Isso é possível?

— Sim. Eu não posso te trazer de volta à vida. Mas, para sua sorte, tem uma nova vida dentro de você.

Vandalieu notou a presença de uma minúscula vida que ainda nem podia ser chamada de feto dentro do Vivo-Morto, caído mole no chão.

Ele estava perguntando se ela estava afim de entrar ali e renascer.

Você quer que eu me torne um orc?!

O espírito da mulher era amigável com Vandalieu por causa dos efeitos do [Atributo da Morte: Charme] e o fato de que ele havia recuperado seu corpo, mas mesmo assim ela acabou recusando a sugestão de Vandalieu.

Mesmo que ela já tivesse morrido, seria uma tortura para ela renascer como a filha daquele que estuprou seu corpo, um Orc, nada menos. Na verdade, se Vandalieu tivesse perguntado a ela: – Você gostaria de ir para a vida após a morte ou renascer como um orc agora? – Ela escolheria imediatamente ir para a vida após a morte.

— Fica tranquila, vou remover o máximo de genes Orc que puder. Você não vai se tornar um orc idiota como aqueles.

— Você pode fazer algo assim? Se houver sangue de Orc em uma criança, essa criança definitivamente se tornará um Orc, sabe? 

— Confia. Tenho certa experiência nisso.

Vandalieu tinha experiência na criação seletiva de animais, plantas e humanos. Para ser mais preciso, ele sabia que poderia fazer isso com sua magia da morte.

Entre os experimentos em Origin, havia pesquisas para ver se era possível usar a magia de atributo morte para matar certas partes de certos genes, resultando em procriação seletiva. E esses experimentos foram bem-sucedidos.

Ele tinha matado a metade cavalo dos genes de uma mula que era metade burro e metade cavalo. Isso resultou em um feto que se tornou um burro puro.

Sementes que eram resistentes às doenças e frio mas fracas ao calor, e sementes que eram resistentes ao calor mas fracas contra doenças eram misturadas, e então Vandalieu cortava as partes desnecessárias dos genes para produzir sementes que eram resistentes às doenças, frio e calor.

Ele tinha feito a mesma coisa em animais domésticos e zigotos humanos produzidos por esperma e óvulo de diferentes raças, com uma taxa de sucesso acima dos 90%.

Graças a esses experimentos, a nação militar dona do laboratório que Vandalieu era prisioneiro teve sua produção agrícola e sua reprodução animal aumentadas largamente, além de superarem várias doenças hereditárias, o que os tornou um país amplamente conhecido por sua medicina avançada.

Apesar disso, para a sorte deles as coisas não devem ter ficado boas depois da minha morte.

Voltando de sua viagem mental, Vandalieu seguiu explicando o processo para o espírito da mulher.

— O momento perfeito é logo em seguida ou um pouco antes do óvulo ser fertilizado, mas como já se passou algum tempo desde que ele se fixou no útero, eu não posso te deixar completamente humano. Felizmente eu sou capaz de te deixar humano o suficiente para você nunca ser considerado um Orc.

— Então isso significa que eu serei como um homem-besta?

— … Eu nunca vi um homem-besta antes, então não sei dizer.

O espírito da mulher ficou em silêncio. Ela parecia estar pensando profundamente.

 Vandalieu só ficou parado ali esperando ela chegar a uma resposta. Obviamente ele não estava ajudando ela por pura bondade. Seria conveniente a ele se ela escolhesse renascer ali.

Os objetivos de Vandalieu era se vingar, meter porrada nos caras roubados que reencarnariam nesse mundo, e reviver sua mãe, Darcia.

Um dos métodos que ele pensou para atingir esse último objetivo era, já que eles tinham muita afinidade com espíritos, fazer Darcia possuir um óvulo fertilizado para que ela tivesse uma pseudo-reencarnação. Mas era melhor ter o máximo de cartas possíveis em sua mão.

Não havia garantias que isso daria certo como foi em Origin. Ele não sabia se as criaturas desse mundo tinham genes e DNA, e mesmo se eles tivessem, a estrutura poderia não ser a mesma.

Ele estava querendo usar essa mulher como cobaia para descobrir isso.

Por isso Vandalieu ficou no aguardo enquanto ela pensava na escolha. Se ele contasse a ela suas circunstâncias, o efeito da habilidade [Atributo da Morte: Charme] a forçaria a balançar a cabeça. Mas isso não significava que ele queria mentir para ela também.

Que hipócrita. Vandalieu sabia que ele estava sendo hipócrita. Era por isso que ele pensava que se ela concordasse em fazer isso, ainda seria verdade que ele ajudaria ela de alguma forma.

— Eu tomei minha decisão. Por favor, permita-me renascer. 

— Entendo. Vou dar o meu melhor.

Ele usou [Transformação em Forma Espiritual] em seus braços e os enterrou no abdômen da Vivo-Morto. Então ele derramou Mana no feto menor que a ponta de seu dedo mindinho que vivia dentro do útero, determinando seu estado atual.

Ele podia sentir que não havia  quase nenhum gene humano no feto. Os genes eram principalmente de um Orc, e se a criança nascesse agora, certamente seria um Orc Nobre.

Como Vandalieu havia adivinhado antes, a reprodução de Orcs e Orcs Nobres era diferente das criaturas normais; os genes do Orc absorveram os genes da mãe conforme a criança se desenvolvia.

Sendo esse o caso, ele simplesmente tinha que reverter essa relação. Ele enfraqueceu os genes do Orc Nobre com o atributo de morte Mana e parou o enfraquecimento dos genes humanos, estimulando-os a se tornarem mais fortes. Se ele simplesmente impedisse o feto de morrer agora, ele se tornaria uma criança quase humana.

… Estou feliz por ter aprendido a habilidade de Controle de Mana.

Fazer isso sem nenhum tipo de equipamento científico era muito difícil. Isso não era algo que pudesse ser feito simplesmente empurrando seu Mana à força.

Se ele fizesse isso, este frágil feto seria destruído. Ele teve que selecionar delicadamente os genes e aplicar o tratamento a cada célula, uma a uma.

— Bem, até mais.

E então colocou o espírito da mulher cujo nome ele não sabia. Isso de repente o fez lembrar, havia polêmica na terra sobre quando alguém possuía uma alma – uma pessoa tinha uma alma no momento da fertilização, em algum momento durante a gravidez como feto ou desde o momento em que ele ou ela nasceu?

Em Lambda, neste caso particular, essa pessoa possuía uma alma começando agora mesmo, pensou Vandalieu. Não que fosse algo importante.

E então ele transferiu mais alguma Mana para o Vivo-Morto. Como ele não sabia quanta Mana Luciliano havia dado a ele, era preciso evitar que seu coração parasse antes que a mulher renascesse.

Agora ele tinha que decidir o que fazer com o resto das aventureiras, mas…

— Rei, por que as mina gosta tanto de você?

— … Sei lá, deve ser por causa das minhas habilidades.

Antes mesmo de Vandalieu interrogar Luciliano, as aventureiras se apegaram a Vandalieu.

— Aah…

— Por favor, por favor…

Com várias mulheres seminuas agarradas a ele, os Ghouls que estavam passando presumiram que Vandalieu era um baita garanhão, mas a realidade era bem diferente.

As aventureiras estavam em um estado em que suas mentes haviam sido destruídas, elas eram como cadáveres vivos que tinham a morte como sua única esperança. Para eles, a Mana com Atributo da morte em torno de Vandalieu parecia uma foice do Deus da Mortes que veio para lhes dar a salvação.

O [Atributo da Morte: Charme] não deveria ter efeito sobre os vivos, mas parecia que afetava os humanos que realmente queriam morrer, mesmo que ainda estivessem vivos.

Enquanto as mulheres que claramente não eram sãs cercavam Vandalieu e silenciosamente imploravam para que ele as matasse, ele sentiu sua própria sanidade sendo destruída.

Sua capacidade de concentração provavelmente aumentou por não olhar para as mulheres agarradas a ele enquanto falava com o espírito da mulher e realizava a terapia genética anterior.

No entanto, não importa o quanto ele desviasse os olhos delas, elas não iriam simplesmente desaparecer. Também havia aqueles que esperavam pela decisão do Rei Ghoul Vandalieu sobre o que fazer.

— Primeiro, matá-las está fora de questão.

Para Vandalieu, as mulheres eram suas inimigas, pois eram aventureiras da nação Mirg, mas ele não conseguia matá-las enquanto elas estivessem neste estado.

— Podemos libertar vocês perto da cidade–

— NÃO!

— Não, só me mate, por favor, me mate!

— … Não é uma boa ideia, pelo que vejo.

Vandalieu não estava tão familiarizado com este mundo como Luciliano, mas ele sabia que libertar as mulheres neste estado não as salvaria.

Ele tinha pensado que talvez elas tivessem família ou amantes esperando por elas na cidade, mas não parecia ser o caso. Ou elas não tinham ninguém em especial, ou estavam brigadas com suas famílias ou talvez seus companheiros estivessem em seu grupo quando eles vieram ali e foram mortos pelos orcs.

Mesmo assim, cuidar delas na aldeia Ghoul também não era uma opção.

Por enquanto elas estavam sob o encanto de Vandalieu, mas não tinha como dizer se isso ajudaria elas a recuperar a vontade de viver. Na verdade, era bem provável que a habilidade de Vandalieu fosse inútil nesse quesito.

— Bom, então o que vocês acham de se tornarem Ghouls?

Por isso, era natural que Vandalieu sugerisse essa opção. Ele tinha ouvido de Zadiris antes que um ritual pudesse ser realizado para transformar mulheres humanas em Ghouls.

Tarea era um exemplo vivo disso.

— Virarmos Ghouls…?

— Isso, aí vocês poderão ser minhas seguidoras–

Antes de Vandalieu terminar de falar, a luz voltou aos olhos sem vida das aventureiras.

— Vou me tornar um, vou me tornar um Ghoul…

Como carnívoros mostrando suas presas, a luz penetrou suas pupilas – todas elas começaram a sorrir, mas em vez de parecer que elas tivessem encontrado uma nova esperança, era mais como se elas tivessem sido quebradas além de todo reconhecimento e transformadas em pessoas completamente diferentes.

— Eu também, me transforme em um Ghoul…

— Vou me tornar um, vou me tornar um também, me faça sua seguidora…

E então todas as mulheres aventureiras escolheram se tornar Ghouls e o número de seguidores de Vandalieu aumentou em treze.

— Parece que o garoto conseguiu convencer elas a se tornarem Ghouls. Como não podíamos devolvê-las à sociedade humana, a única coisa que podíamos fazer era recebê-las como nossas irmãs.

— Isso é verdade, mas tinha uma mulher que estava falando com ele seriamente. Parecia que ele estava usando magia.

Zadiris e Basdia vieram dizer a Vandalieu que havia a opção de transformar as aventureiras em Ghouls, mas eles acabaram observando-o de uma curta distância.

— Você tem razão. Aquela mulher parou de se mover logo depois da conversa, como se ela tivesse morrido. Acho que devemos pedir ao garoto para explicar a situação assim que as coisas se acalmarem.

Zadiris observou as aventureiras se acotovelando e estendendo as mãos em direção a Vandalieu, assim como os mortos que se reuniram em torno do fio de aranha que desceu do Paraíso1Paraíso: Esta é uma referência a um conto japonês chamado “The Spider’s Thread”. Tem um artigo na Wikipedia sobre isso, então dê uma olhada lá se você estiver curioso. enquanto ela esperava as coisas se acalmarem.


 

Tradução: Camponês

Revisão: Marina e Lynn

 

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Vol. 1 – Cap. 22