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O Começo Depois do Fim – Cap. 332 – Última Misericórdia

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Meu olhar passou da mulher com a armadura laranja para a formação de ascendentes em torno dela se aproximando de nós. Suas expressões sérias, postura, andar, tudo sobre eles reforçava minha impressão de que os Granbehls haviam feito um investimento significativo para orquestrar esse último esforço desesperado.

Parando na frente de Darrin, nossa agressora colocou a mão na aura dourada que o continha.

— Lamento que você tenha se envolvido nisso, Ordin. Sei que falo por todos esses homens quando digo que você conquistou nosso respeito ao longo dos anos.

— Bem, então você poderia nos deixar ir. — Darrin arriscou, o charme em sua voz arruinado pelo abafamento do campo de força dourado.

A mulher balançou a cabeça, olhando-nos seriamente.

— Não, temo que não posso fazer isso.

Observei os mercenários, suas mãos agarradas firmemente em torno de suas armas, apesar de suas vantagens. Meus olhos se voltaram para onde havíamos cruzado para este andar. Deveria existir um fluxo constante de ascendentes entrando e saindo, mas ninguém novo passou pelo portal do segundo nível, e a rua que conduzia ao primeiro nível também estava vazia.

— Ainda planejando uma maneira de sair disso? — A mulher perguntou com uma sobrancelha levantada. — Admiro sua compostura, mas não adianta.

— Planejando? — ecoei, levantando uma sobrancelha. — É isso que parecia que eu estava fazendo?

— O astro de cinema aqui acha que é invencível depois de ser solto. — disse um dos homens mais próximos dela com uma risada. Seu cabelo ruivo tinha sido raspado nas laterais e cicatrizes marcavam seu rosto, os lados de sua cabeça e a pele nua de seus braços.

Aparentemente, mesmo o mais profissional dos mercenários não estava imune à doença de ser arrogante porque outro homem, este um usuário mais gordo de machado, inclinou-se preguiçosamente contra sua arma.

— Essa é uma jaula de força de nível superior, idiota. — disse ele com um sorriso malicioso. — O legal sobre essas coisas caras é que, embora custem tanto quanto uma propriedade nas Relictombs, elas drenam sua própria mana para usar contra você, reforçando a barreira.

— Então, de qualquer maneira. — zombou o ruivo com cicatrizes, sacudindo um pouco os ombros, — lute o quanto quiser.

A mulher de armadura laranja soltou uma risadinha e os mercenários atrás dela viram isso como um sinal para gargalhar de diversão.

Então, quando a barreira dourada de mana supostamente inquebrável se estilhaçou ao meu redor, suas expressões não poderiam ter mudado mais rápido.

— Puahaha! Olha para os rostos deles! — Regis gargalhou, praticamente rolando de costas dentro de mim.

— I-isso é impossível… — A mulher gaguejou, sua pele bronzeada um tom mais pálida.

— Já ouvi muito isso. — respondi casualmente, tirando o pó dos cacos dourados de mana solidificada de meu ombro.

Recuperando-se rapidamente de sua descrença, a mulher de laranja soltou um rugido gutural enquanto disparava para frente, sabres gêmeos aparecendo em suas mãos, brilhando em um fogo vermelho dourado.

Minha forma ficou borrada quando usei Passo Explosivo para diminuir a distância entre nós, pegando-a desprevenida. Chutei seus joelhos e bati seu rosto no chão com um golpe rápido na nuca.

No momento em que o resto dos mercenários despertou de seu choque e terror, sua líder já estava sob meus pés.

Meu olhar varreu os vinte homens e mulheres friamente. Tinha dado chances suficientes aos Granbehls.

— Regis, mate o resto. — falei.

Um lobo sombrio engolfado em chamas violetas apareceu repentinamente, provocando uma tempestade de maldições e gritos de surpresa. Sendo os mercenários durões que eram, no entanto, nossos oponentes reagiram com eficiência treinada, mantos brilhantes de todos os diferentes elementos irrompendo ao redor deles. Os escudos de mana também ganharam vida, banhando a plataforma com uma luz colorida.

Levei um momento para olhar para trás para Alaric e Darrin, cujas expressões perplexas indicavam que ainda estavam processando o que exatamente estava acontecendo. Embora a ideia de libertá-los para obter ajuda adicional tenha passado pela minha cabeça, não parecia necessário… e eu queria que eles tivessem um vislumbre de que tipo de pessoa estavam realmente ajudando.

Envolvendo-me em uma camada de éter, concentrei-me em meus oponentes, pronto para enfrentar sua enxurrada de feitiços.

Regis atacou como um meteoro, espalhando sangue onde quer que suas garras e presas escuras fossem, mas depois de matar alguns de seus camaradas, nossos atacantes foram capazes de cercá-lo com escudos de mana enquanto seus Conjuradores o bombardeavam com feitiços.

O ascendente com cicatrizes e cabelos ruivos em chamas foi o primeiro a se aproximar de mim, avançando com um martelo de guerra gigante na mão, criando uma cratera no chão a cada passo infundido de mana dele.

— Que se foda levar você vivo! — rugiu. — Morra!

Com os olhos injetados de sangue cheios de vingança, o Atacante brandiu seu martelo de aço enegrecido que parecia pulsar.

Cavei meus calcanhares no chão, direcionando uma explosão de éter do meu núcleo através do meu braço e em meu punho, mantendo um fluxo constante por todo o resto do meu corpo para me manter estável.

Meu punho nu colidiu com a frente de seu martelo de metal, criando uma onda de choque e de força que rasgou o ar.

Os mercenários próximos foram lançados ao ar, atingidos pela energia cinética enquanto o martelo do ruivo se estilhaçava exatamente como a jaula de força em que eles tentaram me prender.

Antes que meu oponente de olhos arregalados pudesse se recuperar, continuei com um soco revestido de éter em seu peito que me assegurou de que ele nunca se recuperaria.

Enquanto isso, Regis estava com suas mandíbulas na cabeça do usuário gordo de machado. Seu grito agonizante se transformou em um estalo angustiante quando meu companheiro fechou a boca antes de passar para sua próxima vítima. Enquanto os painéis protetores de mana foram capazes de deter o lobo sombrio por um momento, as garras de Regis eram infundidas com destruição, desintegrando lentamente tudo o que os mercenários pudessem conjurar. Ao meu redor, os mercenários se mexiam caoticamente, talvez agora percebendo o quão mais fracos eram.

Um Atacante veio da minha esquerda, levantando uma enorme espada cercada por uma forte torrente de vento, mas evitei a arma pesada facilmente, ignorando os arranhões de sua aura cortante. Quando a lâmina atingiu o chão, dei um chute para a frente contra a borda plana. Houve um rompimento de metal quando a lâmina serrilhada se soltou de seu cabo e deslizou pelo chão pra longe. O Atacante teve apenas um momento para olhar pasmo para sua arma quebrada antes que meu segundo chute o acertasse na lateral, fazendo-o bater na parede de um dos prédios ao redor.

Girando, me esquivei de um arco crepitante de eletricidade que deixou um rastro de terra destruída em seu caminho.

O conjurador de túnica soltou uma risada maníaca enquanto movia o braço, controlando o fluxo de mana elétrica de volta para mim.

Com outra série de explosões etéreas canalizadas pelo meu corpo, passei pelo conjurador, com meu braço ensanguentado abrindo um buraco em seu estômago. Sua risada se dissolveu em um grito histérico quando olhou para seu ferimento fatal.

Enquanto o ascendente desabava, com sangue escorrendo de sua boca, segurei seu corpo e girei, usando-o como escudo para pegar uma série de pontas de gelo que voavam em minha direção. Senti o corpo do homem tremer com o impacto dos espinhos, mas logo ele ficou inerte em minhas mãos.

Deixei o cadáver cair no chão.

Sacudindo o sangue do meu braço, examinei o campo de batalha; um dos mercenários havia fugido para o portal. Uma poderosa rajada de vento distorceu sua forma, e ele estava a apenas um passo de escapar, um braço já dentro da janela brilhante do portal.

O mundo mudou conforme minha percepção se estendia e as correntes de éter surgiam ao meu redor. Deixando que os fios de spatium me trouxessem informações, consegui encontrar a rota que me levava ao fugitivo.

E aí, dei um passo.

Gavinhas de relâmpago violeta crepitaram ao meu redor quando minha visão mudou para logo atrás do mago de vento. Agarrando-o pela parte de trás do colarinho blindado, puxei-o na minha direção.

— Onde você pensa que está indo? — perguntei.

Apesar do meu sorriso gentil, o rosto do ascendente se contorceu em uma expressão de horror.

— C-como… — resmungou antes de seu crânio bater no chão.

Sentindo a ausência da rica atmosfera de éter das zonas mais profundas da Relictombs, percebi a queda em minhas reservas com aquele único Passo de Deus e sabia que tinha que ser mais cuidadoso quanto ao gasto de éter.

Voltando para a batalha, vi Regis que havia se movido para outra vítima, o enorme lobo das sombras rasgando armadura e carne com facilidade.

Enquanto voltava em direção ao restante dos combatentes inimigos, uma sombra se moveu pelo ar bem na minha frente. Levantei meu braço esquerdo bem a tempo de pegar a mão segurando uma adaga, que brilhou enquanto se movia, assim como sua, portadora. A inimiga, uma garota de cabelo curto, de alguma forma camuflou a si mesma e suas armas, tornando-a quase invisível contra o cenário caótico que nos cercava.

— Você deveria ter escapado quando teve a chance. — disse, agarrando seu pulso.

— Foda-se! A ascendente camuflada gritou enquanto girava nos calcanhares e balançava a segunda adaga que segurava na outra mão.

A adaga nunca me alcançou. A ponta do meu dedo, estendida em uma garra afiada, rasgou sua garganta.

Com um jato de sangue e um gorgolejo ininteligível, caiu de joelhos. Atrás dela, observei Regis saltar sobre um Atacante que empunhava uma lança, prendendo a haste da lança entre as mandíbulas e partindo-a em duas antes de arrastar o homem para baixo. Discos giratórios de luz branca passavam por Regis, em sua forma de Lobo das Sombras, vindos de trás da esquina de um prédio próximo, pra onde uma dupla de mercenários estava recuando.

O movimento trouxe minha atenção de volta para a ascendente empunhando a adaga, que, enquanto segurava sua garganta rasgada com uma mão, conseguiu reunir forças para enfiar uma de suas adagas na minha perna.

Estremeci, mais por aborrecimento do que por dor, enquanto arrancava a adaga.

A ascendente camuflada congelou, incapaz de fazer qualquer coisa além de olhar enquanto a ferida que ela havia infligido desesperadamente começou a cicatrizar visivelmente na frente dela, antes de sucumbir ao seu ferimento fatal.

Finalmente, o inimigo começou recuar e dois dos homens tentaram fugir. Regis já havia matado um deles e ia atrás do segundo quando um dos discos brancos o atingiu no ombro.

A raiva emanou de meu companheiro quando ignorou isso e decidiu matar o fugitivo primeiro.

Quando acabei com alguns de nossos atacantes restantes, Regis tinha voltado sua atenção para o conjurador que o feriu com os discos brancos brilhantes. Estava se escondendo atrás de uma mulher grisalha em uma armadura de placas de aço sobrepostas.

Enquanto os dois tropeçavam de volta para um beco longe do lobo sombrio que os perseguia, a mulher conjurou uma caixa de mana cintilante ao redor dela e do conjurador. Uma segunda e uma terceira caixa se manifestaram ao redor da primeira, e ela respirou fundo, os olhos duros fixos em Regis enquanto o conjurador aliviado atrás dela começou a invocar mais discos brancos brilhantes. A cada passo que meu companheiro dava em direção aos dois mercenários restantes, suas garras ficavam mais brilhantes e mais sinistras até a destruição cintilar silenciosamente, derretendo sem esforço cada uma das três barreiras conjuradas. Pode-se dizer que meu companheiro estava saboreando suas duas últimas presas.

Deixando Regis para encerrar tudo, fui até onde Darrin e Alaric estavam me observando com olhos arregalados sob a aura dourada que os restringia.

O artefato da gaiola de força brilhava no chão onde havia sido jogado, projetando correntes douradas fantasmagóricas que serpenteavam ao redor de meus companheiros. Sem preâmbulos, pisei com força na pirâmide desdobrada e ela, junto com o chão, esmagou sob meu pé.

Quando a luz dourada se apagou, os dois homens cambalearam para frente. Massageando seus joelhos, o olhar de Alaric varreu o campo de batalha ensanguentado antes de perceber minha presença.

Limpando a garganta desconfortavelmente, lançou um olhar para Darrin antes de olhar para mim.

— Você… uh… está machucado?

— Teria sido mais rápido se vocês dois tivessem se juntado a nós. — eu disse com um encolher de ombros.

— Você parecia ter as coisas… sob controle. — Darrin murmurou, seus olhos verdes esmeralda ainda absorvendo a visão ao nosso redor.

Uma figura se mexeu no chão à esquerda de onde estávamos.

Alaric e Darrin olharam para mim, mas balancei minha cabeça. A deixei se recuperar enquanto se levantava do chão com um gemido abatido. A armadura outrora laranja estava tingida de carmesim, mas a maior parte do sangue não era dela. Além de um arranhão em seu rosto e o que parecia ser uma terrível dor de cabeça, ela não estava gravemente ferida.

Caminhei em direção a ela e esperei em silêncio até que ela finalmente pudesse ver o cenário que a rodeava.

— Não… — ela sussurrou, os olhos vermelhos e marejados de lágrimas.

A ascendente virou seu corpo trêmulo para onde eu estava.

— Por favor… apenas me deixe viver. — implorou.

— Eu não te deixei viva apenas para te mostrar essa bagunça. — respondi, em tom uniforme. — Eu tenho um trabalho para você.

Ela acenou com a cabeça ferozmente.

— Qu-qualquer coisa que você quiser.

— Diga ao homem que a contratou que este… —  varri meu olhar através da plataforma do portal agora cheia de cadáveres. — foi meu último ato de misericórdia.

A mandíbula da mercenária cerrou, mas acenou com a cabeça mais uma vez em compreensão.

— Se ele escolher ignorar qualquer resquício de sanidade que tem e vier atrás de mim novamente, vou me certificar de que Ada será a única Granbehl que vai sobrar para chorar por seu sangue. — eu disse, dando a ela um sorriso triste. — Afinal… eu sei onde eles moram.

Com um último aceno de cabeça, ela se afastou, mal conseguindo passar pelo portal.

Fui até Darrin e Alaric, que observaram minha interação com a mulher em um silêncio carrancudo.

— Vocês discordam de como eu lidei com isso? — perguntei.

— O resultado? Não, nem um pouco. — Darrin respondeu antes de olhar para longe.

— O método, bem…

— O resultado teria sido melhor se você pudesse nos arrancar da gaiola de força sem quebrá-la. — Alaric resmungou, segurando os pedaços quebrados do artefato com ternura. — Você tem alguma ideia de quanto isso vale?

— Se você o vendesse, ele simplesmente voltaria para as mãos de alguém como os Granbehl. — respondi, impassível.

— Bem, claro… — gaguejou —, mas eu ficaria significativamente mais rico nesse meio tempo!

Bufei e Darrin deu de ombros, sem resposta.

Regis escolheu aquele momento para reaparecer do beco. Pulou ao meu lado, sua boca vermelha de sangue, não pude deixar de notar a maneira como Darrin o olhou desconfortavelmente.

Sacudindo-se, Regis lançou um jato fino de gotas vermelhas quentes no ar, espirrando em Alaric, Darrin e em mim com pequenas manchas de sangue. Darrin recuou, cobrindo o rosto com o braço, enquanto Alaric olhava para longe, desanimado e com o rosto manchado de vermelho.

— Estou me sentindo muito melhor. — transmitiu, com a língua pendurada no canto da boca. — Vou tirar uma soneca agora.

Darrin e Alaric assistiram, pasmos, enquanto Regis desaparecia, voltando para o meu corpo.

— Sua magia e… invocações… — Darrin fez uma pausa, como se procurasse as palavras certas. Ele abriu a boca, hesitou e fechou-a novamente. No final, apenas balançou a cabeça, impotente.

— Estou mais curioso para saber como você escapou da gaiola de força. — Alaric admitiu enquanto tentava forçar o fechamento de um dos painéis triangulares.

— Isso deveria ser impossível.

— Você realmente quer saber? — perguntei, encontrando os olhos de Alaric. Ele olhou para a terra compactada por um segundo antes de chutar uma pedra solta. — Não, acho que não.

Por cima do ombro, Darrin disse:

— Bem, eu certamente gostaria de saber, e espero que um dia você confie em mim o suficiente para me contar seu segredo, Grey.

— Qual deles? — Regis bufou divertidamente.

Quando não respondi imediatamente, o rosto de Darrin se contraiu com um sorriso hesitante, e ele se virou, levando nosso grupo para fora das Relictombs.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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