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Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 14 – Cap. 01 – Fortaleza Flutuante

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A pé, nossa jornada levaria meio dia indo para o norte da Cidade Mágica de Sharia, mas seria apenas uma hora a cavalo. Nosso destino eram algumas ruínas antigas – os restos de uma fortaleza.

Detritos estavam espalhados pelo chão, vestígios de algum piso de pedra. Pilares de pedra grossos jaziam derrubados. Era como olhar para o Partenon, fora que os anos haviam sido menos gentis com este lugar. Sem dúvida, em um período, era uma visão majestosa de se ver, mas agora é pouco mais do que um eco da história.

— Estes são os restos da Fortaleza Scott. Os humanos a construíram durante a Guerra de Laplace. Dizem que havia mil humanos que se barricaram para se opor à invasão dos demônios. Infelizmente, não foram páreo para eles, e a fortaleza acabou sendo tomada.

Quem deu essa explicação útil foi a mulher ao meu lado, uma loira com cabelos trançados. Sua aparência era inocente e estava vestindo uma roupa de viagem luxuosa. Mesmo de longe, seria possível dizer que Ariel Anemoi Asura era uma beldade incomparável que exalava carisma.

Espera, será que ela estava dirigindo essa explicação a mim?

Mantive minha boca fechada e olhei ao redor. Luke e Sylphie estavam logo atrás de nós, com Roxy, Zanoba, Cliff e Elinalise na retaguarda. Nanahoshi estava na frente, liderando nosso grupo. O olhar de Ariel estava fixo em mim, e não havia ninguém entre nós. Eu tinha razão; ela estava falando comigo. Recentemente tínhamos viajado com a nobreza de Ranoa, mas nós dois nunca tínhamos conversado de verdade, por isso a minha confusão.

— Você com certeza sabe das coisas, Princesa — falei, por fim.

Ela me direcionou um sorriso suave.

— Isso é retratado em muitas das canções folclóricas desta área.

— Eu não sabia que você tinha interesse em canções folclóricas.

— Fazer conexões com a nobreza local requer que eu esteja familiarizada com elas — respondeu Ariel com naturalidade. O conhecimento de velhas histórias era aparentemente essencial para aproximar-se da classe alta. Isso devia dar muito trabalho. — Mas você tem certeza de que podemos chegar ao Lorde Perugius a partir daqui?

— Essa é uma boa pergunta. Não faço ideia de como funciona, mas… — Fiz uma pausa, olhando para Nanahoshi à nossa frente. Ela carregava uma mochila enorme nos ombros e tinha dificuldade para caminhar, graças aos escombros. Mesmo assim, continuou andando sem olhar para trás. Eu estava seguindo seu exemplo, mas me perguntei como ela planejava chegar a Perugius a partir daqui. Até onde eu conseguia me lembrar, minhas leituras sobre magia de teletransporte não faziam menção a círculos nesta área. Ou talvez houvesse um, mas não foi notado porque estava escondido. — Me preocupo mais com a possibilidade de ele ficar irritado com o número de pessoas.

Ariel riu.

— Lorde Rudeus, você diz algumas coisas divertidas. Este é o herói que ganhou o título de “rei”, sabe. Nosso pequeno grupo dificilmente o perturbará.

— Espero que você esteja certa.

Olhei ao redor, mentalmente marcando cada pessoa em nosso grupo: Nanahoshi, eu, Ariel, Sylphie, Luke, Roxy, Zanoba, Cliff e Elinalise. Isso somava nove pessoas, o suficiente para ser uma grande unidade familiar. Embora a Ariel pudesse não considerar isso uma multidão tão grande. Frequentemente, a realeza recebe dezenas de convidados ao mesmo tempo, então um grupo de menos de dez provavelmente não os perturbaria.

Norn recusou meu convite; estava muito ocupada com a escola. Ela disse que trabalharia duro para equilibrar o estudo de esgrima com a tarefa de ser membro do conselho estudantil. Isso talvez tenha influenciado em sua recusa. Entretanto, se ela estivesse conosco, eu provavelmente também teria que trazer Aisha. Isso nos tornaria um grupo de onze, definitivamente uma multidão. Não me sinto confortável em levar tantas pessoas para encontrar alguém que sequer conhecia.

— Lorde Perugius agora passa seus dias em reclusão, mas depois da Guerra de Laplace, ele viveu no Reino Asura por um tempo. As pessoas de lá pensam nele como um igual ao seu próprio rei. É dito que ele uma vez levou cem servos consigo quando visitou o palácio. Alguém assim dificilmente piscaria diante de um pequeno grupo de nove pessoas — disse Ariel.

— Acho que sim.

Em uma tangente completamente sem relação, a voz de Ariel com certeza era agradável de escutar. Certamente era natural ficar irritado quando visitantes batiam sem aviso prévio, mas as palavras dela fizeram parecer que tudo ficaria perfeitamente bem. Para ser honesto, foi desconcertante. Sua voz era como o sussurro do demônio.

Olhei para a princesa.

— Se ele estava farto da vida no palácio, então talvez não goste do conceito de receber visitantes.

— Se esse fosse o caso, Lady Nanahoshi não teria concordado em me deixar ir junto.

— Realmente não acho que ela pensa muito nisso — murmurei, lembrando-me das circunstâncias que levaram Ariel a se juntar ao nosso grupo…

Quando Nanahoshi mencionou Perugius pela primeira vez, fiquei tão animado quanto quando era uma criança na manhã do meu aniversário. Estávamos falando do Rei Dragão Blindado. Eu sabia tudo sobre ele. Li até um livro, não muito depois de reencarnar neste mundo.

Perugius foi um herói da Guerra de Laplace há 400 anos. De acordo com o que li, ele podia controlar doze familiares, restaurou uma antiga fortaleza flutuante à sua antiga glória e até lutou contra o próprio Laplace com seus camaradas. Depois que Laplace foi selado, as pessoas o louvaram tanto que o novo calendário foi batizado de “Dragão Blindado” em sua homenagem.

Embora Perugius fosse conhecido como o Rei Dragão Blindado, não tinha nenhum território sobre o qual governar. Ele eventualmente deixou o palácio Asurano e começou a viajar pelo mundo em sua fortaleza flutuante, Destruidora do Caos. Estamos indo encontrar esse homem das lendas. Eu não conseguia diminuir as expectativas. Quer dizer, estamos indo para o castelo no céu, Laputa!

É verdade, eu estava ocupado o suficiente entre ser pai e fazer minha própria pesquisa, mas ainda queria muito ir. Desculpe, Lucie, seu pai não é páreo para a própria curiosidade. Mas prometo que vou te trazer algo! E então decidi ir junto com Nanahoshi.

Enquanto eu lutava interiormente com meu próprio egoísmo, Sylphie não ficou tão conflituosa. Em vez disso, perguntou:

— Tudo bem se eu levar a Princesa Ariel junto?

— Ariel? — Nanahoshi torceu o nariz.

Disse que a princesa tinha tentado solicitar o favor de Nanahoshi várias vezes. Afinal, ela controlava um grande fluxo de comércio entre o Reino Asura e o Reino de Ranoa. Claro, Ariel queria a garota em seu bolso. O problema era que Nanahoshi queria o mínimo possível de envolvimento com este mundo, razão pela qual parecia irritada com tudo nele.

Na verdade, isso não é atuação. Acho que ela está realmente irritada.

— Sim — disse Sylphie. — Lorde Perugius vive em reclusão por muitos anos, mas a corte Asurana ainda o reverencia. A Princesa Ariel está… bem, considerando seus planos para o futuro, acho que ela gostaria de conhecê-lo.

Ariel cultivou conexões em vários lugares com o propósito de, eventualmente, tomar a coroa Asurana. Na verdade, ela tinha passado anos fazendo esses preparativos, mas suas chances eram quase tão boas quanto em um cara ou coroa. Não era a aposta mais segura, se alguém me perguntasse. A princesa se formaria no próximo ano, mas eu não fazia ideia do que ela planejava fazer depois disso. Talvez continuasse no mesmo lugar acumulando mais poder, ou talvez voltasse para a capital em Asura para tomar o trono. Eu ajudaria se ela escolhesse a última opção, mas, falando honestamente, estava me sentindo um pouco menos entusiasmado agora que era casado e tinha uma criança. Queria manter meu envolvimento em um nível em que não impactasse negativamente a minha família, se possível.

Bem, meus sentimentos à parte, a proposta de Sylphie foi provavelmente outra tentativa de ajudar Ariel com suas conexões. Se ela pudesse obter o apoio do Rei Dragão Blindado Perugius, um homem reverenciado como um herói no Reino Asura, isso tornaria sua luta pela coroa mais fácil.

— Bem, te devo por tudo o que você fez… — Nanahoshi encolheu os ombros. — Claro, por que não? Pode trazê-la.

Considerando o quão óbvias as ambições de Ariel eram, imaginei que Nanahoshi a rejeitaria, mas ela concordou na hora. Aparentemente, Sylphie cuidou de Nanahoshi enquanto eu estava fora. Isso incluía compartilhar comida, fornecer roupas e lançar magia de desintoxicação nela quando adoecesse. Nanahoshi raramente aparecia desde o aniversário de Lucie, mas Sylphie disse que ela usava muito nossa banheira antes disso.

Sylphie ergueu o punho e sorriu.

— Sério? Obrigada. A Princesa Ariel ficará encantada.

E foi assim que Ariel e Luke acabaram se juntando a nós. Sylphie disse que Ariel estava excepcionalmente entusiasmada com isso. Acho que ser princesa não a impedia de ficar animada para conhecer alguém tão famoso. Até eu estava empolgado. Digo, estávamos falando de um herói em carne e osso. Do tipo que só se encontra em livros. Eu mal podia esperar para ver que tipo de pessoa ele era. Espero que não seja irritadiço.

Pensando bem…

De repente, lembrei que tinha conhecido um de seus subordinados há muito tempo, antes do Incidente de Deslocamento. O homem se autodenominava Arumanfi, o Brilhante. Ele pensou que eu era a mente por trás do Incidente de Deslocamento e tentou me atacar. Ghislaine conseguiu acalmá-lo e eu não tive a impressão de que ele era uma pessoa má. Ainda assim, considerando que ele tentou me matar do nada, havia algo inegavelmente perigoso no sujeito. Quem sabia se seu mestre, Perugius, seria melhor? O pensamento me deixou nervoso.

Tudo bem, mas só porque seu subordinado perdeu o controle, não significa que ele faria isso.

Além do mais, parecia que Perugius teve uma premonição do que estava prestes a acontecer e tentou impedir o Incidente de Deslocamento antes que ele ocorresse. Nesse caso, merecia todos os elogios do mundo. Apesar de tentar matar um inocente no processo…

Bem, tanto faz. Passado é passado. Vou deixar o que passou no passado. Não conseguiria nada de bom ao ser hostil com alguém que estaria encontrando pela primeira vez. Perdoar era importante.

— Chegamos.

Enquanto eu ficava perdido em pensamentos, Nanahoshi finalmente parou nosso grupo quando chegamos ao centro das ruínas. Não havia absolutamente nada no local. Ou era o que eu pensava. Após uma inspeção mais detalhada, notei uma pedra enterrada sob os escombros que era perfeita para sentar. Na verdade, era um monumento. Um com um emblema brilhante que representava um grupo temível: os Sete Grandes Poderes. Esses tipos de monumentos estavam espalhados por todo o mundo, mas quem diria que encontraríamos um assim?

Ao mesmo tempo, não era um círculo mágico. Talvez houvesse uma porta em algum lugar que se abriria, revelando escadas que levavam a um círculo de teletransporte. Ou talvez o próprio monumento tivesse algum tipo de mecanismo instalado. Ou talvez precisássemos apenas recitar algumas palavras mágicas e a pedra automaticamente nos teletransportaria.

— Então, o que vamos fazer agora que estamos aqui?

— Chamá-lo. — Nanahoshi tirou a mochila dos ombros e procurou por um apito de metal. Ela o colocou contra os lábios e soprou com força. — Fsssh…

Nenhum som saiu, apenas ar. Um apito de cachorro ou algo assim?

— Não estou ouvindo nada. — Cliff semicerrou os olhos, cético.

—  É um som que as pessoas normais não conseguem escutar, mas agora ele deve vir. — Nanahoshi sentou-se em uma das muitas pedras espalhadas ao nosso redor.

Um som que as pessoas normais não conseguem ouvir, mas de alguma forma Perugius conseguiria ouvir? Isso significa que o apito é um item mágico ou que Perugius é um cachorro.

— Cliff. — A expressão de Elinalise ficou sombria quando ela se dirigiu a ele.

— O que foi?

— Só um aviso: alguém pode dizer algo humilhante para você enquanto estivermos lá, mas você não deve perder a calma e revidar. Está bem?

Ele fez uma careta, fazendo beicinho igual uma criança que acabou de ser repreendida por sua mãe a respeito de seus estudos.

— Eu sei. Não sou criança.

Elinalise aninhou-se contra ele e sussurrou algo em seu ouvido. A expressão de Cliff relaxou, o que significava que ela estava lhe dizendo palavras doces ou que se desculpou.

— Estou ansioso para ver que tipo de estátuas residem na fortaleza flutuante! — declarou Zanoba.

Sempre entusiasta. No momento em que soube que visitaríamos Perugius, ele disse: “Devíamos aproveitar a oportunidade para mostrar a Lorde Perugius as nossas criações.” Em seguida, enfiou várias estatuetas que eu fiz (incluindo a de Ruijerd) em uma caixa para levar conosco. Eu não fazia ideia se teríamos realmente uma oportunidade ou não, mas Zanoba planejava anunciar nosso negócio para Perugius, assim como eu havia mostrado meu trabalho para Badigadi. Ele com certeza era apaixonado pelo nosso trabalho.

Julie e Ginger não estavam conosco. Julie ficou para trás no quarto de Zanoba, e ele ordenou que Ginger agisse como guarda-costas da minha família. Não que estivessem em algum tipo de perigo, mas pelo menos ela poderia fornecer assistência se precisassem de alguma coisa. Eu tinha certeza que o verdadeiro desejo de Ginger era estar ao lado de Zanoba, mas era pelo menos reconfortante saber que tinha alguém para cuidar da minha família enquanto eu estivesse fora.

— Tente não forçar muito os seus interesses para ele. Estamos falando de alguém que viveu por mais de 400 anos — falei.

— Bwahaha! Lorde Badi viveu ainda mais do que isso. Qualquer pessoa que viveu tanto tempo deve apreciar a excelente qualidade de suas estatuetas, Mestre.

— Se você diz… — Inclinei a cabeça. — Hm?

Uma luz apareceu bem distante.

— Ele chegou — murmurou Nanahoshi.

Uma figura apareceu diante de nós uma fração de segundo depois. Foi quase instantâneo, em um piscar de olhos.

O homem tinha cabelos loiros e estava vestido com o que parecia ser um uniforme escolar branco. Ele provavelmente era muito bonito, mas seu rosto estava escondido sob uma máscara amarela que parecia uma raposa. Uma longa adaga pendurada ao seu lado. Ele estava exatamente como eu lembrava.

— Arumanfi, o Brilhante, ao seu serviço — disse ele.

O jeito como ele apareceu do nada foi realmente estranho. Em um momento não estava em lugar algum, e então surgiu no meio do nosso grupo. Ele provavelmente voou de sua fortaleza flutuante na velocidade da luz. Fez o mesmo quando eu o conheci, antes que toda a Região de Fittoa desaparecesse.

Nosso grupo ficou em silêncio. Arumanfi olhou brevemente em minha direção. Imaginei se ele lembrava de mim. Parte de mim temia que ele pudesse me atacar novamente. Secretamente ativei meu Olho Demoníaco, aumentando meu aperto em meu cajado. No entanto, Arumanfi não pareceu me reconhecer, para meu alívio. Seu olhar passou pelo resto do nosso grupo antes de ir até Nanahoshi.

— Há muitos de vocês — disse ele. Devia estar considerando nossos números.

Nanahoshi acenou com a cabeça.

— Sim, há, mas isso não é um problema, é? Ele disse que eu poderia levar um grupo de dez.

— O número de pessoas não é um problema. Entretanto… — Seu olhar pousou em Roxy. — O demônio é.

— O-O quê? Por quê? — Roxy parecia um gato que tomou um banho de água fria.

— Não permitimos demônios em nossa fortaleza flutuante.

— A-Ah, é isso… — Os ombros de Roxy caíram para frente. Ela ficou arrasada.

Durante a guerra de Laplace, Perugius lutou contra os demônios. Talvez ainda guardasse rancor deles. A guerra costumava deixar uma marca no coração das pessoas.

— Não tem como fazer uma exceção?

— Lorde Perugius é um homem muito magnânimo, mas odeia demônios.

Eu quase tinha esquecido que tal discriminação existia, porque a maioria das pessoas não tinha preconceito especial em relação aos demônios nesta região. Mas o mesmo não poderia ser dito para o resto do mundo. Perugius pode ser um homem lendário, mas também participou da guerra. Assim como Ruijerd carregava cicatrizes mentais desses eventos, talvez Perugius também tivesse algumas. Ainda assim, me senti mal por Roxy, já que ela era a única que não podia ir.

— Não, está tudo bem — disse ela. Seus ombros afundaram em derrota. — Se for assim, ficarei para trás. Além disso, fiquei com um pouco de medo de ver Per… Lorde Perugius, de qualquer maneira, e ainda tenho meu trabalho como professora. É melhor assim.

Embora ela estivesse desistindo, não conseguia esconder a decepção em seu rosto. Uma parte sua definitivamente queria nos acompanhar. Ainda assim, ela forçou um sorriso enquanto se virava para mim, tentando ser reconfortante.

— Está tudo bem, Rudeus. Vou cuidar de tudo em casa.

— Tudo bem, mas vou te trazer uma lembrancinha.

Ela puxou a aba do chapéu para baixo, buscando esconder o rosto. Após uma breve pausa, murmurou, como se estivesse brincando:

— Eu não preciso de nenhuma lembrancinha. Me dê um bom abraço quando chegar em casa, isso já está bom.

Joguei meus braços em volta dela, segurando-a por dez segundos inteiros. Seu coração começou a bater forte e tive que me afastar antes que minha bazuca atômica recarregasse.

— O-Obrigada…

— Não — falei —, obrigado você.

As bochechas de Roxy ficaram vermelhas enquanto ela se mexia. Ela sorriu, apesar de seu constrangimento, quando nós dois nos afastamos. Assim que eu voltar para casa, faremos tudo isso e muito mais.

— Terminaram? — perguntou Arumanfi. Ele fez o seu caminho enquanto nós dois compartilhávamos uma despedida sincera. Agora que minhas mãos não estavam mais ocupadas, ele me entregou um bastão. Olhei ao redor e percebi que todos os outros tinham um. — Segure isso. — ele disse.

Agarrei o objeto. Era de metal, com cerca de 20 centímetros de comprimento, com um padrão complexo esculpido em sua superfície. Havia um cristal mágico em cada extremidade. Provavelmente um instrumento mágico.

— Então, o que eu faço enquanto seguro?

— Só precisa segurar — disse ele. — Lorde Perugius usará magia de teletransporte para levar todos vocês para sua fortaleza.

Então este item estava imbuído de magia de teletransporte? Era mesmo isso? Nesse caso, isso era terrivelmente conveniente. Mas não disseram que humanos não podiam ser convocados? Espere, talvez esteja tudo bem, já que isso não é magia de invocação. Mas, qual a diferença entre as duas coisas?

— Como vamos voltar quando terminarmos?

— Voltam da mesma forma, na maioria das vezes — respondeu Arumanfi casualmente.

Isso significa que há uma maneira de nos teletransportarem de volta para cá. Lucie já seria adulta quando voltássemos, se tivéssemos que voltar a pé. Saber que isso não aconteceria era um alívio.

— Todo mundo está com um desses? Certifiquem-se de segurar com as mãos nuas.

Olhei para minha mão esquerda. Por ser artificial, não havia como agarrar o bastão com as duas mãos nuas.

Nanahoshi nos examinou para ter certeza de que seguimos as instruções e acenou com a cabeça para Arumanfi.

— Parece que todos estão prontos. Pois bem. Só um momento. — Ele balançou a cabeça e desapareceu em um clarão de luz no momento seguinte. Muito provavelmente correndo de volta para a fortaleza para dizer a Perugius que estávamos prontos para ser convocados.

— Isso é meio emocionante — disse Ariel, sorrindo para Sylphie.

— Sim, é.

Sylphie estava certa. A princesa estava certamente mais enérgica do que o normal.

Enfim, teletransporte, hein? Se algo der errado, podemos ser transportados para sabe-se lá onde. Embora pudesse ser uma lenda viva, Perugius ainda era uma pessoa, e pessoas cometem erros. Ah, cara, isso dá medo.

— Hm?

Enquanto eu imaginava o pior cenário possível, o calor começou a correr pelo bastão em minhas mãos. O calor foi transferido para minhas mãos e parecia que estava sendo puxado em sua direção. Imaginei o que aconteceria se eu o soltasse. Sem dúvida, a magia de teletransporte falharia. Mas a sensação foi tão repentina que não me surpreenderia se outra pessoa largasse o bastão instintivamente.

— Huh?

Olhei ao redor e percebi que todo mundo já tinha sumido. Não, nem todo mundo. Sylphie olhou para mim um segundo antes de desaparecer. Apenas Roxy e eu permanecemos.

Hm? Me deixaram para trás?

A segunda dúvida começou a surgir, descobri que minha consciência estava sendo absorvida pelo bastão.

Quando percebi o que estava acontecendo, tudo ao meu redor ficou branco. Era um espaço vazio e sem cor. Um fio invisível me puxou com uma velocidade inacreditável. Era como se alguém estivesse usando um guincho elétrico para enrolar a linha de pesca, e eu fosse o peixe fresco enganchado na outra extremidade, zunindo pelo ar. De longe, tive um vislumbre de Sylphie sendo puxada de forma semelhante por esta força invisível. É essa a sensação de estar do outro lado da magia de invocação?

Mais importante, essa configuração parecia familiar. Eu já tinha visto isso antes… mas onde?

Isso mesmo, o Deus Homem!

Nunca pensei muito nisso, mas agora vi que este lugar se parecia com a área que eu via quando encontrava o Deus Homem em meus sonhos. Exceto esse momento, sempre estava em meu antigo corpo. Desta vez, ainda era Rudeus, com minhas vestes balançando ao meu redor enquanto voava para frente.

Uma luz enorme esperava à frente. Estava tecida em um círculo mágico misterioso e complexo, e me sugou quando me aproximei.

Na próxima vez que abri meus olhos, havia chão sólido abaixo de mim novamente.

— Ufa!

Respirei fundo e me sentei. Foi como ser acordado de um sonho. Eu tinha perdido a consciência em algum momento? Não, não era isso. Lembrei de voar por uma grande extensão de nada.

— Então esta é a magia de invocação de Perugius, hein?

Foi uma sensação peculiar. A última vez que senti isso foi durante o Incidente de Deslocamento. Naquela época, eu também senti que estava voando pelo ar. Porém, desta vez havia uma diferença: uma sensação de estabilidade. A calamidade foi como um trem saindo de seus trilhos. Desta vez, foi mais como um táxi  que me levou com segurança ao local correto.

— Isso com certeza pareceu familiar — sussurrou Sylphie para mim.

Evidentemente, eu não era o único que me sentia assim.

— Sim, pareceu — falei, olhando para os demais de nosso grupo. Ariel, Luke, Zanoba, Cliff, Elinalise e Nanahoshi. Todo mundo estava presente. Exceto por Nanahoshi e Elinalise, todos pareciam absolutamente perplexos com o que acabaram de experimentar. Pelo menos estavam todos seguros.

— Este círculo mágico é enorme — murmurou Cliff.

Foi só então que percebi em que estávamos. Abaixo de nós havia um enorme círculo mágico com cerca de vinte metros de largura. Foi esculpido diretamente em um belo piso de mármore. A água corria pelo padrão gravado, emitindo uma luz fraca. Provavelmente estava imbuída de algum tipo de magia. Deixando a água de lado, eu já tinha visto esse mesmo tipo de luz antes — nas ruínas pelas quais chegamos a Begaritt. Em outras palavras, era uma espécie de círculo de teletransporte.

— Uau…

O que realmente roubou minha atenção não foi o padrão abaixo de nós, mas o enorme castelo à nossa frente. Devia ter pelo menos cinquenta andares de altura, e igualmente largo, sua forma maciça e imponente. Certamente, o interior não seria menos majestoso. Me esforcei para fazer uma comparação com minha vida anterior, mas nada de tamanho semelhante apareceu em mente. O mais próximo que pude pensar seria em pegar o Tokyo Dome e colocar um castelo em cima dele.

Então isso é uma fortaleza flutuante. Eu já tinha visto isso no chão antes, mas não notei o quanto era grande. Mesmo de longe, não era menos impressionável.

— Incrível. — O queixo de Sylphie caiu. — É maior que o palácio Asurano.

Um amplo jardim se estendia diante da estrutura gigantesca. Tinha árvores e flores coloridas suficientes para virar um labirinto. Um canal corria na frente, sua água cintilando na luz. Dava para perceber que o lugar estava bem cuidado, mesmo de longe.

— R-Rudy, atrás de nós — guinchou Sylphie.

— Hm? — Olhei para trás. Do outro lado do círculo havia uma cerca de metal. Além disso, havia um mar de puro branco. — Nuvens, hein?

Uma vez andei de avião, na escola primária em minha vida anterior. Essa cena se assemelhava às minhas memórias daquela época, embora fosse diferente vê-las pessoalmente em vez de olhar através de uma janela. Havia algo profundamente comovente em olhar para as nuvens assim.

Cliff e Luke estavam boquiabertos. Até Ariel arregalou os olhos de surpresa quando ela espiou por cima da grade, vendo o mar branco abaixo de nós. Todos ficaram sem palavras com a vista. Mas eu não poderia culpar nenhum deles. Aviões não existiam neste mundo, e também não existia o conceito de trilha pelas montanhas. Não havia outra maneira de experimentar algo assim.

Sylphie agarrou meu robe.

— Qual é o problema?

— Não me dou muito bem com lugares altos. — Suas pernas tremiam.

Ela realmente concordou em vir para um castelo voador, apesar de seu medo de altura? Com certeza estava determinada. Se ela perdesse o equilíbrio, eu certamente a pegaria e carregaria.

— Espero que a vista de nossa fortaleza flutuante seja do seu agrado — disse uma voz desconhecida atrás de nós.

Eu me virei. Uma mulher estava fora das linhas do círculo, imóvel como uma estátua. Ela tinha cabelo loiro platinado na altura dos ombros, e seu rosto estava escondido sob uma máscara de pássaro branca. Era difícil dizer se ela era bonita ou não, mas claramente tinha o corpo de uma mulher. Suas roupas eram todas brancas e segurava um bastão com uma pedra mágica que era preta e quase toda opaca. Aposto que custa um bom dinheiro. Não que o único valor de um item fosse seu valor financeiro, mas aquela coisa ainda tinha que ser cara. Ainda mais do que meu amado cajado.

Dito isso, a parte mais notável de sua aparência não eram suas roupas nem seu cajado. Eram as enormes asas negras projetando-se de suas costas.

— Alguém do povo do céu…?

Suas asas tinham uma presença dominante, mas a mulher estava tão quieta enquanto ficava lá que nem tínhamos notado ela. Foi realmente bizarro.

Assim que a notamos, ela inclinou a cabeça em uma reverência. Por mais inexperiente em etiqueta que eu fosse, ainda podia dizer o quão polido era cada um de seus movimentos.

— Apresento minhas sinceras boas-vindas a todos vocês. Sou a primeira dos servos do Lorde Perugius, Sylvaril do Vazio. Serei aquela que os guiará em torno de nossa fortaleza flutuante, Destruidora do Caos.

— Me chamo Luke Notos Greyrat, cavaleiro da segunda princesa de Asura, Ariel Anemoi Asura. É um grande prazer conhecê-la. Estamos ansiosos para ver mais de sua magnífica fortaleza. — Luke ficou na frente de Ariel enquanto oferecia sua própria saudação educada, sorrindo suavemente para Sylvaril.

Por que ele está sorrindo para ela assim? Não é como se ela tivesse tetas enormes. Não que sejam particularmente pequenas. É essa a sua preferência? Nah, não pode ser isso. Ele provavelmente está apenas sendo educado.

— Sou Ariel Anemoi Asura, a segunda princesa do Reino Asura. — Ariel beliscou a ponta da saia, fazendo uma reverência lenta. Seus movimentos eram tão graciosos que eu nunca seria capaz de imitá-los.

O resto de nós também se apresentou de maneira semelhante. Cliff e Zanoba se comportavam da mesma maneira refinada que se esperaria da nobreza. Eu era provavelmente o mais ignorante de nosso grupo quando se tratava de etiqueta adequada.

— É um prazer conhecer todos vocês — respondeu Sylvaril educadamente, sua voz não traindo nada de suas emoções interiores.

— Já faz um tempo, Senhorita Sylvaril. — Nanahoshi foi a última a falar, acenando com a cabeça em saudação.

— De fato, Lady Nanahoshi. É bom ver… bem, não, parece que você não está com uma saúde muito boa, está?

— Não estou no meu melhor, mas estou bem.

A conversa foi breve, mas se a atmosfera amigável servisse de indício, as duas se davam bem.

— Bem, vamos. Sigam-me, todos. — Sylvaril girou os calcanhares e avançou, seus passos totalmente silenciosos. Sua cabeça não balançava enquanto ela se movia, e suas roupas eram tão longas que escondiam seus pés. Era como assistir um fantasma à deriva.

Nanahoshi não piscou enquanto seguia atrás de Sylvaril, então o resto de nós seguiu seu exemplo.

 

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Sylvaril pegou o caminho que cortava direto pelo jardim. Um portão feito de pedra assomava à frente, parecendo um arco triunfal. Ao nos aproximarmos, Zanoba cantarolou em apreciação.

— Ahh, que alívio impressionante!

Embora ele estivesse realmente interessado apenas em bonecos e estatuetas, ainda tinha bastante conhecimento sobre outras formas de arte. Talvez porque todas tivessem algo em comum. Por outro lado, eu não tinha como julgar esse tipo de design. Bem, se Zanoba está tão impressionado, tenho certeza que deve ser incrível. Ele normalmente não age tão surpreso com qualquer coisa que não seja uma estatueta ou algo do tipo.

Segui seu olhar e olhei para cima.

— Ah, uau…

Relevos intrincados foram cinzelados em toda a superfície do portão, os padrões finos estendendo-se até a parte inferior do arco. Não era possível deixar de ficar boquiaberto. Ficamos olhando enquanto caminhávamos, e Sylvaril deu uma explicação.

— Este portão foi criado pelo Rei Dragão Abissal Maxwell. Lorde Maxwell tem talento para construção e artesanato mágicos. Uma de suas outras criações é o palácio branco do País Sagrado de Millis…

— Whoooooa! — Zanoba engasgou.

Sylvaril fez uma pausa e se virou.

— Algum problema?

— P-Preciso perguntar! Onde está o Mestre Maxwell agora?! — A voz de Zanoba saiu em um guincho agudo enquanto ele tremia, seus olhos fixos em uma parte específica do portão. O que estava acontecendo com ele? Eu não fazia ideia do que ele estava olhando.

— Lorde Maxwell é do tipo errante — respondeu Sylvaril. — Supondo que ele ainda não tenha falecido, provavelmente está se aventurando em algum lugar.

— Ah, que pena. Um homem tão magnífico… Se eu tivesse a chance de conhecê-lo… — Zanoba mal conseguia conter sua empolgação. Bem, para ser honesto, não era como se ele estivesse tentando.

 

 

— Podemos continuar? — perguntou Sylvaril.

— Ah, sim, claro. Sinto muito. Fiquei simplesmente comovido com a grandeza de seu trabalho.

— Verdade? Nesse caso, pode encontrar uma série de peças esplêndidas dentro da fortaleza. Espero que aproveite seu tempo enquanto estiver aqui. — Imaginei que ela estava sorrindo por baixo da máscara.

Zanoba correu até mim e sussurrou em meu ouvido:

— Mestre, você viu?

— Sim.

— Esta é uma descoberta enorme. Foi bom termos vindo. Temos uma enorme dívida de gratidão com a Mestra Nanahoshi.

Sobre o que era essa descoberta que ele estava falando? Parece que eu não estava olhando para a mesma parte do relevo que ele.

— Desculpa — falei —, não faço ideia do que você parece ter encontrado. Conte-me sobre isso depois.

O rosto de Zanoba foi parar no chão.

— Inacreditável. E pensar que meu mestre ignoraria uma informação tão importante… — Abatido, ele deu um passo para trás de mim. Sinto muito, eu simplesmente não tenho olho artístico para as coisas que você tem.

— Hm?

Quando passamos pelo portão, partículas brancas de repente começaram a cair do corpo de Sylphie enquanto ela caminhava à minha frente. Na verdade, essas mesmas partículas também estavam caindo do meu corpo.

— Oh? — Sylvaril parou novamente, virando-se para nos encarar. Sua máscara escondeu sua expressão, mas seu comportamento visivelmente mudou.

— Hm, há algum tipo de problema? — perguntei timidamente.

No passado, Arumanfi me atacou do nada. Poderia acontecer de novo. Achei melhor esclarecer quaisquer mal-entendidos antes disso. Se realmente tivéssemos feito algo para ofendê-la, seria melhor partirmos agora do que lutar. Havia coisas que eu queria perguntar a Perugius, mas se isso significasse lutar para chegar até ele, preferia ir para casa.

— Não, nada muito importante. Existem muitos outros como vocês em todo o mundo.

— Sério? — O que ela quis dizer com isso? Isso me deixou nervoso. Não seria como um tipo de game show em que o chão abre e eu acabaria forçado a ir a outros lugares como antes, certo? Talvez devesse ativar meu olho demoníaco só por precaução.

— No entanto — continuou Sylvaril —, você se importaria se eu fizesse a vocês dois uma pergunta?

Isso confirmou que algo também estava acontecendo comigo. Eu não fazia ideia do que eram essas partículas brancas caindo, mas isso parecia semelhante a ser retido no scanner de bagagem passando pela segurança do aeroporto.

— Pois não? — perguntei.

— As palavras “Deus Homem” significam alguma coisa para algum de vocês?

Forcei minha expressão a permanecer neutra.

Deus Homem. No momento em que ouvi esse nome, as memórias de Orsted voltaram à tona. Ele tinha me feito uma pergunta semelhante, e quando respondi com sinceridade, ele quase me matou. Aquilo estava para se repetir? Eu não queria isso.

Hesitei. Se eu dissesse a ela que sabia quem era, isso poderia levar a hostilidades. É verdade que eu já havia dançado na palma da mão daquele idiota antes, e que ele também me ajudou. Eu não tinha intenção de ser um de seus capangas, mas segui muitos de seus conselhos.

Enquanto eu gaguejava silenciosamente, Sylphie respondeu por nós dois. Ela balançou a cabeça.

— Não, nunca tinha ouvido esse nome antes.

— Você sente uma raiva profunda em seu coração e um desejo inegável de matar quando ouve esse nome?

Sylphie silenciosamente balançou a cabeça novamente. Fiz o mesmo, mas a descrição me tocou. Orsted reagiu dessa forma quando ouviu o nome do Deus Homem. Se isso os incomodava, talvez significasse que Perugius e Orsted estavam em conflito um com o outro.

— Nesse caso, não tenho mais nada a dizer. — Sylvaril se virou e voltou a andar.

 

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Nomear sua fortaleza flutuante de Destruidora do Caos foi a coisa mais geek que se possa imaginar, mas seu exterior era reconhecidamente impressionante. Como diabos alguém criou uma estrutura tão massiva? Parecia impossível, mas havia esculturas incrivelmente detalhadas espalhadas pelos corredores. Cada peça decorativa falava dos talentos magistrais de seu criador.

O interior era tão embasbacante quanto eu imaginava. Havia tapetes com bordados dourados dispostos. As paredes foram pintadas e cerâmicas e estátuas caras decoravam os corredores. Zanoba ficou bêbado de prazer, balbuciando. “Esta escultura lembra o estilo de Ganon. Este é o trabalho dele?” e “Esta é uma estátua de um cavaleiro Elanjin? Que fortuito, ser capaz de ver essas obras pessoalmente!” Para minha consternação, ele adicionava comentários efusivos em todas as oportunidades. Sylvaril e Ariel o agradaram no início, mas rapidamente se cansaram de seu entusiasmo e recorreram apenas a sorrisos tensos em resposta.

Normalmente, outro membro de nosso grupo se juntava a ele com suas próprias travessuras desagradáveis. Infelizmente, o pobre Cliff estava tão visivelmente nervoso que senti pena dele por isso. Seus olhos estavam arregalados e sua boca firmemente fechada, como se tivesse resolvido não dizer uma palavra até que alguém se dirigisse a ele. Elinalise o puxava pela mão, como uma mãe arrastando seu filho nervoso. Bem, honestamente, é melhor que os dois não estejam causando confusão.

— Esta é a câmara de audiência. — Depois de nos guiar por um longo corredor, Sylvaril parou na porta. Dragões foram pintados de cada lado. A porta em si era grossa e adornada com prata.

Levamos cerca de uma hora para chegar a este lugar. Esta fortaleza era enorme. Quase precisávamos de um Segway para navegar pelo local em tempo hábil.

— Lorde Perugius é um homem muito tolerante, mas ainda assim aviso que tomem cuidado com suas maneiras — advertiu Sylvaril, alcançando a maçaneta da porta.

Você não deveria bater primeiro?

— Perdão, mas ainda estamos com nossas roupas de viagem! Não seria desrespeitoso comparecer perante sua senhoria assim? — perguntou Ariel em pânico.

Era bastante comum para nobres e realeza ter pessoas esperando em uma sala separada antes de recebê-los. As pessoas normalmente usavam essa oportunidade para se refrescar e vestir roupas formais. Foi assim que me lembrei de como foi no Reino de Shirone, quando conheci seu rei, embora eu não tivesse roupa formal na época, então fui com meu robe sujo. Espera, merda. Eu deveria ter trazido roupas formais?

— Lorde Perugius não é do tipo que se preocupa com a maneira de se vestir. Na verdade, ele achou a formalidade no Reino Asura sufocante. Acredito que você acharia a recepção dele mais positiva se entrasse como está agora, em vez de se trocar — disse Sylvaril.

De alguma forma, não fiquei surpreso ao ouvir isso. Talvez a razão pela qual ele começou a viver nesta fortaleza flutuante foi porque o colocaram no espremedor em Asura.

Ainda assim, Ariel franziu os lábios.

— Tudo bem. — Ela finalmente aceitou. — Mas poderíamos primeiro guardar nossa bagagem e agasalhos em algum lugar, pelo menos?

— Pois bem. Nessa direção, então. — Sylvaril acenou com a cabeça e nos guiou para uma sala ao lado. Era tão espaçosa quanto um dos quartos da minha casa, mas apertada em comparação com o quão enorme era o castelo. Havia uma mesa e um armário, junto com alguns outros móveis. Apesar da decoração ser mais discreta do que tínhamos visto até o momento, até mesmo os cabides e outras bugigangas eram de alta qualidade.

— Agradecemos sinceramente a sua compreensão — disse Ariel.

— Lorde Perugius já está esperando, então recomendo que se apresse. — Sylvaril nos deixou com essas palavras.

Assim que Ariel teve certeza de que Sylvaril tinha ido embora, ela começou a tirar sua jaqueta. Luke a pegou dela, enquanto Sylphie pescava uma escova de sua bagagem e começava a alisar rapidamente o cabelo de Ariel. Da mesma forma, Zanoba agarrou um cabide para colocar sua jaqueta antes de puxar algo mais formal de sua bolsa para ocupar seu lugar. Elinalise verificou as roupas e o cabelo de Cliff. Sem nada melhor para fazer, tirei a poeira do robe e ajustei o colarinho. Eu não tinha nenhuma roupa formal, mas as roupas não eram realmente o que importava. Era a intenção. Se Sylvaril recomendasse que encontrássemos Perugius em nossas roupas casuais do dia a dia, era o que eu faria.

Da mesma forma, Nanahoshi apenas ficou lá e observou tudo. O único esforço que ela fez a respeito de sua aparência foi alisar a franja. Ei, espera um minuto, ela está com o uniforme escolar.

— Certo! — Assim que todos terminaram, Sylphie tirou os óculos escuros e estávamos todos prontos para ir. No espaço de dez minutos, Ariel mudou drasticamente a sua aparência. Apenas tirar as roupas externas e alisar o cabelo foi o suficiente para deixá-la com uma aparência radiante. Talvez parte de ser da realeza seja aprimorar sua habilidade de se enfeitar em poucos minutos.

— Sinto muito pela demora.

— De forma alguma. Por aqui. — Sylvaril não parecia nem um pouco perturbada enquanto nos conduzia de volta para a porta com o brasão do dragão esculpido nela. Perugius esperava lá dentro. O pensamento fez todo o meu corpo ficar tenso.

— Ah. — Ariel soltou um suspiro profundo quando a porta foi aberta.

 


 

Tradução: Sahad

 

Revisão: Guilherme

 

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