Depois de atravessar a multidão, finalmente chegamos ao café, onde vi rostos familiares.
— Hahaha! Bem-vindo! — O Inquisidor, líder do Panteão, acenou com o braço direito. — Não acredito que você realmente completou todos esses andares e o vigésimo em cinco dias! É a maior façanha que já vi desde que a Torre surgiu. Eu te respeito profundamente, Sr. Kim Gong-Ja. Espera, agora devo te chamar de Rei da Morte!
— Ainda estou me perguntando se não é um sonho… — A Paladina tomou um gole de seu café gelado. — Para ser honesta, achei que você, a Mestra do Dragão Negro e o Espada do Luar iam falhar e acabar mortos. Você completou o vigésimo andar sozinho, né? Se tem um segredo para o seu sucesso, por favor, compartilhe.
— Segredos… — sentei à mesa. — As coisas dão certo se eu viver uma vida gentil.
— Um conselho bem prático. — A Paladina sorriu com amargura.
— É bom ver vocês de novo. Faz um tempo, como estão? — perguntei.
— Bem, foram só cinco dias, eu não chamaria isso de “um tempo”. — A Condessa deu uma tragada em seu cachimbo de cabo longo. — No começo, ficamos na câmara de audiência como prometemos – promessa é promessa, afinal – mas depois de um tempo, os NPCs do Império começaram a se mexer de repente. Fiquei chocada!
— É mesmo — pisquei, surpreso. Isso deve ter acontecido quando derrotei o Rei Demônio no décimo segundo andar. Após derrotá-lo pela primeira vez, recebi uma missão, que desencadeou a retomada do tempo no décimo segundo andar.
— Não tinha pensado nisso. O que aconteceu depois?
— Os NPCs acharam que invadimos o palácio para derrubar o rei! — O Inquisidor deu uma risadinha. — Alguém com roupas chiques gritou: “Peguem esses traidores!” Os Cavaleiros Imperiais e seus soldados de elite vieram correndo atrás de nós. Nossa, fiquei todo arrepiado!
— Mas esse garoto tem muitos truques na manga. — Viper, o Caçador caolho que liderava a Seita OJP, bagunçou o cabelo do Inquisidor. — Deixamos eles nos prenderem obedientemente e depois escapamos da prisão. Tsc. Sério, foi uma loucura.
— Hahaha! Não foi divertido? Não esperava uma passagem secreta assim na masmorra! Me lembrou minha infância!
— Hã? Você disse que as máfias búlgaras te mantiveram em cativeiro quando era jovem.
— Sim! — O Inquisidor sorriu com inocência. — Por isso me lembrou minha infância! Prisão! Masmorras subterrâneas! Fuga! Esses são os pontos altos da minha querida infância! Ahhh… agora é tudo tão nostálgico.
— Seu louco… — Viper soltou um suspiro longo e alto.
Pelo visto, os líderes das guildas tiveram uma aventura e tanto enquanto eu enfrentava o Rei Demônio em meu confronto heroico.
— Sim, todos nós tivemos vidas fascinantes no mundo exterior. — A Bruxa Negra deu de ombros, juntando-se à mesa. — A Condessa nasceu numa montanha de lixo na Índia. Viper, seus pais eram chefões de gangue. A Paladina passou por poucas e boas na Venezuela. Somos todos lixo aos olhos das pessoas do mundo exterior, não é?
O ar no café ficou pesado rapidamente. Ninguém fez um som, exceto a Paladina, que tomou um gole de seu café.
— …Esse realmente não é o tipo de conversa para se ter num lugar assim. — Os olhos da Paladina pousaram sutilmente no meu rosto. — Você está tratando o Rei da Morte como um de nós agora?
— Sim — disse a Bruxa Negra. — Vocês não sabem, mas o Rei da Morte teve um papel vital para completar até o vigésimo andar.
— Estamos cientes.
A Bruxa Negra balançou a cabeça.
— Não, não estão. Não tivemos uma única baixa nesta expedição, mesmo com tantos Caçadores juntos no cenário do décimo primeiro andar. Todos voltaram vivos. Isso é tudo graças ao Rei da Morte. Ele me disse todas as táticas que eu precisava usar.
Todos os olhares estavam fixos em mim agora. O café estava completamente silencioso.
— É verdade — dei de ombros.
— Quero fazer deste homem o herói que representa a Torre — continuou a Bruxa Negra. Ela encontrou cuidadosamente os olhos de cada Caçador sentado ao redor da mesa, um por um. — Condessa, você ama dinheiro demais.
— Não posso negar isso — respondeu a Condessa, despreocupada.
— Inquisidor, você matou muitas pessoas.
— Sim! — A mão do Inquisidor disparou para o alto. — Foi um sacrifício necessário!
— Paladina, você odeia receber atenção.
— É só minha personalidade. — A Paladina tomou um gole de café.
— E Viper, você é…
— Hã? O quê? — Viper coçou o queixo.
— …Desculpe. Você é feio demais — terminou a Bruxa Negra, com uma expressão genuinamente apologética.
O Viper, horrorizado, abria e fechava a boca. No entanto, sua cabeça logo caiu. Ele era a própria imagem do luto de um homem de meia-idade.
— Como todos já sabem, Espada do Luar é só um velho obcecado por sua espada.
Os Caçadores assentiram.
— Eu muitas vezes tenho que trabalhar nas sombras, então não posso fazer isso — prosseguiu a Bruxa Negra. Finalmente, seu olhar afiado pousou em mim. — Em contrapartida, o Rei da Morte ainda não tem uma imagem pública. Se tentarmos, é mais que possível torná-lo o herói perfeito. Essa é uma chance de renovar a imagem da Torre.
O Inquisidor acariciou o queixo.
— Entendo. Somos todos notícia velha, então é verdade que perdemos um pouco de influência! Continuamos publicando revistas sobre Caçadores, mas as vendas estão caindo gradualmente no mundo exterior!
A Bruxa Negra assentiu.
— Sim, é disso que estou falando.
— Então devemos começar a trabalhar na imagem dele hoje! — O Inquisidor se levantou energicamente e me rodeou como um filhote de cachorro. — Hmm. Você é um pouco pequeno, mas tudo bem! Como podem ver por mim, câmeras e photoshop resolvem!
— Hmm… — pensei que o ponto forte do Inquisidor era justamente sua petiteza.
Um largo sorriso se espalhou pelo rosto pequeno do Caçador franzino.
— “Rei da Morte, o homem pequeno com um grande coração.” Uma frase de efeito assim vai funcionar perfeitamente!
Antes que eu pudesse retrucar, a Bruxa Negra, a Condessa, Viper e a Paladina se juntaram ao meu redor. Independentemente de suas afiliações, eles se reuniram e me examinaram da cabeça aos pés.
— Só por garantia: você está namorando alguém? — perguntou o Inquisidor em voz alta.
— N-não, não estou.
— Já namorou alguém depois que entrou na Torre?
— Não, nunca — balancei a cabeça.
— Em outras palavras, não há chance de um escândalo amoroso. Perfeito.
Não entendi muito bem para que isso era perfeito.
Os Rankers de Alto Nível começaram a conversar entre si.
— Estive observando, e ele parece um vilão de terceira se sorrir. Então acho que deve continuar misterioso. Ele tem uma boa cara de poker, vai funcionar.
— Mas não namorar ninguém é um problema por si só — disse a Paladina. — Deveríamos criar um escândalo amoroso nós mesmos. Se não, as pessoas lá fora vão inventar…
— Tudo bem. Eu cuido disso — tranquilizou a Bruxa Negra.
— Ah! Um amor que brotou durante cinco dias lutando por suas vidas juntos? Hahaha! Bom, bom! Vamos criar uma história que as pessoas vão amar!
— Que tal divulgar que o Rei da Morte tem doado uma parte significativa de seus ganhos para orfanatos? Tenho algumas doações anônimas que fiz para um momento como esse. Vou dizer que foram do Rei da Morte.
— Sim, por favor, faça isso, Condessa.
O quê? O que estava acontecendo agora?
— Vamos em frente! Precisamos de fotógrafos! — O Inquisidor sorriu radiante. — Melhor trazer estilistas também – temos que dar à mídia pelo menos uma foto hoje. Já fiz vários vídeos da batalha que tivemos no décimo primeiro andar, então vou postar na hora certa!
— Não, espera aí. Com licença, pessoal… — estendi a mão para eles.
— Não se preocupe. — A Bruxa Negra me interrompeu com um sorriso. Dava para sentir sua longa experiência naquele sorriso. — Rei da Morte, você não precisa se preocupar com nada. Nós cuidamos de tudo. Você deve… Sim, deve continuar fazendo o que tem feito.
— Espera, você disse que eu podia ser misterioso. Por que preciso de um estilista? — perguntei rapidamente.
— É só por um dia. Por favor. — A Bruxa Negra juntou as mãos, implorando. — Todo mundo quer saber sobre você. Uma foto – só tire uma foto e mostre para as pessoas. Por favor? Vai ficar tudo bem, Rei da Morte. Nossos estilistas exclusivos são incríveis.
Trinta minutos depois, descobri que definitivamente não ia acabar com uma foto só.
— Olhe para cá, por favor!
Flash!
Mais de dez estilistas vieram correndo. Eles me vestiram e arrumaram meu cabelo. Toda vez que me colocavam em roupas diferentes e mudavam ligeiramente meu penteado, a câmera do fotógrafo disparava.
— Sim, ótimo. Desta vez, segure uma adaga! Finja que é um lobo procurando sua presa nas profundezas da floresta!
— Não… Espera… — gemi.
— Muito bom!
Flash!
Os Caçadores estavam reunidos atrás do fotógrafo, me observando como falcões enquanto eu posava e sussurrando entre si.
— Ele fica surpreendentemente bem de terno.
— Talvez devêssemos adicionar um toque de imagem de garoto travesso.
— Não! Essa é a minha imagem!
— É verdade. Então o que fazemos… Que tal um jovem ardendo com espírito aventureiro?
— Vamos com essa.
Flash!
— Muito bom! — O fotógrafo me deu um sinal de positivo.
Muito bom, uma ova.
— Hahahahahaha! Haha! Haha! Hahahahahahahaha! — O Guardião estava rolando no ar fazia um tempo.
Mesmo depois de duas horas, o ensaio fotográfico estava longe de terminar. Finalmente, minha paciência esgotou.
— Chega! Não vou mais fazer isso! — tirei o paletó e joguei no chão. — O trabalho dos Caçadores é escalar a Torre! O que é essa história de imagem na mídia e ensaios fotográficos? Vocês não passaram do décimo andar por anos porque estavam ocupados demais preocupados com essa porcaria!
O ar ficou frio e silencioso. Talvez minha sinceridade tenha funcionado, porque a Bruxa Negra e os outros Caçadores me olharam, assentindo.
— …Essa frase não foi ruim.
— Sim, ele realmente é um jovem com paixão ardente por aventura!
— Vamos usar como slogan da próxima revista: “Caçadores são aqueles que escalam a Torre.”
— Costumávamos ter essa garra quando tínhamos vinte e poucos anos…
Não funcionou nadinha.
— Ah, esquece! Vim aqui para falar do vigésimo andar. Vocês podem ficar com todos os direitos do décimo primeiro ao décimo nono andar, então me deixem ter a posse da terra no vigésimo andar!
Os Caçadores assentiram novamente.
— Adicionar que ele não é ganancioso à sua imagem também vai ser bom.
— Que tal essa manchete para o jornal de amanhã? “Rei da Morte declara que compartilhará os direitos do décimo primeiro ao décimo nono andar com todos os Caçadores. Ele está satisfeito em completar a Torre.”
— Parece bom para mim!
— “Rei da Morte tem feito doações secretas para orfanatos” vai dar um bom artigo para a segunda página.
— Sim, então vamos dizer que oferecemos a terra do vigésimo andar ao Rei da Morte como sinal de nossa gratidão e respeito.
— Perfeito! Ahhh. Um final lindo!
Não. Eles não me ouviram de jeito nenhum. Estavam distraídos demais tentando me transformar em herói.
— Desista, jovem — disse o Espada do Luar, seco. Ele estava encostado num pilar. — A mesma coisa aconteceu depois que me tornei o Caçador Rank 1. Eles falaram todo tipo de coisa. “Existe algo chamado charme de idoso.” “Você deveria aparar o bigode de outra forma.”
Meu Deus.
— Essas crianças querem mostrar para o mundo exterior que suas vidas são boas e que deveriam se orgulhar delas. É uma espécie de complexo de inferioridade — informou Espada do Luar baixinho. — Eles abandonaram tudo do mundo exterior quando entraram na Torre, então o que os leva a agir assim…?
Ele virou as costas para eles.
— Vamos.
— O quê? — perguntei.
— Nunca vai acabar se você ficar aqui. Depois que terminarem o ensaio fotográfico, vão dizer que é hora de gravar um vídeo. E depois vão pedir para você se preparar para uma coletiva de imprensa. É assim que esses garotos são. Você vai perder o dia inteiro se não fugir agora.
Que pensamento horrível.
— Vamos correr! — disse imediatamente.
— Boa decisão.
Concentramos nossa aura nos pés e disparamos. Ouvi suspiros atrás de nós, mas não parei.
— Rei da Morte! — gritou a Bruxa Negra. — Vamos ter uma coletiva de imprensa amanhã, então tente voltar até amanhã de manhã! Você ainda não deve chamar atenção, então, se precisar, use os telhados para escapar! Cuidado!
— Ei, acho que ela não é um anjo nem uma deusa. Parece mais sua mãe. — O Guardião deu uma risadinha.
Realmente parecia, embora eu não soubesse muito bem como as mães deveriam ser.
***
Já era o pôr do sol. Seguindo o conselho da Bruxa Negra, fugimos pelos telhados. Ao olhar para baixo, vi centenas de pessoas ainda aglomeradas na frente do café, além de repórteres de emissoras de TV.
Teria sido um desastre se tivéssemos usado a porta principal!
Saltando de um telhado vermelho para o outro, chegamos à torre do sino na praça. O jovem guarda da torre, que brincava com o celular, nos reconheceu após um momento e ofegou.
— Sr. Espada do Luar!
Espada do Luar entrou habilmente no último andar da torre do sino.
— Desculpe, mas poderia nos dar um momento?
— Ah… Hmm… Bem…
— Terminamos em cinco minutos.
O jovem guarda, confrontado de repente por uma lenda viva, ficou sem saber o que fazer ao ser pedido privacidade por um ícone. Seus olhos vagaram por um instante, mas, quando encontraram os meus, se arregalaram.
— Não pode ser… Rei da Morte?
Assenti.
— Sim, sou eu.
— Wow! Whoa! É a primeira vez que encontro vocês dois pessoalmente! Wow! Isso é incrível! — O guarda remexeu apressadamente na bolsa e tirou uma novel. Parecia que ele o trouxe para passar o tempo durante o turno. — E-esse é o único papel que tenho agora! Pode me dar um autógrafo, Sr. Espada do Luar?
Espada do Luar pegou a novel. Parecia acostumado.
— Tem uma caneta?
— A-aqui!
— Qual é seu nome, jovem?
— E-eu ainda não recebi um título…!
O jovem guarda deu seu nome, e o Espada do Luar assinou a novel com capricho e o devolveu. Nesse momento, o guarda parecia apenas um garoto inocente. Ele se virou para mim. Por algum motivo, seus olhos brilhavam intensamente.
— Posso pedir o s-seu também, senhor Rei da Morte?
Meu autógrafo?
— Hmm… Nunca autografei nada… — Recuei um pouco.
— Por favor! É meu maior desejo!
Acabei pegando a novel e a caneta. Parecia o menor “maior desejo” que já ouvi. Olhei desajeitadamente para a novel.
Quando segurei a caneta para escrever meu autógrafo, percebi que era a primeira vez que escrevia “Rei da Morte”. Nesse momento, meu autógrafo estava ao lado do Espada do Luar.
— M-muito obrigado! Muito obrigado mesmo! — O guarda fez várias reverências. Ele rapidamente pegou a novel de volta, como se temesse que os autógrafos sumissem.
— Hm… — Era uma sensação estranha. Não sabia ao certo como me sentia.
— Vou fazer disso uma herança de família! Não se preocupe! Nunca vou vender para ninguém! Muito obrigado a vocês dois! Tenham um ótimo fim de semana! — O guarda desapareceu escada abaixo da torre do sino.
— Sim! Arrasei!
Sua voz animada foi ficando mais fraca. Quando ele finalmente estava fora do alcance, restavam apenas um pedaço do pôr do sol e o som de duas pessoas respirando. Tanto Espada do Luar quanto eu ficamos em silêncio por um tempo.
— Sr. Espada do Luar.
— Jovem.
Falamos ao mesmo tempo, nossas vozes se anulando. O silêncio constrangedor não durou muito. Com um olhar calmo, virei para o Espada do Luar.
— Para você, devo parecer o maior assassino em massa do século, que não merece nada além do castigo mais severo. Mas você verá outro assassino em massa ao se olhar no espelho. Você mesmo.
Espada do Luar olhava o pôr do sol, não eu.
— Mas você não se puniria. Acredito que é porque você tem um padrão claro para quem mata – você visa punir aqueles que mataram muitas pessoas. — Observava o pôr do sol brincar no rosto do Espada do Luar. — Eu também fiz o que fiz com um padrão claro. É para punir aqueles que vão machucar muitas pessoas. Enquanto você mata pessoas porque já assassinaram muitas, eu mato pessoas porque vão matar muitas.
Era a mentira intricada que preparei para o Espada do Luar desde que o enganei, fazendo-o acreditar que eu era clarividente.
— Então, Sr. Espada do Luar, estamos praticamente trabalhando pelo mesmo…
Antes que eu pudesse terminar minha mentira, o Espada do Luar disse:
— Jovem, você não precisa se esforçar tanto para me convencer.
— Sr. Espada do Luar, eu…
— Jovem. — Sua voz calma me fez calar. Os olhos dele ainda estavam no pôr do sol. — Sou diferente dos outros Caçadores.
Parecia um pouco fora de contexto.
— Bruxa Negra, Condessa, Inquisidor, Viper, Paladina… Todas essas crianças tiveram uma vida muito difícil no mundo exterior, mas eu fui diferente. Nasci e cresci sem nenhuma privação.
Eu sabia que Marcus Carlenbery vinha de uma família prestigiada da Europa. Para ser preciso, descobri isso quando pesquisei sobre ele. Sim, sua família era bastante conhecida no norte da Europa.
— Quando a Torre apareceu, eu já tinha experiência administrando um negócio, casei, tive filhos e vi meus filhos me darem netos. Fui bem-sucedido de todas as formas que podia imaginar — disse Espada do Luar calmamente. — Mas isso me fez pensar.
— Pensar no quê? — perguntei.
— Fiquei curioso se meu sucesso era realmente por minha habilidade. — Espada do Luar sacou sua espada lentamente. — Talvez tudo tenha sido possível porque nasci num bom país.
O pôr do sol continuava a se infiltrar no último andar da torre do sino, tingindo a espada de vermelho-sangue, apesar de estar impecável.
— Nasci numa boa família, recebi uma boa educação e conheci bons amigos. Estava cercado pelas melhores coisas do mundo. Tudo isso pode ser uma gaiola dourada. Embora estivesse confiante de que construí tudo o que tinha… talvez fosse apenas a ilusão de alguém preso dentro da gaiola. — Os olhos do Espada do Luar eram tão afiados quanto sua espada. — Não, eu não queria acreditar nisso.
Sua voz carregava emoções do coração, tão vermelhas quanto o pôr do sol.
— Certamente nasci no luxo, mas ainda estou confiante de que cheguei onde estou por mim mesmo. E quero provar que meu orgulho não era uma ilusão.
— …Foi por isso que você veio para a Torre — assenti.
Espada do Luar confirmou com um aceno.
— Quem entra na Torre nunca pode voltar para o mundo exterior, então fiquei sem minha família ou meus subordinados leais. Estou sozinho, e quero provar minha vida. Mas acho que baixei a guarda demais e não percebi.
Seu rosto estava profundamente enrugado.
— Abrir Carta de Habilidade.
Uma carta prateada flutuou acima da palma do Espada do Luar.
Olhos de Detetive
Classe: B-
Efeito: Você pode ver a contagem de mortes de outras pessoas. Não inclui assassinatos indiretos. Apenas os assassinatos cometidos com intenção clara são contados.
※No entanto, você não pode ver o método de assassinato.
— Fui um tolo. — Espada do Luar olhou para sua Carta de Habilidade. — Decidi confiar apenas nos meus olhos e mãos… mas um dia percebi que estava dependendo de algo chamado Habilidade. Em vez de ver o mundo com meus próprios olhos, olhava o mundo através da minha Habilidade. Acreditei cegamente na avaliação da minha Habilidade como todo mundo, em vez de fazer meu próprio julgamento.
Seus olhos azuis se voltaram para mim.
— Jovem, vou te perguntar uma última vez: você tirou alguma vida inocente?
Percebi algo: era por isso que ele disse que eu não precisava convencê-lo. Sim, você convence alguém pela cabeça, no entanto, até as mentiras mais intricadas só alcançam o cérebro. Elas não tocam o coração das pessoas. O que eu precisava fazer era alcançar o coração do Espada do Luar, como fiz com os Pilares da Torre.
— Não, nunca tirei, Sr. Espada do Luar — disse, falando do coração. — E nunca tirarei.
Espada do Luar fechou os olhos, como se estivesse refletindo sobre minha expressão e voz. O silêncio pairava no ar.
— …Hah!
Ele jogou a carta para o alto, e sua lâmina reluzente a cortou ao meio com precisão. O pôr do sol dourado brilhou através das fendas entre os pedaços, que logo se dispersaram em partículas de luz. Sua Habilidade foi destruída.
— Vou confiar no meu julgamento. Obrigado por suportar a teimosia deste velho nos últimos cinco dias. — Espada do Luar embainhou sua espada. — Sei que é tarde, mas quero dizer que foi um prazer completar do décimo segundo ao décimo nono andar com você. Descanse bem hoje. O vigésimo primeiro andar vai abrir logo após a coletiva de imprensa amanhã.
Espada do Luar deu um passo à frente e parou. Antes de saltar pro telhado de outro prédio, ele me olhou brevemente.
— Espero pelo seu trabalho no próximo andar, Rei da Morte.
E então ele disparou para longe da torre do sino.
Não consegui abrir a boca por um longo tempo.
— …Sr. Imperador da Espada.
— Sim.
— …Espada do Luar acabou de me dar sua aprovação, não foi?
— Parece que sim. — O Guardião assentiu.
Um alívio me invadiu, transformando minhas pernas em gelatina. O chão de pedra estava frio. Olhei vagamente para o céu, que era de um vermelho tão denso que quase parecia preto.
— Wow… realmente… Realmente acabou. O vigésimo andar é meu. Os líderes de guilda vão cuidar da mídia… Sim, realmente acabou.
— Como assim acabou? Se alguém te visse, pensaria que você acabou de completar o quinquagésimo andar. — O Guardião riu baixinho.
— Parece que completei o nonagésimo andar.
— Tsc, tsc, tsc. Às vezes me pergunto se você é um leão ou um rato.
— Às vezes eu também me pergunto, na verdade…
De qualquer forma, todos os meus assuntos até o vigésimo andar estavam resolvidos. A ideia me deu uma sutil sensação de satisfação.
[A Deusa da Proteção admira suas conquistas!]
Fazia tempo que não ouvia essa voz divina.
— Hã? — Pensando bem, a Deusa da Proteção ficou quieta mesmo depois que derrotei o Rei Demônio da Chuva de Outono. Não, a Deusa sempre foi silenciosa, exceto quando conquistei o décimo segundo andar.
[A Deusa da Proteção aprova tudo o que você fez!]
A voz continuou, como se tentasse compensar o silêncio até agora.
[A Deusa da Proteção acredita que, embora você não seja realmente seu apóstolo, tem qualificações suficientes para se tornar um.]
[A Deusa da Proteção aprova que você continue a usá-la no futuro!]
A mensagem estava ficando estranha.
— …O que quer dizer com “continuar a usá-la”?
[A Deusa da Proteção fica triste ao ouvir sua resposta depois de todo o bom tempo que vocês passaram juntos.]
Eu realmente não entendia o que estava acontecendo.
— Todo o bom tempo que passamos juntos…?
[A Deusa da Proteção pede que você olhe para baixo.]
Fiz isso, mas não vi nada além do chão de pedra.
[A Deusa da Proteção pede que você olhe um pouco para esquerda.]
Quando segui suas instruções, meus olhos pousaram nas minhas pernas e cintura. Na minha cintura estava a bainha da Espada Sagrada do Protetor, a arma lendária concedida pela Deusa da Proteção ao primeiro imperador do Império Aegim.
— …Espera. Não é possível…
[A Deusa da Proteção insiste que você se concentre na sua cintura.]
Senti um arrepio na espinha. O momento em que lutei contra o exército do Rei Demônio no décimo segundo andar passou pela minha cabeça. Naquela hora, a Deusa da Proteção disse que usou o último resquício de seu poder e, assim que disse isso, algo que eu segurava explodiu em luz. Não houve outro milagre. Em outras palavras…
— Espera, espera. Quando eu estava lutando contra o Rei Demônio, a Deusa da Proteção foi mencionada algumas vezes… — Minha voz estava carregada de descrença. — Todo esse tempo, você era… uma espada?
Após um momento, tive uma resposta.
[A Deusa da Proteção confirma sua afirmação!]
Meu Deus. Parecia que minha espada sagrada era genuinamente divina.
Tradução: Rlc
Revisão: Pride
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