O mundo mudou enquanto eu montava nas correntes de éter para chegar apenas dentro da porta aberta da antiga cabana, e imediatamente assumi uma postura defensiva.
Mas isso não era necessário.
Deitado no chão da cabana estava um muito, muito antigo Quatro Punhos, sem dúvida a fonte da poderosa presença etérica.
Seus músculos enormes atrofiaram, encolhendo-se sobre si mesmos como um odre vazio, sua pele dura desbotou para um branco como a neve, e sua pele pálida se enrugou e encolheu. Dois minúsculos olhos roxos se viraram para mim e a velha besta de éter sussurrou, baixo e gentil.
Ele tentou levantar a cabeça, mas depois de forçar sem sucesso por alguns segundos, se acomodou na depressão profunda que seu corpo havia feito na cama de galhos e plantas secas.
Um braço trêmulo se ergueu e apontou para a parede oposta. Meu olhar seguiu para o local indicado: em uma prateleira na parede estava uma placa longa e fina de pedra branca.
Três passos rápidos depois e a peça do portal estava na minha mão, fria e sedosa ao toque. Corri meus dedos ao longo das esculturas intrincadas, uma sensação de realização crescendo dentro de mim.
Voltei-me para o idoso Quatro Punhos, deitado indefeso no chão. A ideia de matá-lo cresceu em minha mente; essa “besta macaco” era um poço de éter tão grande que eu sabia que seria capaz de ficar mais forte se absorvesse seu poder, assim como fizera com a quimera ao lutar pela primeira vez com minhas habilidades etéricas.
Envolvendo meu punho com éter, levantei-o sobre a velha cabeça do Quatro Punhos, mas não consegui me forçar a atacar. Por mais poderosa e abundante de éter que fosse esta criatura, não era uma mera construção das Relictombs como a quimera tinha sido. Matá-lo apenas para consumir seu éter parecia profundamente errado… como se eu estivesse comendo outra pessoa.
Abrindo meu punho, saí da cabana e dei um Passo de Deus de volta para o chão onde Regis e Caera estavam esperando por mim.
— Consegui. — disse, segurando a peça do portal na minha mão para os dois verem.
— Bom trabalho, Grey. — disse Caera com um sorriso suave enquanto olhava para a laje de pedra lisa.
— Passarinho chegando. — observou Regis assim que Swiftsure pousou suavemente ao meu lado.
Seu bico em forma de dardo mergulhou para que ele pudesse inspecionar a peça do portal, e foi então que notei que os últimos centímetros de seu bico estavam vermelhos de sangue.
Ele não lutou conosco no campo de batalha, e eu não podia ver nenhum sinal de luta no resto de seu corpo de penas limpas.
Agarrei seu bico preto, assustando-o. Ele bateu suas asas e tentou dançar
para longe de mim, mas o segurei firme, girando sua cabeça para que eu o estivesse olhando nos olhos.
— De quem é este sangue? — perguntei, minha voz calma, mas fria.
O soltei para que pudesse responder. O pássaro assustado deu vários passos saltitantes para longe e me examinou com olhos arregalados e confusos.
— Quatro Punhos. Inimigo.
Meu olhar travou com o dele enquanto tentava estudar as intenções do nosso guia.
A mão quente de Caera tocou meu braço.
— Agora não é hora para isso. Conseguimos o que buscamos aqui, e não somos exatamente hóspedes de honra nesta tribo. — disse suavemente.
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Do vale oculto dos Quatro Punhos, Swiftsure nos conduziu de volta à encosta da montanha e mais longe da aldeia Bico de Lança.
Regis estava de volta ao meu corpo, reabastecendo seus suprimentos de éter, enquanto Caera e eu seguíamos de perto nosso guia. Apesar de finalmente conseguirmos fazer algum progresso em deixar esta zona, nenhum de nós estava com humor para conversar enquanto o peso de nossas ações na aldeia da tribo dos Quatro Punhos caiu sobre nós como uma mortalha escura.
Mesmo depois de descobrir que os Quatro Punhos não eram apenas inteligentes, mas realmente sapientes, percebi que se não fosse pelo gigante Quatro Punhos cinza me desafiando para um duelo, teríamos cometido genocídio.
Apesar das emoções ferventes que mantive reprimidas, fiz questão de manter o controle constante sobre Swiftsure. Enquanto eu ainda desconfiava de nosso guia, Caera e eu dependíamos relutantemente dele para nos mostrar a localização das outras tribos.
No final das contas, o que quer que Swiftsure tenha feito, era apenas o que ele havia sido ensinado a fazer pelo mundo cruel em que vivia. Foi bárbaro, mas essas tribos guerreiras de bestas etéreas ainda não haviam evoluído suas culturas além do nível de barbárie.
Os Quatro Punhos, eu tinha certeza, teriam feito o mesmo mal para os Bico de Lanças se tivessem a chance.
Deixando de lado meus pensamentos desnecessários, concentrei-me em nossa próxima etapa da jornada. O caminho em que estávamos nos levou mais alto, até a borda das cadeias de montanhas aparentemente intermináveis que cercavam a caldeia onde tínhamos aparecido pela primeira vez. O céu permaneceu claro e sem nuvens, a temperatura pairando um pouco abaixo de zero.
— Como você está? — Perguntei à Caera, que caminhava ao meu lado com um cobertor enrolado nos ombros e nos braços.
— Fui capaz de repor minha mana mais cedo durante seu duelo com os grandes Quatro Punhos, então estou bem. — respondeu com um sorriso fraco. Swiftsure, que passou a maior parte do tempo voando acima de nós, pousou à nossa frente, seus pés nunca quebrando a superfície crocante da neve. Ele se virou para olhar para mim, seu bico estalando duas vezes.
— Garras Sombrias. — então ergueu suas asas, segurando-as juntas.
Balancei a cabeça em compreensão, justo quando um lampejo roxo brilhou bem abaixo de Swiftsure, e a neve na nossa frente explodiu para cima, banhando Caera e eu com uma nuvem de pó branco.
Caera imediatamente se envolveu em uma mortalha de fogo negro, com o cobertor jogado de lado e sua espada já em sua mão.
Swiftsure soltou um grito de surpresa e tentou voar para o céu, mas seu grito aterrorizado foi interrompido quando um conjunto de garras violentas e roxas rasgou seu pescoço gracioso, espirrando sangue pelo chão aos meus pés.
O grito de advertência de Swiftsure foi interrompido em um gorgolejo estridente. As asas do Bico de Lança bateram descontroladamente, enviando uma rajada de penas brancas. Nosso guia ergueu-se alguns metros no ar, sangue chocantemente vermelho chovendo na neve branca e brilhante, então sua força acabou e ele caiu no chão, se contraiu e ficou imóvel.
Eu já estava me movendo bem antes de Swiftsure dar sua última respiração dolorosa. Meu punho revestido de éter sibilou através do ar frio, mas pouco antes de se conectar com o rosto de gato de nosso atacante, a criatura desapareceu em outro lampejo de energia etérica.
Passo de Deus! Pensei em choque, rapidamente procurando pelo atacante. Atrás de mim, Caera tinha sua lâmina banhada em chamas pronta para bloquear, mas antes que ela pudesse fazer qualquer outra coisa, a fera felina estava atrás dela, suas garras cravadas entre suas omoplatas.
Caera foi protegida pela mortalha de fogo da alma, mas as garras de éter foram capazes de rasgar a barreira de mana e cortar os elos da corrente que cobriam suas costas.
Ela rolou para frente, provavelmente se salvando de ferimentos graves, mas vários cortes longos percorreram suas costas.
Irrompi para frente, minha mão borrando no ar enquanto me lançava na besta etérea, uma Garras Sombria assumi, mas ela desapareceu antes que eu pudesse alcançá-la.
Caera apareceu coberta de neve e sangue, sua expressão mortalmente calma, como quando nos conhecemos nas Relictombs.
— Você sabe onde está? — perguntou, posicionando-se para que estivéssemos de costas um para o outro.
— Lá. — disse, apontando cerca de dezoito metros à nossa direita, onde a Garras Sombria estava agachada no topo de um fragmento de rocha negra com seis metros de altura.
O Garras Sombria tinha a cabeça e a pele branca manchada de um leopardo da neve, mas seu torso e membros eram humanoides. Suas mãos e pés eram felinos, e uma cauda longa e muscular balançava atrás dele. Embora estivesse a alguma distância, parecia pequeno, talvez com um metro e meio de altura no máximo.
— Arthur! — Regis transmitiu em advertência quando o éter flamejou atrás de mim e à minha esquerda. Girei, empurrando Caera para fora do caminho e dando um chute diretamente na fonte borrada de éter.
Meu contra-ataque não conseguiu se conectar, pois meu atacante já havia conseguido se esquivar. Ele cortou a perna plantada ainda no chão com suas garras etéreas antes de desaparecer novamente.
Mesmo que eu tivesse concentrado mais éter ao redor do meu corpo em defesa, as garras ainda conseguiram rasgar a carne acima do meu joelho, me fazendo dobrar.
Segurando-me, deixei o éter se agarrar com força ao redor do meu corpo explodir em uma força palpável que atordoou meu atacante antes que pudesse seguir a abertura.
Ele foi capaz de se teletransportar, mas isso me deu o tempo que eu precisava para curar minhas feridas.
— G-Grey. — Caera gaguejou, estremecendo de dor enquanto lentamente se levantava. — Isso…
— Desculpe. — disse, retraindo minha força etérea.
A nobre alacryana respirou fundo enquanto seus olhos continuavam a examinar nossos arredores.
Meus olhos, no entanto, foram diretos para as duas presenças etéreas nas rochas escuras. Agora as duas Garras Sombrias estavam agachadas acima de nós, seus olhos brilhantes rastreando cuidadosamente nossos movimentos.
Segurei o desejo de usar Passo de Deus nas rochas para enfrentar as duas Garras Sombrias, optando por permanecer ao lado de Caera.
Quando o éter se deformou à minha direita, minha mão disparou e agarrou um terceiro animal de éter felino em torno de sua garganta, apertando com força suficiente para sufocá-lo, mas não para matá-lo instantaneamente. Os olhos da criatura se arregalaram em alarme, então suas garras de éter incrivelmente afiadas rasgaram a carne do meu antebraço.
Apertei, com a intenção de quebrar seu pescoço fino, mas ele sumiu como os outros. No mesmo momento, a lâmina de Caera sibilou pelo ar logo abaixo do meu braço.
Virando-se para a ponta da rocha, encontrei todas as três Garras Sombrias olhando para nós, uma esfregando cautelosamente a garganta onde eu a tinha agarrado, um rastro de sangue escorrendo por sua perna peluda.
Caera começou a falar, mas rejeitei suas palavras. Observei os três atacantes com atenção: eles estavam absorvendo éter da atmosfera.
— Eles precisam carregar antes de usar a habilidade de teletransporte novamente. — disse calmamente.
— Perfeito. — disse Caera quando entrou na minha frente, sua expressão calma e gélida enquanto as chamas negras dançando na lâmina de sua espada escarlate.
As três Garras Sombrias ficaram tensas quando as chamas envolveram completamente sua espada. Ela ampliou sua postura e empurrou a espada para frente, liberando um violento jato de chamas em direção ao fragmento de rocha negra.
As Garras Sombrias explodiram em uma série de uivos aterrorizados quando dois deles desapareceram em um flash de energia etérica.
O terceiro, a criatura que peguei em minhas mãos quando nos atacou, não teve tanta sorte. Não teve tempo suficiente para reunir o éter necessário para usar sua habilidade de teletransporte novamente, e então foi engolfado pelo feitiço de Caera.
Por um instante, a Garras Sombria destacou-se contra a rocha escura atrás dela, cercada por uma luz negra e flamejante, então tanto a besta de éter felina quanto o pico pontudo da rocha desapareceram, destruídos inteiramente.
Um uivo de raiva e tristeza atrás de nós me fez girar. As Garras Sombrias restantes estavam a quinze metros de distância, agachadas na neve e gritando tristemente.
Dei um passo à frente instintivamente, mas as memórias da mãe dos Quatro Punhos segurando seu bebê para salvar a vida me fizeram vacilar.
Meu olhar cintilou para Swiftsure, contorcido de forma não natural na cama de neve vermelha. Ele arriscou sua vida, apesar de quase não saber nada sobre nós, e nos trouxe para sua casa. Apesar da cautela que senti por nosso guia, sua morte não foi justa.
Os Garras Sombrias haviam parado de uivar e agora pareciam estar envolvidos em uma conversa acalorada. Estavam distraídos. Assim como os Quatro Punhos, essas criaturas nos emboscaram e atacaram sem motivo. Agora não era hora de hesitar.
Decidindo-se, desfoquei meus olhos e os caminhos através do éter se iluminaram como as estradas noturnas do meu velho mundo diante de mim. Foi simples atravessar as vibrações, aparecendo entre as duas bestas éter discutindo no mesmo momento.
Antes que pudessem arregalar os olhos de surpresa, golpeei para fora com as lâminas de minhas mãos revestidas de éter, que desceram sobre os ombros de meus inimigos como machados.
As Garras Sombrias não pareciam se proteger com éter, e ambas as pequenas formas se dobraram sob o peso do meu golpe inesperado, seus ombros e pescoços despedaçados.
Ajoelhei-me sobre os corpos enquanto esperava que Caera me alcançasse. De perto, pude ver que as largas patas felinas não tinham garras naturais.
Eles criam sua única arma com éter, eu percebi, curioso e surpreso ao ver que havia criaturas em um lugar tão perigoso quanto as Relictombs sem defesas naturais.
— Você está bem? — Caera perguntou enquanto caminhava atrás de mim. — Eu vi sua perna antes… oh. —
Olhei para ela por cima do ombro.
— Eu me curo muito rápido.
— Isso é um eufemismo. — disse antes de seu olhar cair para as Garras Sombrias. — Achou alguma coisa?
— Estou verificando agora. — me virei e estudei os cadáveres das Garras Sombrias. Elas não usavam nenhuma roupa, mas ambos tinham bolsas de couro simples penduradas em cintos amarrados na cintura. Desamarrei o cordão de couro que mantinha uma das bolsas fechada e pesquei um punhado de pequenos objetos.
Primeiro foi um pedaço de carne seca de algum tipo. Farejei a carne e mordisquei um canto enquanto Caera me observava com expectativa, como um cachorrinho olhando para uma guloseima.
Eu agarrei meu pescoço, arregalando meus olhos enquanto deixava escapar ruídos sufocados. A nobre Alacryana soltou um suspiro assustado.
— Grey!
Trêmulo, segurei o resto da carne seca antes de colocá-la na boca.
— Estou só brincando.
Caera piscou em confusão, então estreitou os olhos.
— Isso não foi engraçado.
— Achei engraçado. — disse Regis em tom de aprovação.
— Obrigado. — respondi enquanto vasculhava o resto da bolsa, um sorriso puxando os cantos da minha boca.
Além de mais alguns pedaços de carne seca, a Garras Sombria também carregava uma faca preta esculpida no que parecia ser um bico.
— Essas coisas com certeza gostam de suas pequenas lembranças de assassinar uns aos outros, não é?
Regis apontou.
Coloquei a faca na runa de armazenamento dimensional, pensando que talvez pudesse ser usada como moeda de troca para receber mais ovos do Bico de Lança, e entreguei a carne seca para Caera.
— Isso, junto com as frutas que recuperamos da vila dos Quatro Punhos, deve evitar que você tenha que comer meu braço para permanecer viva.
— Outra piada, Gray? — Caera perguntou, horrorizada. Dei de ombros.
— Agora pode ser.
Os próximos itens que saíram da bolsa foram três pedras brancas com uma textura lisa, quase sedosa.
— Veja. — os levantei para Caera ver. — É a mesma pedra da cúpula e do arco.
Ela segurou quatro pedras de tamanhos e formatos semelhantes.
— Este aqui também tinha.
Caera tinha sua própria pequena pilha de itens: as quatro pedras, outro pedaço achatado de carne seca, um punhado de algum tipo de pequenas bagas arroxeadas e uma corda fina que parecia ser tecida com uma grama dura e amarela.
O último item da bolsa era um pedaço quadrado de ardósia com cerca de sete centímetros de largura. No começo pensei que não era nada mais do que isso, mas então virei para revelar uma imagem gravada de forma realista de dois jovens Garras Sombrias encostados um no outro.
— Uau. — murmurou Regis.
Era uma imagem muito bem desenhada e não pude deixar de pensar que tinha sido arranhada na superfície dura com uma garra etérica.
Caera se inclinou perto de mim, estudando o desenho na lousa com admiração.
— Esta é… basicamente a versão deles de um medalhão.
— Isso é o que eu estava pensando. — concordei.
— Estranho. — murmurou, traçando levemente o desenho esculpido com um dedo. — Por que eles nos atacaram?
— Eles podem ser tão sedentos de sangue quanto o Velho Broke Beak fez parecer. — disse.
— Depois do que vimos na vila dos Quatro Punhos, não parece tão simples. — O olhar de Caera se voltou para o cadáver ensanguentado de nosso guia. — E se fosse por causa de Swiftsure?
Olhei para ela interrogativamente, mas fiquei em silêncio, deixando o pensamento girar em minha mente. Pelo que tínhamos visto, a animosidade entre as tribos era inconfundível. Os Bico de Lanças penduravam peles de Quatro Punhos em suas paredes para decoração, mas o líder dos Quatro Punhos contra quem eu havia lutado tinha um capuz decorativo feito de penas e garras do Bico de Lança, e os Garras Sombrias carregavam facas feitas dos bicos de Bico de Lanças. Membros de ambas as tribos nos atacaram não porque fossem mais violentos ou animalescos do que os Bico de Lanças; era porque estávamos com um bico de lança.
Balancei minha cabeça. Tudo isso eram apenas especulações neste ponto, mas uma coisa permanecia verdadeira: as tatuagens, esculturas e agora este desenho gravado não eram apenas sinais de inteligência. Eles representaram uma cultura florescente.
— Devemos ir em frente e explorar. — disse, me levantando. Meu olhar caiu para os cadáveres das duas Garras Sombrias. — Mas vamos precisar nos livrar desses corpos.
Caera acenou com a cabeça solenemente. O brilho das chamas negras em sua palma logo engolfou as duas Garras Sombrias.
Eu havia utilizado muito pouco éter durante a batalha, então, em vez de escalar o penhasco rochoso, escolhi um ponto alto na encosta da montanha e fui até lá, levando Caera comigo para que pudéssemos ver o alto planalto em que estávamos viajando.
Caera soltou um suspiro agudo ao ver ao nosso redor. Era difícil acreditar que os djinn haviam criado todo este lugar. Quão absoluto seu domínio sobre o éter deve ter sido para eles deixarem para trás algo tão estranho e incrível como as Relictombs.
As montanhas que subiam abruptamente ao nosso redor pareciam ir até o infinito. Suspeitei que houvesse algum truque nisso e que Caera e eu poderíamos caminhar para sempre em direção àquelas montanhas distantes e nunca alcançá-las. Pareciam pouco mais do que um pano de fundo surreal para a caldeira e o anel de picos recortados que a rodeava.
Uma rajada de vento chicoteou meu cabelo cor de palha, e percebi que várias nuvens cinzas agora interrompiam o céu azul glacial, as marcas de pincel, os redemoinhos amarelos, verdes e roxos, estavam desaparecendo conforme uma névoa sutil entrava.
— O tempo está mudando de novo. — disse a Caera. Com os níveis de éter de Regis ainda se recuperando, eu era atualmente o único que poderia sobreviver às fortes tempestades nesta zona.
Apesar de quase sucumbir à tempestade em primeira mão, no entanto, os olhos de rubi da nobre Alacryana permaneceram determinados.
— Então, só precisamos encontrar a aldeia Garras Sombria antes que a tempestade o faça.
Com um aceno de cabeça, concentrei o éter em meus olhos para melhorar minha visão e comecei a explorar a paisagem circundante.
Demorou vários minutos para explorar as muitas dobras e vales disfarçados escondidos ao redor da base da grande cordilheira. Quando não encontrei nada no topo do platô, cruzamos um afloramento rochoso ao outro, até que contornamos o pico irregular e começamos a procurar novamente.
Não demorou muito para localizar o que estávamos procurando. Abaixo de mim, na próxima crista, havia cerca de vinte cabanas de tecido construídas dentro dos penhascos. Elas estavam cuidadosamente escondidas entre duas vigas de pedra afiadas, não conseguia ver nenhuma maneira fácil de entrar ou sair.
Uma pequena cachoeira descia pela encosta da montanha, formando uma poça em uma extremidade da aldeia. Observei quando uma Garras Sombria, que mal tinha o tamanho de uma formiga da minha perspectiva, se abaixou sobre a água para encher algo, então desapareceu de volta em uma cabana próxima.
— Lá. — Apontei meu dedo na direção da aldeia para que Caera pudesse ver também.
Ela deixou escapar um suspiro.
— Bem, em termos de posicionamento estratégico, eu diria que eles definitivamente têm a vantagem.
— Por enquanto, vamos descer novamente. — respondi baixinho. — Ainda há uma grande possibilidade de haver outros batedores ou guardas por perto.
No caminho de volta para a base do afloramento rochoso, paramos perto do corpo de Swiftsure. Não era uma visão bonita. O pescoço outrora gracioso do Bico da Lança foi aberto, suas penas brancas manchadas de vermelho com seu próprio sangue. Sua língua fina e farpada pendia grotescamente de seu bico.
Caera, que estava ao meu lado, juntou as mãos e fechou os olhos, inclinando a cabeça em respeito antes de voltar o olhar para mim.
— Devemos enterrar ou queimar o cadáver?
Eu balancei minha cabeça.
— Nem um, nem outro.
Curvando-me sobre o cadáver de Swiftsure, mergulhei a mão no ferimento fatal em seu pescoço e corri meus dedos ensanguentados pelo rosto e pelas roupas antes de me virar para Caera, que estava olhando boquiaberta para mim, confusa e perturbada.
— Eu tenho uma ideia que pode responder a sua pergunta mais cedo, bem como nos levar para a aldeia Garras Sombria. — disse enquanto caminhava lentamente em direção à nobre Alacryana com meus dedos ensanguentados.
Caera soltou um suspiro resignado.
— Já expressei exatamente o quanto não gosto de algumas de suas ideias?
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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