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O Começo Depois do Fim – Cap. 315 – Fora do Lugar

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Observei com admiração enquanto Regis se arrastava para fora das profundezas da minha sombra. Além do fato de que eu só cheguei em seu peito quando ele ficou de quatro, seus membros dianteiros agora mais longos e musculosos do que suas pernas traseiras, a aparência do lobo das sombras tinha mudado drasticamente.

O pelo de Regis se projetava em pontas duras, brilhando como obsidiana sob as lâminas afiadas de chamas roxas que dançavam sobre ele. Seus chifres eram lanças que saíam de sua têmpora e se projetavam para a frente como os de um touro, enquanto fileiras de adagas serrilhadas se projetavam para formar suas presas.

Um rugido poderoso saiu da garganta de meu companheiro sombrio, enviando uma pressão palpável semelhante à versão etérea da Força do Rei que aprendi com Kordri. Sentindo o perigo, a atenção dos três golens gigantes se voltou para Regis.

Minha cabeça disparou de volta para Caera.

— Mudança de planos. Ajude Regis!

Caera, apesar de seu estado de fadiga, deu-me um aceno firme e canalizou o fogo da alma em sua lâmina escarlate enquanto Regis avançava, chutando uma nuvem de neve atrás dele.

Os movimentos de meu companheiro ficaram borrados quando arrancava um pedaço de um dos golens com suas garras antes de girar e atacar outro com sua cauda pontiaguda.

Onde suas garras se moviam, uma linha violeta se arrastava atrás, carregando consigo o aspecto da Destruição.

Embora não seja tão potente quanto as chamas violetas que consegui produzir utilizando a runa divina, seus ataques foram capazes de inibir a capacidade de regeneração dos golens, ao contrário do fogo da alma de Caera.

Consumindo a informação que estava sendo dada para mim através das trilhas de éter, dei um Passo de Deus para perto do golem gigante ainda tentando regenerar parte de seu torso e pulei em cima de seu ombro antes de mergulhar minhas mãos em seu corpo.

Quando comecei a absorver a nebulosa etérica que constituía sua forma real, o terceiro golem retaliou conjurando uma lança de gelo em sua mão com garras e jogando-a em mim.

Antes mesmo de eu decidir reagir, uma esfera de fogo da alma se chocou contra o gelo gigantesco, consumindo o ataque do golem antes de esvoaçar.

Minha expressão deve ter denunciado minha surpresa ao ver seu novo feitiço, porque Caera me lançou um sorriso malicioso e disse.

— Você não é o único que esteve treinando, Grey!

Com minhas reservas quase cheias, comecei a aglutinar o éter na palma da minha mão em preparação para outro Canhão de Éter quando o golem em que eu estava balançou, me jogou para longe.

— Cuidado! — gritei para Regis, que havia batido a cabeça contra o golem que eu estava em cima, espetando-o com seus chifres.

Torcendo meu corpo para me reorientar, lancei a explosão condensada de éter na cabeça do golem. Uma explosão silenciosa reverberou quando meu feitiço atingiu, mas mesmo decapitado, o golem ainda foi capaz de envolver todos os seus seis membros em torno de Regis.

Os outros dois golens rapidamente se aproveitaram da mobilidade limitada de Regis e começaram a esmurrá-lo com uma enxurrada de punhos, garras e pingentes de gelo. Apesar do ataque que enfrentou, no entanto, seu casaco espesso de pele com pontas e chamas dentadas mitigou a maior parte dos danos que sofreu, dando a mim e a Caera outra abertura.

Canalizando mais éter em minha mão direita, condensei tanto quanto possível antes de voar em direção ao aglomerado de golens gigantes e lançar meu ataque à queima-roupa.

Ao passo que o ataque de curto alcance reduzia muito a quantidade de éter que vazava durante a viagem no ar, o rebote do impacto feito pelo feitiço foi forte o suficiente para me jogar de volta vários metros no ar.

Usei o Passo de Deus para o chão, absorvendo o impulso do recuo, então acendi a runa divina mais uma vez para evitar um pingente de gelo gigante do tamanho de uma carruagem que havia sido arremessado contra mim.

Caera soltou outro grupo de bombas de fogo da alma menores que se expandiram com o impacto, destruindo pedaços dos membros e corpo do golem gigante, libertando Regis.

Soltando outro rugido que parecia mais um dragão do que um lobo, Regis se tornou um redemoinho de chamas irregulares, presas e garras, cortando o trio de golens como se estivessem em uma debulhadora.

— Eu nem mesmo acho que somos necessários neste momento. — disse Caera com uma risada cansada, as chamas negras dançando em torno de seus dedos diminuindo.

Como se os golens considerassem suas palavras um desafio, as construções físicas que formavam seus corpos repentinamente desabaram no chão.

A névoa roxa que formava suas verdadeiras formas começou a se aglutinar, tornando-se mais espessa e clara, enquanto também se condensava em uma forma menor.

Uma cúpula de força cinética irrompeu de onde o ser etérico se reuniu, enviando Regis voando sobre a neve. Caera mal foi capaz de se ancorar cravando sua lâmina no chão, enquanto optei por me cobrir com uma camada mais espessa de éter e enterrar meus calcanhares no chão.

Do epicentro da explosão apareceu um ser humanoide etéreo com quatro braços roxos translúcidos e um par de asas que mediam o dobro de seus dois metros de altura. Cobrindo seus membros havia placas de armadura feita de gelo. Mas a característica mais surpreendente era o fragmento de portal branco cobrindo metade de sua cabeça sem rosto como uma máscara decorativa.

Caera deu um passo à frente.

— Isso é…

Um sorriso se formou na borda dos meus lábios.

 — A peça do portal.

Meu corpo estava tingido com uma tonalidade violeta com o éter se agarrando firmemente a mim. Me preparava para enfrentar o humanoide de quatro braços, no entanto, uma explosão aguda de pensamentos maliciosos quebrou minha concentração.

— Essa coisa é minha! — Regis rosnou com uma voz que não parecia muito com a sua.

Meu companheiro sombrio avançou como um borrão, atingindo o humanoide roxo com suas garras mortais. No entanto, a neve abaixo de Regis cedeu e endureceu de modo que seus membros ficaram congelados no chão.

Soltando um grunhido frustrado, o lobo das sombras começou a sacudir seu corpo, tentando se libertar, mas mesmo com o aspecto de Destruição revestindo seu corpo, o gelo se manteve firme.

Com uma batida de suas asas roxas translúcidas, o ser disparou muito acima do solo e começou a lançar uma chuva de pingentes tingidos de éter.

Caera passou à minha frente, colocando-se entre Regis e a enxurrada de pingentes revestidos de éter sem hesitação, e conjurou uma parede de fogo espiritual.

Enquanto isso, acionei Passo de Deus, teletransportando-me no ar acima de nosso oponente para parar seu ataque. Envolvendo-me em uma nuvem de energia violeta, orientei-me enquanto caia em cima dos ombros do humanoide.

Agarrando o pescoço do ser, envolvi minhas pernas em volta de sua cintura e tentei arrancar o pedaço do portal de sua cabeça. No entanto, a placa de pedra branca não se moveu e as placas de armadura congelada começaram a roer a camada protetora de éter que me cercava.

Vendo que Caera havia conseguido bloquear a maior parte do ataque com suas chamas negras e libertar Regis, mudei minha tática.

Em vez de tentar arrancar a peça do portal, agarrei a cabeça do ser humanoide com as duas mãos. Ao tentar absorver o éter que formava sua carne roxa, no entanto, fui dominado por uma torrente de energia.

Era como tentar beber água do fundo de um lago. Correndo o risco de me afogar, soltei meu aperto em torno de sua cabeça e foquei nas asas do humanoide.

O ser começou a se contorcer de dor, tentando me puxar de suas costas com os braços, mas eu me agarrei com firmeza mesmo quando a frieza do meu inimigo emanou através de minha mortalha protetora.

Acumulando uma esfera condensada de éter em volta da minha mão direita, que ameaçava explodir ao menor intervalo de minha concentração, comecei a moldá-la como havia praticado com o brinquedo de frutas secas que Three Steps havia me dado.

Raios de energia roxa vazaram quando tentava mudar a forma do éter, mas persisti até conseguir fazer algo semelhante a um disco deformado.

Alimentei-me do éter do humanoide continuando e tentando torná-lo mais fino, mas um estalo agudo ressoou pela planície de neve e uma dor entorpecente irradiou de minha perna esquerda.

Quase perdendo a concentração o suficiente para explodir o disco etérico que segurava na palma da minha mão, optei por disparar o feitiço em vez disso, visando a base da asa direita da criatura.

O disco roxo translúcido disparou da minha mão, dissipando-se no ar em poucos instantes, mas não antes de conseguir cortar a asa do humanoide de forma limpa.

Um som áspero semelhante a um zumbido e um guincho saiu do ser etéreo antes de nós dois começarmos a despencar no chão nevado.

— Regis! — gritei, em voz alta na minha cabeça para chamar a atenção do meu companheiro sombrio.

Vendo o grande borrão escuro se aproximando de nós no chão, liberei meu aperto em torno do humanoide antes de ativar o Passo de Deus mais uma vez.

Com o crepitar de um raio violeta, cheguei ao chão, mas imediatamente caí para frente quando minha perna esquerda cedeu debaixo de mim.

— Grey!

Caera correu para o meu lado, seus olhos escarlates olhando com horror para minha perna quebrada. No entanto, meu foco foi para a ferida ensanguentada em seu ombro.

— Como você conseguiu essa lesão? — perguntei, estremecendo com a dor da minha perna moendo e mudando enquanto curava.

A nobre Alacryana balançou a cabeça.

— Foi Regis, mas não acho que ele percebeu que tinha me batido. Ele não está exatamente no estado de espírito certo agora.

O aborrecimento aumentou ao ver Caera ferida por nossa causa, mas também estava grato que a habilidade de Destruição recém-adquirida de Regis não era tão potente quanto a minha.

Voltando meu olhar para a batalha que se seguia à distância, pude ver Regis e o ser etéreo sendo travados em uma batalha violenta. Cada ataque carregava força suficiente para liberar ondas de choque de energia que podiam ser sentidas até mesmo de onde Caera e eu assistíamos.

— Deveria ir ajudar. — disse, me levantando.

Caera olhou para minha perna curada, sua expressão escondida atrás de seu chifre de obsidiana, então olhou de volta para mim.

— Regis não parece querer ajuda.

— Eu sei. — fiz uma carranca. — Mas eu posso sentir essa nova forma dele o corroer.

Com um aceno de cabeça, ela deu um passo à frente, ficando ao meu lado.

— Drenei muita mana para ser capaz de acompanhar vocês dois. Vou apoiar por trás.

Meu olhar caiu para o corte curvo que alcançava seu ombro. Embora tenha parado de sangrar, pude ver um tom roxo sobre ele.

— Sinto muito por isso.

Caera me empurrou para frente com um sorriso fraco.

— Se deixar cicatrizes, você terá que responder a minha mentora. Agora vá.

Um raio etéreo estalou ao meu redor quando acendi o Passo de Deus. Meus arredores mudaram quando eu apareci alguns passos atrás do humanoide no momento em que seus braços triplicaram de comprimento e atingiram Regis, criando uma cratera abaixo dele.

— Essa coisa é minha! — Regis rosnou venenosamente.

— Cale a boca. — cuspi de volta, correndo para frente com um passo coberto de éter. Tirando as pernas do ser de debaixo dele, segui com um ataque explosivo antes de Regis me empurrar para fora do caminho e começar a rasgar o golem humanoide.

Um escárnio escapou de meus lábios enquanto a raiva continuava a crescer com a rebeldia de meu companheiro.

— Então é assim que você quer fazer?

Uma aura de energia violeta zumbia ao redor da minha mão em garra enquanto caminhava em direção a Regis e o ser etéreo rolando na neve como um par de animais selvagens lutando.

Não me preocupando em me suprimir por mais tempo, levantei minha palma aberta e apontei para os dois antes de lançar a torrente de éter.

Um grito desumano e um uivo profundo de dor ressoaram nos picos das montanhas. Tanto Regis quanto a criatura foram jogados no chão e se contorceram de dor, momentaneamente atordoados.

— Obrigado por segurar esta coisa firme. — amigo, disse antes de mergulhar uma mão no corpo roxo desbotado do ser e absorver seu éter. Ao mesmo tempo, trabalhei na peça do portal com a outra mão, tentando puxá-la para fora da cabeça sem rosto.

Usando o próprio corpo do humanoide para abastecer o meu, fui capaz de finalmente soltar a lasca de pedra branca.

A densa concentração de éter que constituía o corpo do humanoide se desfez. Sem a peça do portal servindo como sua âncora, o ser etérico detonou em um enorme redemoinho de energia violeta que logo desapareceu.

Fiquei sem jeito por um momento, o silêncio repentino foi desconfortável depois do barulho opressor da batalha, até que Regis finalmente encontrou forças para ficar em seus pés com garras.

— Olha o que você fez! — Regis cuspiu, avançando em minha direção com uma intenção mortal. — Se você não estivesse tão obcecado por aquele pedaço de pedra idiota, eu teria sido capaz de absorver todo o éter dele!

— Então o quê? — correspondi ao olhar ameaçador de meu companheiro, nem um pingo de simpatia evidente em minha voz. — Você ia matar a mim e a Caera e brincar livremente neste deserto?

Regis mostrou suas presas obsidianas.

— Talvez eu matari—

Meu punho cravou na lateral de seu rosto, golpeando sua cabeça no chão.

Estendendo a mão para impedir que Caera se aproximasse, mantive meu olhar em Regis.

— Parece que fui um pouco mole demais com você.

Com um grunhido alimentado de raiva, o lobo sombrio retaliou com um golpe de sua pata enorme, então me atacou com mandíbulas entrelaçadas de Destruição. No entanto, seus movimentos eram selvagens na melhor das hipóteses e infantis na pior, tornando-os fáceis de esquivar.

Retornei cada um de seus ataques com um golpe revestido de éter, exceto o meu realmente conectado. Depois de toda a prática para receber informações dos caminhos etéreos para usar o Passo de Deus, pude sentir as melhorias no meu tempo de reação e acuidade mental na batalha.

— Você esqueceu que não tem ideia do que aconteceria com você se eu morresse? — gritei, jogando um gancho em seu lado que o mandou derrapando na neve por vários metros.

Ele soltou uma risada fria e cruel.

— Não finja que você se preocupa comigo. Você só me viu como uma arma, uma ferramenta para você usar! Agora que você viu meu potencial, você está com medo de mim, não é?

— Eu ficaria muito mais emocional se tivesse realmente visto você como uma arma. — gargalhei. — Você tem sido mais sanguessuga do que qualquer outra coisa.

Com um uivo furioso, Regis avançou em minha direção, o aspecto da Destruição queimando ainda mais ferozmente.

Girando em meus calcanhares, me esquivei e aparei as garras mortais de meu companheiro, fazendo-o desperdiçar mais de suas reservas.

— Você tem sugado meu núcleo de éter até secar nos últimos dias, e você pensa de repente que poderoso? — disse com um escárnio. — Acho que os Asuras cometeram um erro quando me disseram que você seria uma arma.

— Cale a boca! — Regis rugiu, sua voz lentamente se tornando mais distorcida conforme o aspecto da Destruição assumia seu corpo.

Finalmente, quando percebi que meu companheiro tinha quase usado as últimas reservas de éter, me lancei para frente para agarrá-lo pelo pescoço, joguei-o por cima do ombro e o imobilizei no chão.

— Você não acha que se eu posso te empurrar para fora do meu corpo, também não posso te levar de volta?

O lobo do tamanho de um urso se contraiu quando começou a desaparecer, se transformando em fumaça e éter enquanto sua forma recuava para a sombra sob meus pés.

Regis queimava como uma estrela dentro de mim. Ativei minha runa divina em um esforço para assumir o controle do aspecto da Destruição que me assolava.

Precisei de cada fibra do meu ser para utilizar adequadamente a força pura do éter para controlar a entidade semelhante à praga da Destruição, mas depois do que pareceu uma eternidade, descobri meus olhos se abrindo lentamente.

Acima de mim, o céu brilhava como uma geleira azul e se movia com a aurora. Os olhos escarlates de Caera olharam para mim, misturados com surpresa e preocupação.

— Você está acordado. — disse ela com um sorriso aliviado.

Soltei uma risada rouca enquanto lutava para me sentar.

— Eu posso literalmente regenerar membros perdidos e você ainda se preocupa?

— Sim, eu me preocupo. — disse ela séria, ajudando-me a levantar.

Surpreso com sua franqueza, voltei minha atenção para dentro, para onde a presença de Regis brilhava fracamente.

Com um leve empurrão, meu companheiro emergiu da minha sombra na forma de um filhote de lobo diminuto. Nós nos olhamos por um momento antes que ele voltasse seu olhar para Caera.

— Grey, Caera… Eu—

— Não. — disse, interrompendo-o. — Você tentou me matar e eu disse algumas coisas bem cruéis, vamos dizer que estamos quites.

Despenteando sua cabeça sombria, eu atirei-lhe um sorriso.

— Além disso, você foi bem badass.

— Concordo. — disse Caera, dando-me um sorriso malicioso. — Talvez uma cicatriz de batalha me ajude a sair de alguns dos pretendentes em potencial que meu sangue tão gentilmente alinhou para mim.

Nós três começamos a rir no silêncio do campo nevado, mas um grito agudo do alto nos cortou. Olhamos para cima para encontrar várias formas brancas semelhantes a pássaros voando pelo céu azul.

— Bicos de Lança. — disse, as memórias deles massacrando o companheiro de Three Steps ainda frescas em minha mente.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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