— E é assim que eu acho que a aventura aconteceria! — Garota da Guilda disse, levantando o dedo indicador e sorrindo.
— Hmm… — Vaqueira inclinou a cabeça, sem saber ao certo como responder.
Era pouco antes do meio-dia na Guilda dos Aventureiros, as pessoas que já tinham saído ainda não haviam retornado e as que não saíram ainda estavam dormindo. A recepção, que antes estava lotada, agora não tinha mais ninguém e Garota da Guilda tinha tempo de sobra. Assim, ela envolveu Vaqueira, que temia estar se intrometendo, em uma conversa fiada durante o chá.
Tapetes voadores, espíritos em lâmpadas, água ardente, areia estelar…
O país desértico, do qual Vaqueira tinha ouvido falar, mas nunca tinha visto, parecia fantástico, cheio de tantas coisas impossíveis que mil e uma noites não seriam suficientes para contar todas elas. Ela decidiu que, quando ele chegasse em casa, provavelmente lhe perguntaria sobre isso. Tinha todo tipo de pergunta e talvez ele também tivesse coisas sobre as quais gostaria de falar.
Isso era o que ela queria fazer uma vez, há muito, muito tempo.
— Bem, de qualquer forma… contanto que todos cheguem em casa em segurança, é isso que importa. — Ela sorriu com um pouco de dificuldade. Novas terras significavam perigos e monstros desconhecidos.
Essa era uma aventura diferente das outras, um lugar diferente de todos os que ele já havia visitado. Às vezes, os aventureiros saíam animados e com grandes expectativas e nunca mais voltavam. A aventura sempre era perigosa. Se fosse completamente segura e pudesse ter certeza absoluta de que voltaria para casa, então não poderia ser chamado de aventura.
— Todos eles já são veteranos experientes e tenho certeza de que sabem o que estão fazendo, mas… — Mesmo assim, era difícil ser a pessoa que tinha que esperar e se preocupar. Garota da Guilda brincou com a caneta de pena que estava segurando, parecendo desanimada.
Vaqueira entendia muito bem esses sentimentos. Não sabia muito sobre essa ocupação chamada aventura. Observava aventureiros às vezes quando parava na Guilda para entregar provisões. Havia aquele que carregava uma enorme espada em suas costas e aquele que nunca estava longe de sua lança. Também havia a bruxa com o chapéu de abas largas. A própria Vaqueira já havia contado com eles antes e tinha todos os motivos para esperar que voltassem para casa em segurança. Se Garota da Guilda também compartilhava desses mesmos sentimentos, então…
— Acho que ele está bem — informou Vaqueira com um sorriso.
— Hmm? — Garota da Guilda disse, piscando os olhos. — Como é?
— Ontem. Chegou um burro encaroçado, supostamente enviado por ele.
Em outras palavras, este era o motivo do bom humor de Vaqueira. Ele se lembrou da conversa simples que tiveram antes de partir. E, pelo menos até o momento em que solicitou aquela coisa, ele estava seguro.
…Mas mataria ter incluído junto uma carta ou algo do gênero?
Ele tinha seu próprio estranho senso de como ser atencioso: incluiu um manual detalhando os cuidados e a alimentação da criatura.
— Ah, um… camelo, não é?
— Camelo?
Ah, é isso mesmo, camelo, Vaqueira se lembrou agora. Ela achou o nome muito estranho. O “burro encaroçado” era um camelo. Algo que sempre achou que pertencia apenas aos contos de fadas, mas que agora tinha visto com seus próprios olhos. Quando ele chegasse em casa, ela lhe diria o nome que havia dado ao animal, embora achasse que ele já soubesse.
Esse “camelo” poderia ser sua ideia de lembrancinha?
Bem… se tratando dele, é difícil dizer. Ela deu uma risadinha ao pensar nisso, acenando com a mão quando Garota da Guilda lhe lançou um olhar estranho.
— De qualquer forma… — disse Vaqueira, querendo mudar de assunto —, tudo bem termos ficado tão envolvidas em nossa pequena conversa?
— Não, não está — respondeu Garota da Guilda com um sorriso. — Estou trabalhando.
Vaqueira se esforçou para manter sua expressão ambígua para não chamar a atenção para si mesma. Estava pensando em sua surpresa ao descobrir esse lado desta jovem mulher.
Achava que ela era uma jovem nobre mimada. E, no entanto, lá estava Garota da Guilda, tendo uma conversa agradável com ela. Há alguns anos, nunca teria imaginado isso para si mesma.
— Havia planejado cuidar de uma papelada hoje — lamentou Garota da Guilda. — Nosso segredinho, ok? Hee-hee. — Em seguida, mostrou discretamente à Vaqueira alguns dos papéis. Vaqueira não pôde deixar de olhar, mesmo enquanto se perguntava se isso estava realmente certo e na folha viu um nome familiar. Era a garota clériga que trabalhava com ele.
— Isso é… como você chama? Para uma entrevista de promoção, não é?
Ela sabia que ele havia se submetido a várias delas, de modo que agora estava no rank Prata, mas nunca tinha visto a papelada antes e tudo o que pôde fazer foi exclamar com espanto.
— Ela pode não ter percebido ainda, mas tem experiência e habilidade mais do que suficientes… — Garota da Guilda endireitou os papéis com uma rápida batida na mesa e os colocou de volta em seus lugares. — A realização virá naturalmente, à medida que ela trabalhar.
— É verdade. Pode ser difícil saber o que você pode realmente fazer ou não. — Talvez as pessoas não se preocupassem tanto com isso se pudessem escrever todas as suas habilidades, aptidões e qualidades como se fossem rótulos de um produto. Vaqueira pensou brevemente em quais seriam seus “status” se pudesse quantificá-los e riu alto ao ver como seriam insignificantes. — Será que ela está lá fora agora, suando para saber se será promovida ou não?
— Eu duvido. Ela provavelmente está ocupada com sua aventura.
Talvez sim. Por outro lado, talvez não.
Fico imaginando a expressão que esta mulher terá no rosto ao receber a menina de volta aqui.
Primeiro, sem dúvida, parabenizaria o grupo por seus esforços. Depois, perguntaria sobre a aventura. Tudo seria sobre goblins, sem dúvida. Então… certamente teria grande prazer em mudar o assunto da conversa para a entrevista de promoção. A garota se retrairia, depois pareceria em pânico, preocupada e nervosa.
Ah… já estou até vendo.
Mesmo Vaqueira estava começando a ficar animada só de imaginar. Tanto que a ansiedade praticamente desapareceu.
— É assim que você sobrevive à espera? — perguntou Vaqueira.
— Hmm — murmurou Garota da Guilda, levando um dedo aos lábios, pensativa. Em seguida, assentiu com a cabeça. — Sim… acho que é assim que consigo superar isso.
Confiando que voltarão para casa. Preparar a papelada para quando isso acontecer. Se preparando também.
— Hmm — disse Vaqueira suavemente. Ela concordou plenamente. — Então… talvez eu faça a mesma coisa.
Ela se levantou lentamente da cadeira. Logo chegaria a hora do almoço e haveria mais aventureiros por perto.
Não sabia se seria hoje ou amanhã. Então… bem, se sentia mal pelo tio, mas…
— Ah, já está indo embora?
— Sim. Tenho que preparar o jantar, sabe?
…hoje à noite ela faria bastante ensopado e esperaria.
Tradução: NERO_SL
Revisão: ZhX
💖 Agradecimentos 💖
Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:
- deciotartuci
- Bamumi
- Kovacevic
- Abemilton Filho
- Asta~
- Caio Celestino
- CarlPool
- EuMesmo
- Jão gay
- kicksl
- MackTron
- MaltataxD
- Matheusfss
- Pride
- Rillead
- Silas
- MarceloSwH
- Niceasta
- subaco
- Otávio Chiappina
- Nightwolf
📃 Outras Informações 📃
Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.
Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.
Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!
Comentários