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O Caçador Imortal de Classe SSS – Cap. 133 – (1)

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1O título é assim mesmo, em branco.O diretor do orfanato onde cresci era indiferente. Isso era tanto bom quanto ruim. As crianças do orfanato já haviam reclamado disso antes.

— É tudo feito de qualquer jeito. Todos os nossos aniversários são no dia 1º de janeiro.

— Ele não quer fazer várias festas de aniversário.

— E o que há de errado com meu nome? Sério. Kim Maeng-Ja2O nome coreano para Mencius.?

— Ei, seus nomes pelo menos soam naturais, mesmo com o sobrenome Kim. Mas eu sou Kim Hanbija3O nome coreano para Han Fei. Mas o falante também o odeia porque um nome de três sílabas é considerado antiquado hoje em dia.… Ele poderia ter me chamado simplesmente de Han Bi-Ja.

Era isso que eu sempre pensei desde que entrei na Torre. Mas agora que conheci o Guardião, a Mestra, Raviel e muitos outros, percebi algo. Pode soar estranho, mas o diretor parecia sempre ter cuidado para não nos amar demais, a mim e às outras crianças do orfanato.

Lembrei da conversa que tive com o diretor no dia em que recebi meu uniforme do ensino fundamental.

— Diretor, por que você é assim? Você não nos ama?

Quando o diretor recebia uma pergunta, ele ficava sério e pedia um dia para responder. Essa era sempre sua resposta padrão para uma pergunta séria.

— Você me perguntou ontem por que eu não amo vocês um pouco mais — mencionou o diretor.

— Sim…

Após um dia, senti um pouco de remorso por ter feito tal pergunta. No entanto, o diretor prosseguiu e me deu a resposta que preparou durante o dia, como se não se importasse com o quanto eu estava arrependido.

— Gong-Ja, é fácil para as pessoas fingirem ser algo importante. Na verdade, é a coisa mais fácil do mundo. Fingir ser inteligente, forte, gentil ou sábio… Você faz isso com seus amigos também, não é? O mesmo vale para mim. Dei a todos vocês nomes de sábios eruditos. Os adultos fazem isso também.

O diretor passou a mão pelo rosto.

— Todos usam uma máscara. Não há necessidade de destruir essa máscara, mas, se você se acostumar demais com ela, em algum momento esquece que a está usando.

Ele olhou para meu rosto, observando cuidadosamente para ver se eu estava acompanhando o que ele dizia.

— Imagine só. Se eu demonstrar que estou irritado na frente de vocês, o que vão pensar?

— Uh, que você está estressado hoje…?

O diretor sorriu amargamente. 

— Isso mesmo. Desculpe. Às vezes eu faço isso.

Ele fazia isso cerca de uma vez por mês.

— De qualquer forma, o importante é que às vezes eu fico irritado na frente de vocês. E vocês sabem muito bem disso. Sabem que tipo de pessoa eu sou. Percebem isso, certo? Mas o que aconteceria se eu sempre amasse vocês? Como seria se eu sempre dissesse “Eu amo todos vocês” e “Vocês são a alegria da minha vida”? E se eu até abraçasse vocês e dissesse, “Não há nada que eu preze mais do que vocês”? O que aconteceria se eu fosse esse tipo de pessoa e só ficasse irritado na frente de vocês uma vez por ano?

O diretor balançou a cabeça.

— Então não entenderiam por que estou bravo com vocês quando isso inevitavelmente acontecesse. Eu deveria ser a pessoa que mais ama vocês, então por que estaria bravo?

— …

— Vocês ainda são jovens, então só conseguem pensar nas respostas mais fáceis. Algo como “Ah, devo ter feito algo errado.”

O diretor estremeceu levemente.

— Gong-Ja, mesmo que eu só fique irritado uma vez por ano, isso seria cerca de dez vezes em dez anos. Mesmo que vocês só se lembrem de metade desses momentos, ainda seriam cinco vezes. É mais do que suficiente para moldar a personalidade de uma criança.

O diretor ficou em silêncio por um tempo.

— Não finjam que sou alguém que não sou — disse o diretor baixinho. — Lembrem de mim como um cara facilmente estressado e irritável. Pensem em mim como alguém que nem se dá ao trabalho de fazer uma festa de aniversário separada para vocês. Essa é a verdade. Não se culpem. Vocês não fizeram nada de errado. Não deixem um cara como eu afetar suas vidas.

— …

— Vocês podem se tornar fortes, então se tornem o mais fortes possível.

No escritório do diretor, um papel A4 de uma impressora estava pendurado na parede bem em frente à sua mesa. Era apenas mais um daqueles papéis colados nas paredes, então nunca prestei muita atenção a ele. Naquela vez, no entanto, ele chamou minha atenção durante a conversa.

O papel dizia o seguinte:

“Trabalho junto com indivíduos, famílias, organizações, comunidades regionais e a sociedade porque acredito na dignidade humana e na justiça social. Todos devem desfrutar de uma vida humana.

Estou sempre ao lado daqueles que são alienados e sofrem para proteger seus direitos humanos e interesses. Rejeito a injustiça social e coloco os interesses públicos acima dos meus interesses pessoais.

Juro solenemente, por minha honra e de livre vontade, que me dedicarei como trabalhador de assistência social com moralidade e responsabilidade, cumprindo o código de ética dos trabalhadores de assistência social.”

Olhei para o diretor, que estava perdido em pensamentos, encarando o vazio sem dizer outra palavra. Seus olhos eram negros.

Esses olhos ainda estavam gravados na minha mente.

***

— Desculpe, Raviel. Não posso sair com você hoje — disse após chegar ao portão da escola.

Raviel olhou para mim. Seu olhar desceu lentamente, onde minha mão estava entrelaçada com a do Assassino de Constelações. Eu o havia arrastado até aqui. Ele não perguntou a razão de estar segurando sua mão ou para onde o estava levando. Apenas caminhava silenciosamente ao meu lado com a cabeça abaixada.

— Você às vezes mostra um nível incrível de capacidade de agir, meu querido. É um mistério, mas acho esse lado seu incrível — disse Raviel em voz baixa. — Siga seu coração. Há algo que eu possa fazer para ajudar?

— Ainda não. Mas te direi imediatamente se algo acontecer.

— Sempre acreditarei em você. — Raviel beijou minha testa. Imediatamente após isso, ela se virou e entrou na limusine.

Um mordomo que lembrava o chefe dos mordomos imperiais conduziu a limusine pela estrada.

— Tudo bem, então — olhei para o Assassino de Constelações. — Vamos.

— Onde?

— Para sua casa.

Foi a primeira vez que vi o Assassino de Constelações hesitar. À primeira vista, ele parecia estar farto de mim, mas eu não ia mudar de ideia. Planejei visitar seus pais primeiro e me desculpar.

Embora eu nem saiba por onde começar a desfazer esse nó.

Sabia que pedir desculpas não resolveria esse trauma. Não havia como isso resolver tudo.

Parecia que o próprio trauma havia se tornado uma fase que precisava ser superada porque o nível de intensidade era muito alto.

Por enquanto, vamos fazer o que posso. Vou passo a passo, como sempre.

No entanto, minha tentativa de resolver o trauma foi frustrada desde o início.

— Aqui.

Fiquei sem palavras quando vi o lugar para onde o Assassino de Constelações me guiou. Era um lixão.

Ao pé da montanha, havia um terreno baldio cercado por pinheiros. Esse terreno era o pequeno lixão da cidade. Garrafas plásticas, isopor sujo e maços de papel descartados pelos cidadãos estavam empilhados de forma desleixada. Havia uma cabana no meio disso.

“■■ mora em um lixão. Todos os uniformes escolares e sapatos internos dele são reciclados.”

Senti uma dor de cabeça se aproximando quando me lembrei da mensagem. Pensei que o remetente havia apenas enviado um texto cruel.

Desgraçados.

— E seus pais? Eles trabalham?

A cabana não era uma casa. Era simplesmente um lugar para se abrigar. As paredes eram curtas demais para alcançar o telhado, então havia uma grande lacuna entre elas. O telhado era coberto com vinil cinza.

— Meu pai coleta e vende sucata.

O lixo plástico cercava a cabana como fossos. Diferentemente do outro lixo espalhado no terreno, os fossos de plástico eram limpos e tinham rótulos rasgados.

Por causa desses fossos, a cabana parecia estar flutuando em um deserto de plástico branco.

— E a sua mãe?

— Não tenho uma.

— …

Após esperar duas horas, o pai do Assassino de Constelações voltou para casa. Ele era um homem pobre. No entanto, a vida o pesava mais do que a pobreza. Eu podia dizer assim que o vi. Quando eu morava em um pequeno estúdio, às vezes me olhava no espelho. Lembro de parecer com ele.

— Esse é seu amigo, ■■?

— Não, não sou amigo dele — respondi.

— Hmm…?

O velho cerrou os olhos. Parecia muito velho para alguém que tinha um filho no ensino médio. Ele lembrava o velho barqueiro cujo trauma eu vislumbrei enquanto estava na Crônica do Demônio Celestial.

— Eu só o machuco e intimido.

O velho piscou para mim, sem emoção em seus olhos.

Fazia apenas um minuto desde que comecei a conversa, mas percebi que era tarde demais para tentar resolver as coisas. O velho à minha frente já estava muito desgastado e não tinha mais nada no coração para se importar, diferente de mim quando morava em um estúdio.

Essa era a diferença entre mim e esse homem, mas não estava claro de onde vinha essa diferença. A única coisa certa agora era que esse homem não tinha o poder de proteger o Assassino de Constelações.

— Aqui está a prova. Se você olhar o celular, verá as mensagens. Se olhar isso… — mostrei tudo o que podia.

O velho piscou ao ver o inferno que seu filho estava enfrentando. Ele me encarou. 

— Entendo…

Foi só isso. Assim que terminei de falar, o velho parou de responder. Era como se toda a conversa tivesse chegado ao fim. Ele apenas esperava para ver se eu tinha algo mais a dizer, e, se não, ele ainda não fazia nada. Parecia não ter nada a dizer para mim.

Olhei para o Assassino de Constelações. Ele não estava olhando para o pai. Não parecia chocado ou insultado pela conversa de agora. Com uma expressão impassível, ele apenas estava sentado silenciosamente no chão, como se tudo o que estava acontecendo agora fosse natural.

Sim, isso era natural para ele.

Levantei e me curvei para o velho. 

— Desculpe por invadir sua casa assim. Se estiver tudo bem para o senhor, gostaria de convidar seu filho para ficar na minha casa por um tempo. Tudo bem?

— Claro…

Estava claro que o velho não entendeu o que eu acabei de dizer. Ele estava impotente. No entanto, expliquei várias vezes, por causa do Assassino de Constelações.

— Pode ser uma estadia longa. Uma semana, um mês. Talvez seja mais longa que isso. Visitarei o senhor todos os sábados à noite para contar como seu filho está. Tudo bem, senhor?

— Sim, vá em frente.

Bom. Olhei para o Assassino de Constelações. 

— Vamos.

— …

— Pegue o que precisa. Como disse ao seu pai, você ficará na minha casa por um tempo.

— O que você está fazendo? — O Assassino de Constelações olhou para mim. Sua voz estava longe de ser cuidadosa ou educada. — Está tentando limpar sua ficha agora que vai se casar com uma garota rica? Porque está com medo de ter problemas depois? Você é esperto.

Meu estômago revirou. 

— Ou isso também é um novo jogo que você está jogando comigo? Se for o caso, apenas diga logo. Me diga as regras. Não se incomode com toda essa encenação. Vou jogar seu jogo. Devo ir ao pátio da escola à noite?

A voz do Assassino de Constelações era monótona. Era a voz de alguém que estava a um dia de escolher cair para a morte.

— Desculpe.

— Você está louco.

— Por favor, me dê um dia. Por favor. Farei qualquer coisa. Por favor, aguente mais um dia.

Para mim, esse era um dos muitos dias da minha vida, mas era o último para o garoto à minha frente. Não pude evitar desejar, rezar e pedir desesperadamente que ele se mantivesse forte por mais um dia.

— Faça como quiser — murmurou o Assassino de Constelações, com cansaço.

Segurando seu pulso, segui para casa. Tive que voltar para a escola porque não sabia o caminho de casa de onde estava. Chegamos apenas depois que o sol se pôs e o céu estava escuro.

— Por favor, espere aqui um momento.

— …

— Volto em vinte minutos. Pode esperar por esse tempo?

— Eu disse para você fazer o que quiser…

Deixei o Assassino de Constelações na beira da estrada e entrei em casa.

O Guardião estava no quintal. Parecia que ele estava observando o céu noturno com um copo de uísque ao lado.

— Ei, filho. Você tá um pouco atrasado hoje. Haha. Não tá atrasado porque estava aproveitando demais seu encontro, tá? Tô te dizendo, só por precaução. Comece a namorar sério depois de se formar no ensino médio. Nada de bom vem de um relacionamento se você pisar no acelerador com muita força.

O Imperador da Espada era meu parceiro e a pessoa que me ensinou que o futuro valia a pena ser esperado. Neste mundo, ele era meu…

— …Pai.

— Hã? — O Guardião piscou.  — Ah, algo parece errado. Mas o quê…? É um pouco estranho que você me chame de pai. Não é só estranho. É muito… constrangedor. É tão constrangedor que sinto que vou morrer de arrepios. Será que é porque estou meio bêbado?

Chamei-o novamente. 

— Pai, não tem como você ter me criado assim.

— O quê?

— O pai que eu conheço é uma ótima pessoa. Assustador, também. Embora seja como um psicopata egocêntrico em alguns aspectos, você não faz concessões no que acha que está errado.

O Guardião franziu a testa. 

— Do que você tá falando, filho…?

— Se você fosse meu pai, eu nunca cresceria para ser um valentão. Posso me desviar de vez em quando, mas, antes que eu saísse completamente dos trilhos, você me arrastaria de volta ao caminho certo, mesmo que isso significasse me bater até quase morrer.

Era quem ele era.

— Eu intimidei um garoto mais fraco e… o levei a cometer suicídio.

“Ouvi dizer que muitas pessoas estão fazendo alarde sobre o que aconteceu, mas não dê atenção a elas. Eles não têm coragem de dizer isso na sua cara, então tão apenas te incomodando na internet. Deus, esses caras deveriam ter todos os dedos cortados.”

— Não tem como você dizer algo assim. Você jurou me ensinar a ser feliz quando eu estava sofrendo. Você simplesmente não é capaz de falar assim.

— …

— Eu sou o tipo de pessoa que você mais despreza, então me chamar de seu filho com tanto carinho é impossível. Este mundo inteiro é impossível.

A noite estava silenciosa. Eu não conseguia ouvir um único inseto no quintal.

Olhei diretamente para o Guardião e disse: 

— Você não é o Imperador da Espada.

— …

— Saia daqui agora.

Depois que disse isso, o Guardião desmoronou.

— ■■■■■.

Sua pele, ossos… Tudo o que compunha o Guardião derreteu e desapareceu. Quando fechei os olhos e os abri novamente, uma sombra irreconhecível e flácida estava lá, como um fantasma.

— ■■■■, ■■…….

Eu não conseguia entender o que ele dizia, nem reconhecer seu rosto. No entanto, sabia que aquele era o rosto do meu pai neste mundo.

Passei pelo Guardião e entrei na casa. A Mestra estava sentada no sofá da sala, sorrindo suavemente. Nunca pensei que a veria assim.

— Bem-vindo, Gong-Ja. Como foi a escola hoje, meu filho?

 


 

Tradução: Rlc

Revisão: Pride

 

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