Um ano inteiro se passou em um piscar de olhos. Hoje é a cerimônia de graduação da Universidade de Magia de Ranoa.
Minha cerimônia de graduação.
Hoje me vesti com o meu velho e não-muito-usado uniforme, e juntei-me no processo do qual sempre assistia da sala do conselho estudantil. Parece até que foi ontem a cerimônia de Zanoba e Cliff.
Escutava o discurso do diretor enquanto estava cercado por colegas dos quais sequer reconhecia. O discurso era o mesmo de sempre. Já o ouvi algumas vezes antes. Ele provavelmente lê o mesmo script todos os anos. Só de ter graduandos aqui, significava que ele podia cortar as formalidades, mas não era isso que estava me incomodando.
O fato de que eu raramente vinha à escola provavelmente fez-me sentir ainda menos conectado à cerimônia. Não peguei quase nenhuma matéria e, no fim, sequer mostrava a minha cara na sala. Era só um nome na lista de presença. É verdade que minha pesquisa sobre feitiços sem encantamento e o relatório que fiz sobre os métodos para treiná-los, me garantiram um rank-C na Guilda dos Magos, mas…
Pesquisas, ranques e coisas do tipo são meio sem graça, não são? Não iria me iludir acreditando no contrário.
Ah, bem. Esses dias são nostálgicos, querendo ou não, e tive muitos deles. Meu reencontro com Sylphie, minha amizade com Zanoba e Cliff, o assédio sexual que Linia e Pursena acumularam comigo, minhas conversas com Nanahoshi sobre nossos dias no Japão, o tempo que passava bebendo e me divertindo com Badigadi…
E aqui estava eu, prestes a dizer adeus ao lugar onde tudo isso aconteceu. Foi nessa hora que as lágrimas começaram a cair.
Oh. Então, são essas as tais “emoções” que tanto ouvi falar. É. As boas memórias são o que contam.
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Vamos recapitular o que aconteceu nesse tempo.
Durante o ano passado, consegui estabelecer raízes na região de Asura. Fiquei no Reino de Asura por alguns meses e consegui fazer uma ramificação do Bando Mercenário, da loja do Zanoba e consegui montar a oficina que irá fazer a manufatura dos produtos da loja.
Isso foi graças à influência de Ariel. Ela não foi difícil de convencer; quando perguntei se cooperaria com Orsted, ela me respondeu com um “Estava planejando fazer isso desde o começo”. Até mesmo reuniu os membros de sua facção e organizou uma festa por minha causa. Eles tiveram uma chance para criarem conexões comigo — ou melhor dizendo, com um integrante dos Sete Poderes, o “Deus Dragão”, o qual eu representava. Todos faziam parte da facção de Ariel, então a ouviam. Iam tão longe por seus laços de facção, que se quiser saber o porquê deles levantarem cedo todos os dias, era porque ao apoiar Ariel, tinham esperanças de que ela lembraria deles quando tivesse de escolher quem ocupará as posições do governo.
Porém, havia pessoas lá que valiam a pena serem mencionadas. Uma delas era a Imperador da Água Isolde, outra era a Rei da Espada Nina, apesar de que não faço ideia do que a levou a vir ao baile… mesmo assim, era bom saber que as atuais representantes do Estilo Deus da Água e Estilo Deus da Espada estavam dispostas a cooperar com Orsted.
Quando mencionei isso para Eris, ela respondeu que cuidaria pessoalmente de Nina e saiu correndo. O que aconteceu depois permanece um mistério. Aparentemente, as três deram uma volta pela cidade como se fossem amigas de escola, mas não perguntei a Eris sobre o resultado da luta. Minhas esperanças não eram lá muito altas, porém se essa tal de Nina ganhou um pouco de confiança em mim por confiar em Eris, ajudaria muito.
Consegui fazer com que muitas pessoas concordassem em me ajudar, mas não tive muito sucesso em fazê-las entender com o que estavam concordando. A ressurreição de Laplace nos próximos oitenta anos entrou por um ouvido e saiu pelo outro, mas Ariel era uma líder nata e todos seguiram-na como cachorrinhos na coleira. Não tinha mais nada para me preocupar. Meu trabalho em Asura estava feito e podia parar de pensar sobre isso.
Quando disse a Ariel que Eris deu a luz a um menino, fazendo-o meu terceiro filho, ela ficou até que bem feliz. Então, me deu aquele olhar demoníaco e disse: “Isso me deu uma ideia. Por que não fazer um de seus filhos casar com alguém da nobreza Asurana? Creio que isso faria com que nossa parceria tivesse uma base muito mais sólida…”
Ela parecia estar falando sério sobre isso. “Você só pode estar brincando”, foi a minha resposta instintiva para isso, mas talvez fazer mais alguns filhos e fazê-los se casarem com certas autoridades não seja uma ideia tão ruim assim? Para pessoas com mais precaução que Ariel, laços familiares talvez suavizasse a intimidação que o macabro Orsted e eu, seu pequeno e suspeito evangelista, passam.
Se alguma de minhas crianças casasse com um parente de Ariel, poderia ficar tranquilo sabendo que ela está sendo bem cuidada. Amo muito meus filhos, afinal de contas. Não que estivesse seriamente considerando fazer um casamento arranjado para qualquer uma deles. Digo, a não ser que uma de minhas filhas quisesse ser uma princesa, ou se quisesse casar com um príncipe. Então, tudo bem, poderia considerar isso.
De qualquer forma. Deixando essas coisas sobre casamento de lado, não seria exagero dizer que tenho toda a região de Asura na palma da minha mão. Tinha os nobres liderados por Ariel, a escola do Estilo Deus da Água e, com sorte, os residentes do Santuário da Espada também. O progresso na fabricação e estoque das estátuas e livros ilustrados sobre Ruijerd estavam sendo feitos juntos.
Era perfeito. Se pudesse fazer isso acontecer, ouviríamos sobre Ruijerd assim que possível.
Nesse momento, estava me preparando para ir ao Reino do Rei Dragão e usar minhas conexões com o Deus da Morte Randolph para criar mais conexões lá. Não terei nenhum coringa como Ariel do meu lado, então vai ser bem difícil. Estou esperando levar de dois a três anos, no mínimo, mas podia levar até mais tempo.
O Reino Asura era como se fosse um tutorial. Aqui era onde o real trabalho começaria.
Agora, sobre a nossa pesquisa.
Primeiro, Zanoba. Dirigir a abertura da loja e suas vendas o deixou ocupado durante o ano passado, então ele deixou sua pesquisa de lado. Perfeitamente compreensível. O ano passado teve aberturas simultâneas em Sharia e Asura. Alguma coisa tinha que ser sacrificada considerando o quão ocupado estava, mas graças ao excelente suporte de Ginger, a gerente contratada pelo Bando Mercenário, e a ajuda intelectual de Ariel, as lojas estavam funcionando tranquilamente.
As estátuas e os livros ilustrados não estavam vendendo igual água, mas rendiam uma boa quantia. O que estava realmente em alta nas encomendas era a planilha de leitura-e-escrita que ficava no fim do livro. Me irritava um pouco que algo que pensei de última hora tornou-se a estrela de nossa loja, mas devo engolir meu orgulho e aceitar a vitória. Bem, que se dane, com Ariel como patrocinadora, a loja não corria o risco de fechar por agora. Tudo que tinham de fazer era levar as coisas devagar e sempre.
Próximo: Cliff. Ele passou o ano passado inteiro totalmente dedicado à sua família e pesquisa, àquela que anularia as maldições de Elinalise e Orsted. Infelizmente, não houve nenhum acontecimento revolucionário. Havia muitos impeditivos.
Ele conseguiu fortalecer os efeitos da ferramenta mágica, mas não conseguiu achar uma anulação completa. Ainda assim, graças a ele, Elinalise conseguiria passar um ano inteiro sem manutenção. Se seu autocontrole poderia fazer o mesmo, era outra história.
Então, que tal nós darmos uma olhada no meu próprio progresso? Felizmente, consegui fazer o que queria.
Durante as minhas idas e vindas entre o Reino Asura e a Cidade Mágica de Sharia, fiquei pensando em como invocar a Armadura Mágica. Até perguntei a Perugius se conhecia algum método para isso, cheguei até a pedir conselhos a Nanahoshi.
Durante minha busca, percebi que havia uma certa lei que operava por baixo das magias — digo, os círculos bidirecionais de teletransporte. No momento em que ocorre um teletransporte, o que estiver no topo do círculo é trocado. Um objeto no círculo de teletransporte A será enviado para o círculo B, e, ao mesmo tempo, qualquer objeto que estiver em cima do círculo B será enviado para o círculo A. O fato de que o timing da ativação ocorresse quando algo fosse colocado em cima do círculo tornou essa lei difícil de ser notada, mas depois que pensei direito sobre isso, era algo como a “troca equivalente”.
De qualquer forma, aquele momento foi como um “Eureka!” para mim e permitiu o nascimento da minha mais nova e revolucionária técnica: pegaria a Armadura Mágica, colocaria em um círculo de teletransporte bidirecional com antecedência, e então, carregaria um pergaminho contendo um círculo de teletransporte não utilizado comigo. Quando precisasse, poderia abrir o pergaminho e ativar o círculo de teletransporte. Bam! Aí está, senhoras e senhores! A Armadura Mágica pularia de seu local pré-preparado e se teletransportaria para mim.
Corri para o porão do escritório para preparar a Armadura Mágica e testar essa ideia. Funcionou perfeitamente. Isso me possibilitou invocar a Versão Um da Armadura Mágica de qualquer canto do mundo. Sabe, algo como “Venha, Gundam!”.
Mas ainda teria alguns problemas: Precisaria carregar um pergaminho enorme comigo e o peso da armadura o fazia virar picadinho depois de ser invocada. Era uma invocação por pergaminho, sem mais nem menos.
Mas, se eu tivesse dois pergaminhos que fossem ligados entre si, poderiam funcionar como uma espécie de fuga de emergência. Essa pesquisa rendeu bons frutos.
Então, Orsted. Ele me ajudou muito com isso. Criou… Não exatamente um celular, mas uma placa feita de pedra que funciona como um comunicador. Aparentemente, foi construído com o exato mesmo mecanismo que o Deus da Técnica dos Sete Grandes Poderes construiu. Sua aplicação era tal qual que qualquer coisa escrita na placa principal seria refletida nas sub placas. Se nós dois tivéssemos uma placa principal e uma subplaca cada, poderíamos entrar em contato via texto sempre que quiséssemos. Porém, dado seu peso, além de seu tamanho maciço, andar com elas seria impossível. Consumiam uma grande quantia de mana para inicializarem, então isso servia mais para algo fixo do que portátil.
Basicamente, um telefone fixo, não um celular.
Por agora, montamos os primeiros pares no escritório de Orsted e nos aposentos de Ariel. Podia tranquilamente imaginar Ariel ajoelhada perante as tábuas à noite dizendo algo como: “Fique tranquilo, meu Senhor, vou derrotar aqueles malditos Soldados”.
Bem, foi basicamente esse meu progresso a respeito de minha pesquisa. Agora, dando uma atualização sobre os meus filhos.
Primeiro, Lucie. Minha filha mais velha, que fez cinco aninhos. Sua festa de aniversário foi no mês passado, onde ganhou presentes de todos da família e ficou muito feliz. Estava crescendo como uma jovem saudável. Eu podia jurar que foi ontem quando ela deu seus primeiros passos e gaguejou suas primeiras palavras, mas agora, estava andando firme com seus dois pés no chão. Mesmo que ainda gaguejasse, aprendeu a falar com clareza. Suas palavras favoritas são “Nuh-uh!” e “Buhhht!”.
Além disso, aprendeu a lançar feitiços de nível iniciante nas aulas extracurriculares de Sylphie e Roxy. Seus dias eram gastos praticando magia pela manhã e balançando uma vareta com Eris à tarde. Era como assistir a minha própria infância. A rotina pode parecer natural para Lucie, mas para alguém de fora, ela parecia estar em Esparta. Por isso, não pude deixar de mimá-la quando pude, o que explicaria porque começou a gritar “Papai!” e pular de emoção em mim ao me ver.
Extremamente fofo.
Sua festa de cinco anos parecia ter despertado um sentimento de “irmã mais velha” nela, pois começou a cuidar de Lara e de Arus. Aparentemente, ela também pensa que o fiel escudeiro de Lara, Leo, também é um de seus irmãozinhos, então ela e Lara começaram a enchê-lo de carinho. Esses dias mesmo estava escovando seu pelo branco.
Foi realmente uma cena de aquecer o coração… Até que, mais tarde, descobrimos que ela estava usando a escova de Sylphie para fazer isso. Deixar a escova de sua mãe cheia de pelo de cachorro deixou Sylphie furiosa.
“Buhhht, mamãe e Leo tem ambos cabelos brancos!”. Essa foi a desculpa de Lucie. Acabei sorrindo com isso. Crianças dizem cada coisa! Mas isso deixou Sylphie tão brava comigo que ficou um dia inteiro me ignorando. Só me perdoou porque Lucie achou um jeito de retribuir na mesma moeda comigo.
“Vou usar a escova do papai na próxima, então não fique brava com ele, tá bom?”
Isso foi ela tentando me defender do seu próprio jeito. Custou o meu pente, mas foi um preço justo a se pagar. A única escova que um homem precisa são seus dedos.
Sobre Lara. Nossa futura salvadora de dois anos de idade estava, como sempre, sem expressão e inabalável. Isso certamente não significava que é preguiçosa; agora que conseguia andar com os próprios pés, parecia ser onipresente. Nem precisava se segurar em ninguém, era guiada apenas por sua curiosidade. Herdou isso da mãe, não tenho nada a ver com isso.
Estava preocupado em deixá-la sozinha, mas talvez estivesse me preocupando demais — seu cão de guarda, Leo, estava sempre lá para evitar que ela se machucasse. Se fosse em alguma aventura e precisasse dormir, Leo iria se enrolar nela para mantê-la segura.
Lara, no entanto, parecia ver Leo como um mordomo. Atualmente, seu meio de transporte preferido para viajar era subir nas costas de Leo, agarrar-se nele e cavalgar para além do horizonte. Teve uma vez que Eris levou Leo para passear e percebeu que havia um tipo de “mochila” nas costas de Leo. Lara havia dado um jeito de subir. Leo deveria aliviar nossas preocupações, mas crianças sempre dão um jeito de aumentá-las.
Não tinha certeza do porquê, mas Lara gostava muito de Zenith. Ela costumava sentar no colo de Zenith e ficar olhando para o rosto dela. Se você ignorasse o silêncio, poderia confundir com uma cena comovente entre neta e avó.
Por último, Arus. Meu filho mais velho, agora, com um ano de idade, herdou o meu amor por peitos. Ele amava tanto os grandes quanto os pequenos. Amava a sua mãe, Eris, é claro, mas também amava os pequenos peitos de Sylphie e Roxy, até as melancias de Linia e Pursena. Tinha um sorriso de pura alegria e satisfação sempre que seu rostinho era empacotado contra um par de seios. Um grande apreciador que seguia os mesmos ideais que eu — um amante de todos os tipos de peitos. Dito isso, também tinha aquele mesmo sorriso sempre que fazia xixi. Então, realmente espero que esteja apenas pensando demais. Estou meio preocupado com o seu futuro, amigão.
Por sinal, sempre que eu tentava segurá-lo, ele chorava. Mesmo quando estava dormindo, se virava quando meus braços o envolviam e quando abria os olhos, chorava como se eu fosse o Bicho Papão. Tinha uma forte aversão a peitos masculinos. Isso me deu vontade de chorar… Mas bem, não podia reclamar muito, já que não estava aqui quando ele nasceu, mesmo assim, me senti rejeitado.
Entre seu amor por peitos e sua aversão a qualquer um que não os tivesse, temia que pudesse começar a se envolver com mulheres em breve. Simplesmente as agarrando sem permissão. Quando fosse mais velho, eu teria que sentar com ele para ensiná-lo a não fazer isso. Definitivamente.
De qualquer forma, esse é o relatório da criançada. Se tivesse de dar um resumo para o relatório deste ano, diria que foi frutífero. No final, terminaria com algo como: “Continue com o bom trabalho”.
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Quando terminei de refletir sobre o que aconteceu no último ano, a cerimônia de formatura já havia acabado. Eu não era o orador da turma — como esperado. Não iriam dar o título a alguém que faltou às aulas e ao exame de graduação. E mesmo se oferecessem, eu recusaria.
Nós podemos cortar a parte do duelo de exibição no pós-cerimônia. Também não pense que caí na confissão romântica de alguma interesseira. Inclusive, gostaria de omitir a parte em que o diretor, Jenius, disse que estava feliz por ter me recomendado quando apertamos nossas mãos, já que teríamos essa mesma conversa nos próximos anos. Norn ainda estava na escola e eu queria que Lucie a frequentasse no futuro. Estaria em dívida com ele novamente num futuro não muito distante.
Ouvir que Lucie iria estudar aqui em breve deixou Jenius tão emocionado que começou a chorar.
E a noite caiu. Todos nos reunimos no bar de sempre. O motivo? A festa de despedida de Cliff. Minha festa de formatura também era uma das razões, mas considerando que me formei sem nem fazer o teste final, sentia que não tinha nada para comemorar. Mesmo assim, apreciava o sentimento.
Cliff iria para o País Sagrado de Millis dentro de um mês. Ali, a batalha começaria. Seria uma batalha pessoal, por isso, não tinha certeza contra o quê ele estava lutando. Metade era, provavelmente, ele mesmo, mas a outra metade permanecia um mistério. Cliff passou o ano inteiro preparando-se para assumir… Alguma coisa. Ele pode ter enfrentado algumas dificuldades ao longo do caminho quando era pego pelas armadilhas carnudas de Elinalise, mas com um pouco de amor e carinho essas contusões transformaram-se em experiência e amor. Agora, ele realmente parecia estar indo à guerra.
— Juro que vou chegar ao topo da igreja de Millis. Quando o fizer, retornarei orgulhoso para levar Lise e Clive para casa!
Elinalise ouviu essa declaração maravilhada. Ela era forte. Sabia que, se fosse comigo, e Roxy dissesse que iria viajar o Continente Demoníaco para tornar-se a Lorde Demônio, eu ficaria arrasado. Ficaria preocupado que minha brilhante Roxy virasse uma Lorde Demônio infame e idiota, coisa que eles já têm.
Acreditar em alguém o bastante para esperar por ele é mais fácil de falar do que de fazer; você poderia se despedir de alguém com toda esperança e boa intenção do mundo, mas nada disso realmente os protegeria. E parecia que Elinalise sabia bem disso enquanto olhava para Cliff. Sua crença nele não era cega; era forte. Se tivesse receios sobre isso, nunca deixaria transparecer o suficiente para que Cliff notasse.
Momentos como esses me fazem lembrar de que seus longos anos a ensinaram algumas coisas. Foi só quando a festa acabou que ela veio a corrigir algumas de minhas suposições.
— Rudeus, pode vir aqui um momentinho? — Elinalise me pediu para acompanhá-la até o lado de fora.
Ela estava interrompendo o harém dos sonhos. Sylphie estava usando a minha coxa direita como travesseiro, Roxy estava sentada em minha coxa esquerda enquanto bebia e Eris descansava sua cabeça em meu ombro direito. Minhas mãos esquerda e direita tinham algo bem macio para explorar, e, bêbado, tive uma ideia verdadeiramente demoníaca. Comecei a calcular como poderia levar as três para a cama ao mesmo tempo.
Entretanto.
— Oh… Claro.
Ver a expressão de Elinalise me deixou um pouco sóbrio. Sua expressão era solene. Não era uma expressão que se teria numa festa.
Já sabia o porquê. Também sabia que não seria de ajuda alguma para se estivesse bêbado. Imediatamente me desintoxiquei do álcool.
— Quié qui ocê tá fazeno, Rudy… Tá traino? Traí é fei… Dexa que eu faço isso… Mmrgh…
Acalmei o devaneio da embriagada Roxy com meus lábios e a deitei, então…
— Mmph, Rudy, suas coxas são tãoooo macias…
Coloquei a cabeça de Sylphie no colo de Roxy e, por fim…
— Rudeus… quero que o meu segundo seja um menino…
Deitei Eris no ombro de Roxy… Aqui. Três esposas foram retiradas de cima de mim com êxito e me levantei.
— Certo, estou indo.
Saí do bar junto com Elinalise.
O inverno tinha acabado, mas a neve em Sharia tendia a permanecer por mais tempo. O frio fora do bar continuava o mesmo. Essa brisa continuaria por um tempo.
— Então, Rudeus, é sobre Cliff. Preciso de um favor.
Elinalise foi direto ao ponto. Já tinha um pressentimento de que seria algo a respeito de Cliff. Elinalise passou o ano inteiro se preocupando, também; como não estaria agora?
— Odeio pedir esse tipo de coisa pelas costas de Cliff… mas devo dizer, estou preocupada.
A respiração de Elinalise não estava transpirando só por causa do frio. Da perspectiva de Elinalise, Cliff ainda era uma criança. Ela o amava como marido, é claro, mas uma parte desse amor era uma preocupação materna, algo que sentiria por um irmão mais novo ou um filho. Se fosse assim que o visse, é claro que não o deixaria simplesmente ir.
— Posso te pedir para ir com ele?
— Você tem certeza? — perguntei, surpreso. Pensei que Elinalise respeitasse a decisão de Cliff.
— Você só tem que ficar de olho nele no começo… É importante ele dar o primeiro passo, certo? Sei que Cliff pode fazer isso, mas entrar nisso tudo do nada, quando todo mundo já tem seus amiguinhos, não é exatamente algo que o Cliff saiba fazer…
Ela não precisava tratá-lo como uma criança tímida, mas não estava tão errada assim, Cliff era assim às vezes. Se considerarmos que ele não fez um único amigo durante todo o seu tempo na universidade além de nós, então sim, era justificável. Eu poderia tranquilamente ver Cliff chegando no País Sagrado de Millis sozinho, sendo evitado por seus colegas e mesmo assim determinado a dar o seu melhor…
Merda, já podia sentir as lágrimas escorrendo.
— Mas lembre-se de que prometi não ajudá-lo.
Queria que Cliff tivesse sucesso, que subisse na hierarquia da Igreja Millis o quanto pudesse. Porém, isso não significava que ele precisava ficar no lugar mais alto. Só queria que chegasse tão longe quanto quisesse. Isso não tinha nada a ver com reunir aliados para Orsted: esse era o sonho do meu amigo e eu o compartilhava com ele.
Mas seu sonho era para ser realizado sozinho, então não podia ajudá-lo. Talvez ele não tenha dito isso, mas esse era o significado implícito de quando concordei com ele um ano atrás.
— Não tem nada que você possa fazer?
— …
— Só o comecinho já estaria de bom tamanho, juro. Você não teria que se intrometer, só dar alguns conselhos quando ele ficasse contra a parede seria muito…
— Hmm.
Minha resposta não seria dar a ela aquela coisa de “promessa entre homens”. Também estava preocupado com Cliff. Ele tinha talento, mas também tinha suas fraquezas, uma delas tão ruim que iria atrapalhá-lo logo de cara. Não queria ver Cliff falhar sem sequer conseguir mostrar seus pontos fortes.
Nesse quesito, talvez um empurrãozinho aqui, outro ali, não fosse de todo mal. Cliff não ia gostar, mas, você poderia dizer que os pontos fortes de seus amigos são uma extensão dos seus próprios. Também pode-se dizer que ter um amigo para te ajudar num momento de necessidade era só algo que Cliff conquistou em sua vida escolar; neste caso, mostraria o quão forte ele seria se eu o ajudasse. No entanto, não faria muito para ajudá-lo, é claro. Seria só um empurrãozinho.
— …
Certo, ela me convenceu.
Beleza, mas e quanto a um recrutamento? Estava planejando trabalhar no Reino do Rei Dragão enquanto Cliff estivesse em Millis. Até havia informado Aisha. Os preparativos já estavam em andamento. Mudar o curso para Millis causaria algum problema…?
Seria difícil montar a Loja Zanoba e vender esculturas de uma raça demoníaca no País Sagrado de Millis, já que estaríamos bem debaixo do nariz da Igreja de Millis, mas poderia montar uma filial do Bando Mercenário enquanto estivesse lá. Poderíamos nos encontrar com mercenários locais para reunir pessoal e trocar informações, então esperar pelo sucesso de Cliff e voltar para fazer a loja bombar.
— Certo, vou para Millis também.
— Ah! Muito obrigada, Rudeus!
Elinalise certamente queria ir por conta própria. Deixar Clive sob os cuidados da minha família e ajudar Cliff no País Sagrado de Millis, mas deve ter feito uma promessa de criar Clive enquanto aguardava o retorno de Cliff.
— Permita-me esclarecer algo: eu que decidirei se vou ajudá-lo ou não.
— Claro, isso é tudo que peço.
Elinalise pôs uma mão em seu peito e suspirou de alívio. Ela realmente faria qualquer coisa por seu marido, huh? Não estava insatisfeito com minhas atuais esposas… Mas cara. Cliff era um homem de sorte.
Não muito tempo depois, a festa de despedida acabou. Era hora de carregar minhas três esposas caídas de embriaguez para casa e colocar cada uma delas em suas camas.
As crianças já estavam dormindo; foi graças a Lilia e Aisha que pude sair e encher a cara sem me preocupar com as crianças em casa. Sentindo que devia-lhes algumas palavras de gratidão, voltei à sala para falar com Aisha. Enquanto estávamos ali, precisávamos conversar sobre o pedido de Elinalise. Foi um bom momento para revisar os planos de expansão (revisados) do Bando Mercenário com Aisha
Com isso, entrei na sala para encontrá-la envolta numa atmosfera tensa. Lá estava Norn, que havia se despedido no meio da festa. Lilia e Aisha, que vigiavam a casa, também estavam lá. Todas as três estavam paradas ao redor da mesa, com olhares obscuros.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei.
— Oh, Irmãozão… — disse Aisha. — Aqui, dê uma olhada nisso.
Diante das três, havia uma única carta. Quando a peguei estava escrito no remetente: “A Casa Latria”.
Lembrava desse nome. Era minha família por parte de mãe. Parece que minha carta finalmente obteve uma resposta. Não pude deixar de notar que o envelope já havia sido aberto mesmo que o destinatário fosse eu, mas tudo bem. Dentro, havia uma única carta, escrita em uma única folha.
“Em resposta à sua carta, a respeito de minha filha, Zenith, agora minimamente consciente: Solicito que traga Zenith para casa na Residência Latria de imediato. Se Norn Greyrat e Aisha Greyrat também estiverem presentes, deverão vir também.”
— Condessa de Latria, Claire Latria.
Foi uma mensagem bem curta. Quero dizer, claro, não ficava de rodeios… mas parecia um pouco direto ao ponto demais para contar como uma carta.
Era um decreto.
— Depois de todo esse tempo, voc…
Eu me interrompi antes de terminar a frase. Pensando racionalmente, fazia mais ou menos cinco anos desde que mandei a carta. O País Sagrado de Millis era muito longe daqui, com uma jornada de ida levando até um ano a cavalo. O serviço postal daqui não era lá dos melhores. Cartas podiam parar em qualquer canto do mundo por algum engano. Os mensageiros podiam ser atacados por monstros a qualquer instante, então sempre tinha a possibilidade das cartas sequer serem entregues. Com isso em mente, cinco anos era um tempo razoável para uma resposta.
— Hm? Espera aí, isso é a carta inteira? — perguntei.
— Sim, só isso. — Lilia respondeu. Não parecia haver alguma coisa a mais que estivessem escondendo de mim.
— Entendo.
Era uma carta bem seca para algo que levou cinco anos. Pera, por que era tão curta assim? A Casa Latria certamente sabia da longa jornada que essa carta iria ter. É óbvio! Eles nos escreveram múltiplas cartas para terem certeza de que alguma delas chegaria a nós. E se o tamanho fosse para garantir que o esforço não acabaria sendo em vão por conta de alguma falha de comunicação, então tudo faria sentido. O tom autoritário era para transmitir sua ansiedade pela nossa ida.
Satisfeito com minhas deduções, virei para as minhas irmãs, que… Não chegaram à mesma conclusão.
— Hahhh…
— A vovó… Continua a mesma de sempre, huh?
Norn bufou de exasperação, enquanto Aisha olhava para a carta com um olhar vazio. Pareciam desejar nunca mais terem visto aquele nome.
Então Claire só escrevia daquele jeito mesmo.
— …
Olhei ao redor e vi que até Lilia parecia preocupada. Claire realmente era tão ruim assim? Nunca a conheci, então não sabia.
— Mestre, o que deseja fazer? — Lilia me perguntou.
Estava determinado. Procurava uma desculpa para ir a Millis e isso se encaixou como uma luva. Foi um golpe de sorte.
— Acho que devíamos fazer o que a carta diz e levar mamãe até Millis.
— …
— …
Minhas irmãs e minha meia-mãe se entreolharam. Acho que não devia ter dito isso. Quem era essa Claire? Sim, a carta era um pouco rude, mas sua filha havia perdido as memórias e estava num estado de semiconsciência. Que parente não demandaria ver sua filha sabendo de seu estado?
Estava certo de que os Latrias estavam procurando por ela. Zenith era uma filha pródiga para eles, mas de acordo com Paul, investiram muito dinheiro no Esquadrão de Busca e Resgate de Fittoa, então devia isso a eles. E dado que pareciam ter algum poder dentro de Millis, valia a pena conhecê-los.
— Bem, iríamos para Millis uma hora ou outra, então é melhor matar dois coelhos com uma cajadada só. Parece a parada perfeita enquanto estivermos lá a trabalho.
— Hã? Mas irmãozão… — Aisha interrompeu precipitadamente. — Nós não íamos para o Reino do Rei Dragão no próximo mês?
Claro, esse era o plano. Queria construir uma filial do Bando Mercenário no Reino do Rei Dragão, fazer conexões com o Deus da Morte Randolph e a Rainha Benedikte, e obter conselhos para manter a Loja Zanoba. Claro que com Aisha me ajudando.
Assim como no Reino Asura, precisava que Aisha viesse comigo para montar a filial do Bando Mercenário. Aisha, com sua mão hábil para recrutamentos, seria a chave para deixar tudo em ordem. O primeiro mês seria só para estabelecer as bases, o segundo seria para Aisha ir ajudando até que funcionasse de forma independente. Ela tinha talento para isso.
— Dado o conteúdo da carta, nós iremos mais cedo ou mais tarde. Pense nisso como priorizar Millis… E dar um oi para a vovó enquanto estivermos por lá.
— Aww…
Aisha fez um beicinho cheio de desagrado. Ela pode ter se tornado uma adulta há alguns meses, mas ainda não havia parado de fazer isso.
Subitamente, Norn se levantou.
— Irmão… Não quero ir — disse.
Anunciou em alto e bom tom: “Não vou”, não foi um “Eu não posso ir”, mas sim um “Eu não quero ir”. E não fez beicinho como Aisha; sua expressão era séria.
— É uma época importante para meus estudos e o conselho estudantil. Não posso ficar fora por tanto tempo assim…
— Bem… Justo — admiti. Posso ter me graduado, mas Norn ainda estava no seu último ano. Por mais um crucial ano, ela tinha que ir às aulas, fazer suas provas, e ter uma graduação de verdade. Diferentemente de mim, Norn passou seus últimos seis anos na escola realmente indo à escola. Viajar agora iria fazer tudo que construiu até agora desmoronar.
— Uhh, Irmãozão. Um… Oh, sim, o arroz. Nós temos uma grande colheita vindo desse arroz que você tanto ama, então não posso ir!
Aisha soava como se tivesse pensado nessa desculpa enquanto falava. Era uma desculpa realmente ruim — Aisha já havia contratado pessoas do Bando Mercenário para construir arrozais na periferia e depois plantá-los. Também estava ciente que Aisha contratou um supervisor e que sequer iria lá presencialmente. Sabia de tudo isso.
Eu podia falar isso e forçá-la a vir, mas Aisha era uma trabalhadora instável. Forçar ela a vir iria azedar seu humor, então seria mais um incômodo do que uma ajuda. Contudo, eu também não conseguiria fazer muito na filial do Bando Mercenário se ela não viesse junto. Não conseguia fazer o que ela fazia…
Espere aí. Só porque estaria em Millis, não significava que tinha que ver Claire, huh?
— Tudo bem, Aisha. Se você se recusa tanto a vê-la, não vou forçá-la a se encontrar come ela, mas, pelo menos, venha a Millis comigo. Só eu, Lilia e Zenith visitaremos a Casa Latria, então você pode focar no Bando Mercenário.
— Hooray. Obrigada, irmãozão!
Aisha sorriu de orelha a orelha. Uau. Uma reação e tanto. Ela odiava Claire tanto assim?
Pensando por outro lado, até Lilia estava permitindo a Aisha agir assim. Normalmente, ela reagiria a algo assim com uma pancada na cabeça.
— Entendido, Mestre. Eu devo ir com você.
Lilia abaixou sua cabeça tão desapaixonadamente como sempre, mas tinha a sensação de que ela não queria ver Claire tanto quanto Aisha. Considerando sua posição, não poderia culpá-la: Zenith era uma seguidora de Millis, o que significava que sua mãe, provavelmente, também era. Não sabia o que Millis pensava sobre bigamia, mas, como seus ensinamentos proibiam explicitamente a prática, não achei que seriam calorosos com qualquer esposa que não fosse a primeira.
— Muito obrigado, Lilia.
— Oh, não há de quê, só estou fazendo meu trabalho.
Cuidar de Zenith era um trabalho de vinte e quatro horas, sete dias por semana. Lilia e Aisha podiam ajudar; se não tivesse ao menos uma delas comigo, estaria com problemas.
— Tudo bem, Aisha. Com isso fora do caminho, você pode começar a mudar nosso destino para o País Sagrado de Millis?
— Certinho. Quando estaremos indo?
— Hmm, deixe-me ver…
Por que não partir no mesmo dia que Cliff? Não precisávamos, mas havia uma distância a ser percorrida entre o círculo de teletransporte de Millis e Millis propriamente dita. Não se qualificaria como “ajudá-lo”, então é melhor irmos juntos.
— Que tal um mês, contando a partir de hoje?
— Certo.
Ainda assim, minha avó, ein? Que tipo de pessoa será que ela é? Devo admitir que as reações de Aisha e Norn me assustaram um pouco.
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Então, mudança de planos: não vamos mais ir ao Reino do Rei Dragão. Agora iremos construir a filial do Bando Mercenário no País Sagrado de Millis.
Aisha resmungava o tempo inteiro, mas ainda fazia os preparativos. Começou redigindo e arquivando a papelada que anteriormente era para o Reino do Rei Dragão para que agora fosse para Millis. Pelo que percebi, a papelada detalhava que tipo de pessoal precisaria em cada país.
Não tínhamos ninguém numa posição do governo desta vez, então qualquer coisa que quiséssemos fazer, como um recrutamento, precisaria de um longo processo. Por enquanto, tinha uma meta de meio ano. Depois desse tempo, poderíamos avaliar se realmente valia a pena, ou se era uma perda de tempo.
Decidi informar Cliff também. Que, por pura coincidência, eu havia sido chamado para a casa da família de Zenith, então sugeri que devêssemos ir juntos. Cliff riu, mas não parecia incomodado.
— Já tinha o pressentimento de que você arrumaria uma desculpa para vir junto.
E foi basicamente isso. Uma reação reconfortante, apesar de tudo. Fiquei me perguntando se Cliff estava se sentindo excluído, já que exigi ir com Zanoba, mas não disse nada quando foi sua vez. Como se ele temesse que eu o considerasse menos amigo.
Qual é, Cliff, meu parceiro, você sabe que eu nunca faria algo assim.
No total, éramos quatro pessoas indo com Cliff para Millis. Aisha, Zenith, Lilia e eu. A ausência de Lilia e Aisha deixaria a casa extremamente carente de cuidadoras qualificadas, então Sylphie ficaria em casa. Roxy disse ter algumas lembranças ruins com o País Sagrado de Millis por ser um demônio, então ficaria para trás.
Eris queria ir também, mas Lilia se opôs categoricamente. Madame Eris ficaria melhor longe da Casa Latria, pois certamente entraria numa briga, disse ela. Estava cético, mas pela forma que Lilia a descreveu, podia dizer que essa senhora Claire da Casa Latria parecia ser uma pessoa bem difícil de lidar. E definitivamente conseguia entender porque Eris ficaria melhor fora disso. Fazer a família de Zenith ter rancor de mim não era o que queria, além disso, teríamos que levar seu bebê numa jornada perigosa. Assim, Eris cedeu.
Essa era uma ocasião rara, onde nenhuma das minhas esposas viajaria comigo… Mas ei, a vida é assim mesmo. E assim, nossos preparativos continuaram, até que um dia, pouco antes de estarmos prontos para partir, um acontecimento surpreendente forçou uma mudança nos planos.
Sylphie estava grávida.
Tradução: Heu
Revisão: NERO_SL
Antes dos agradecimentos, considerem ler esse AVISO, pois vi que muitos não leram e tem informações sobre a obra!!
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Primeiro, Cliff apressou-se para os leitos dos enfermos. — Observar a condição do paciente…
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