Dark?

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 19 – Cap. 05 – Forte Karon

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Na manhã seguinte a nossa audiência com o rei, voltei à nossa pousada para buscar Roxy, enquanto Zanoba ficou no palácio para fazer os preparativos para nossa viagem.

Encontrei Roxy esperando em seu quarto, totalmente equipada e pronta para a ação. Pelo aspecto das coisas, deve ter ficado acordada a noite toda, mas quando entrei pela porta, ela saltou e correu até mim.

— Está tudo bem? Estava um pouco preocupada por não ter notícias suas…

— Sim. Na verdade, correu tudo bem.

Roxy não tinha tomado o café da manhã, então fomos até o primeiro andar da pousada para uma refeição rápida. Descrevi nossa audiência com o Rei Pax enquanto comíamos. Cheguei a três conclusões principais: era improvável que Pax fosse um discípulo, os planos do Deus-Homem ainda não estavam claros, e o rei do Reino do Rei Dragão era um inimigo em potencial. No entanto, não deixei de descrever todos os detalhes que me chamaram a atenção.

Roxy triscou em sua sopa enquanto eu divagava, escutando em silêncio. Quando lhe perguntei o que pensava, ela franziu o cenho com a cara pensativa. — Hmm? Para ser honesta, Rudy, estou com um pouco de sono no momento…

— Ah. Certo, desculpe.

Havia enormes olheiras sob os olhos de Roxy, e ela se movia preguiçosamente. Mesmo eu não costumava deixá-la tão exausta em apenas uma noite, mas ela tinha se mantido preparada para a batalha o tempo todo tanto na estrada quanto no dia anterior. Uma combinação como essa era suficiente para desgastar até mesmo um aventureiro experiente.

— Bem, vamos ver. Não houve batalha, o Príncipe Pax parecia racional, e o nome do Deus-Homem nunca veio à tona… Hmm. Isso não é tão interessante, é? Também não sei se cheguei a alguma conclusão definitiva.

Isso não foi muito surpreendente. Por mais inteligente que Roxy fosse, não tínhamos todas as informações necessárias neste momento.

— É uma pena que estivéssemos tão preocupados com uma emboscada — murmurou ela, pensativa. — Eu também deveria ter ido.

— Uhm, por quê? — Meu resumo foi muito vago ou algo assim?

— Eu poderia ter captado algo do tom da voz do Príncipe Pax, ou talvez de sua linguagem corporal.

Ela tinha razão. Eu havia passado a maior parte de nossa audiência com o rei preocupado com o Deus da Morte e com a possibilidade de estarmos todos em perigo eminente. A conversa não parava de se desenrolar em direções que eu não esperava e me deixou totalmente desorientado. Talvez precisássemos de outro par de olhos naquela sala. Alguém com sua própria perspectiva única. Alguém como a Roxy.

Não havia muito que pudéssemos fazer agora, é claro.

— … Gostaria de ter uma ideia de onde o Deus-Homem está planejando montar sua armadilha.

— Hmm — murmurou Roxy. — Talvez Orsted tenha visto coisas demais? É possível que o Deus-Homem não esteja por trás de nada disso.

— Talvez sim, mas vamos nos preparar para o pior. A segurança de toda a nossa família pode estar em jogo aqui.

A memória da gritaria de Lara me perturbava, mesmo agora. O Deus-Homem pode não estar envolvido, mas algum outro tipo de perigo pode estar à espreita.

— Tem razão. Minhas desculpas, esse comentário não foi muito útil. — Roxy baixou ligeiramente a cabeça, depois fez uma pausa com uma expressão pensativa em seu rosto. — De qualquer forma, atacar você no momento em que aparecemos em Shirone dificilmente se qualificaria como uma armadilha. Supondo que haja uma, provavelmente será um pouco menos óbvia.

— Certo… mas tem alguma ideia do que isso possa parecer?

— Uma possibilidade me vem à mente, dadas algumas informações que Ginger compartilhou comigo nesta manhã.

Ah.

Ginger não estava à vista neste momento, mas aparentemente tinha trabalhado duro por trás das cenas.

— No momento, parece que apenas quinhentos soldados estão estacionados no Forte Karon.

— Hmm…

Isoladamente, esse número não significava muito para mim. Era uma guarnição grande, ou uma pequena? Provavelmente pequena, tendo em vista como ela havia dito que era apenas.

— Pela aparência das coisas — continuou Roxy —, estarão enfrentando um exército de cinco mil.

Whoa. O quê? Estamos em desvantagem numérica de dez para um? Isso não soa como uma probabilidade razoável.

— O príncipe Pax mencionou algo disso ontem? — perguntou Roxy.

— … Não.

Ele não tinha dado um pio que eu tivesse ouvido, de qualquer forma. Tudo que me lembrei foi de nos dar nossas ordens de marcha.

— Bem, estou apenas repetindo o que Ginger me disse… mas parece que o Príncipe Pax empregou esta força simbólica no Forte Karon para atrasar o avanço do inimigo. Isto lhe dará tempo para reunir um exército de mercenários atrás das linhas de frente no Forte Rikon, que poderá então levar para o campo. Ele mencionou essa estratégia em sua audiência?

— Não.

Foi a primeira vez que ouvi falar de algo assim. Então, estavam planejando deixar o Forte Karon cair? Com toda sua conversa de dar as boas-vindas a Zanoba, Pax estava basicamente mandando-o de volta para a morte. Zanoba contribuiria para o esforço de guerra mantendo o inimigo ocupado por um tempo, até que inevitavelmente o matassem. Enquanto isso, Pax estaria reunindo suas próprias forças para um forte contra-ataque. Assumindo que ele via Zanoba como uma ameaça, estaria matando dois coelhos com uma cajadada só.

— Esta também pode ser a armadilha do Deus-Homem para você — continuou Roxy.

— O que quer dizer?

— Nunca estive em uma guerra, mas li um relato histórico descrevendo um único mago de nível Santo que segurou mil homens em batalha.

Eu teria que procurar isso algum dia. A ideia de alguém lutando contra mil soldados parecia absurda no início, mas dados os efeitos de grande alcance da magia de nível santo, não era tão implausível…

— Eu sou uma maga de nível Rei, e você está no nível Imperador — disse Roxy. — Com nós dois defendendo o Forte Karon, devemos ser capazes de resistir ao inimigo por um bom tempo.

Hmm. Bem, eu não podia nos ver exterminando um exército de cinco mil ao mesmo tempo. Digo, se viessem nos atacando através de um campo aberto de uma só vez, alguns poucos feitiços bem direcionados poderiam ser bem úteis. Mas este exército faria muita coleta de informações antes de agir, e tive a sensação de que a notícia de nossa chegada ao forte se espalharia rapidamente. O inimigo não seria estúpido o suficiente para atacar nosso forte de frente, em outras palavras.

Mas, bem, com uma força desse tamanho, provavelmente teriam um número decente de magos. Se combinassem todos os seus esforços, era possível evitar um ou dois feitiços de nível Santo. No entanto, eu sempre poderia lançar outro na mesma hora, de modo que a abordagem poderia não funcionar muito bem para eles.

— Infelizmente, nosso suprimento de mana não é infinito, e ambos ficaremos cansados com o tempo.

Eu não me imaginava ficando sem mana neste cenário, mas sim, me desgastaria se tivesse que lutar por dias a fio. E também poderiam tentar lançar incursões à noite, então teríamos que estar o tempo todo em alerta. Minha mana não seria de muita utilidade se eu estivesse cansado demais para usá-la.

— Quando ambos estivermos desgastados, Pax poderia enviar o Deus da Morte atrás de nós — continuou Roxy. — Acho que não teríamos nenhuma chance nessa condição. O que acha? Parece uma armadilha adequada, não parece?

— Ooh. Sim, com certeza.

— Adicionalmente…

Pausando em busca por um efeito dramático, Roxy sacudiu sua colher como se fosse um dedo. Em algum momento, ela havia mudado para o modo Professora Roxy. — O Deus-Homem pode possuir três discípulos em qualquer momento, correto?

— Isso mesmo.

— Bom, o rei do Reino do Rei Dragão basicamente forçou Pax a assumir o trono. Portanto, é seguro assumir que ele é um deles. Mas considere isto: como poderia o Deus-Homem ter certeza de que um reino rival invadiria Shirone de imediato? Onde você colocaria seu segundo discípulo, no lugar dele?

Oh… é claro. No reino rival!

Shirone era basicamente um estado vassalo do Reino do Rei Dragão. Isso significava que invadi-lo comportava riscos reais e, assim, teria havido uma oposição significativa ao plano. O discípulo estaria lá para esmagar essa oposição, assegurando que a invasão fosse adiante. As probabilidades eram altas, seria algum membro de sua família real, ou talvez um general influente.

— Então marcham rumo ao Forte Karon por ordem do Deus-Homem, nos desgastam por um tempo, depois esperam que Randolph termine o trabalho… Sim, acho que isso faria sentido.

Ouvir as especulações de Roxy me ajudou um pouco a recompor meus pensamentos. Tínhamos identificado dois prováveis discípulos do Deus-Homem: o rei do Reino do Rei Dragão e alguns generais poderosos no país que estava invadindo Shirone. Então só restava o terceiro.

Durante os eventos em Asura, o Deus-Homem escolheu Luke por sua proximidade comigo. Com base nisso, Zanoba parecia ser o mais provável terceiro candidato. A julgar por nossa conversa do dia anterior, no entanto, era difícil imaginar que ele estava com o Deus-Homem sussurrando ao seu ouvido.

Então talvez fosse Ginger? Ou o Deus da Morte? Isso seria mais consistente de acordo com sua escolha de Reida, lá em Asura. Poderia até ser aquela princesa quieta sentada ao lado de Pax.

Por outro lado, o Deus-Homem não tinha empregado os três discípulos de uma só vez desde nosso confronto em Asura. Talvez seu último peão estivesse em outro lugar, preparando-se para um esquema não relacionado a este.

Havia muitas possibilidades razoáveis, então ainda não podia tirar conclusões firmes sobre a identidade do discípulo número três. Mas, pelo menos, meio que encontramos os outros dois. Isso era mais do que eu poderia ter conseguido sozinho. Ainda bem que eu tinha uma esposa tão esperta para me ajudar.

— Certo, Roxy, digamos que você tenha razão… O Forte Karon é onde querem nos matar. O que devemos fazer a respeito disso?

— Boa pergunta — disse Roxy lentamente. — Suponho que tentaremos evitar fazer o que eles esperam.

— Certo. Acho que a melhor opção seria não ir lá…

Infelizmente, Zanoba tinha toda a intenção de marchar até lá para cumprir seu dever, e não havia nenhuma chance de que pudéssemos dissuadi-lo. Ele iria sozinho, se necessário. Ainda assim, o fato de Pax ter enviado Zanoba para liderar uma guarnição em números irremediavelmente inferiores deve ser útil em minhas tentativas de mudar sua ideia. Talvez Pax não tenha odiado Zanoba o suficiente para tentar assassiná-lo, mas claramente não se importaria  em ver Zanoba morrer. Ele estava tentando usar seu próprio irmão como um peão para sacrifício.

Ainda assim, sabia que isso não seria suficiente para convencer Zanoba. Ele sentia que tinha alguma obrigação sagrada de proteger este reino. Com os inimigos de Shirone se amontoando na fronteira, enfiar o rabo no meio das pernas e fugir seria a última coisa que lhe passaria pela cabeça.

Hmm… Espere um minuto. Isso significa que ele pode reconsiderar se conseguirmos acabar com aquele exército de cinco mil homens?

Pax estaria reunindo uma grande força própria enquanto nós mantivéssemos o Forte Karon. Em outras palavras, se conseguíssemos repelir completamente o ataque inimigo, Shirone não estaria mais em perigo real. Em certo sentido, o dever de Zanoba seria cumprido.

— … Acho que temos que ir para o Forte Karon, Roxy. É a nossa única chance de salvar Zanoba.

— Muito bem, então.

— Pena que provavelmente estamos caindo em uma armadilha.

Roxy acenou com a cabeça fazendo uma careta. Não estava claro o que poderíamos fazer a respeito dessa possibilidade. Eu teria que, no mínimo, levar a Versão Um da Armadura Mágica. Talvez pudesse encontrar uma maneira de esmagar nossos problemas com força bruta; isso seria certamente o mais fácil.

— Bem, temos algum tempo para pensar nisso antes de chegarmos lá. Vamos considerar cuidadosamente as nossas opções.

— Sim, Senhorita Roxy!

Enquanto terminávamos nossa discussão, uma carruagem chegou à pousada, e Zanoba saiu de dentro dela.

 

Separador Tsun

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Zanoba nem sequer vacilou quando lhe disse quão pequena seria sua guarnição. Na verdade, acenou com a cabeça enquanto sorria e disse: — Ah, sim. Isso soa correto.

Sua atitude indiferente me pareceu bizarra. Será que ele entendia sequer o conceito de estar em grande número? Eu precisava explicar?

— Certo, Zanoba. Ouça com atenção, porque tenho algumas palavras de sabedoria para compartilhar. “Se superar o número em dez para um, cerque-os; cinco para um, ataque; dois para um, divida. Se igualado, você pode oferecer batalha; se ligeiramente superado em números, pode evitar o inimigo; e se muito superado em números, deve fugir. Assim, a obstinação em uma força menor garante sua captura.” Você tem tudo isso? Basicamente, isso significa que a guerra tem tudo a ver com os números. O cara com o exército maior sempre tem a vantagem.

(NR: Sun Tsu no nada).

Nossas forças estariam reunidas em um forte, sim. Ainda assim, resistir contra um exército dez vezes maior do que o nosso seria muito difícil.

Quando terminei minha explicação um pouco rotatória sobre esses fatos, Zanoba me encarou com uma expressão intrigada em seu rosto. — Mestre Rudeus, estou bem ciente de que um grande exército geralmente derrotará um menor.

— Excelente. Tudo bem. Então por que você parece tão alegre? Estaremos com uma desvantagem numérica de dez para um naquele forte.

— O quê? Não seja absurdo! Não chegará nem perto de ser tão ruim.

… Esse cara tinha algum problema com matemática básica ou algo assim? Eu estava começando a ter sérias dúvidas sobre o sistema educacional do Reino de Shirone.

— Você não estava me ouvindo, Zanoba? Temos quinhentos soldados no Forte Karon, e o inimigo vai enviar cinco mil. Quinhentos vezes dez são cinco mil. Consegue me acompanhar?

— Hrm. Está tentando me testar, Mestre Rudeus? — disse Zanoba com um sorriso condescendente.

Grrr. Não sorria para mim dessa maneira! Não sou eu quem precisa aprender as tabelas de multiplicação!

— Muito bem. Permita-me elaborar. — Zanoba respirou fundo e depois se lançou em uma dissertação inteira.

— Seus números não contabilizam a sua presença e a da Senhorita Roxy. Um mágico de nível Santo pode valer mil soldados no campo, quando são utilizados adequadamente. Por esse cálculo, temos a força de vinte e cinco centenas de homens, no mínimo. Mas, dado que vocês são ambos de nível Rei ou superior, talvez seja mais justo dizer que temos o equivalente a três mil homens, ou mais. A regra usual é que uma força de cerco deve ultrapassar em três vezes os defensores de um forte, mas o Forte Karon ocupa uma posição defensiva particularmente forte, de modo que exigirão uma vantagem numérica ainda maior. Por fim, há a questão de sua enorme capacidade de mana, e meu status como uma Criança Abençoada. Em suma, pode-se argumentar que possuímos a maior força.

Fiquei sem palavras. Não esperava por algo assim. Não dele. — M-Muito impressionante, Zanoba. Onde você aprendeu tudo isso?

— Recebi uma educação extensiva em assuntos militares quando criança. Planejavam me transformar em um general, sabe.

Zanoba foi mantido vivo com o único propósito de defender este reino, mas isso não significava que tivessem planejado lançá-lo descuidadamente em uma batalha. O que fazia sentido. Mesmo que o seu papel principal fosse simplesmente o de se empenhar em causar o caos, gostariam que ele tivesse algum grau de conhecimento tático e de consciência situacional. Acho que tinha subestimado os padrões educacionais da família real de Shirone.

— Entendo que esta será sua primeira guerra de verdade, Mestre Rudeus, mas não tenha medo. Tenho um pouco de experiência no campo de batalha desde os dias da minha juventude. Com você e a Senhorita Roxy à minha disposição, eu devo ser bem capaz de manter este forte indefinidamente.

Ele com certeza parecia bem confiante. Mas será realmente assim tão fácil? De alguma forma,duvidava disso. Nossa melhor opção ainda era evitar este forte.

Hmm. Pode valer a pena tentar persuadi-lo, certo?

— Certo, Zanoba… mas Pax o designou para o Forte Karon sem sequer saber de Roxy, certo?

— Sim, suponho que isso seja verdade.

— E acho que ele também não sabe que eu tenho um suprimento de mana estranhamente grande.

— Onde você quer chegar, Mestre Rudeus?

Eu estava me preparando para isso, mas aparentava que Zanoba não estava com uma boa disposição. Então é hora de ir direto ao assunto. — Parece-me que Pax o está enviando para lá para morrer.

Zanoba olhou para mim com a expressão de um homem que tinha sido beliscado. Não que um beliscão comum lhe fizesse muito efeito. Sabe o que quero dizer.

— Talvez Pax não queira mais se vingar de você. Mas acho que ele também não se importa se você for morto.

— … Suponho que você possa estar certo, sim. — Coçando a bochecha com um dedo, Zanoba esperou que eu continuasse.

— Você realmente precisa obedecer às ordens de um rei como esse?

Zanoba sorriu com diversão diante da minha pergunta. As palavras “Ah, é isso?” foram praticamente estampadas em seu rosto. — Na guerra, os sacrifícios são muitas vezes necessários. São os soldados comuns que geralmente são oferecidos primeiro, mas às vezes, até mesmo a vida dos príncipes deve ser usada como um recurso tático.

— Olha, Pax fez esta bagunça, e agora quer que você morra para que ele possa se livrar dela — falei. — Ele assassinou o resto de sua família, Zanoba… Não vejo por que você tem qualquer obrigação de lutar por ele.

— Como você está sempre me dizendo, Mestre Rudeus: não importa quem causou o problema. A única coisa que importa é quem pode consertá-lo.

O olhar de Zanoba desviou-se para a janela enquanto ele falava. Na rua lá fora, os habitantes da cidade iam e vinham, misturando-se com os mercenários. Por enquanto, estavam se dedicando à sua vida cotidiana comum, mas havia um sinal visível de tensão e medo na forma como se moviam.

Quando saímos de Sharia, Zanoba deixou claro que via a luta contra os inimigos de seu reino como seu propósito de vida. Para ele, simplesmente não importava que Pax fosse o rei de Shirone, muito menos o que Pax pensava dele. Nada do que eu disse poderia fazê-lo mudar de ideia, mesmo agora.

— Muito bem, você venceu. Desculpe por incomodar dessa forma.

— Não há necessidade de desculpas — disse Zanoba. — Entendo que você só falou por preocupação com a minha segurança.

— Já que você tem uma opinião tão forte sobre isso, vamos defender o Forte Karon juntos. Sou um completo amador em guerras, por isso farei o que você me disser por lá. Me dê ordens de acordo com o que seu coração desejar.

A última coisa que eu queria era que Zanoba se dirigisse sozinho para a linha de frente. Tentei deixar claro que estava pronto para cooperar, apesar de minhas apreensões.

— Meus agradecimentos, Mestre Rudeus! Apenas a sua companhia já valerá pela força de uma centena de homens.

— Mas não seria tipo uns mil?

Que seja, então…

Ao menos nosso primeiro objetivo estava suficientemente claro. Defenderíamos o Forte Karon das tentativas do inimigo de tomá-lo. Pax estaria reunindo seu próprio exército enquanto nós os segurávamos, então havia uma chance de que a invasão entrasse em colapso completo se tivéssemos sucesso.

Com o tempo, o Reino de Shirone ficaria mais forte e mais estável. Uma vez que ele visse que o perigo havia passado, Zanoba poderia estar mais disposto a considerar o retorno a Sharia. Poderia convencê-lo de que Pax e seus aliados no Reino do Rei Dragão tinham as coisas sob controle.

Decidimos que somente Zanoba, Roxy e eu iríamos para o forte. Ginger ficaria para trás, na capital real. Ela parecia um pouco conflituosa quando soube que Zanoba estava partindo para a linha de frente, mas acabou decidindo que seria mais útil continuar suas investigações na Latakia. Parecia que ainda havia algumas coisas que queria investigar.

Antes de nos separarmos, ela me disse em termos inequívocos que meu trabalho era manter o príncipe são e salvo.

Nossa partida não foi exatamente cerimoniosa. Apesar do status de Zanoba como príncipe real, éramos apenas nós três dentro da carruagem; não tínhamos guardas, não tínhamos cortejo até os portões e não tínhamos tropas marchando atrás de nós. O cocheiro sentado na frente parecia ser um soldado, mas não tinha um ar muito amigável.

Tive a sensação de que tinha razão: Pax estava enviando Zanoba para morrer. Não pude deixar de me sentir zangado. Zanoba tinha arriscado tudo para voltar e defender sua pátria, ajoelhou-se obedientemente aos pés de Pax e jurou lutar com todas as suas forças. Ele não merecia este tipo de tratamento.

No entanto, não valia a pena ficar insistindo na mesma coisa.

Combinamos de transportar a Armadura Mágica Versão Um para o Forte Karon em peças, sob o pretexto de que faziam parte da coleção de estatuetas de Zanoba. As chances eram de que chegasse alguns dias depois de nós. Os serviços de transporte marítimo neste mundo tendem a ser muito menos consistentes e confiáveis do que os do Japão, infelizmente.

Tinha que admitir que estava preocupado. Algo pode muito bem acontecer entre nossa chegada e a entrega da Armadura Mágica. O pensamento me preocupava tanto que eu mesmo havia pensado brevemente em pegá-la e levá-la ao forte, mas depois me lembrei de minha batalha com Orsted. Aquela coisa me drenou tanta mana naquela única luta que quase morri. Queria preservar o máximo possível da minha mana, para que pudesse usar a Armadura Mágica quando realmente precisasse dela.

Nenhuma estrada principal leva ao Forte Karon. A maior parte de nossa viagem foi por trilhas estreitas de terra e longos trechos de campos agrícolas. Passamos por algumas pequenas aldeias no caminho, mas nada que se possa realmente chamar de cidade. Algumas noites, tivemos até que dormir ao ar livre.

Passei a maior parte do meu tempo no primeiro trecho da viagem especulando sobre os planos do Deus-Homem. Mas, em algum momento, de repente, o fato de que estávamos indo para a guerra se tornou algo mais óbvio. O pensamento me deixou imediatamente enjoado de ansiedade.

Guerra. Mesmo apenas repetindo a palavra em minha mente, meus músculos ficaram tensos. Amadureci bastante em relação a matar desde a minha chegada a este mundo, mas o conceito de guerra me assustava de uma forma difícil de descrever. Não era a ideia de matarmos nossos inimigos, ou eles nos matando, que me assustava tanto; era a guerra como um todo, como um fenômeno. Acho que sempre me senti assim, mas o medo parecia cem vezes mais real agora que eu estava indo para a batalha.

Poderíamos ao menos vencer esta luta? Os argumentos de Zanoba haviam me convencido de que não estaríamos completamente superados em números, mas o fato era que esta seria minha primeira vez no campo de batalha.

— Olhe ali, Mestre Rudeus! É um bando de aventureiros, se não me engano. O que será que estão fazendo aqui no meio do nada com todo esse equipamento?

Em contraste com minha crescente ansiedade, Zanoba parecia estar se divertindo muito. Sempre que ele via algo ao longo da estrada, apontava em voz alta com um grande sorriso no rosto. O homem estava tão tagarela, que se pensaria que estávamos a caminho de um parque de diversões ou algo assim.

— Parece um grupo a caminho para explorar um labirinto. Há muitos nesta região, mas nem todos estão localizados perto de uma cidade. Grupos com um sério interesse em alcançar os andares inferiores muitas vezes irão para as opções mais remotas, menos lotadas.

Roxy também parecia perfeitamente calma. Ela não estava tão alegre quanto Zanoba, mas seu comportamento era o mesmo de sempre. Esta seria também sua primeira experiência com a guerra, mas isso não parecia incomodá-la nem um pouco.

— Aha! — disse Zanoba com um sorriso. — Eu deveria saber que você teria a resposta pronta para nós, Senhorita Roxy.

— Bem, eu mesma passei algum tempo bisbilhotando os labirintos daqui, sabe?

Portanto, eu era o único que estava preocupado com nossa situação. Eu não entendia como os dois poderiam estar tão relaxados. Me faltava alguma coisa? Havia alguma razão para não estarmos preocupados?

Ah, espera. Talvez pensassem que eu poderia lidar com qualquer coisa que viesse até nós. Nesse caso, não poderia deixá-los perceber o quanto eu estava aterrorizado…

— Pensando bem, lembro que você ganhou sua nomeação como maga da corte ao completar vários labirintos sozinha.

— Isso mesmo. Nossa, parece que isso foi há séculos…

— Dizem que desafiar um labirinto sem companheiros não é uma façanha qualquer. Talvez tal audácia seja esperada da mestra de meu mestre, mas me diga; por que arriscar a vida e a pele de tal maneira?.

— Huh? Uhm, bem… pode-se dizer que eu estava procurando por algo, eu acho. Honestamente, era algo muito infantil…

— Entendo. Você encontrou o que estava procurando?

— Não naquela época. Mais tarde, sim… mas foi mais como se isso tivesse me encontrado, na verdade.

Enquanto falava, Roxy disparou alguns olhares acanhados na minha direção, de baixo da borda larga de seu chapéu.

Ah, certo. Ela disse que estava procurando um romance naqueles labirintos, não disse?

— Ah, agora entendo — disse Zanoba com um aceno de cabeça. — Então os rumores de uma mestra maga de cabelo azul caçando um marido em nossos labirintos eram verdadeiros.

— Eu estava sendo vaga por uma razão, muito obrigada! — choramingou Roxy. — Você tem alguma ideia de como é embaraçoso lembrar disso?

— Certamente não há motivo para você corar. Já que o Mestre Rudeus aqui estava ansiando por você de longe por muitos anos, mesmo antes de se matricular na Universidade.

— Estava mesmo? Eu pensava que ele só tinha olhos para Sylphie naquela época.

— Oh, longe disso. Só descobri isso algum tempo depois, mas ao longo de seus anos de viagem, parece que ele carregou algo de su…

E agora os dois estavam lembrando os bons velhos tempos por alguma razão. Em circunstâncias normais, eu poderia ter sentido uma pitada de ciúmes, mas, neste momento, não conseguia nem mesmo reunir a energia para continuar ouvindo.

— Nossa, sério? Ele carregava isso por todo… Uhm, Rudy? Algum problema?

De repente, Roxy se inclinou para estudar meu rosto de perto. Tive um impulso de me inclinar para frente e beijá-la, mas decidi contra isso.

— Não mesmo — falei. — Eu estava pensando em como Zanoba parece alegre, considerando que estamos indo para a guerra.

— Hahaha! Bem, eu sou um jovem típico em alguns aspectos, Mestre Rudeus. O mero pensamento de campos de batalha e duelos mortais é suficiente para fazer meu coração bater mais forte!

Deus, meu estômago está doendo.

Após nove dias na estrada, chegamos ao Forte Karon. Acabou sendo uma estrutura mais impressionante do que eu havia imaginado.

Minha primeira impressão não foi boa. À distância, parecia um típico pequeno castelo de pedra com um design pouco marcante. Depois de um momento, porém, percebi que estava consideravelmente bem posicionado.

Por um lado, estava aninhado na bifurcação de dois rios, assim como aquele famoso castelo Toyotomi Hideyoshi construído em uma única noite.

Por outro lado, a área além desses rios estava coberta de floresta escura e espessa. Seria consideravelmente simples entrar no Reino de Shirone viajando por aqueles bosques, mas liderar um exército por um lugar como aquele era uma proposta muito arriscada. Afinal de contas, as florestas estavam infestadas de monstros. Enquanto suas forças lutavam, qualquer inimigo próximo poderia marchar ao seu redor para encontrá-lo do outro lado, pinçando-o entre suas forças e os monstros. Este ponto era uma fortaleza estratégica por essa razão.

À medida que nos aproximávamos do forte, ele parecia se tornar cada vez mais sólido e intimidante. Vi as torres de vigia e catapultas posicionadas ao longo de suas muralhas. Eu esperava algo menor depois de ouvir que só tinha quinhentos homens, mas esta era definitivamente uma fortaleza adequada.

Por outro lado, os soldados que a mantinham estavam com expressões sombrias. O moral era claramente um problema no momento. Devem ter percebido o quanto estavam em desvantagem numérica.

— Mestre Rudeus, Senhorita Roxy… por aqui, por favor.

Ficamos a alguns passos atrás de Zanoba e seguimos nosso caminho através do forte até as câmaras de seu comandante. O encontramos no que parecia ser uma sala de guerra, estudando um grande mapa sobre uma mesa com vários de seus capitães.

— Quem você deveria ser?

— Zanoba Shirone, Terceiro Príncipe de Shirone.

No início, os oficiais haviam feito um dimensionamento duvidoso de Zanoba, mas ao som de seu título, todos caíram de joelhos.

— Me chamo Garrick Babriti dos Cavaleiros Reais de Shirone, Vossa Alteza… Comandante da Guarnição do Forte Karon.

— Meus agradecimentos por seus esforços até aqui, Sir Garrick. O rei mandou notícias da minha vinda, presumo?

— Sim, Vossa Alteza! Uma mensagem chegou há vários dias.

— Bom. Então não há necessidade de mais explicações. A partir de amanhã, assumirei o comando formal deste Forte. Entendido?

— … Sim, Vossa Alteza!

Eu podia sentir que Garrick não estava muito satisfeito com este desenvolvimento. Perder seu comando era uma coisa, mas entregá-lo a um príncipe pomposo era outra. Era prováve que se orgulhasse muito do fato de ter defendido este forte até agora.

Sinto que devemos jogar um osso ao cara aqui, certo? Não queremos que nossas próprias tropas guardem ressentimentos.

— No entanto, já faz algum tempo desde minha última incursão em batalha. Eu preferiria desempenhar o papel de algo como um ajudante, deixando o comando real de nossas forças em suas mãos. Você aceita?

— Sim, Vossa Alteza!

Ah, ótimo. Acho que Zanoba estava muito à minha frente. Parece-me uma boa ideia. Mais vale deixar o comando para os veteranos, certo?

— Nesse caso, Sir Garrick, vamos começar a trabalhar imediatamente. Desejo reforçar o moral de nossas tropas. Reuniria a guarnição inteira para mim?

— Imediatamente, Vossa Alteza!

A primeira ordem oficial de Zanoba colocou o forte em uma enxurrada de atividades.

Cerca de uma hora depois, algo em tornode quatrocentos e cinquenta soldados blindados ficaram em filas diante de uma plataforma montada fora do forte. Dos cinquenta restantes, dez estavam em posição nas torres de vigia, monitorando o inimigo. Os demais estavam, em grande parte, em serviço de escotismo ou em provisões de segurança.

As tropas alinhadas diante de nós eram musculosas e imponentes, com os rostos robustos de guerreiros experientes. A ousadia em seus olhos me pegou de surpresa; este era um grupo muito mais impressionante do que eu esperava. Tinha pensado em quinhentos homens como um pequeno exército, mas dificilmente diria isso quando os tinha bem na sua frente.  Parecia que possuíamos todas as tropas de que precisávamos.

Embora as forças inimigas fossem dez vezes maiores…

— Ei, olha só para ele.

— Quem diabos é esse?

— Uh… parece uma espécie de príncipe, talvez?

Quando Zanoba pisou na plataforma à sua frente, as tropas o estudaram com expressões abertamente duvidosas. O moral estava baixo em todos os aspectos. Algumas das tropas estavam até sussurrando umas para as outras, apesar de estarem frente a frente com a realeza.

— Me chamo Zanoba Shirone, Terceiro Príncipe do Reino de Shirone.

— Bem-vindo, Príncipe Zanoba! — gritou o comandante, endireitando suas costas respeitosamente. — Ficamos honrados em ter a oportunidade de lutar ao seu lado!

Obviamente era da boca para fora. Qualquer um poderia dizer que o homem não estava feliz com a presença de Zanoba. As palavras “Quer nos dizer o que está fazendo aqui?” estavam quase escritas em seu rosto.

— Meus agradecimentos. — Com um aceno senhorial, Zanoba verificou as fileiras de tropas diante dele. Ele parecia relativamente imponente, graças à sua armadura volumosa e à enorme clava que eu tinha feito para ele.

— Pois bem! Seu relatório sobre nossa situação atual, Comandante Babriti?

— Senhor! Atualmente, o contato com o inimigo tem sido limitado a escaramuças em pequena escala. Entretanto, o interrogatório de nossos prisioneiros confirmou que em breve lançarão uma grande ofensiva.

— Entendo — disse Zanoba com outro aceno de cabeça. — Parece que não temos tempo a perder, então.

O comandante estava começando a parecer um pouco preocupado neste ponto; assumi que ele não podia dizer o quão bem Zanoba entendia a situação.

E então, sem nenhum aviso, Zanoba se elevou a toda sua altura e ergueu a voz até um berro.

— Antes de mais nada, tropas; permitam-me apresentar nossos reforços!

À medida que essas palavras iam soando pelo ar, os rostos dos soldados brilhavam um pouco.

É bom ver o moral de todos subir! Mas que reforços? Pax com certeza não enviou nenhum.

Antes que eu pudesse ver qualquer sentido em seu anúncio, Zanoba olhou para trás e sinalizou para mim e Roxy com seus olhos. Um pouco assustados, nós dois subimos ao palco atrás dele.

— Ei, isso não é…

— Já vi esse rosto antes…

— Mas eu pensei…

Um murmúrio correu através das tropas. Muitos deles pareciam estar olhando especificamente na direção de Roxy.

Bem, não havia muitas mulheres em fortalezas como esta. Talvez tenham ficado lambendo os beiços quando a viram? Roxy era adorável, e bela, e uma encarnação divina de toda bondade, então eu certamente pude entender tal reação. Mas me pareceu que algumas mulheres soldados na multidão também estavam olhando para ela com tanta atenção quanto os homens. E eram os indivíduos mais velhos que pareciam ser os mais cativados… pessoas de trinta ou quarenta anos.

— Nossos números são poucos, nosso inimigo uma legião! Sua ofensiva virá em breve! Talvez pareça que tudo está perdido, e nossa posição é de desespero. Mas não temam, pois trago a vocês reforços formidáveis da Cidade Mágica de Sharia!

Zanoba olhou para nós novamente e piscou o olho. Ah, ótimo. Aparentemente, nós éramos os reforços. O que fazia sentido, se Roxy e eu devêssemos valer por mil soldados cada um. Se alguma vez lançássemos uma equipe de wrestling, teríamos que chamar nossa equipe de Terrível dois Mil.

— Olá a todos — disse Roxy, tirando seu chapéu.

O murmúrio da plateia aumentou ainda mais.

— Eu sabia! Essa é a que costumava ser uma maga da corte…

— Ela não chegou ao nível Rei?

— Ela desenvolveu toda a teoria por trás de nossos exercícios, não?

Rindo de orelha a orelha, Zanoba lançou uma introdução mais detalhada. — Esta mulher é Roxy Migurdia, uma ex-maga da corte de nosso próprio reino. Imagino que muitos de vocês reconheçam seu nome, pois foi ela quem essencialmente criou nosso atual programa de treinamento anti-magia. Ela está acompanhada por seu discípulo estrela, Rudeus Greyrat. Ambos alcançaram o nível de Rei em sua arte!

Sons de surpresa e admiração tomaram a multidão.

Um pouco tardiamente, percebi o que estava acontecendo. Roxy tinha sido uma figura proeminente em Shirone por algum tempo, como uma maga empregada diretamente pela família real. Alguns dos soldados mais velhos devem tê-la reconhecido por isso.

Dito isso, eu não estava muito satisfeito com a maneira como Zanoba a chamou de Roxy Migurdia. Ela era Roxy M. Greyrat hoje em dia, muito obrigado. Certo, ele provavelmente só usaria o nome que reconhecessem, mas mesmo assim!

— Tropas, tenho certeza que vocês já ouviram dizer que um mago de nível Santo vale mais que mil homens em batalha. Agora, considerem o valor de um Rei da magia! Talvez alguns de vocês nunca tenham ouvido a história; mas na Guerra de Laplace de antigamente, um único mago de nível Rei empurrou para trás um exército de dez mil!

Zanoba fez uma pausa, saboreando o silêncio assustado de seu público.

Eu nunca tinha ouvido falar desse “conto” e, francamente, soou como um monte de baboseira. O número dez mil tinha que ser um exagero, né? Alguns dos soldados pareciam estar comprando a ideia, e notei um sinal de admiração na maneira como nos olhavam.

— Além destes dois poderosos magos, eu lhes ofereço também a minha força. Talvez alguns estejam familiarizados com a Criança Abençoada conhecida como o Príncipe Arrancador de Cabeças? Eu sou ele, e vos guiarei desde a vanguarda!

Os olhos dos soldados se iluminaram com as palavras Criança Abençoada e com a menção do apelido de Zanoba. Em minha primeira visita a Shirone, as pessoas haviam pronunciado as palavras “Príncipe Arrancador de Cabeças” com repulsa em suas vozes. No contexto de uma guerra, esse mesmo apelido soou quase tranquilizador.

— Prometo-lhes isto, e só isto: Vocês terão a vitória!

Zanoba fechou sua mão estendida em um punho, enquanto sua voz ecoava pela multidão. E seus soldados responderam em coro. Erguendo seus próprios punhos ao ar, rugiram sua aprovação em uníssono.

Parecia justo dizer que o moral tinha melhorado um pouco. Eu teria que admitir que o homem tinha talento para fazer com que as pessoas se inflamassem. Por mais estranho que possa parecer, talvez Zanoba tivesse as características de um líder.

Mas, bem… As tropas tinham um belo e sólido forte para se refugiarem e dois magos poderosos para defendê-lo. Atacar para esmagar o inimigo poderia não dar muito certo, mas defender sua posição deveria ser simples. Seria possível entender porque Zanoba parecia tão confiante, e porque tantos soldados estavam olhando para Roxy enquanto aplaudiam.

Olhando para todos aqueles punhos levantados, senti minha própria ansiedade diminuir um pouco.

Obrigado, pessoal. Farei o que puder, tudo bem?

 


 

Tradução: Gtc

Revisão: B.Lotus

QC: Taipan & Delongas

 

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