Diz-se que o período antes de um festival é o próprio festival.
Quando saiu na cidade, ele ouviu martelos batendo em madeira, estandartes balançando, a brisa soprando.
Aventureiros não eram os únicos que viviam nessa cidade fronteiriça. Mulheres jovens vasculhavam os estoques de lojas, decorados para as celebrações, pensando no que fazer em relação as suas roupas. Crianças corriam pelas ruas amplas, pensando, sem dúvida, como gastariam seus trocados. Seria bastante fácil para seus planos se revelarem ao verem um brinquedo em uma vitrine.
Vegetais cortados estranhamente estavam secando à beira da estrada, aguardando a hora de serem tecidos em lanternas. Mais carroças e carruagens do que o habitual percorria as ruas.
Uma abundância de alimentos e roupas estavam à venda, e visitantes também não estavam escassos. Era apenas natural com um festival chegando.
Essa área ainda era a fronteira, sempre atacada por monstros, ameaçada por Deuses Demônios e sob seu ordenamento. Assim, era compreensível que, pelo menos, na época do festival, todos queriam se divertir tanto quanto pudessem.
— Hmm.
Matador de Goblins lançou um olhar em tudo isso, então, seguiu pela rua atrás do edifício da Guilda.
A luz do sol brilhava na diagonal, muito mais fraca que no verão. O sol pairava no alto do céu, mas a brisa fresca fazia parecer como a primavera.
O cheiro de algo grelhado flutuava da galeria da Guilda.
De fato, vestígios de fumaça de cozinha estavam subindo de muitas das casas na cidade. Era hora do almoço.
Então, é por isso que aquelas crianças estavam correndo.
Os campos de treino estavam vazios. Qualquer aventureiro em uma missão já havia partido, e o resto provavelmente não era tão dedicado ao seu treinamento a ponto de perder o almoço.
Perfeito.
Ele abaixou a cabeça uma vez e foi para um canto dos campos, onde se sentou à sombra de uma árvore.
Depois ele abaixou a pá e desamarrou o embrulho ligado a ela, estabelecendo uma loja rapidamente.
Estacas, madeira, arame, corda, etc… Uma variedade de itens, muitos deles sem relações com aventuras.
Depois de sacar sua espada curta, ele começou imediatamente seu trabalho.
Ele raspava as estacas em pontas incrivelmente afiadas, batia elas na madeira e as angulava. Então ele amarrava a corda em torno de tudo isso de uma forma estranha.
Seus movimentos eram espadaúdos, mas precisos, entretanto, o que quer que ele estivesse fazendo parecia perigoso demais para ser de uso diário.
Se Alta-Elfa Arqueira estivesse ali ela teria, sem dúvida, vibrado suas orelhas de curiosidade. Sacerdotisa teria perguntado vacilantemente o que ele tramava.
Mas, não foi nenhuma delas que o chamou enquanto ele ficava lá, absorvido em seu trabalho.
— Oh!
— Ho ho!
Duas vozes muito intrigadas. Matador de Goblins levantou brevemente seu capacete.
Um homem em forma de barril, e outro alto e magro. Anão Xamã e Lagarto Sacerdote, dois de seus companheiros.
Suas sombras — uma alta, outra baixa — se sobrepuseram com a de Matador de Goblins debaixo da árvore.
— Ah, meu senhor Matador de Goblins. Mais um belo dia hoje. — Lagarto Sacerdote juntou suas mãos em um gesto estranho, contumaz por olhar para Matador de Goblins. — Esperamos que o tempo para o festival de amanhã seja tão agradável quanto esse.
— Sim. — Matador de Goblins assentiu sem pausar com seu trabalho. — Espero que seja ensolarado.
— Concordo, concordo. — Lagarto Sacerdote bateu no chão com a cauda. Ao lado dele, Anão Xamã acariciava seu queixo.
— Não somos trabalhadores árduos. O que você tem aí?
— Estou preparando uma coisa.
Matador de Goblins teve poucas palavras para o anão, que analisava o aparato com a mão ainda em sua barba.
Era uma coisa ou outra envolvendo várias estacas, uma pá, alguns arames e um pouco de madeira.
Os olhos de Lagarto Sacerdote reviraram e brilharam com a perspectiva de batalha.
— Está planejando expulsar um vampiro?
— …? — Matador de Goblins inclinou seu capacete. — Por que acha isso?
— Creio que está bem estabelecido que alguém pode derrotar um vampiro com uma estaca de madeira branca.
— É?
— Acho que deveríamos ficar impressionados por você ao menos saber o que é um vampiro — disse Anão Xamã, meio exasperado e meio entretido.
Vampiros eram ranqueados com dragões como os monstros mais famosos do mundo.
É claro, a maior parte do conhecimento sobre os mortos-vivos era segredo, conhecido em detalhes apenas por magos e clérigos. Mas, para um homem que nem sabia o que era um ogro, ser capaz de reconhecer vampiros merecia uma atenção especial.
— Não estou muito interessado neles.
Depois de sua resposta breve e completamente previsível, Matador de Goblins voltou a apontar as estacas.
Mas então ele murmurou “Hm”, e parou subitamente de trabalhar, inclinando a cabeça. — Vampiros… Eles aumentam seus números mordendo as pessoas, não é?
— Ou assim se ouve.
— …Se um goblin se tornasse um vampiro, me pergunto como iria me preparar.
Anão Xamã suspirou, mas Matador de Goblins estava completamente sério.
— Bem, então — disse Lagarto Sacerdote, tocando a ponta de seu nariz com a língua. — Um goblin morto é um cadáver goblin. Caso venha a se mexer, não seria considerado algum tipo de zumbi?
— Seja como for — retorquiu Anão Xamã, mal conseguindo conter seu riso — não consigo imaginar ninguém querendo beber sangue de goblin para começar.
— Entendo. — Matador de Goblins balançou a cabeça firmemente. Se ele estava respondendo a insinuação de Lagarto Sacerdote ou de Anão Xamã, não ficou claro.
Depois ele retomou seu afazer, e a pilha de cavaco crescia enquanto eles observavam.
Anão Xamã abanou as lascas de madeira com seus dedos grossos, então começou a escolher os outros alojados em sua barba.
— Isso é para extermínio de goblins?
— É.
— Pensei que sim.
Aqui era onde Alta-Elfa Arqueira teria posto normalmente suas orelhas para trás com uma mudança gélida de atitude.
Mas, depois de meio anos juntos, Anão Xamã estava acostumado com essas coisas. Ele deixou passar.
— Então, suponho que não deveria perguntar os detalhes.
— É impossível saber de onde os goblins surgirão.
— Verdade, de fato — disse Lagarto Sacerdote, com sua cauda balançando suavemente. — É preciso estar sempre vigilante.
— Sim. — Matador de Goblins assentiu. — Eles são estúpidos, mas não são tolos.
Goblins não tinham desejo algum em aprender, mas quando eles aprendiam, poderiam usar ferramentas e estratégias. Mesmo Anão Xamã e seus amigos tinham sido muito pressionados lidando com goblins, que haviam aprendido o suficiente para tentar um movimento naval em uma aventura anterior. Se uma estratégia se espalhasse entre os goblins, significava problemas, mas esse homem em particular era muito rigoroso.
Anão Xamã e Lagarto Sacerdote eram ambos, à sua maneira, profissionais de suas raças. O anão era apaixonado por ferraria e trabalho, enquanto o homem-lagarto tinha uma inclinação para a batalha e força.
Para eles, obsessão e teimosia tinha uma espécie de beleza.
— Podemos tomar esse lugar ao seu lado então? — perguntou com cortesia Lagarto Sacerdote.
— Não ligo — disse Matador de Goblins indiferentemente. — Não sou dono desse lugar.
— Ah, ainda educado para perguntar — disse o anão. Mesmo enquanto falava, ele esticou um pano grande e se sentou.
Lagarto Sacerdote desamarrou um pacote que estivera carregando, espalhando seu conteúdo no pano.
Um olhar era o suficiente para dizer que os materiais eram para algum tipo de artesanato, mas não necessariamente o que seria. Ele tinha tiras de bambu, pedaços pequenos de papel de várias cores, juntamente com papel-óleo.
— Hm — murmurou Matador de Goblins, sem indicar uma pitada de surpresa. — Lanternas de papel… não, balões de papel.
— Ho, você é muito perspicaz, Corta-barba — disse Anão Xamã aprovadoramente, enquanto começava a montar os pedaços com movimentos hábeis.
As tiras de árvores de bambu nodoso eram leves e fortes, e os balões de papel formados delas eram uma parte clássica do ambiente do festival.
Eles eram simples o suficiente para se fazer: papel envolto sobre uma estrutura de bambu. Depois o papel oleado seria fixado dentro da estrutura, e a lanterna seria acesa.
— E aí, pelo que me disseram, eles flutuam para o céu. — Lagarto Sacerdote balançou lentamente sua cabeça alongada, como se estivesse com dificuldade em acreditar. — Tenho que ver com os meus olhos. Estou realmente ansioso por isso.
— Eles costumavam fazer isso em minha terra natal. Estou fazendo isso por Escamoso.
— Hum. — Matador de Goblins assentiu, examinando sua estaca na luz. — Não está perfeito… Mas também não está ruim.
— Então minhas expectativas por isso estão maiores — disse Lagarto Sacerdote, balançando a cauda em um dos seus gestos significativos. — Pois coloco grande fé no que você diz, Matador de Goblins.
“…É mesmo?” foi toda a resposta de Matador de Goblins. Ele se preparou para a próxima estaca.
O anão entendia o que significava quando um artesão ficava em silêncio. — Vamos, então, devemos começar também. — Ele pegou os materiais com um sorriso suave. — O festival é amanhã. Temos de estar prontos.
— De fato. Aguardo as suas instruções.
Lagarto Sacerdote enrolou sua cauda longa e se sentou perto de Anão Xamã.
Mas as mãos do anão se moviam muito rápido. Quem adivinharia que seus dedos atarracados poderiam fazer um belo trabalho? Ele tecia uma estrutura atrás de outra, sua produção não era menos mágica do que algumas de suas magias.
Ninguém poderia se igualar aos anões em trabalho manual. Mesmo os elfos estavam um passo atrás.
A função de Lagarto Sacerdote era colocar os papeis cobrindo as estruturas terminadas. Ele se esforçou em impedir suas garras de rasgar o papel, mas, francamente, era bastante difícil para ele.
Ao mesmo tempo, no entanto, seu trabalho era preciso e prudente. Parecia refletir sua personalidade.
— Me pergunto que costumes residem por trás dessas coisas — disse Lagarto Sacerdote. Ele exalou e limpou sua testa, como se para limpar o suor que não podia estar lá.
Anão Xamã pegou uma jarra de vinho com a mão e molhou os lábios, então murmurou: — Boa pergunta. Não sou daqui dessa área. Sei como fazer um balão de papel, mas não porque os usam nesse festival…
— …Você os vê em muitos lugares — disse brevemente Matador de Goblins. Os outros olharam para ele, surpresos.
Ele continuou aparando a estaca, aparentemente alheio a eles.
— Eles atraem bons espíritos e expulsam os maus. Eles mostram aos mortos o caminho para casa. Eles são semelhantes às lanternas de vegetais.
— Sabe um bocado sobre eles, hein?
— Minha cidade natal — disse Matador de Goblins — era perto desse festival. Como poderia não saber disso?
— Hmm. Confesso que não faz muito sentido para mim. — Lagarto Sacerdote coçou o nariz com a garra.
Seu povo acreditava que coisas mortas retornavam à terra, ou na carne daqueles que os comeram, em um grande ciclo. Os “mortos-vivos” não eram aqueles que haviam voltado da morte, mas cadáveres possuídos por espíritos malignos.
— Mas… — Os olhos de Lagarto Sacerdote reviraram. — Luto pelos mortos, nós entendemos. Talvez seja bom pensar que eles vão voltar para casa.
— …Concordo. — Matador de Goblins assentiu. — Deveria ser.
Então ele não disse mais nada. Suas mãos continuaram trabalhando, com sua expressão completamente escondida pelo seu capacete.
Cada vez que a serragem se acumulava, ele as varria para longe, afiando sua lâmina sempre que se cegava com a madeira.
Lagarto Sacerdote, que estivera observando Matador de Goblins atentamente, soltou um suspiro suave.
— Em todo o caso, é um festival. Devemos nos orgulhar, o máximo possível.
— Bom para você, Escamoso, pegando o espírito.
— Mas é claro. Minha fé está em meus antepassados, o naga, cujo sangue flui em minhas veias. Eles são os meus espíritos ancestrais.
Seu comportamento não envergonharia seus antepassados. O anão assentiu com apreciação. Isso era algo que ele entendia.
— É melhor eu próprio não desistir. Vou lhe mostrar as melhores lanternas que qualquer anão jamais fez!
O trio de homens conversando à beira dos campos de treino foram destinados a serem notados eventualmente. Quando o almoço terminou, as pessoas começaram a voltar ao treino. Outros foram rondar a Guilda depois de terminar suas aventuras. Não foi surpreendente que alguns notaram os três.
— Oooh! Baixinho e Orcbolg estão fazendo algo juntos!
E se uma pessoa normal notou eles, um alto-elfo notaria eles duas vezes.
A voz clara e quase infantil era, naturalmente, de Alta-Elfa Arqueira.
Ela veio correndo como o vento e ficou com as mãos nos quadris.
Anão Xamã olhou para ela, alisando a barba, e provocou: — O que você é, uma criança?
— Que rude. Tenho dois mil anos, sabia?
Alta-Elfa Arqueira bufou, mas esticou seu peito plano ligeiramente, como se orgulhosa desse número.
O insulto não a impediu de se virar agilmente para olhar o que eles estavam fazendo.
— Que estão fazendo?
— Orelhuda, minha amiga. Dois mil anos e você não reconhece isso? Isso é um balão de papel. Isso é…
— É uma estaca.
— Não é o que eu quis dizer.
Após seu comentário, a elfa deslizou ao pano de Anão Xamã. Lagarto Sacerdote se levantou e moveu para o lado para abrir espaço para ela.
Suas orelhas se contraíram e seus olhos brilharam de interesse. Ela disparou pergunta uma após outra. — O que é isso? O que é aquilo? O que é essa ferramenta? Para que serve? Por que está fazendo uma estaca?
— É para extermínio de goblins.
— Não diga.
Seu ritmo era como um turbilhão. Diziam-se que as mulheres andavam em bando, mas ela era barulhenta o suficiente para ser uma multidão por si mesma.
— Quase que você poderia se passar por uma rhea — disse Anão Xamã, com um pouco de reprovação.
A agitação animada atraiu naturalmente os outros.
— Ei, não é aquele cara Matador de Goblins e sua equipe?
— Ah, é. Estão se preparando para o festival?
Era Garoto Batedor e Druidesa, juntamente com Guerreiro Novato e Sacerdotisa Aprendiz, voltando do almoço. Eles ainda quase não passavam de meninos e meninas. As preparações do festival ainda os preenchia com encanto e expectativa.
Mesmo para Garoto Batedor, que tinha estado com o grupo de Guerreiro de Armadura Pesada há vários anos, o festival anual era motivo de entusiasmo.
— Ei — disse Garoto Batedor — o que é aquilo?!
— Você não sabe?! Esses são…
— Balões de papel! Já os vi antes. — Garoto Batedor estufou o peito, ávido para se gabar. Alta-Elfa Arqueira, que havia perdido a chance de explicar, estufou as bochechas.
— Que tal você se juntar então?
— Não estou acostumado com isso. Podemos aprender juntos.
O anão e o homem-lagarto não hesitaram em convidar as crianças para se juntar a eles.
Alta-Elfa Arqueira parecia não ter compunção por todos eles estarem se juntando, quase o suficiente para lançar em dúvida seu status como uma alta-elfa.
— ………
Matador de Goblins virou seu capacete, tomando uma vista do ambiente alegre e brilhante. Os rostos sorridentes, todos rindo entre si, tinham formado um círculo com ele, todos esses aventureiros.
No centro disso estavam os dois fazendo lanternas.
Muito provavelmente, todos teriam se reunido assim mesmo que ele não estivesse lá. E mesmo assim…
— Hmm.
Matador de Goblins se lançou silenciosamente ao trabalho com a faca de novo.
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— O quê?! Orcbolg, você ainda não comeu?!
— Não.
A noite chegava rapidamente no outono. O anoitecer já havia aparecido e desaparecido, e o céu era de uma cor negra constelado só pelas luas e estrelas.
Matador de Goblins havia ficado enquanto seus amigos tinham partido pouco a pouco.
— Como assim… Espere, é por que você não tem dinheiro…?
— Não é.
— Eu lhe pago!
— Não é necessário.
— E se os goblins atacassem? Você poderia lutar com o estômago vazio?
— …Hum.
— Certo! Então, está decidido!
Alta-Elfa Arqueira agarrou ele sem esperar uma resposta e o arrastou para a taverna.
Muita gente dessa cidade fronteiriça além de aventureiros passavam um tempo lá. Era tão bom para comer quanto para beber. E, já que a maioria das tavernas também tinham quartos de hóspedes, estava sempre agitado com viajantes.
A taverna que Alta-Elfa Arqueira escolheu aleatoriamente calhou ser um lugar desses com uma pousada incorporada.
Eles abriram a porta e foram recebidos por uma onda de ruído e calor corporal. Juntamente com o falatório animado dos bebedores amontoados nos assentos, vieram os aromas misturados de vinho e carne.
— Humm! — Alta-Elfa Arqueira entrecerrou os olhos de apreciação, com as orelhas saltitantes.
— Achei que não gostasse de vinho.
— Justo — disse Alta-Elfa Arqueira com uma piscadela. — Mas eu amo uma atmosfera animada.
— É mesmo?
— Com certeza é… Ah, dois, por favor! — Ela esticou alegremente dois dedos para a garçonete que viera para recebê-los. Por sorte, havia lugares disponíveis.
A garçonete, que estava vestida com uma roupa provocadora e caminhava com um passo sedutor, os conduziu a uma mesa redonda há alguma distância do centro do local.
Matador de Goblins abaixou sua mochila e se sentou, a velha cadeira de madeira rangeu discretamente.
Alta-Elfa Arqueira, em contrapartida, se sentou com a leveza que era a especialidade do seu povo e não suscitou nenhum som de sua cadeira.
— …Ei, fico pensando — disse ela, com seu dedo fino e branco, indicando Matador de Goblins. — Não pode ao menos tirar isso na hora das refeições?
— Não posso. — O capacete se moveu suavemente de um lado para outro. — E se os goblins atacassem?
— Bem aqui na cidade?
— Goblins podem aparecer na cidade.
Ela deu um sorriso cansado e impotente.
Não era difícil compreender a perspectiva dela. Afinal, a aparência estranha de Matador de Goblins se destacava mesmo entre aventureiros, com a armadura de couro imunda, o capacete inferior, a espada de tamanho estranho e o escudo redondo e pequeno fixado em seu braço. Felizmente, não era raro ver por essas bandas aventureiros que mantinham seus equipamentos, mesmo no seu cotidiano. No entanto…
— O que é aquilo…? Um aventureiro?
— Pensei que fosse um morto-vivo ou algo assim…
— Caramba, isso olhou para mim!
— Então não era só a minha imaginação…
…Essa taverna não era frequentado exclusivamente por aventureiros. E os vários viajantes ali tinham, obviamente, notado ele.
Só havia um ou dois outros clientes que pareciam ser aventureiros, sentados em um canto da taverna onde não seriam muito visíveis. Um era alto e o outro era um rhea diminuto.
Ele parecia um mago, julgando pela capa que cobria cada centímetro de sua pele. Sua aparência não era tão incomum entre aventureiros.
Talvez debatendo uma missão, eles pareciam estar discutindo veementemente, embora suas vozes não fossem altas.
Alta-Elfa Arqueira sacudiu suas orelhas suspeitosamente, mas, eventualmente perdeu o interesse.
— Então — disse Alta-Elfa Arqueira, virando seu olhar dos dois aventureiros de volta ao capacete de Matador de Goblins. — O que você vai fazer?
— Sobre o quê?
— Sobre o festival de amanhã. Ouvi dizer, você sabe. — Um sorriso travesso surgiu em seu rosto, e ela apontou para ele. — Você vai passar a manhã brincando com aquela garota da fazenda e a tarde com a Garota da Guilda, não é?
— Não estou brincando. — Sua resposta foi absolutamente sucinta. Ele fixou seu olhar nela de dentro de seu capacete. Talvez ele estivesse encarando ela, mas sua viseira impossibilitava saber. — Você tem ouvidos aguçados.
— Bem, sou uma elfa.
Ela fez questão de mexer suas orelhas em forma de folhas das quais era tão orgulhosa e colocou um sorriso felino.
— Parece que ela fez planos para a sua tarde juntos, então cuide disso.
— Hmm.
— Só achei que talvez você tivesse alguma coisa para fazer de manhã, já que está saindo finalmente em um encontro e tudo mais.
— É mesmo?
— É.
— …Ainda não — grunhiu Matador de Goblins, balançando a cabeça. — Eu ainda nem mesmo pensei nisso.
— Você não tem jeito — disse Alta-Elfa Arqueira, arregalando os olhos e massageando a testa como se para aliviar uma dor de cabeça. — Mas pelo menos você é sempre você, Orcbolg.
Sua expressão mudou rapidamente para um de interesse, suas orelhas se moveram para cima e para baixo. — Enfim, e se você a levar a um lugar que goste?
— Em um lugar que ela goste…?
— É, ou fazer algo que ela goste… Você a conhece a muito tempo, certo?
Dessa vez foi a vez de Matador de Goblins parecer perplexo. Alta-Elfa Arqueira assentiu com satisfação
— Além disso, você tem que dizer mais do que apenas entendi, isso mesmo, é mesmo?, sim e não.
— Hrg…
Alta-Elfa Arqueira ignorou o Matador de Goblins engolindo em seco, voltando sua atenção para o cardápio na parede.
— O que pedir, o que pedir? — disse ela, com um tom que expressava claramente a sua alegria, mesmo sem a ajuda de suas orelhas balançando junto.
Sua algibeira deveria estar abarrotada com a recompensa do dia anterior. Por si só, ela provavelmente o teria gastado em um piscar de olhos.
— Alguma coisa que queira comer, Orcbolg?
— Qualquer coisa serve — disse Matador de Goblins tranquilamente. — Você está pagando. Compre o que quiser.
— Céus. Não consigo entender se está tentando ser considerado ou o quê.
— É da minha natureza.
— É, eu sei.
Alta-Elfa Arqueira suspirou, mas seu aborrecimento durou apenas um instante.
— Com licença! — Ela acenou para a garçonete, então procedeu pedindo uma grande parte do cardápio. Ela começou com uma salada maluca de algum tipo, e quando ela descobriu que havia um vinho tinto de alta qualidade disponível, ela não hesitou em adicioná-lo. Nesse momento, Matador de Goblins não pôde deixar de interromper.
— Não vou poder te levar para casa se ficar bêbada.
— Tsc — resmungou ela, com suas orelhas tremulando como se isso fosse completamente inesperado. — Não acredito que acha que irei ficar bêbada demais para andar.
— Não ficaria?
— Isso só acontece em ocasiões muito raras!
Ela fungou, mas Matador de Goblins continuou com palavras curtas: — Eu tenho coisas para fazer depois disso.
— Ai-ai…
Ela virou a cabeça para longe como se estivesse desinteressada.
Os empregados faziam seus caminhos pelo restaurante lotado como aventureiros desviando de armadilhas. Seus olhos seguiram o vapor se erguendo dos pratos que eles carregavam, até que seu olhar voltou a Matador de Goblins.
— …Você precisa de ajuda?
— Não. — Matador de Goblins balançou a cabeça, depois de um momento de pensamento, falou de novo. — Por enquanto estou bem.
— Hum.
Então eles se calaram, não fazendo nenhum esforço para conversarem até a comida chegar.
Para os outros clientes, os aventureiros silenciosos eram apenas mais uma parte estranha do cenário.
A comida que finalmente chegou incluía sopa, pão e queijo. E vinho.
A sopa fumegante era de grãos cozidos em creme doce. O pão preto e duro poderia ser mergulhado na sopa para amaciá-lo. O queijo úmido era salgado e picante para um excelente acompanhamento da sopa.
— Aposto que sei alguém que gostaria desse lugar. — Alta-Elfa Arqueira riu, incitada por um “Verdade” de Matador de Goblins.
— Não aquele anão, no entanto. Tenho certeza que ele iria reclamar do sabor do vinho como se fosse água ou algo assim. Com certeza.
— Você quer dizer vinho de fogo? — Matador de Goblins engoliu um pouco de vinho pela sua viseira. — É um bom tônico e um bom combustível. Também é útil como desinfetante.
— Presumo que não está brincando. Mas aquela coisa é imprópria para beber.
Ela riu, seu riso soou como um sino.
— Orcbolg… A propósito. — Ela empurrou seu prato para o lado, se inclinando para que seu rosto ficasse perto do dele. Ela parecia animada, mas sua voz era tensa.
— O quê?
— Hoje… Sabia que aquela garota fez uma compra na oficina?
— Sim.
“Aquela garota” provavelmente era Sacerdotisa.
Matador de Goblins assentiu.
— Bem, o que acha do equipamento que ela comprou?
— Hum? — Dessa vez, ele balançou a cabeça. Mediante a própria embriaguez ligeira do vinho, ele a imaginou naquela tarde. Ele despejou um pouco de água da garrafa em seu copo e deu outro gole. — Eu não perguntei.
— Ah, sério?
Alta-Elfa Arqueira pestanejou, murmurando “Incomum” de surpresa enquanto brincava com seu copo.
— Hummm. Bem, talvez eu devesse guardá-la para mim então… Quer saber?
— Se quer me dizer, então vou escutar.
— Se a pergunta era se eu queria, eu diria que sim. Mas ela realmente não disse nada a você?
— Não.
— Vou manter seu segredo então — disse Alta-Elfa Arqueira com uma piscadela. Isso não foi um gesto élfico típico. Ela havia aprendido isso por viver na cidade. Ela sorriu, se divertindo por ter pegado emprestado a linguagem do corpo humano. — Acho que vai ser mais interessante assim.
— Acha?
— Claro.
— Então… — Matador de Goblins assentiu mais uma vez, então procurou em seu saco de itens.
Ele pegou a bolsa de couro contendo sua recompensa, quase sorrindo quando ele a alcançou.
— Eu vou pagar enquanto você ainda pode se lembrar.
Clac, clac, clac. Ele enfileirou as três peças de ouro em cima da mesa.
Em um instante, a expressão da elfa passou de relaxada para hostil.
— Eu disse que ia pagar.
— Algum dia… — Matador de Goblins, muito anormalmente, cortou a si mesmo. Parecia como se ele mesmo não acreditasse no que estava prestes a dizer.
— …Algum dia, posso… pedir sua ajuda.
— Pagando antecipadamente, hum? — disse Alta-Elfa Arqueira.
— Sim.
— Hmm.
Devemos estar bêbados.
Ambos ela e Orcbolg.
Bem, acho que… huh. Não há problema.
— Não precisa.
— …Entendi.
Matador de Goblins assentiu impassivelmente.
Alta-Elfa Arqueira esticou seu dedo pálido, desenhando lentamente um círculo no ar.
— Você pode me pagar indo em uma aventura!
— Hm.
— Já não te disse? — perguntou a aventureira alta-elfa enquanto dava um gole no vinho. — Ah, não-goblinsesca, é claro.
— …
Matador de Goblins ficou em silêncio. Ele provavelmente não tinha ideia do que dizer. Alta-Elfa Arqueira se segurou, esperando ouvir o que sairia da boca dele. Elfos estavam acostumados a esperar. Dez segundos, dez anos… não fazia qualquer diferença.
— Está bem… Obrigado pela ajuda.
— Ótimo!
Agora que ela tinha sua promessa, Alta-Elfa Arqueira estufou suas bochechas. Ela semicerrou seus olhos como um gato e soltou aquela risada que se formou no fundo da sua garganta, que saiu como o sino de uma campainha.
— Agora anda, vamos comer. Vai ficar fria.
— Certo.
Enquanto ele se preparava para comer, Matador de Goblins olhou para o canto da taverna. Mas os dois aventureiros já haviam saído.
— Hmph — resmungou ele descontente, então arrancou um pedaço de pão.
— Aliás — começou ele.
— O que foi?
— Sabe o que a flor-do-imperador significa, na linguagem das flores?
O jantar consistia unicamente em comidas favoritas de Alta-Elfa Arqueira, mas Matador de Goblins não era de se queixar.
E quando ele a tinha levado até ao segundo andar da taverna, pagado pelo quarto e solicitado que a refeição fosse colocada na conta dela, ele deixou o edifício.
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Ele sempre sabia o que tinha de fazer.
Ele sempre tinha que pensar, olhar em frente, permanecer vigilante, planejar contramedidas e as executar.
O que Matador de Goblins tinha de fazer nesse momento era cavar um buraco.
Era noite, as luas gêmeas já estavam entre as estrelas brilhantes que preenchiam os céus.
Completamente só, ele impulsionava a pá silenciosamente no chão, cavando e cavando.
O calor do vinho ajudava a afastar a brisa fria da noite.
Ele estava fora do portão da cidade, em uma trilha que saia da estrada principal. Ela cortava através de um campo, mas não uma grande planície gramada. Havia colinas, conjuntos de árvores, juncos. Fora da estrada, a terra era selvagem.
O lugar era deserto em grande parte, razão pela qual ele tinha escolhido cavar seu buraco ali.
Era tão fundo quanto uma pessoa alta. Não um anão ou um rhea, mas um humano.
Ele revestiu o fundo com as estacas finas e afiadas que ele havia esculpido, escondendo a abertura com a terra que ele escavou. O solo ficou sobre um cobertor em cima da boca do fosso. À primeira vista, ninguém suspeitaria que havia alguma coisa ali.
Ele fez isso várias vezes, depois espalhou pedras pequenas e brilhantes ao redor da área.
— Agora…
O resto do trabalho era todo do chão.
Goblins podiam usá-las para reforçar as paredes de sua caverna, e assim não se incomodariam com isso, mas ele não tinha a mesma luxuria.
Fazer paisagismo manualmente era bastante problemático para um aventureiro.
Matador de Goblins pôs a terra em sacos que ele havia preparado previamente.
Agora eles eram sacos de areia.
Ele apertou a boca dos sacos, depois os carregou dois de cada vez, um em cada ombro.
Ele os escondeu nos juncos não muito longe do buraco, construindo um semicírculo.
Era incerto se isso os ajudariam mais tarde. Mas não custava nada estar preparado para qualquer coisa.
Ao menos, Matador de Goblins nunca recusou trabalho necessário.
Ele empilhou os sacos de areia cuidadosamente, sem deixar lacunas, depois terminou dando-lhes alguns golpes com a pá para os comprimir.
— …Hum.
Finalmente ele assentiu, satisfeito.
Isso serviria para os buracos. Os outros locais estavam todos prontos. Esse tinha sido o último.
Tudo o que restava era a armadilha que ele havia construído com as estacas restantes, a corda e a madeira, mas havia poucos lugares que ele poderia preparar.
Matador de Goblins verificou o céu, tentando avaliar quando tempo tinha pela inclinação das luas. As noites eram longas, e a manhã vinha atrasada no outono e inverno. Mesmo assim, ele duvidava se tinha muito mais tempo para trabalhar.
Ele pegou rapidamente as tábuas de madeira do pacote pelas suas amarras.
Ele se moveu para os arbustos e árvores, fazendo um serviço delicado antes de regressar.
— Hora de se apressar.
Ele colocou sua bagagem nos ombros, depois correu sob as luas como uma sombra.
Ele passou os juncos e pelas árvores quando aconteceu.
— Ei, o que você está fazendo aqui?!
Uma voz veio cortando o ar como uma emboscada. Matador de Goblins parou.
Houve o amassar de plantas sob suas botas e o raspar delas contra sua armadura.
— Hm — murmurou Matador de Goblins, mas sua mão não se moveu para a espada.
Nenhum goblin falava a língua comum tão fluentemente.
— Quem está aí? — perguntou ele brevemente. Um ruído veio como que respondendo.
Uma pessoa alta envolta por um sobretudo apareceu.
As botas da pessoa, apenas visível sob a bainha do casaco, estavam bem usadas, com a região dos dedos reforçados. Claramente um aventureiro.
Mas a voz rude que respondeu não ofereceu nenhuma resposta.
— Sou eu quem faz as perguntas.
O timbre fez Matador de Goblins murmurar: — Uma mulher?
— …Mais uma vez. Quem ou o que você é?
Quase que imediatamente, uma luz branca, penetrante para os olhos se ajustou na escuridão saltando pelo céu.
— Sou Matador de Goblins.
Com o dedo, ele afastou casualmente a lâmina da sua garganta.
Ele parecia incomodo, quase como estivesse lutando contra um bocejo.
Uma espada longa — lâmina de um gume — e uma guerreira hábil com espada.
Verdade, tinha acontecido rápido demais para uma reação, mas ele também havia escolhido não reagir.
Seria tolice perguntar quem o oponente era e abatê-lo na mesma hora.
Mesmo alguém nas garras da sede de sangue entenderia isso.
Envolta de seu casaco, a mulher semicerrou os olhos duvidosamente.
— Você… mata goblins…?
— Sim. — Matador de Goblins respondeu.
— …Parece loucura.
— Entendo.
A lâmina que ele tinha afastado deslizou de volta, procurando seu pescoço.
Ela levantou a corrente com a insígnia de prata que estava pendurada ali.
— Uma insígnia prata… Aventureiro ranque Prata?
— Aparentemente — disse Matador de Goblins com um aceno — a Guilda me reconheceu como tal.
— …Entendi.
A espada recuou como um sopro de vento e retornou a sua bainha com um clic.
A suavidade absoluta do movimento sugeria que era uma aventureira de alto ranque. Certamente no mínimo Cobre, imaginou Matador de Goblins.
— Parece que fui um pouco precipitada. Peço desculpas.
— Não, tudo bem.
— Pensei que fosse um morto-vivo ou algo assim…
A mulher parecia desajeitada enquanto se desculpava, mas seu tom suavizou.
Matador de Goblins balançou a cabeça suavemente. Particularmente não importava para ele.
O problema era…
— Ei, não tenho dito para você não fazer isso?
Naquele momento uma voz, brilhante como o nascer do sol, veio por trás dela.
— Ela tira as piores conclusões sobre todo mundo. Não se preocupe, eu parei ela.
— O fato é que ele era suspeito.
A próxima voz era fria como gelo. Duas pessoas novas.
Com um ruído, a grama se separou, revelando um aventureiro baixo também com um sobretudo.
Seria fácil confundir essa pessoa com um rhea, mas elas carregavam uma espada de tamanho completo em seu quadril.
Elas deveriam ser humanas. Uma rhea não teria força para brandir essa espada.
A outra pessoa carregava um cajado grande e estava mais bem vestida que as outras duas. Obviamente, uma usuária de magia de alguma espécie.
E todas elas, a julgar pelas vozes, eram mulheres. Grupos composto inteiramente de mulheres eram relativamente raros.
— Então, que se passa? Estou curiosa — perguntou a espadachim diminuta.
Antes que Matador de Goblins pudesse dizer algo, ela deu um par de passos ligeiros em frente.
Com um passo tão alegre quanto sua pergunta, ela encurtou o espaço entre eles como se estivesse em um passeio.
— Hum… — murmurou Matador de Goblins, e após um momento de consideração, deu sua resposta.
— Estou tomando precauções.
— Precauções? Hmm… — Ela espreitou Matador de Goblins, depois disse indiferentemente: — Equipamento estranho você tem…
— É?
— Ah, desculpe. Não tenho a intenção de zombar de você. Só acho que é engraçado.
Sua voz era tão animada que Matador de Goblins podia dizer que ela estava sorrindo sob seu capuz.
Não obstante, seu esclarecimento não evocou qualquer reação dele. Ele não fazia ideia do que poderia ser divertido sobre sua armadura de couro nojenta e capacete de aparência barata, ou sua espada e escudo.
Mas enquanto as mulheres o avaliavam, ele também o fazia, em contrapartida.
Elas não eram da multidão local de aventureiros. E elas não eram goblins… disso, ao menos, ele tinha certeza.
— …Não acho que ele está envolvido. Mais provável.
Depois de um tempo, a aventureira com o cajado falou com seu tom frígido.
— Francamente, mal consigo acreditar que alguém tão estranho exista.
— Acho… que sim. Reconheço que ele esconde seu rosto e pele, mas concordo que isso parece um pouco demais.
A resposta veio da primeira mulher. Com sua espada ainda na bainha, ela continuou com um tom estranhamente prepotente: — Eu vi a diferença em nossas habilidades. Ele não será um problema.
— Acha? Se você diz, acho que deve ser verdade.
A garota, que havia inclinado a cabeça enquanto suas companheiras discutiam, terminou batendo as palmas.
— Bem, senhor, desculpe o incômodo.
— Está tudo bem. — Matador de Goblins balançou ligeiramente a cabeça, depois colocou a carga no chão. — Vocês vieram ver o festival?
— Hã? Ah, hum, bem… Acho que sim. É bem aqui perto, não é?
— Sim. — Matador de Goblins assentiu. — Essa é a cidade que realizará o festival da colheita. — Então, depois de pensar um momento, ele acrescentou: — Se precisarem de uma pousada, consiga uma logo.
— Oh, nossa. Certo. Entendi. Já é muito tarde agora. É melhor irmos andando. Desculpe! — acrescentou ela uma última vez, e partiu com ânimo leve.
As outras duas se recompuseram apressadamente enquanto ela se afastava cada vez mais.
— Argh, ela sempre…! Nós devemos ir, então. Peço desculpas pelos problemas.
— Sinto muito.
As outras duas seguiram a garota que partia, desaparecendo como sombras.
Matador de Goblins, agora sozinho, só murmurou “Hm”.
Ele tinha colocado uma pedra pequena onde a espadachim baixa havia estado há um momento.
Como ele se recordava, era exatamente o lugar onde tinha cavado e ocultado um buraco.
A maneira como ela andava era treinamento marcial, magia ou simplesmente sorte? Ele não sabia.
E por falar em coisas que ele não sabia, ele não pôde determinar porque as mulheres haviam usado essa trilha e não a estrada principal.
— ……
Mas pensar nisso não trouxe nenhuma resposta, então ele simplesmente descartou a questão.
Elas eram quase que certamente apenas aventureiras que provinham de outro lugar para ver o festival.
E elas não eram goblins. Isso era o suficiente.
Mesmo assim, ele tinha certeza de que pessoas não passariam por essa área…
— …Terei que escolher meus locais com mais cuidado.
Havia muito a se fazer.
E ele sempre sabia o que devia ser feito.
Tradução: Kakasplat
Revisão: JZanin
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