O nevoeiro acabou por ser uma verdadeira bênção.
Ele bloqueava o sol, pintando tudo com uma névoa branca, de modo que mesmo os objetos a uma curta distância eram vagos e indistintos.
Os goblins não pensavam na névoa como uma bênção; para eles, era apenas natural. Quando algo bom acontecia a um goblin, ele não sentia gratidão por ninguém ou por nada. Uma vez que eram atormentados com tanta frequência, tão oprimidos, era justo que algo decente às vezes acontecesse com eles.
Desta vez não foi diferente.
O goblin que foi instruído a observar o rio fluindo pela floresta percebeu imediatamente. Ele estava relaxando em seu trabalho, então guinchou e comemorou quando isso aconteceu.
Era o “anoitecer”, quando o sol atrás do véu de névoa acabava de nascer.
Misturado com a corrente gorgolejante do rio, ele ouviu um som de rangido se aproximando.
O guarda goblin arregalou seus olhos feios; ele perscrutou a névoa e ouviu o mais atentamente que pôde.
Sim, estava lá.
Creak, creak. Não havia dúvida: o som vinha de baixo, da direção da aldeia dos elfos.
Os elfos, que sempre olharam com desprezo para os goblins, pensaram que eles poderiam simplesmente subir este rio!
— GROORB.
Quando ele avistou a forma esguia de um marinheiro emergindo em meio à névoa, o goblin lambeu os lábios.
Se fosse um elfo, poderiam espancá-lo até a morte e banquetear dele.
Se fosse uma elfa, poderiam torná-la a portadora de seus filhos.
Qualquer que fosse, ele o havia encontrado primeiro, então tinha o direito de ser o primeiro a apreciá-lo, não?
Ele não pensou nem por um segundo que a única razão pela qual qualquer um desses resultados fosse possível, seria exatamente porque seus companheiros estavam com ele.
— GRORO! GROOBR!!
O goblin colocou os dedos na boca e emitiu um assobio não muito hábil.
— GROB?!
— GOORBGROOR!
Os goblins, que estavam dormindo, não gostaram de ter sido acordados cedo. Mas também acordaram no momento em que avistaram o barco élfico.
Elfos! Aventureiros! Presas! Comida! Mulheres!
— GORBBR!
— GOBGOROB!
O mais silenciosamente que puderam, eles sussurraram suas luxúrias uns para os outros, pegando seu equipamento e voando para suas queridas montarias.
Bem, não digamos queridas. Eles não se importavam muito com os lobos que montavam.
— GOROB!
O guarda, que agora se imaginava o líder, deu uma ordem e os goblins saíram a galope.
Ao contrário dos cavalos, os lobos não fazem barulho de cascos ao se aproximarem. Enquanto estiverem amordaçados, também não uivam. Goblins (exceto hobgoblins) podiam montar cavalos, mas lobos eram mais convenientes.
Os goblins bateram cruelmente nas laterais de suas montarias, empurrando-as para a frente.
— GROOROGGR!!
Primeiro, lidariam com o capitão. Então, o remador. Depois, subiriam a bordo e terminariam o trabalho.
Os goblins sorriram e gargalharam, imaginando os rostos em pânico dos elfos. A visão do orgulhoso povo da floresta derramando suas tripas no convés seria realmente deliciosa.
A imaginação sombria fez os goblins agarrarem suas armas com muito mais força. Eles carregavam lanças e flechas de pedra bruta, junto com fundas. Embora as armas fossem primitivas, eram potentes o suficiente para tirar uma vida.
— GGRO! GRRB!
O guarda uivou calamitosamente e os outros goblins estalaram a língua. Ele estava ficando muito cheio de si. Depois teriam que corrigir isso.
— GRORB!
— GGGROORB!
Ignorando o guarda lamurioso, os goblins mantiveram suas armas prontas e puxaram as cordas dos arcos.
O guarda reclamou com entusiasmo, mas quando descobriu que ninguém o estava ouvindo, ergueu tristemente a própria lança.
Esporeando em suas montarias, começaram seu ataque.
Apontaram na direção geral do barco que rangia; não havia líder para coordenar sua ofensiva.
— GORB! GBRROR!
Quase metade das flechas que caíram simplesmente espirraram na água.
Algumas, porém, não apenas as flechas, mas também as lanças e as fundas, conseguiram acertar o remador.
— !
O diabo estava morto! Esse era o pensamento coletivo de cada goblin ali. Alguns até aplaudiram.
Mas…
— …?
Sem nem mesmo se mover ou emitir um único som, o remador continuou a remar.
O ataque não foi intenso o suficiente? Ou o remador, por pura sorte, evitou um ferimento fatal?
Pegos de surpresa, os goblins, no entanto, se prepararam para outro ataque. Mas naquele instante:
— Um…!
Um guerreiro em uma armadura de couro suja saltou no meio deles e cortou a garganta do guarda.
— GBBOOROB?!
O monstro gritou e desabou, Matador de Goblins o chutou para fora do caminho, para o rio.
O respingo que se seguiu foi o sinal.
O sinal para o segundo navio sendo puxado por trás do primeiro.
Este navio, cujas laterais eram protegidas por escudos defensivos e que contava com a bênção dos espíritos do vento, não foi afetado pelas flechas.
Alta Elfa Arqueira jogou fora a cobertura de pele que ocultava o navio e se levantou de onde estava se escondendo atrás da armadura.
— Seus fedorentozinhos, estúpidos e feios…! Como se atrevem a chegar tão perto da minha casa!
Ainda sobre um joelho, ela pegou e preparou seu grande arco em um movimento elegante e disparou três flechas de ponta-broto simultaneamente. Elas voaram pelo ar com um assobio.
— GOOB?!
— GROBO?!
Os disparos perfuraram os olhos e gargantas dos goblins, arremessando-os de seus lobos como se já estivessem se afogando. A técnica impecável de Alta Elfa Arqueira não foi nem um pouco afetada pelo balanço do barco ou pela névoa que obscurecia sua visão.
Suas orelhas compridas se contraíram, captando cada som no campo de batalha.
— Orcbolg! Eles estão vindo da direita!
Em vez de uma resposta, ela ouviu um goblin gritar “GBOR?!” e acenou com a cabeça em satisfação.
— Devo dizer, porém, que preparar um segundo barco inteiro apenas para distraí-los com sons semelhantes parece uma perda de tempo…
— Verdade, e ele ainda precisou de Marinheiros Dragodentes e tudo mais — resmungou Anão Xamã, puxando seu machado e espiando por trás da proteção para ver melhor.
Os dois Guerreiros Dragodentes, que estavam vestidos com sobretudos e colocados no barco da frente, continuavam a remar fielmente mesmo em face do ataque. Flechas e lanças haviam passado por seus corpos quase vazios ou, ocasionalmente, alojado-se em um osso.
— Ah, mas nós temos que reduzir nossa velocidade… — Sacerdotisa colocou seu dedo indicador nos lábios enquanto se agachava e se agarrava a seu cajado. — Matador de Goblins está na costa e tudo mais.
— Hmm. Também irei desembarcar, então, por favor, convença-os a desacelerar.
Pronto com uma garrespada na mão, Lagarto Sacerdote gritou:
— Hrrraaaaahhhahhhh! — Depois se lançou em direção aos goblins na costa, sua cauda balançando, esmagando o pescoço do primeiro monstro que encontrou.
Sacerdotisa gritou e agarrou a proteção enquanto o barco balançava com a força de seu salto.
— Você não pode pular um pouco mais silenciosamente?! — exigiu saber Anão Xamã. Então ele chamou Sacerdotisa: — Você ainda está a bordo?
— E-Estou bem!
Sacerdotisa e Anão Xamã deveriam ficar fora do caminho, então seu trabalho era lidar com qualquer goblins que por acaso entrasse no barco.
— Huh, não se preocupe. Eu não vou deixá-los chegar… perto de nós! — A postura da Alta Elfa Arqueira não vacilou nem um centímetro quando ela disparou outras três flechas.
Três gritos se seguiram. Sua pontaria beirava a magia.
— Nove, dez!
— GROOBOO?!
Matador de Goblins havia saltado à frente na névoa e agora balançava seu escudo para a esquerda, confiando na sorte para acertar algo. A borda polida e afiada rasgou o rosto de um goblin.
Ele se moveu novamente, contando com o grito para guiá-lo, perfurando a garganta da criatura com sua espada.
O monstro acenou com os braços, tentando puxar a espada; Matador de Goblins chutou para longe e agarrou a adaga de seu cinto.
Ele girou a adaga em um aperto reverso quando ouviu o uivo dos lobos se aproximando. Mesmo enquanto fazia isso, sua mão esquerda vasculhou sua bolsa de itens e encontrou uma tira de couro com pedras amarradas em cada extremidade.
— Hmph.
Deixou a alça voar; a girou, roçando o chão, e de algum lugar no nevoeiro veio o uivo de um lobo.
— GORB?!
Seguiu-se o som de algo caindo no chão e o grito de um goblin.
As bolotas haviam se enrolado nas pernas de uma das montarias bestiais.
Sem parar, Matador de Goblins saltou naquela direção, cortando a garganta do goblin que havia caído.
Para ele, existia pouca diferença entre a escuridão de uma caverna e a visibilidade limitada da névoa.
— Dez e um.
Portanto, foi Matador de Goblins quem levou vantagem ao pular na confusão.
Afinal, os goblins mal sabiam quem era amigo e quem era inimigo. Um golpe descuidado de uma arma poderia atingir um aliado. Ao contrário de qualquer caverna, era difícil contar com os números para dominar o inimigo.
Não que algum goblin estivesse especialmente preocupado com o que acontecia com os outros, mas eles odiavam perder um escudo que poderia tê-los protegido.
— Uma patrulha, ou talvez um encontro aleatório…
— GOROOB?! GROBOR?!
— Então você concorda?
Lagarto Sacerdote chutou um dos cavaleiros, em seguida, agarrou o lobo pelo focinho e rasgou suas mandíbulas com pura força.
Estar em combate o fazia parecer feliz, mas foi o sangue ao redor que acelerou o raciocínio do homem-lagarto.
— Se isso é para ser uma emboscada — disse Matador de Goblins, despedaçando a espinha do cavaleiro no chão e murmurando “Doze” enquanto um grito abafado soava —, eles não têm poder ofensivo.
Ao se levantar, lançou sua adaga na névoa, provocando um grito agudo.
— Não podemos deixar nenhum deles voltar vivo para casa.
— Ha ha ha ha! Deixaríamos alguma vez?
Lagarto Sacerdote arrastou sua cauda, jogando um goblin atrás dele contra uma árvore, quebrando sua espinha.
Treze. Seis, talvez sete restantes. Matador de Goblins agarrou uma lança aos seus pés.
— Nesse caso…
Ergueu o escudo e avançou, desviando da adaga envenenada de um goblin escondido na névoa, atacando com sua lança.
Podia sentir que não tinha fincado o suficiente. Instantaneamente, empurrou com a arma para evitar que o monstro se movesse, em seguida, esmagou seu rosto com o escudo.
A criatura caiu, sua testa quebrou e Matador de Goblins caiu sobre ela para esmagar sua garganta.
Quatorze. Matador de Goblins extraiu sua lança do monstro morto.
— Devemos terminar isso antes da névoa se dissipar…
E foi exatamente isso que fizeram.
— Será que as flores estão desabrochando…? — O murmúrio foi de Sacerdotisa, logo depois que o grupo derrotou os goblins cavaleiros.
Os únicos sons eram o barulho da água, o rangido do remo e a respiração superficial de cinco aventureiros.
À medida que avançavam rio acima, até os animais que viviam nas árvores pareciam prender a respiração.
O sol subiu mais alto e a névoa começou a se dissipar, mas a vegetação densa ao redor deles lançava sombras escuras. O brilho não voltou e havia algo estranho em tudo isso, como se estivessem entrando nas profundezas de uma caverna.
Talvez seja por isso que Sacerdotisa respondeu à inesperada e cada vez mais perceptível doçura no ar do jeito que ela fez.
Ela se agarrou ao seu cajado, mas Alta Elfa Arqueira balançou a cabeça.
— Não sei, mas… nunca ouvi falar de uma flor que cheire assim.
— O território deles está próximo — disse Matador de Goblins calmamente, mantendo sua mão na arma que roubou dos goblins. Era uma clava que parecia uma árvore raspada e tinha manchas vermelho-escuras horríveis aqui e ali. O respingo era de quando tinha sido usado para esmagar cabeças de pessoas… e goblins.
No final das contas, mais de vinte goblins e suas montarias estavam mortos no rio. Não poderiam deixar os cadáveres expostos; muitas chances de serem descobertos por outro grupo. E não havia tempo para enterrá-los.
De qualquer forma, se os cadáveres seguissem rio abaixo, não seriam notados pelos goblins rio acima…
E os peixes carnívoros do rio provavelmente se livrariam dos corpos por eles.
Isso deu à Sacerdotisa alguma ansiedade, mas Lagarto Sacerdote disse a ela que era uma forma de enterro à sua própria maneira.
— A névoa está começando a se dissipar. Talvez devêssemos nos preparar. — Aquele mesmo Lagarto Sacerdote estava tentando ver o mais longe que podia através da névoa. Com um aceno de mão, dispensou um de seus dois Guerreiros Dragodentes, o que estava pilotando o barco. O marinheiro esquelético puxou o remo e sentou-se, abraçando-o.
— Não seria um problema pequeno se nos descobrissem pelo som do remo.
— Oh, devo clamar pelo milagre de Silêncio…? — perguntou Sacerdotisa.
— Ainda não — disse Matador de Goblins, balançando a cabeça. — Já usamos Guerreiro Dragodente duas vezes e Garrespada uma vez.
O capacete virou-se para Lagarto Sacerdote como se procurasse confirmação, o clérigo deu um grande aceno de cabeça.
O grupo tinha um total de sete milagres. Agora tinham quatro sobrando e a única magia disponível para todos eles pertencia ao Anão Xamã, que também poderia administrar outras quatro. O grupo foi abençoado com consideráveis recursos mágicos, mas ainda era importante manter o controle de quantos milagres e feitiços estavam disponíveis.
Além disso, Silêncio por si só não era garantia de que evitariam o combate.
— Continue guardando seus milagres.
— Tudo bem. — Sacerdotisa sentiu que não tinha sido muito útil na batalha anterior. Ela assentiu sem entusiasmo — …? — Então piscou, esfregou os olhos e espiou entre os escudos que protegiam o barco.
— Ho, cuidado aí — disse Anão Xamã, segurando a cintura da garota para apoiá-la.
— Claro — disse Sacerdotisa, olhando ao redor com os olhos arregalados.
Ela tinha visto uma sombra delgada subindo através da névoa.
Não era uma árvore. Sua silhueta parecia muito estranha para ser vegetação.
De pé ao lado da margem do rio, a coisa deformada parecia quase a presa de um pássaro açougueiro, empalada em galhos…
— Isso é um… totem?! — Um grito ofegante escapou da garganta de Sacerdotisa.
Era um cadáver. Os restos mortais de alguém que foi perfurado, desde o meio das pernas até a boca.
Deixado de fora neste lugar quente e úmido, começou a apodrecer, seus sucos se expandindo a tal ponto que agora parecia quase humano. A julgar pela armadura roída pela ferrugem, era uma mulher. O cadáver foi tão mutilado por insetos, que agora nem mesmo estava claro a qual raça originalmente pertencia.
— Ugh…! — Alta Elfa Arqueira sentiu-se a ponto de vomitar, mas forçou para baixo o que ameaçava subir.
Era óbvio porque os goblins haviam exposto o cadáver.
Crueldade.
Uma declaração ousada para o mundo de que aquele era o seu território e uma zombaria brutal para qualquer um que ousasse atacá-los.
Eles simplesmente queriam ver qualquer intruso apavorado, em pânico, louco de medo ou pelo menos enfurecido.
Por qual outro motivo colocariam um troféu como este, um objeto nos portões que não servia para nenhum propósito defensivo?
— Ela foi espetada viva ou montada naquele pedaço de pau após a morte…? — perguntou Lagarto Sacerdote, olhando ao redor enquanto juntava as mãos em oração — No mínimo, teve a sorte de permanecer como parte do ciclo natural…
O motivo de seu amplo gesto ficou claro: havia mais de um totem.
Havia uma floresta deles.
Cadáveres empalados em varas alinhavam-se na margem do rio como árvores ao longo de uma estrada. Alguns eram apenas ossos; em outros, a carne ainda não havia começado a apodrecer.
Alguns tinham uma série de cicatrizes recentes, enquanto outros haviam inchado quase comicamente com o gás.
Alguns dos cadáveres pareciam ser mercadores, enquanto outros carregavam ornamentos que os faziam parecer aventureiros.
Quantos foram mortos?
Quantos foram transformados em brinquedos dos goblins?
— Ergh… — Sacerdotisa colocou a mão em sua boca, e quem poderia culpá-la?
Ela se agachou, com o rosto pálido, enquanto seu cajado soava ruidosamente no convés.
— Hrrrgh…! — Agarrando-se à lateral do barco, esvaziou o conteúdo de seu estômago no rio. O que finalmente aconteceu foi a percepção de que o cheiro doce sobre o qual se questionava era o fedor de cadáveres em decomposição.
Já por um ano e meio, ela tinha testemunhado a crueldade dos goblins e tinha se tornado um pouco acostumada a isso, mas mesmo ela não conseguia suportar isso.
Houve uma série de respingos enquanto vomitava na água.
— Aqui, mastigue isso. E beba um pouco de água. — Anão Xamã esfregou suas costas suavemente.
— Ur… Urgh. O-Obrigada… — Sua voz estava fraca, sua garganta queimando.
Com as duas mãos, ela pegou as ervas e a água que ele lhe estendeu, mastigando as folhas suavemente.
— Então é isso que vai acontecer conosco se perdermos esta luta? — Alta Elfa Arqueira devia ter se sentido tão mal quanto Sacerdotisa, visto que sua pele sempre pálida agora estava completamente sem sangue. Ela cuspiu uma maldição: — Isso não é uma piada.
— Concordo — disse Matador de Goblins. — Não é uma piada.
O capacete de metal de aparência barata olhava para a frente.
Lá, na névoa, uma forma estranha se ergueu como uma montanha.
A coisa apareceu como uma sombra escura na névoa branca.
Inesperadamente, um vento fétido soprou, empurrando a névoa para longe.
— Huh… — disse Alta Elfa Arqueira, seus lábios ainda apertados, mas seu tom terrivelmente equilibrado. — Então esse é Aquele Que Para as Águas…
Como descrever isso?
Era feito de grandes blocos de cal, um templo ou santuário – ou talvez uma fortaleza.
A elegante estrutura, que existia desde a Era dos Deuses, estava agora gasta, coberta de musgo e trepadeiras. No entanto, a construção, construída para represar o rio, dificilmente parecia o tipo de ruína que os goblins considerariam amáveis.
— É ao lado da sua porta, moça. Você realmente não sabia sobre isso?
— Ei, este era o território de Mokele-Mbembe. — Alta Elfa Arqueira franziu os lábios e sacudiu as orelhas como se protestasse contra Anão Xamã. — Mas talvez os velhos da aldeia soubessem disso. Talvez minha irmã tenha ouvido falar sobre isso.
— Então você realmente não sabia de nada — brincou Anão Xamã, provocando um silvo raivoso da elfa.
O argumento deles era tão enérgico como sempre, e talvez isso fosse deliberado. Depois da visão terrível que acabaram de ver, qualquer um iria querer mudar o clima.
— O que temos para nos preocupar agora é a fortaleza dos goblins — cuspiu Matador de Goblins, olhando ao redor. — Pare o barco, a névoa está se dissipando.
— Sim, sim — disse Lagarto Sacerdote, gesticulando uma rápida instrução para o Guerreiro Dragodente. O esqueleto levou a pequena embarcação para mais perto da costa.
Matador de Goblins colocou a mão na clava em seu cinto e se ajoelhou ao lado de Sacerdotisa.
— O que você acha?
— Er… O que eu acho? — O sangue havia sumido de seu rosto e ela balançava a cabeça apaticamente de um lado para o outro. — Nós temos que fazer alguma coisa…
— Sim.
— Se nós… a-apenas deixarmos assim…
— Sim. — Sua voz era baixa como a dela, mas não fraca. — Não vamos simplesmente deixá-los.
Sacerdotisa engoliu em seco. Matador de Goblins viu a mão dela ir para sua armadura e ele pegou o cajado caído. Sacerdotisa segurou-o contra o peito com as duas mãos, como se em um abraço, depois se levantou cambaleante.
Ela se forçou a relaxar os músculos faciais rígidos e olhou para o visor dele.
— Porque… são goblins.
— Sim — concordou ele —, são goblins.
— Espere aí, Corta-Barba — Anão Xamã se ergueu para a costa enquanto o barco élfico seguia silenciosamente para a margem. Ele habilmente amarrou o barco, prendendo-o a uma árvore próxima. — Como você disse, a névoa está se dissipando. E vai ser noite em breve. Vai demorar um pouco para entrar sorrateiramente.
— Nesse caso… — Alta Elfa Arqueira tentou duas ou três vezes estalar os dedos, mas acabou estalando a língua ao ouvir o som de fop fop lamentável que seu estalar produziu. — Nesse caso, tenho uma ideia…!
Tradução: Nero
Revisão: Kenichi
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