[Iniciando a missão do décimo segundo andar.]
Assim que ouvimos a voz, algo bateu contra as janelas.
Gotas de chuva escorriam pelas janelas ornamentadas da câmara de audiência. Nossa atenção imediatamente se voltou para os vidros. Não ficamos surpresos com a chuva repentina – havia algo mais.
— Oh … ohhhh.
— É o pesadelo… É a chuva dos pesadelos de novo!
A chuva era vermelha como sangue. Talvez fosse realmente sangue. Todos os NPCs na câmara taparam os ouvidos e gemeram de dor. Não importava se eram oficiais militares ou funcionários públicos
— Ó Deusa, por favor, não nos abandone!
— Q-quê? O que está acontecendo com eles, do nada…? — Viper, exausto de lutar contra O Espada do Luar, olhou ao redor, atordoado.
— É o Rei Demônio… — sussurrou um NPC de armadura. Ele estava encolhido no chão, tremendo.
O medo se espalhou como um incêndio.
— O Império está condenado…
— O Rei Demônio está chegando…
— Vossa Majestade… Onde está nosso Imperador…?
Nenhum rosto de NPC mostrava o menor traço de esperança. Em vez disso, eles se resignaram ao desespero e lamentaram seu destino, como qualquer humano faria.
Viper engoliu em seco, nervoso.
— Isso… está interessante. Ei, isso é tudo encenado, né? O que está acontecendo agora?
— É o começo da missão — falei baixo. — Parece que não vamos continuar brigando. Se é difícil provocar conflito interno, a próxima opção é atacar diretamente.
— Quem vai nos atacar?
— Quem mais poderia ser? — encarei a janela. — É a mesma pessoa que tentou nos fazer lutar uns contra os outros com sua “recompensa”.
Ouvi uma risada na minha cabeça.
[O Rei Demônio da Chuva de Outono confirma sua declaração.]
A chuva ficou mais forte. Sua batida insistente nos vidros tornou-se violenta. Dezenas, centenas, milhares de gotas vermelhas os atacavam. Me aproximei de uma janela, mas não conseguia ver nada lá fora. A chuva agora era tão intensa que a janela inteira estava coberta de vermelho.
Quebrei a janela com o cabo da minha lâmina.
O vermelho invadiu a câmara de audiência, mas finalmente consegui ver o que estava acontecendo lá fora. A câmara estava no centro do palácio, fora dele, havia uma cidade, cercada por muralhas altas.
[O Rei Demônio da Chuva de Outono apareceu.]
E além das muralhas estava o Rei Demônio.
— Ó miseráveis — sussurrou ele, mal abrindo os lábios.
Sim, era um sussurro. Um mero sussurro atravessou as muralhas externas e as muitas paredes do palácio, entrando na câmara de audiência pela janela quebrada.
— Vocês convocaram humanos de outro mundo e os nomearam para liderar seu império. Os chamando de heróis, mas realmente acreditam que são seus heróis? Será que eles podem mesmo protegê-los?
A chuva caía torrencialmente.
— Façam isso. Façam quantas vezes quiserem. Eu digo, por que não? Chamem milhares de heróis. Invoquem dezenas de milhares de cavaleiros. Eles ainda são humanos como vocês. Por causa da sua tolice, vocês não conhecem seu fim. Eu os lamento.
O sussurro deslizava pela chuva interminável, entrando traiçoeiramente na câmara de audiência, como antes.
O Rei Demônio riu alto, reverberando violentamente dentro de nossos crânios.
— Ah, argh…
Os Caçadores estavam um pouco melhores que os NPCs. Diferente deles, estávamos ouvindo a risada do Rei Demônio pela primeira vez, então era suportável. No entanto, não seria o mesmo se tivéssemos que ouvi-la o ano inteiro.
— Vocês não veem os humanos como pessoas.
Pontos vermelhos apareceram no meu minimapa, minha bênção exclusiva do Deus da Guerra. Um, dois, três… Começou devagar, mas os pontos vermelhos se multiplicaram em centenas, milhares, dezenas de milhares. Em pouco tempo, o mundo estava pintado de vermelho até o horizonte e além.
— Deixem sua malícia consumi-los.
Raios atingiram o chão, tornando o mundo de um branco pálido. A luz breve revelou que todos os pontos vermelhos no meu minimapa eram monstros. Um grande exército de monstros, muito maior do que o que enfrentamos no décimo primeiro andar, estava chegando.
Os monstros abriram a boca e uivaram. A chuva vermelha escorria pelos rostos desfigurados dos goblins. Parecia que ela funcionava como uma espécie de água benta para eles. Como cavaleiros em uma cruzada sagrada, os monstros olharam para o céu e se banharam na torrente carmesim.
— …Eu avisei — apertei o cabo da minha arma. — Não é hora de brigarmos entre nós.
Uma janela do sistema apareceu na minha frente.
Defesa da Capital Imperial
Nível de dificuldade: A~SSS
Objetivo: Heróis! Vocês lutaram bravamente contra o exército do Rei Demônio e protegeram as linhas de suprimento do Império. Percebendo um problema, o Rei Demônio, que pode invocar sua legião de monstros em qualquer lugar, veio pessoalmente ao Império.
O objetivo do Rei Demônio é a Capital Imperial, Arkmnia, o coração do Império Aegim. Felizmente, ele está enfraquecido por se manifestar a tamanha distância.
Detenham o Rei Demônio!
※ No entanto, o décimo terceiro andar não será aberto se vocês perderem a batalha.
— …O Rei Demônio está enfraquecido? Sério? — murmurou Viper após um breve silêncio. Ele disse o que todos estavam pensando. — Isso é… injusto. Como a gente vai conquistar isso? Essa missão não foi feita para ser completada, para começo de conversa. Mesmo que tudo até o décimo andar fosse só o tutorial… esse salto de dificuldade é demais.
— Pare. Vamos abordar isso com calma — virei e olhei para as pessoas na câmara de audiência, tanto os Caçadores quanto os NPCs aterrorizados atrás deles. — A gente consegue. A Torre não nos dá missões que não podemos completar.
— Mas como a gente vai matar tantos monstros…?
— É por isso que estou te dizendo para ficar calmo — apontei para os NPCs. — Não estamos sozinhos aqui. Esqueceu das escolhas que vocês fizeram? Sr. Viper, você é o capitão da Guarda Imperial do Império Aegim. Então lidere a Guarda Imperial.
“Nós, Caçadores, não podemos conquistar esse cenário sozinhos. Tratem os NPCs como humanos de verdade. Convençam eles a se levantar, para que vocês possam liderá-los no campo de batalha.”
Sim, foi assim que o décimo primeiro andar foi concluído.
— Não podemos brigar entre nós. Sr. Espada do Luar, você é o Comandante dos Cavaleiros Imperiais. Não pode atacar o Capitão da Guarda Imperial. Não tem como um país assim parar um ataque estrangeiro.
Virei para Viper novamente.
— Você ficou feliz por se tornar o capitão? Deveria estar, mas agora que tem os privilégios, também tem que cumprir os deveres que vêm com eles. Quer goste ou não, você tem o papel de uma figura importante no Império, então é hora de interpretar esse papel.
Virei para a Paladina.
— Sra. Ministra das Relações Exteriores.
— Mmm. — A Paladina me deu total atenção.
— Essa é a câmara de audiência, mas não vejo o Imperador. Ele deve estar em algum lugar no palácio. Por favor, leve os NPCs funcionários públicos do seu ministério e encontre-o. Os NPCs não vão seguir nossas ordens sem o líder deles.
A Paladina assentiu.
— Entendido.
— Sr. Grande General — olhei para o Inquisidor.
— Sim! — Apesar de ter perdido o braço direito, o sorriso dele nunca desapareceu. Na verdade, seus olhos em mim brilhavam de interesse. — Sou eu!
— Odeio Caçadores como você. Odeio mesmo. Suas palhaçadas de antes me convenceram de que realmente preciso me livrar de você. Mas você é o Grande General. Não podemos nos dar ao luxo de te perder.
— Hahahaha. Estou gostando mais de você a cada minuto!
— Você me deu todo o seu poder, então cale a boca e escute — falei. Observei o mapa. A onda vermelha estava se aproximando da capital – não havia muito tempo. — Tem muitos soldados perto das muralhas. Um tsunami de monstros está chegando. Não tem como estarem no juízo perfeito. Você é o Grande General, então vá até os soldados e reúne eles.
— Hmm! Noblesse oblige1“Noblesse oblige” é uma expressão francesa que significa, literalmente, “a nobreza obriga”., entendi!
— Por favor, proteja as muralhas de qualquer jeito. Falharemos nesse cenário assim que forem rompidas.
— Não se preocupe. — O Inquisidor sorriu. — Nunca quebrei uma promessa na vida. Vou segurar as muralhas com minha vida!
— Certo — olhei para a multidão. — Vou na frente.
Era hora da guerra.

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Enquanto eu saía do palácio, os Caçadores restantes do décimo primeiro cenário estavam sendo convocados.
— Whoa. Onde eu estou?
— Até que gostei. Pelo menos não é aquele porto vagabundo.
Os Caçadores olhavam as ruas da capital como turistas.
— Hein? Isso é chuva ácida? O que é essa cor…?
— Se esconde! Vamos!
— Ei, tá dizendo que pra nossa recompensa a gente tem que escolher um papel.
— Um papel? Que papel?
Os Caçadores recém-chegados não faziam ideia do que estava acontecendo.
Bem, até os Alto Rankers que chegaram ao décimo segundo andar duvidaram uns dos outros o suficiente para brigar.
Três dos dez campeões principais morreram porque estavam desconfiados uns dos outros. Até os líderes estavam assim, então eu não podia esperar muito dos Caçadores que tinham acabado de chegar.
Mesmo naquele momento, o exército do Rei Demônio se aproximava.
Não preciso convencê-los agora. Vou parar o ataque primeiro usando os NPCs!
Corri pela rua, ignorando os Caçadores.
As ruas eram muito complicadas. Felizmente, eu tinha meu minimapa, então não tive problema em encontrar a rota mais curta para as muralhas externas.
Quando saí da rua, alguém apareceu ao meu lado.
— Sr. Kim.
— Srta. Bruxa do Dragão Negro?
— Me chame de Mestra do Dragão Negro. Não gosto do meu título.
Ela parecia estar usando aura nos pés para deslizar suavemente pela rua.
— Como você chegou aqui? — perguntei.
— …É minha Habilidade. Posso teleportar para qualquer lugar que eu consiga ver.
Que Habilidade apelona!
— Ei, Zumbi. Morre pra ela! A Habilidade dela é foda! Não vou falar nada dessa vez! Morre, agora!
— Por que você não foi para as muralhas? — perguntei, ignorando o Guardião.
— Vim te buscar, claro — respondeu a Mestra do Dragão Negro, indiferente. Ela não parecia nem um pouco cansada, apesar da velocidade com que se movia. — Você tem uma espada que funciona nesses NPCs, né? Vi no décimo primeiro andar. Não sei que espada é essa, mas ela pode levantar o moral dos NPCs. A pessoa que os soldados nas muralhas precisam ver é você, não eu.
A Bruxa do Dragão Negro olhou para mim.
— Preciso do seu consentimento.
— O quê?
— Preciso do seu consentimento explícito de que você quer teleportar comigo. Senão, não posso te teleportar.
Fiquei um pouco perplexo.
— Espera. Habilidades de teletransporte devem ser pelo menos Classe S. Tem certeza de que quer me contar a restrição? Essa Habilidade é seu trunfo.
— Que pergunta estranha. — A Bruxa do Dragão Negro limpou a testa. A chuva incessante mantinha seus cabelos colados à pele pálida. Seus olhos negros perfuraram os meus. — Segundo você, eu sou a primeira-ministra deste império. Não é natural que a primeira-ministra use todas as suas cartas para proteger seu país? Não temos muito tempo. Qualquer tipo de consentimento serve, então vai logo.
Assenti.
— Concordo em ser o alvo da Habilidade da Mestra do Dragão Negro.
Imediatamente, a Bruxa do Dragão Negro estendeu a mão esquerda e pegou minha direita. Sua mão estava escorregadia por causa da chuva, então ela entrelaçou os dedos nos meus.
— Hein?
— …Tem mais uma restrição. — A Bruxa do Dragão Negro apertou minha mão e sussurrou: — Teleporte.
Num piscar de olhos, chegamos às muralhas. Como esperado, elas eram um cenário de anarquia. Apesar da chegada iminente do exército de monstros, os soldados do Império não faziam – ou talvez não conseguissem fazer – nada. Eles se encolhiam atrás das muralhas, tremendo ou rezando para a Deusa.
— O fim está próximo…
— Ó Deusa, tenha piedade de nós…
— Hnngh. Hoooo…
Eles eram NPCs, mas se comportavam como humanos de verdade. Mesmo que parecessem ilusões, seu medo e desespero não eram imaginários.
— Mestra do Dragão Negro, obrigado por me trazer até aqui. Eu assumo…
A Bruxa do Dragão Negro suspirou.
— Espera. Não posso ir embora ainda. Tudo que fiz até agora foi me envergonhar na frente do novato.
— Perdão?
— Não virei líder de guilda ficando de braços cruzados. — A Bruxa do Dragão Negro respirou fundo. — …Soldados do Império Aegim!
Ela liberou uma aura negra, um pouco mais escura que a chuva.
— Levantem-se! O que estão fazendo atrás das muralhas? Acham que as pedras vão protegê-los? Estão se iludindo! As muralhas que nos protegem não são essas rochas. Vocês são as muralhas! Os soldados do Império! Não estão vendo?
Os soldados encolhidos, reconhecendo a Bruxa do Dragão Negro como sua primeira-ministra, ergueram lentamente a cabeça.
— Primeira-Ministra…?
— É a Primeira-Ministra.
Suas palavras se espalharam como fogo.
A Bruxa do Dragão Negro assentiu. assentiu.
— Levantem-se! Eu ordeno que todos se ponham de pé. As muralhas vão cair um dia, e nossas casas podem ser destruídas, mas enquanto estiverem de pé, nosso Império Aegim nunca cairá, porque vocês são o Império!
Ela parecia completamente diferente do seu eu habitual. Cada fibra de seu ser estava carregada de emoção.
— De pé! — comandou a Bruxa do Dragão Negro.
Não havia traço de seu rosto frio e sem emoção. Do topo das muralhas, ela olhava para os soldados com olhos ardentes. Onde quer que seu olhar passasse, os soldados ficavam cativados por ela.
— Fiquem de pé, soldados do Império! Vocês são o último bastião de Aegim e os ossos do próprio Império! Guerreiros, ergam suas armas! Não importa se seguram uma lança ou uma espada! Lutem até que suas lâminas se quebrem e suas mãos sangrem! Levantem-se pelo Império e por vocês mesmos! — A Bruxa do Dragão Negro apertou minha mão direita e a ergueu. — A Deusa está conosco!
Percebi o que precisava fazer.
Saquei a espada sagrada e a ergui bem alto. A chuva vermelha continuava a cair, mas a espada sagrada brilhava reluzentemente mesmo assim. Seu brilho branco iluminava os soldados, mesmo através da torrente.
— É a espada do Primeiro Imperador…
— É a espada sagrada. É a espada sagrada que a Deusa concedeu ao Primeiro Imperador!
[A Deusa da Proteção expressa sua gratidão pela sua escolha.]
[A Deusa da Proteção reuniu cada gota de seu poder restante.]
E houve luz.
Tradução: Rlc
Revisão: Pride
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