Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 02 – O Noivado de Norn (Parte 2)

A+ A-

 

DEIXA COMIGO.

Com essas palavras, fui direto preparar o terreno para o casamento. Norn estava a bordo, então agora a única incógnita era Ruijerd. Considerando a idade dele, ele deveria agarrar a chance de se casar com minha irmãzinha. Além disso, casar-se com minha família também serviria aos Superd. Desde tempos imemoriais, o casamento muitas vezes serviu para solidificar alianças. Um casamento entre Norn e Ruijerd garantia que os Superd não se voltariam contra o Deus Dragão, e do nosso lado, significava que não os abandonaríamos. Era uma situação em que todos ganhavam.

Mas ainda assim, era o suficiente? Isso faria Norn feliz? Se Ruijerd se casasse com ela por obrigação, seria isso que ela queria? Ela conseguiria segurar as lágrimas ao perceber que ele não a amava?

Atualmente, Ruijerd era responsável pelas negociações com o Reino de Biheiril. Isso significava que Norn não viveria na Cidade Mágica de Sharia, mas na aldeia Superd. Pelo menos depois do que aconteceu lá, todos os aldeões pareciam conhecer seu rosto e nome; eles provavelmente a receberiam bem. Mas Norn conseguiria lidar com o fato de estar cercada por pessoas de uma espécie diferente e uma cultura totalmente diferente de Sharia? Na pior das hipóteses, Norn poderia até acabar morando sozinha em uma cidade próxima.

Eu estava preocupado. Genuinamente preocupado.

Quando perguntei para minhas esposas sobre isso, Roxy disse: “É a Norn. Tenho certeza de que ela ficará bem”, Eris disse: “É o Ruijerd. Eles ficarão bem”, e Sylphie disse: “Você está pensando demais”.

Elas tinham certeza de que ficaria tudo bem, mas ainda assim, eu me preocupava. Eu não suportaria ver Norn infeliz. Se ela acabasse chorando, eu teria que encarar o olhar ressentido de Paul em meus sonhos enquanto Zenith se sentava ao meu lado na cama e me dava um tapa enquanto eu dormia. Pelo bem deles também, eu tinha que dar a Norn a melhor chance de ser feliz. Mas mesmo assim, caberia a ela o que faria com isso.

Eu podia confiar em Ruijerd, é claro. Sabia que mesmo que ele não amasse Norn de verdade, daria a ela tudo o que era seu por direito como esposa. Ele garantiria que ela não tivesse motivos para chorar. Ainda assim, eu precisava ter certeza. E se eu armasse um evento para aproximar os dois? Eu poderia ser capaz de direcionar os sentimentos de Ruijerd para Norn e garantir que eles seriam felizes.

— Certo — disse a mim mesmo.

Foi assim que acabei no Reino de Biheiril, na aldeia Superd. Apenas alguns meses antes, ela estava em plena construção, mas agora voltava a parecer uma aldeia. Estava cercada por uma paliçada alta, dentro da qual havia casas e canteiros de hortaliças vazios. Quando os guerreiros Superd me viram, eles curvaram a cabeça e me receberam calorosamente na aldeia. Eu acenei de volta para eles como cumprimento, depois corri para a casa de Ruijerd. Era uma construção nova, é claro.

A casa de Ruijerd era grande, talvez porque ele fosse uma pessoa bastante importante na aldeia agora. Sim, havia espaço de sobra para dois — e filhos.

— Ruijerd — perguntei, hesitante —, você está em casa?

— Rudeus? — Ele respondeu. Talvez ele tivesse acabado de comer, estava sentado de pernas cruzadas em frente à lareira, com os olhos fechados como se estivesse meditando.

Sem dizer uma palavra, me sentei à sua frente. Eu estava ajoelhado. Com isso, Ruijerd abriu os olhos e me olhou com interrogação.

— O que foi? — Ele perguntou.

Levantei uma mão para ele. 

— Me dê um momento, por favor. Estou pensando no que dizer.

— Tudo bem.

Fiquei em silêncio, encarando as chamas bruxuleantes pelo que pareceu ser uma hora. Por mais estranho que pareça, eu não tinha pensado no que deveria dizer. Eu sabia o que tinha que perguntar: como ele se sentia em relação a Norn? Ele gostava dela? Odiava-a? Conseguia se ver casando com ela?

A questão era como dizer isso. Quer casar com a Norn? Algo assim? Não, esquece. Casar e como ele se sentia eram duas questões diferentes. Eu não podia esquecer isso.

Fiquei quieto, mas Ruijerd não tentou puxar conversa. Ele esperou pacientemente que eu falasse, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Eu não sabia o que ele tinha para fazer naquele dia, mas ele era um homem ocupado. Ele seria assim com Norn também, eu tinha certeza. Talvez Norn se irritasse com ele por isso. Talvez ela o pressionasse para dizer algo.

Não, provavelmente foi por esse lado de Ruijerd que Norn se apaixonou. Uma pessoa com quem se pode ficar em silêncio confortavelmente é algo raro. Embora, admito, eu estivesse um pouco desconfortável.

— Norn me fez chá outro dia, e ela era realmente muito boa nisso. — Eu disse, tentando obter uma reação.

— Ora, ora. Norn fazendo chá.

Uma mordidinha de Ruijerd. Talvez ele estivesse interessado em Norn, afinal. Eu tinha superado o primeiro obstáculo, então…?

Espere, porém. Se um cara diz algo depois de ficar em silêncio por uma hora inteira, é claro que você se apegaria, não importa o que ele dissesse.

Acalme-se, Rudeus. A conversa está toda no fluxo.

— Aparentemente, ela está sempre fazendo chá no trabalho, e foi assim que ela melhorou.

— Entendo… Uma vez bebi um chá que ela fez quando veio à aldeia. Estava muito bom.

Ruijerd sorriu com a lembrança. Então ele já tinha provado o chá de Norn, hein? Talvez ele quisesse beber de novo. Talvez estivesse pensando que gostaria que ela o fizesse todos os dias só para ele…

Droga, como eu faço a pergunta? Eu precisava de algumas opções. É assim que Orsted se sente quando fala comigo? Como diabos eu faço isso?!

— Ela não só sabe fazer chá, como a comida dela também não é ruim.

Enquanto eu hesitava, a conversa ainda fluía.

Espere um minuto. O que foi isso? Comida caseira?

— Você provou a comida dela?

— Provei.

A comida caseira de Norn? Quando nem eu nunca provei?

— Não me diga…

Eu me perguntei o que ela havia cozinhado. Ensopado de carne e batata? Curry? Talvez estrogonofe de carne? Eu também queria um pouco. Eu queria provar a comida caseira de Norn!

Deixa pra lá, isso não era sobre mim.

Ele disse que “não era ruim”, o que significava que não tinha sido um desastre. Talvez ela não conquistasse o coração dele pelo estômago, mas parecia que ela não era um fracasso total na cozinha. Eu não veria Ruijerd definhar após o casamento, então.

— Aconteceu alguma coisa com a Norn? — perguntou Ruijerd, cortando meus pensamentos. Que perspicaz da parte dele.

Bem, ok. Depois de eu ter entrado aqui com uma cara toda séria e ter mencionado Norn do nada, acho que era a pergunta óbvia.

— Não, hm… Nada em particular. Eu estava só, sabe, jogando conversa fora.

Infelizmente, eu ainda não tinha coragem de perguntar a ele diretamente.

Você gosta da Norn? Você a ama? Você poderia pegá-la em seus braços agora mesmo e beijá-la?

E se eu perguntasse, e ele dissesse que não gostava dela de jeito nenhum? Que não poderia se casar com ela, e mesmo que se casasse, não a amaria…? Eu não conseguia deixar de me perguntar. Seria um grande choque para mim, com certeza. Eu poderia começar uma briga aqui mesmo. Você está dizendo que minha Norn não é boa o suficiente para você?!

— Norn é uma adulta agora e até tem um emprego, mas de certa forma, ela ainda é muito criança… Quero dizer, ela não parece ter nenhum interesse em caras. Às vezes me preocupo se ela conseguirá encontrar um marido, sabe? — Eu disse, e então olhei para Ruijerd. Talvez eu tenha sido óbvio demais, Ruijerd parecia desconfiado.

Eventualmente, ele disse: 

— Não é costume humano que a escolha do parceiro de casamento seja deixada para o chefe da família? Não é você quem escolherá o marido de Norn?

— Não, não, não. Nós não somos da nobreza, sabe. Eu meio que sinto que seria bom deixar Norn escolher um marido para si mesma, tipo, hm… — lancei um olhar para Ruijerd, mas sua expressão não havia mudado. Na verdade, não. Havia uma dureza por cima da desconfiança agora. Ele não achava que eu estava fugindo da minha responsabilidade, achava?

— Não, não se preocupe! Se Norn trouxesse um imprestável, eu o expulsaria na hora. Eu diria a ele: “Se você quer a Norn, terá que passar por mim primeiro!” Não vou entregar a Norn para qualquer um!

Corri para dar uma desculpa. Seria um desastre se Ruijerd pensasse que eu era irresponsável pouco antes de lhe oferecer Norn. Eu não conseguia pensar exatamente como daria errado, mas com certeza poderia.

— Você quer dizer que qualquer um que deseje tomar Norn como noiva deve derrotá-lo primeiro?

— Não…! Ele não precisa ser forte nem nada! Mas! É só, bem, como devo dizer… Garra! É isso, quero que ele me mostre que tem garra.

Droga, eu era um covarde, mas não fugia. Qualquer um que quisesse se casar com Norn tinha que ter a coragem de ficar e lutar mesmo quando soubesse que não poderia vencer. Era isso.

— É mesmo?

— É.

Obviamente, Ruijerd não tinha com o que se preocupar. Tentei transmitir isso a ele com outro olhar furtivo, mas seu rosto estava imóvel, o olhar duro não havia vacilado…

Talvez ele não estivesse interessado em Norn, afinal. Provavelmente era natural. Para ele, Norn era uma criança. Desde que se conheceram quando ela era pequena, sempre foi uma criança fraca. E Ruijerd não cobiçaria uma criança. Ele não era esse tipo de cara.

— Ruijerd, eu… vou perguntar diretamente.

— Muito bem.

Quero dizer, eu ainda tinha que perguntar. Por via das dúvidas. Mesmo que acabasse sendo ruim para Norn. Eu não podia tirar conclusões precipitadas com base apenas na expressão dele. Hora de eu tomar coragem.

— Como você se sente em relação a Norn? — perguntei.

Ruijerd ficou em silêncio. Ele me fuzilou com o olhar, sem dizer uma palavra, sua expressão dura como pedra. A desconfiança havia desaparecido completamente.

Hmm. Isso era estranho. Normalmente, eu esperaria que Ruijerd respondesse imediatamente. Ele a considerava uma criança ou uma adulta?

Me preparei.

— Você… tem sentimentos pela Norn? — Tive que ser direto. Eu cometi um erro? Talvez tivesse sido melhor vindo da Norn.

— Ah — murmurou Ruijerd. Então, como se estivesse se decidindo, ele se levantou. Pegou sua lança de onde estava encostada.

— Rudeus. — Ele disse finalmente. — Saia pela frente.

Olhei para ele, sem entender o que ele queria dizer.

Em resposta à minha hesitação, Ruijerd disse em um tom ainda mais forte:

 — Saia.

— Tudo bem. — A intensidade em sua voz não deixava espaço para discussão. Obedeci prontamente.

Deixamos a aldeia Superd e caminhamos por cerca de quinze minutos na floresta do Desfiladeiro da Serpe Terrestre. No fundo da mata, a floresta de repente se abriu em uma clareira. Lá, Ruijerd e eu nos enfrentamos.

A expressão de Ruijerd esteve sombria o tempo todo. Talvez eu o tivesse irritado de alguma forma. Parecia que perguntar a ele se tinha sentimentos por Norn depois daquela conversa tinha sido um erro, afinal. Acho que ele pensou que eu estava oferecendo Norn em nome da política ou algo assim. Este era Ruijerd. Ele seria um homem e diria: “Como irmão mais velho dela, Norn é sua para proteger. Não a use para bajular algum estranho”. Ele era confiável assim.

— Você percebeu há muito tempo, então.

Isso foi inesperado. Encarei-o sem expressão. O que eu supostamente tinha percebido? O que eu deveria ter percebido? Eu, o cara que agora mesmo, neste exato momento, estava totalmente perdido e confuso? Eu, que você não poderia chamar de perspicaz nem para ser gentil?

— Percebi o quê?

— Não há necessidade de dizer mais. Prepare-se!

Quando as pessoas diziam “sem tempo para protestar”, era isso que elas queriam dizer. Eu obviamente não tinha o Olho da Previsão aberto, e sem ele, não havia como eu acompanhar Ruijerd.

— Ai! — Ruijerd estava em cima de mim em um instante, me jogando no chão. Ainda assim, em comparação com uma década ou mais antes, eu era um perdedor de melhor classe. Meu regime de treinamento diário valeu a pena — eu mal consegui reagir. A lança de Ruijerd veio cortando da direita. Eu a bloqueei com a manopla da Armadura Mágica Versão Dois. Ruijerd continuou com um chute baixo que eu levantei uma perna para bloquear, deixando-me apoiado em um pé só. Ele girou sua lança para derrubar minha perna de apoio com a coronha.

— E então? — Ruijerd pressionou a ponta de sua lança no meu pescoço, olhando para mim impassivelmente.

— Eu desisto. Você venceu.

Eu não tinha ideia do que ele estava perguntando. Não havia mais nada que eu pudesse dizer. Tinha quase certeza de que ele não me perfuraria a garganta, mas eu havia perdido.

— Foi bom o suficiente?

Do que você está falando? O que foi bom o suficiente?

— Se for o caso, acho que fui eu quem não foi bom o suficiente.

— Foi… suficiente, então?

O que deveria ser suficiente? Ele me derrubou como se não fosse nada. Eu só me envergonharia se tentasse dizer mais alguma coisa.

— Acho que sim. — Eu disse. Com isso, Ruijerd recuou sua lança. Me levantei, ficando sentado. Até eu podia ver o quão patético eu devia parecer enquanto olhava para ele.

Então, ele disse algo bizarro.

— Então, como prometido, eu reivindico sua irmã.

Reivindica? A mão da minha irmã? O que tem a minha irmã? Eu prometi isso? Espere. Do que estamos falando mesmo?

O fio da conversa tinha me escapado um pouco.

— É como você suspeitava.

O que eu suspeitava?

— Eu me uniria em matrimônio com Norn.

— Matri… mônio… — Tentei desesperadamente lembrar o que isso significava. Certo. Casamento. O estado de ser casado.

— Hã? — Então Ruijerd amava Norn?

Espere aí. Não se adiante! Você tem o péssimo hábito de confundir as coisas.

— Você quer dizer, você… sobre a Norn…

Após uma longa pausa, Ruijerd disse: 

— Eu a amo.

Seria possível que Ruijerd estivesse brincando? Ele estava planejando que eu ficasse tão encantado que lhe dissesse que concordava no seu casamento com Norn na hora, e então, quando eu realmente trouxesse Norn vestida com seu quimono de noiva, Ruijerd apareceria, dizendo “Pegadinha!”? Seria um golpe emocional esmagador para mim. Norn poderia até ficar de cama. Este era o plano do Deus-Homem, com certeza.

Maldito seja, Ruijerd era um discípulo do Deus-Homem!

— Você está brincando?

— Isso não é brincadeira — disse Ruijerd, parecendo um pouco ofendido. Ele nunca brincava, e esta não era exceção.

— Desde quando? — perguntei.

— Desde a batalha no Reino de Biheiril, há vários meses. Ela cuidou de mim abnegadamente naquela época.

Era verdade, eles eram inseparáveis naquela época. Muito domésticos. Mas isso realmente tinha sido mais do que um apego unilateral da parte de Norn? Eu pensei que talvez ela tivesse ficado por perto suspirando por ele enquanto ele estava alheio.

— Eu não agi com base nos meus sentimentos, é claro.

Ele teria agido se ela não fosse minha irmãzinha? Acho que sim. Foi o que aconteceu nos ciclos usuais, de acordo com Orsted — e então Norn se tornaria uma mulher, uma noiva e uma mãe.

— Mas você percebeu, eu vejo. Presumo que seja por isso que veio aqui tão abruptamente e perguntou.

Fiquei em silêncio.

Ele deve estar brincando. Tudo o que eu sabia era que Norn o amava. Eu não tinha ideia de que era mútuo. Minha capacidade de percepção é a de uma porta.

— Reitero: é meu desejo tomar Norn como minha esposa. — Ruijerd ergueu a lança que segurava no meu pescoço. — Para esse fim, demonstrei minha garra.

Ah, então era isso? Um duelo, para me mostrar sua garra?

Mas era como… como eu digo isso? Foi fácil demais. Tudo estava indo muito bem. É uma armadilha? Quem está tentando armar para quem? Não tenho ideia. O que está acontecendo aqui?

Falei sentado ali mesmo no chão, enquanto olhava para Ruijerd. 

— …Está tudo bem com sua última esposa e seu filho? — Porque eu não entendia, decidi continuar fazendo perguntas.

— Não estou apegado ao passado.

Isso me soou familiar, que ele me disse que apenas não tinha conhecido a pessoa certa.

Quando não me levantei, Ruijerd cravou sua lança no chão e se sentou de pernas cruzadas ao meu lado. Me ajeitei para ficar de joelhos. Agora nossos olhos estavam no mesmo nível.

— Em outras palavras… — Ruijerd disse apenas isso, depois franziu a testa e olhou para baixo, pressionando os lábios.

Depois que eu apareci do nada e expus seus verdadeiros sentimentos, ele decidiu partir para a ofensiva e me trouxe até aqui para me mostrar sua coragem. No entanto, ele nunca foi bom com as palavras. Provavelmente ainda estava pensando no que queria dizer, no que deveria dizer.

Talvez eu tivesse apressado as coisas. Eu não precisava juntar os dois imediatamente só por causa do que Orsted me disse. Talvez eu devesse ter pensado em uma estratégia mais indireta para aproximá-los. Tipo, se Norn fosse sequestrada, e eu pedisse a Ruijerd para salvá-la… Não, esquece. Isso só capturaria o coração de Norn, então talvez eu atraísse Ruijerd para uma armadilha. Norn me odiaria por isso, no entanto.

Enquanto eu refletia, Ruijerd falou. 

— Eu esperava um dia me casar com uma humana.

— O que você quer dizer?

— Por sua causa, os Superd estão se recuperando. O povo do Reino de Biheiril e a tribo dos ogros nos receberam calorosamente. Assim como foi com os ogros, um dia, um dos Superd formará um laço de sangue com um membro da família real ou da nobreza. Foi proposto que, nesse caso, o primeiro deveria ser eu.

— Hã. — Eles tinham discutido isso…? Bem, fazia sentido. A posição de Ruijerd na aldeia era como a de um conselheiro do chefe da aldeia. Ele era um herói de guerra antigo e respeitado. Como o ídolo da aldeia… Bem, não exatamente assim, mas ele era uma espécie de anjo da guarda. Ele se casaria com alguma princesa ou nobre de Biheiril. Para o Reino de Biheiril, isso significaria paz de espírito, pois os Superd então protegeriam o reino.

— Mas se me fosse permitido escolher… Rudeus, eu me juntaria à sua família.

Senti algo quente florescer em meu coração. A amizade do Reino de Biheiril ajudaria os Superd. Sem dúvida, os ajudaria muito mais do que laços de sangue com minha família. Mas Ruijerd escolheu minha família. Ele me escolheu!

Espere, não a mim! Graças a Deus. Eu estava prestes a me transformar em Garotadeus.

Naquele momento, algo me ocorreu.

— Você está feliz com a Norn, então?

— O que você quer dizer? — Ruijerd parecia duvidoso.

— Norn é… Como posso dizer? Ela é, bem, bem egoísta. Às vezes, ela diz coisas insensíveis sem realmente pensar nas consequências. Se, hipoteticamente, vocês tivessem uma briga como marido e mulher, ela poderia soltar algo sem tato sobre o seu passado.

Ruijerd ficou em silêncio. Eu não esperava que isso saísse da minha boca, e me arrependi. Eu estava aqui para apoiar Norn. Precisava exaltar seus pontos positivos, mas ela tinha algumas falhas.

— Acho que ela já pegou o jeito de todas as tarefas domésticas, mas não posso dizer se ela será boa nisso se for sua ocupação principal. Ela pode aprender, mas não é muito boa em aplicar o que aprende ou em resolver as coisas, e geralmente erra na primeira vez. É fácil em Sharia, mas na aldeia Superd, tenho certeza de que haverá muito a descobrir. Ela pode ser um verdadeiro fardo.

Olha, há outras mulheres em idade de casar na minha família. Como, digamos, Aisha. Para ser honesto, Aisha é mais talentosa que Norn. Ela sabe fazer tarefas domésticas e cuidar de crianças. Não há nada que Norn possa fazer que Aisha não possa. Não posso deixar de me perguntar se você realmente seria feliz com Norn.

Eu queria apoiar Norn, mas também gostava de Ruijerd. Queria que ambos fossem felizes, então eu precisava ter certeza que nenhum dos dois ficaria insatisfeito.

— Mas isso é o resultado de ela fazer o seu melhor, não é? — contrapôs Ruijerd. — Eu conheço Norn. Conheço suas forças e fraquezas. — Fiquei sem palavras. Ruijerd continuou insistentemente. — Você também conhece, não é?

— Claro.

Norn tinha muitos pontos positivos. Eu não sabia muito sobre como Norn era hoje em dia, mas ela aprendeu a se importar com outras pessoas. As pessoas pararam de compará-la com Aisha, então ela parou de ser desnecessariamente servil. Ela não ficava histérica com tanta frequência e não brigava mais com Aisha. Ela também era carinhosa. Ela não levava o respeito para casa, mas seus colegas de classe e os alunos mais novos a admiravam. Ela teve muitos amigos em sua festa de quinze anos. Mesmo agora, alunos mais novos às vezes vêm à nossa casa para pedir conselhos a Norn sobre seus estudos ou o conselho estudantil.

Norn se esforçava ao máximo em tudo. Ela nunca seria a melhor, mas era competente. Muitas coisas não vinham naturalmente para ela, então talvez ela não parecesse um grande partido. E quando comparada a Aisha, era como a noite e o dia.

Mas por que compará-las? Norn trabalhava duro e progredia constantemente. Ela continuaria assim pelo resto da vida, porque era quem ela era. Uma boa garota, uma irmãzinha de quem eu podia me orgulhar.

Ruijerd sabia o quanto ela se esforçava. Ele não precisava que eu lhe contasse sobre suas forças ou fraquezas ou o quão duro ela trabalhava. Ele amava tudo isso.

— Você promete sempre proteger Norn? — Eu finalmente perguntei a ele.

— Sim — disse Ruijerd com firmeza. Claro que ele protegeria. Ele a protegeria até que a morte os separasse.

— Acredito que Norn sofrerá depois de se casar, cercada por pessoas de uma raça diferente e separada de sua família. Você a apoiará?

— Sim — prometeu Ruijerd. Ele o faria pelo resto de sua vida.

— Você promete continuar a amá-la mesmo quando ela ficar mal-humorada por nada e disser coisas desagradáveis?

— Sim.

Aposto que ele a abraçaria durante isso.

— Norn segue a fé de Millis… Você promete permanecer fiel?

— Sim.

Essa era óbvia. Ruijerd não seria influenciado pelos encantos de nenhuma mulher.

— Norn é ainda mais chorona do que eu. Você não se importa com isso?

— Não me importo. Não darei a nenhum de vocês motivo para chorar.

Tarde demais. Lágrimas gordas escorriam pelas minhas bochechas. Ruijerd falava pouco, mas seus olhos eram claros. “Não me importo. Eu entendo tudo isso.”

A lembrança de nossa jornada pelo Continente Central após o incidente do deslocamento voltou à minha mente. Contanto que eu estivesse com Ruijerd, eu me sentia seguro. Não importa que monstros viessem atrás de nós, Ruijerd nos mantinha seguros.

Admito que ele tinha algumas fraquezas quando não estava lutando contra monstros, mas todo mundo tem. Estaria tudo bem se Norn o ajudasse nessas áreas. Dado quem ela era agora, eu tinha certeza de que ela conseguiria. Se não, Ruijerd nunca teria dito que queria se casar com ela.

A tensão deixou meus ombros enquanto o alívio me invadia.

— Cuide bem da minha irmã. — Eu disse. Então, finalmente, curvei minha cabeça.


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Pride

 

💖 Agradecimentos 💖

Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:

 

  • decio
  • Ulquiorra
  • Merovíngio
  • S_Eaker
  • Foxxdie
  • AbemiltonFH
  • breno_8
  • Chaveco
  • comodoro snow
  • Dix
  • Dryon
  • GGGG
  • Guivi
  • InuYasha
  • Jaime
  • Karaboz Nolm
  • Leo Correia
  • Lighizin
  • MackTron
  • MaltataxD
  • Marcelo Melo
  • Mickail
  • Ogami Rei
  • Osted
  • pablosilva7952
  • sopa
  • Tio Sonado
  • Wheyy
  • WilliamRocha
  • juanblnk
  • kasuma4915
  • mattjorgeto
  • MegaHex
  • Nathan
  • Ruiz
  • Tiago Tropico

 

📃 Outras Informações 📃

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!

 

 

Tags: read novel Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 02 – O Noivado de Norn (Parte 2), novel Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 02 – O Noivado de Norn (Parte 2), read Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 02 – O Noivado de Norn (Parte 2) online, Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 02 – O Noivado de Norn (Parte 2) chapter, Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 02 – O Noivado de Norn (Parte 2) high quality, Mushoku Tensei: Reencarnação Redundante – Vol. 01 – Cap. 02 – O Noivado de Norn (Parte 2) light novel, ,

Comentários

5 11 votos
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
11 Comentários
Mais antigo
Mais recente Mais votado
Inline Feedbacks
View all comments
Foxxdie
Foxxdie
3 meses atrás

Norm vai conhecer a lança superd.

Pedro
Pedro
3 meses atrás
Reply to  Foxxdie

Kkkkkk

Solo Yuusha
Solo Yuusha
3 meses atrás
Reply to  Foxxdie

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Saan
Saan
3 meses atrás

Aaaaaaah muito bom, obg pelo episódio!

Vanir
Vanir
3 meses atrás

Rudeus nunca passou tanto cagaço como hoje.

GustaShow
GustaShow
3 meses atrás

Bem que a zennith fala pra norn no começo que o superd é um monstro que ia comer ela

Tartarugakk
2 meses atrás

É bem fofuxo ver como o Rudy fica molenga perto do Ruijerd, e não é atoa ele lembra bastante o Paul em bastante características. Obrigado pelo capitulo!

(01/10/25)

Leitor Anônimo
Leitor Anônimo
1 mês atrás

Sei que chá Ruijerd que tomar, é chá de buc…

Rudeus Atoleiro
Rudeus Atoleiro
1 mês atrás

Ruijerd tomou o chá da Norn e se apaixonou. ‘-‘

22092012
28 dias atrás

LINDO. Não esperava o Rudeus chorando no final, foi bem tocante. Mas sinto que faltou uma conversa melhor por parte do Rudeus, talvez ruijerd tenha ficado com a impressão de que a Norn vai casar com ele por obrigação, ao menos nesse capitulo.

supremacy
Lux
Lux
13 dias atrás

Pega o Jack pega pega (Ruijerd Goat)

Vol. 01 – Cap. 02