— Suas emoções não valem de nada!
Foi isso que seu mestre cuspiu nele em um raro dia em que o levou para além da montanha.
— Sim, senhor — disse ele, balançando a cabeça calmamente como se para demonstrar sua compreensão. Não havia mais nada que ele pudesse dizer, ele estava muito ocupado tentando absorver o que via à sua frente.
— A raiva tornará sua espada mais afiada? A tristeza deixará você com os pés mais leves? Improvável!
— Isso é o que acontece com vagabundos que pensam que uma causa justa é tudo de que precisam para vencer — seu professor cuspiu, literalmente desta vez.
Era uma montanha de cadáveres. Corpos imóveis empilhados sobre corpos imóveis, tanto quanto os olhos podiam ver.
Talvez tenha sido alguma aldeia uma vez. Cascas queimadas de edifícios pontilhavam a paisagem.
Todos os cadáveres eram humanoides, alguns anões e elfos estavam entre eles e vários dos corpos tinham armas, mas a maioria deles pareciam ser aldeões com roupas surradas. Ele puxou sua própria camisa.
— Goblins…?
— O que você é, estúpido? — seu mestre exigiu, cuspe voando em seu rosto — Porque os goblins atacaram uma aldeia, você acha que eles são o fim do mundo? Maldito estúpido. Você pode ver o que está diante de seus olhos?
— Sim senhor.
— Ah, você pode, hein? — seu mestre não parecia acreditar nele por um instante — Isso é obra de bandidos. Então, alguns aventureiros apareceram. Uma batalha justa e eles perderam.
Mais sorte do que a sua aldeia. Seu mestre riu amplamente, como os rheas faziam, e ele se viu lançando os olhos para o chão.
— Maldito idiota!
No instante seguinte, ele sentiu um golpe terrível na cabeça. Ele caiu em uma pilha de carvão e tossiu ao inalar com a boca cheia de cinzas humanas.
— Não acabei de dizer a você? Seus sentimentos não servem para nada. Entendeu?
— …Sim, senhor — ele assentiu e conseguiu se colocar de pé. Ele queria limpar a fuligem de suas mãos e pernas, mas não esperava que seu mestre fosse permitir.
— Um bebê morto está apenas seguindo o caminho que todos nós tomamos. Quando morre, uma vela é acesa no céu. Você entende?
— Não senhor.
— Hrmph, idiota. Ele cavalga nas costas de um ganso, subindo até o céu.
Seu mestre, com um sorriso cruel sem vacilar, deu um chute poderoso no cadáver mais próximo. Aquilo rolou de costas: era uma elfa, com várias flechas cravadas em seu peito achatado. Restaram tiras da armadura de couro, mas suas roupas estavam rasgadas; apenas a etiqueta de status em seu pescoço a identificava como uma aventureira. Seus olhos, arregalados de ódio, pareciam vidro embaçado. Talvez ela tenha sido queimada.
O menino entendeu muito bem o que havia acontecido com ela naqueles momentos antes de morrer. Ele mesmo tinha visto.
— Hmph, que desperdício — seu mestre passou a mão rudemente pelo peito da elfa, quebrando as flechas e então sentou-se em seus seios — Ninguém reutiliza nada hoje em dia… Diga, você sabe uma maneira de como usar isso? — ele acariciou o peito como se tudo fosse um jogo para ele.
O menino pensou por um momento.
— …Como uma cadeira?
— Outra maneira. E almofada também não conta. Não é macio o suficiente para isso — seu mestre se recostou e tirou o cachimbo da bolsa. Ele usou os longos dedos da elfa para assentar o tabaco, depois acendeu uma faísca em seu anel para acendê-lo.
— …As sobras de suas roupas podem ser usadas como trapos. Se ela ainda tiver algum equipamento, pode ser usado — respondeu o menino.
— “Se” está certo. O que mais?
— O cabelo dela é comprido… Talvez pudesse ser trançado em uma corda.
— Perfeito para um garrote e em alta demanda no mercado. Você provavelmente não sabia disso, então considere isso uma gorjeta. Tudo porque o cabelo de elfo é tão lindo — seu mestre murmurou desinteressadamente. O menino acenou com a cabeça. Ele também pensava assim — O que mais?
Ele hesitou, seu mestre deu uma longa tragada em seu cachimbo e soprou a fumaça com irritação. O menino falou — Você poderia comê-la.
Seu mestre gargalhou. Então ele abriu os braços como se suplicasse aos céus.
— Comer ela?! Esta pobre elfa desolada?! Você poderia cortá-la e colocá-la em sua boca?!
Você parece um maldito goblin.
Ele se forçou a responder com compostura, ou pelo menos o que ele pensava ser compostura.
— Se você não tivesse mais nada para comer.
Seu mestre riu novamente, soltou um pouco de fumaça e acenou com a mão.
— Continue.
— Seu sangue, você poderia beber, se você coar primeiro em um pano. Ou você pode misturá-lo com carvão para fazer tinta. E também… sua gordura, poderia ser queimada como combustível.
— Outra coisa. Mulheres… especialmente as elfas… seu sangue e urina são uma excelente isca para goblins. O mestre do menino soprou um anel de fumaça em seu rosto. O menino tentou simplesmente ignorar, mas acabou tossindo, piscando e no instante seguinte veio o golpe esperado. Ele caiu, ainda retalhando, entre os cadáveres.
— Bem, bom o suficiente. Ouça-me: você é quem decide o que é e o que não é útil — seu mestre saltou da elfa e deu-lhe um chute. Sua respiração o deixou e ele se meteu entre os corpos, lutando para fugir. O cheiro de carne podre encheu seu nariz, olhos e boca, sufocando-o.
— Se as pessoas dizem que algo é ótimo, mas não é, livre-se disso. E se eles disserem que você não pode usar, mas tem um propósito, então use.
Quando ele finalmente saiu, seu professor já estava invisível. A terrível gargalhada ecoou pela aldeia em ruínas e ele procurou desesperadamente por qualquer sinal de onde seu mestre estava.
Claro, ele não estava procurando algo tão vago como um “sinal”, estava se concentrando, tentando captar o som de seu mestre dando um passo, sentir uma brisa passando ou notar um seixo perturbado.
— Chamar algo de inútil é chamar a si mesmo de inútil, você pode tirar algo de tudo.
— Sim senhor.
A imaginação era a maior arma; aqueles que não tinham morreriam primeiro. Seu mestre havia lhe dito isso muitas vezes e seu mestre nunca estava errado. E se estivesse, seria porque o próprio menino não se saíra bem o suficiente. Como disse seu mestre, ele não tinha cérebro, era apenas um pedaço de lixo incompetente e sem valor.
E se ele quisesse provar o contrário, a única maneira seria através da ação.
— Eu acho que suas palavras são úteis, Mestre.
Com isso, seu mestre parou de falar.
Então a cabeça do menino foi agarrada com grande violência, sacudida para frente e para trás e para os lados. Por alguma razão, isso o deixou muito feliz. Mesmo se, no próximo instante, ele se encontrasse batendo no chão.
Então foi sempre exatamente isso que ele fez. Ele sempre fez isso e sempre faria. Escolher não atuar uma vez foi mais do que o suficiente para a vida toda.
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Vaqueira saiu de seu sono agitado quando ouviu uma batida de tambor que retumbou em seus ossos.
O que é isso?
A pergunta durou apenas um instante, ela se sentou com um suspiro, bolhas explodindo de sua boca. Quando ela percebeu que estava praticamente montada nele, uma série de pensamentos passou por sua cabeça.
Não, não há tempo para isso!
— Ei, acorde… acorde!
— Hrm — ele grunhiu e sua cabeça se moveu. Ele murmurou algo, fazendo com que bolhas escapassem de seu visor e então olhou para cima. Eles podiam ver uma fatia redonda do céu nebuloso, a lua acima deles oscilando como se refletida em um lago.
O som abafado dos tambores parecia descer até eles através da água.
Lá fora, nem é preciso dizer, haviam goblins.
— Vou dar uma olhada.
— …Isso é seguro? — ela perguntou, puxando sua manga.
— Vai ficar tudo bem — disse ele, pegando um espeto de sua bolsa de itens — Já subi em lugares mais altos.
Então ele chutou a água, subindo, tateando o caminho ao longo da lateral do poço. Quando alguém tinha apoios para as mãos e não tinha dificuldade para respirar, escalar era surpreendentemente fácil.
Quando ele chegou à superfície da água, Matador de Goblins espreitou a cabeça como o crocodilo branco que havia encontrado uma vez. Era aqui que o problema começava. Se ele fizesse um som e eles o notassem, seria em vão.
Ainda havia alguma distância até a entrada do poço. Ele enfiou a estaca na lateral da pedra e começou a subir. Não era nada em comparação com a torre que ele escalou uma vez e não demorou muito.
— …
Ele deslizou a tampa do poço ligeiramente para o lado para que pudesse ter uma visão externa. Essa visão acabou sendo tão feia quanto ele esperava.
— GOBOR…
— GG… BG.
Haviam goblins em formação, bocejando e esfregando os olhos. Felizmente, eles não tinham uma boa visão “noturna”. Eles provavelmente não o localizariam.
Isso significava que os goblins não eram a coisa em que ele mais deveria se concentrar.
— Ah…
— …Hr… gh…
Estandartes. Dois deles, mantidos no alto pelos goblins, eles tinham forma humana, suas roupas foram rasgadas, seus equipamentos roubados, seus corpos musculosos expostos, seus tendões retalhados ao ponto da inutilidade. E então haviam os pregos enferrujados cravados na madeira em suas mãos e pés. Eles pingavam sangue.
Aventureiros crucificados.
A maneira como eles tremiam, a palidez de sua pele… isso tinha que ser o efeito do frio. A respiração ofegante vinha do fato de como era difícil respirar. Matador de Goblins tinha visto isso mais de uma vez no passado. Ele entendeu em princípio como funcionava, nessa posição, o próprio peso nos impedia de respirar fundo.
Ele viu uma jovem, seus lábios se movendo silenciosamente. Ela tinha uma constituição frágil, provavelmente era da linha de trás. Ele podia ver as sílabas que seus lábios estavam formando, eram o nome de seu deus.
Ele também viu imediatamente porque ela não tinha voz. O instrumento mais importante para isso estava faltando em sua boca. As mãos frágeis com os pregos cravados nunca poderiam fazer os sinais sagrados que ela queria.
Matador de Goblins grunhiu baixinho, ele sussurrou o nome de alguém. Ele nem percebeu isso.
— Aventureiro!! — uma voz como um relâmpago trovejou. Pela primeira vez, Matador de Goblins notou o enorme gigante movendo-se no topo da coluna de goblins. Não era um goblin, era um… como era chamado? Ele tinha lutado com um monstro desses antes — Se você valoriza a vida dessas mulheres, então pare de se esconder no seu buraquinho, saia e se mostre para mim!!
Primeiro, ele se concentrou na observação. Arma: um martelo de guerra. Forma do corpo: maior que um hobgoblin, maior que um Goblin Campeão. Modo de andar: cambaleando. A maneira como ele instruiu os goblins: com raiva. Então ele notou os números dos goblins e seus equipamentos.
Ele não tinha que adivinhar o que seu oponente estava planejando, o que ele precisava pensar era o que faria quando isso acontecesse.
— Vou esperar até o sol chegar ao ápice! Se você não estiver aqui até lá, elas sofrerão um destino que as fará amaldiçoar seus deuses!!
A garota olhou para baixo e Matador de Goblins percebeu que ela estava chorando abertamente.
O monstro também viu, mostrou suas presas e zombou como se fosse assustá-la. Ele estava rindo.
— Você conhecerá minha ira por assassinar meu irmão!!
Matador de Goblins franziu a testa atrás de seu visor. “Irmão”, ele pensou de volta, não se lembrava de tal coisa.
— Tudo bem vamos lá! Movam-se!! — o monstro gritou e os goblins correram atrás dele, quase tropeçando em si mesmos.
Eles devem estar percorrendo toda a aldeia, na esperança de incitá-lo a se revelar.
— Tudo bem… — sussurrou Matador de Goblins. Nada mal. Ele escorregou de volta para o poço sem nem mesmo respingar.
— C-como está…? — Vaqueira borbulhava, segurando os joelhos. Sua ansiedade se manifestou na forma como as bolhas oscilavam.
O monstro estava gritando a plenos pulmões. Mesmo através da água, ela deve tê-lo ouvido.
— Eles têm reféns, iscas, escudos… Nada que represente uma ameaça imediata — Matador de Goblins escolheu suas palavras com cuidado — Não acredito que a ideia tenha vindo dos goblins, mas eles já fizeram algo muito semelhante antes.
Vaqueira estremeceu. Ela sabia que os goblins que atacaram sua fazenda usaram o mesmo tipo de “escudos”.
Matador de Goblins começou a verificar seu equipamento. Eles estavam debaixo d’água por tanto tempo que tudo estava completamente encharcado. Uma vez que estivessem acima, teria que ser secado antes de poder ser usado. Se alguma coisa travasse enquanto ele tentava fazer algo, poderia imaginar o que aconteceria.
O mesmo acontecia com ela. Matador de Goblins disse desapaixonadamente — Uma vez que estivermos lá em cima, você terá que limpar seu corpo e secar suas roupas ou espremê-las, caso contrário, você terá queimaduras de frio.
— C-certo… — ela assentiu, mas não parecia ter certeza. A maneira como ela olhava inquieta de um lado para o outro falava muito mais sobre seu medo do que suas palavras.
— Não se preocupe — disse Matador de Goblins. Não houve hesitação — Não vou deixá-los escapar com vida.
Vaqueira acenou com a cabeça com um sorriso exausto.
Tradução: Nero
Revisão: Sonny Nascimento
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