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O Caçador Imortal de Classe SSS – Cap. 159 – O Grande Império dos Caracóis (2)

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No princípio, havia Lime. O povo caracol não sabia de onde Lime vinha nem para onde ia, mas, antes de desaparecer, escolheu os Cascomontes como a melhor espécie. Eles receberam a prova de que eram os escolhidos.

— Embora existam muitas espécies neste mundo, vocês são os únicos que podem pronunciar perfeitamente a palavra “Lime”. Permitirei apenas a vocês usarem o nome sagrado. Ah! Este é o seu poder. Vocês devem considerar “Lime” como prova de que foram escolhidos. Pelo resto de suas vidas, sempre recitem “Lime”, não importa o que façam – comer, defecar, vestir ou tirar roupas, enquanto dormem ou assim que acordarem, para provar minha existência…

— Que tipo de merda é essa? — perguntei.

O Inquisidor sorriu radiantemente. 

— Esta é a escritura que eu criei!

— Escritura?

— Sim! As cordas vocais dos Cascomontes são muito peculiares. Entre as sete espécies, apenas eles conseguem pronunciar “Lime”! Por isso, escolhi esse nome para o deus deles.

O Inquisidor aterrissou agilmente em solo firme, com meus colegas e eu o seguindo de perto. Seu sorriso permanecia fixo no rosto enquanto nos contava a história da civilização dos caracóis.

— Nem os Skians nem os Sylvans conseguem pronunciar “Lime” corretamente, simplesmente porque suas cordas vocais são diferentes!

Os caracóis rastejavam ao nosso redor. Passavam direto por nós, completamente alheios à nossa presença, como se fôssemos fantasmas.

— Mas eu dei à palavra um significado mitológico ao dizer aos Cascomontes que sua habilidade de pronunciar “Lime” é a prova de serem escolhidos pelos céus!

A Paladina perguntou: 

— Mas por quê? Por que fez isso, Inquisidor? Você, mais do que ninguém, conhece os horrores da religião. Se você brinca de ser deus, não há volta…

— Ah, eu não fui descuidado de forma alguma. Muito pelo contrário!

Parecia que a Paladina queria retrucar, mas ela não o fez.

O Inquisidor continuou a sorrir brilhantemente. 

— Uso é diferente de mau uso, e mais ainda de abuso. Todos vocês, pelo menos uma religião estava destinada a ser criada um dia! Não importa o mundo, as criaturas sempre tentam encontrar a razão para sua existência e para seu mundo. Deuses são apenas seres mágicos que fornecem respostas para tudo!

O Inquisidor apontou para um enorme pilar no meio da cidade subterrânea, que alcançava o teto, adornado com pinturas que lembravam murais egípcios. A “escritura” que ele mencionou estava gravada nesse mesmo pilar.

— Mas…

— Senhorita Paladina, sei o que você quer dizer, mas ainda há tantas coisas que as espécies deste mundo não sabem nesta era. Eles não sabem por que chove, por que seus corações batem, ou por que precisam beber água para sobreviver. Pense nisso como medo — concluiu o Inquisidor, seu sorriso alegre se transformando em um sorriso confiante.

— Medo?

— Sim, medo — respondeu o Inquisidor. — Seus batimentos cardíacos são alimentados por isso. Eles ouvem os batimentos, mas não sabem por que seus corações batem. Quando se machucam, sangram. Se perdem muito sangue, morrem, mas não sabem por que o sangue corre em suas veias. Não têm ideia de por que o pão é delicioso, por que ele os deixa felizes quando sacia a fome, ou por que precisam comer sal para sobreviver.

O Inquisidor juntou as mãos como se estivesse orando. 

— Para eles, o mundo está cercado de monstros desconhecidos! Esses monstros estão à espreita até dentro deles. Completamente ignorantes, essas criaturas apenas vivem suas vidas, desamparadas e alheias até morrerem… Vocês entendem os medos deles agora?

Thump!

Do outro lado da vasta caverna, mineradores caracóis escavavam sal-gema.

— Um deus elimina essa ignorância e impotência até certo ponto. A chuva não é mais um monstro desconhecido. São as lágrimas de um deus que chora ocasionalmente.

Thump! Thump! Thump!

Derramando muco, os mineradores caracóis extraiam sal-gema segurando pedras afiadas e balançando seus tentáculos.

— Agora, o sal não é mais uma rocha estranha. Quando a Mãe Terra Primordial foi despedaçada e morreu, seu cabelo virou floresta, seu sangue virou mar, e seus dentes viraram sal. O sal é visto como os restos de um deus. Portanto, é sagrado e seguro para comer. Haha! Em termos de hoje, um mito é como um certificado de segurança para alimentos!

A postura do Inquisidor parecia piedosa. Em uma voz suave, ele continuou entoando, aparentemente sem intenção de parar tão cedo.

— E o deus diz que seu povo nasceu por causa dele. Ele se importa com seus súditos leais. Entendem? Só ao olhar para um deus as pessoas finalmente encontram respostas para as perguntas sem resposta de suas vidas.

Ninguém tentou argumentar com ele, mas também não tínhamos nada a dizer.

— Todos vocês, imaginem isso comigo! — continuou o Inquisidor, ainda sorrindo. — O batimento que ressoa dentro do seu peito não é mais o gemido de um monstro desconhecido. O deus projetou seu povo à sua imagem, então os batimentos são uma melodia composta pelo deus. Portanto, as pessoas podem ouvir a música de seu deus em qualquer lugar, a qualquer hora. Não é lindo…? — perguntou o Inquisidor com um suspiro.

Ele olhou ao redor com deleite para a cidade subterrânea, o mundo que ele criou.

— Agora meu povo está livre da vida de apenas viver. Finalmente, escaparam do destino de seres insignificantes e encontraram propósito em suas vidas.

As vidas do povo caracol tinham significado. Seu deus os amava.

— Eles constroem constantemente templos e maravilhas grandiosas para dedicá-las ao seu deus. Suas existências são a prova de que seu deus os ama. Não é tão legal e emocionante? Todos, as espécies desta era estão professando seu amor e devoção ao mundo!

Certo…

— Todo amor precisa de prova e esforço. Em vez de serem soterrados pelo medo e sufocarem, meu povo luta para conquistar o amor de seu deus! Mesmo que esse amor seja apenas um mal-entendido, às vezes as pessoas precisam de mal-entendidos para viver em paz. Eu abençoo meu povo caracol!

O Inquisidor terminou sua oração e abriu os braços. 

— Vocês podem considerar a religião um mal necessário, mas todos os males necessários nascem de um bem necessário. Esses caras ainda precisam de um deus! Por causa de seu deus, eles podem respirar, viver e amar.

Essa era a crença do Inquisidor.

— Os humanos sempre precisam de razões, até para apreciar uma flor ou chorar por suas pétalas murchas. Um deus lhes dá razões infinitas! Deuses primordiais nunca exterminaram a humanidade. As pessoas podem entender a si mesmas e amar o mundo porque há um deus cuidando delas!

O silêncio caiu. Apenas o som dos mineradores escavando o sal-gema ecoava. Virei lentamente e olhei ao redor da cidade subterrânea.

— Escravos, trabalhem mais rápido, Lime!

— O intervalo terminou há muito tempo,  laime! Carreguem as pedras e levem para o cais! Rápido!

Os caracóis se agarravam à parede de pedra e acenavam seus tentáculos.

Smack!

Os escravos carregando suas cargas dobravam os joelhos, gemendo, embora não parassem de caminhar. Talvez já estivessem acostumados a serem chicoteados.

— Um, dois. Um, dois…

Entre eles estavam os Skians, a espécie liderada pelo Viper. As criaturas com um chifre na testa estavam habituadas a carregar cargas pesadas.

Shish, shi, shishhhh…!

Os Fingills, a espécie da Paladina, nadavam no rio que levava para fora da mina, puxando as galés com cordas que conectavam seus torsos às proas dos navios.

Pirrrrrr! Baa! Pir!

Os Sanguinatos, a espécie da Bruxa Negra, voavam sem parar pela mina. Os morcegos seguravam pergaminhos de cartas e outros objetos estranhos, entregando correspondência aos cidadãos em todos os lados da mina.

O Inquisidor notou para onde eu estava olhando e sorriu. 

— Ah, é assim que é a mina de Slimepólis, a capital da civilização dos caracóis. O produto especial da capital é o sal-gema. Segundo os mitos, este é o lugar onde a cabeça da Mãe Terra Primordial caiu quando ela morreu! Os Cascomontes acreditam que esta mina é seu crânio, e o sal-gema são seus dentes! Fornecer esses fragmentos de dentes sagrados por todo o império é a principal indústria da civilização. Os Cascomontes controlam o império por meio desse comércio de sal.

A Bruxa Negra gemeu. 

— Isso é impressionante, mas… Duzentos anos? Não faz sentido. Como você aguentou ficar aqui por duzentos anos?

— Hmm? Estamos em algum tipo de estado espiritual durante esses cenários, certo? Aguentar duzentos anos é fácil!

— Não, não é… Estamos falando de duzentos anos.

— Ah, entendo o que você quer perguntar! Eu possuí um cão branco. Quando ele morreu, possuí seu descendente.

— Não, eu na verdade… Deixe para lá.

A Bruxa Negra balançou a cabeça em resignação. As reações dos meus outros colegas não foram muito diferentes.

O Inquisidor sorriu e acrescentou: 

— Os filhotes da linhagem que possuo foram adorados como animais divinos! Eles ficam no palácio imperial e no templo. Hoje, o trigésimo quarto animal divino morreu, então eu estava prestes a possuir o trigésimo quinto. Coincidentemente, foi quando vocês apareceram! Deixe cumprimentá-los novamente. Bem-vindos!

Não retribuímos o cumprimento. Atrás dele, havia um enorme pilar e, além, uma estátua parecida com uma esfinge. Para simplificar, a estátua era um corgi galês gigante. Era fácil adivinhar que tipo de cão o Inquisidor estava possuindo.

— Kerrrrr!

Ouvi um som de choro que me era muito familiar.

Kerrrrr, kerrrr! Dedico a glória de hoje ao nosso sagrado Leão Branco! Ker!

— Ofereço meu sangue aos cidadãos da Grande Slimepólis! Gor!

Thump! Thump!

Dois goblins usavam as espadas em suas mãos para golpear seus escudos. Eles estavam em um lamaçal cercado por inúmeros caracóis aplaudindo.

Lime, apostei todo o meu dinheiro em você hoje, seu fungo sujo!

— Kirke! Hoje é o dia em que ela vai aprender uma lição! Mate-a!

Os goblins rugiam ao ouvir os aplausos da multidão. Eles avançaram um contra o outro, espirrando lama enquanto brandiam suas espadas para acertar o escudo do oponente.

Clang! Claaaang!

Sons metálicos ásperos e assustadores ecoavam. Os aplausos dos espectadores caracóis ficavam mais altos.

— Sua bárbara sem concha! Balance sua pata dianteira! Laime! Corte-o com sua pata dianteira!1Os Cascomontes veem os goblins como animais, portanto, referem-se a seus braços como patas dianteiras.

— O que você está fazendo? Mexa-se, idiota! Lime! Lime!

Por um momento, fiquei sem palavras. 

— Gladiadores? Eles são gladiadores?

O sorriso do Inquisidor estava em plena floração. 

— Sim, embora aqui sejam chamados de escravos de espada!

Os goblins uivavam e brandiam suas espadas. O sangue jorrava porque eles não conseguiam se defender completamente com seus escudos. Marcas geométricas cobriam sua pele.

— Os Terras são famosos por serem corajosos e inteligentes! Eles são a espécie mais favorecida, conhecidos como escravos de espada não apenas em Slimepólis, mas em todo o Império do Slime.

O goblin ferido gritou. Seu oponente não perdeu a oportunidade. Ele rapidamente segurou a faca na pegada inversa e a cravou no pescoço do outro goblin. O público aplaudiu ao ver o sangue jorrar.

[Uma missão começou.]

O Grande Império dos Caracóis: Terras.

Nível de dificuldade: B+

Objetivo: A subjugação completa das outras espécies está iminente. Os principais culpados por essa subjugação são os Cascomontes. Usando um sistema governamental altamente desenvolvido e sua organização religiosa, eles subjugaram outras espécies uma após a outra e as transformaram em escravos. Todas as espécies se curvarão ao muco dos caracóis, a menos que algo seja feito.

Você deve resgatar os Terras da opressão dos Cascomontes!

※Se o êxodo falhar, o trigésimo segundo cenário terminará com a vitória dos Cascomontes.

A missão deste andar era um êxodo.

 


 

Tradução: Rlc

Revisão: Pride

 

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