A cidade da água era uma cidade antiga a dois dias do leste da fronteira através da planície, uma grande fortaleza de muros brancos que estava assentado na confluência de muitos rios, no âmbito de uma cobertura de árvores tão verde a ponto de ser preto.
Viajantes vinham de muito longe para essa cidade, construída em uma fortaleza da Era dos Deuses. Ela estava cheia de embarcações indo e vindo, comerciantes com as suas mercadorias, idiomas de todos os tipos, caótica e bonita. Posicionada na extremidade oeste do interior e da borda leste da fronteira, a cidade da água era a maior cidade sob muitos aspectos.
Uma carruagem ribombava e quicava sobre uma ponte, passando pelo portão de um castelo no meio de um lago.
O portão estava gravado com o brasão do Deus da Lei: a espada e a balança, os símbolos da lei e da justiça. Mesmo na fronteira, onde monstros e bandidos corriam à solta, a luz da lei brilhava. Pessoas podiam viver em paz, ainda que apenas tenuemente.
A carruagem passou ao longo das ranhuras que foram gravadas no ladrilho a mais de centenas ou mesmo milhares de anos. Algum tempo depois, ela parou em uma área grande de estacionamento, e aventureiros saíram um após o outro.
— Ahh… Meu traseiro está dolorido!
Alta-Elfa Arqueira fez um belo alongamento para relaxar um corpo que tinha suportado muitas sacudidas no longo passeio de carruagem.
O sol estava alto no céu e não tardaria atingir o seu zênite. Que era meio-dia.
Em volta deles tinham lojas abastecendo viajantes, e odores de alimentos e bebidas flutuavam no ar. Os aromas de carne assando e gordura fervendo. O odor açucarado dos doces cozidos. A cidade tinha tudo, de alimentos que podiam ser encontrados em qualquer lugar até ofertas estrangeiras surpreendentes.
Os vendedores eram da mesma forma.
Aqui, um anão mercador berrando a plenos pulmões; lá, um elfo fazendo palhaçadas nas redondezas para atrair os clientes. Um rhea vendedor de frutas estava correndo por aí, vendendo maçãs tão rápido quanto podia se mover. Humanos falavam com os outros. Mais longe, um homem-lagarto estava pregando um sermão. E isso era um elfo negro gerindo uma loja?
— Oh-ho! Se parece com um lugar encantador — disse Anão Xamã, com um movimento do seu nariz, admirando tudo. Ele bateu em sua barriga saliente. — Uma tábua para um peito, uma roda velha para um vagabundo… você terá um equilíbrio. O tempo pode desgastar todas as coisas!
— …Parece que ele desgastou bastante você.
— Ho-ho-ho! Mas eu permaneço alto entre os anões!
Alta-Elfa Arqueira olhou para Anão Xamã quando ele gargalhou com sua grande voz habitual.
Sacerdotisa, uma vítima acidental do comentário do anão, recuou e tentou cobrir desajeitadamente seu traseiro pouco desenvolvido com a mão.
— E-enfim, não devíamos ir encontrar nosso registrador de missão?
— Sim.
Ela tinha aprendido bem de seu mentor Matador de Goblins, mestre da mudança súbita de assunto.
Ele não mostrou sinais de notar isso, no entanto, conforme ele puxava a agora amassada página de velino de sua bolsa. Ela tinha ficado bastante amassada com a forma descuidada que ele tinha a enfiado para dentro da bolsa, mas ele não pareceu perceber isso também.
— Parece que podemos o encontrar no Templo da Lei.
— Nessa direção então!
O argumento de Alta-Elfa Arqueira não deu muito a entender, então ela o cortou com um elegante movimento de mão na direção do Templo.
— Conhece o caminho?
— Já estive aqui antes.
Então ela deu um grande sorriso e partiu com um passo alegre.
Essa, na verdade, era a cidade onde ela tinha ouvido a canção de Orcbolg, Matador de Goblins.
Ela fazia uma exibição de remexer os quadris a medida em que ela andava pelas ruas que ela conhecia e os outros não. Seus quatro companheiros a seguiam por detrás.
As ruas eram de ladrilhos estreitamente estabelecidos, bem utilizado por carruagens, e rios se cruzavam por todo lado na cidade, atravessado por barcos. A cidade era um lugar incrível, também por causa de como ela usava as velhas ruínas com quase nenhuma alteração.
Havia edifícios, é claro: lojas e estalagens, mesmos pequenos aposentos, todos decorados com belos entalhes. As ruas pareciam como um desfile de moda ao vivo, com pessoas usando as modas mais recentes de ambos da fronteira e do interior. A cidade da água era o epítome de uma cidade cosmopolita.
— Mas, hum, bem… Você realmente acha que há goblins aqui?
Sacerdotisa olhava para baixo conforme andava, como se as suas vestes velhas a envergonhasse comparada com os vestidos das garotas caminhando por ela. Essas eram roupas lindas, elegantes e femininas. Não como a dela, usadas com o trabalho diário.
Ela deveria ter se sentido envergonhada por sentir vergonha, no entanto.
— Eu suspeito que sim.
A resposta de Matador de Goblins não deu nenhum indício de que notou seu desconforto. De qualquer forma, Sacerdotisa ficou grata por ele. Ele nunca se distraiu.
— Oh-ho, hmm? — Lagarto Sacerdote pôs a sua língua para fora em uma demonstração de interesse. — E meu senhor Matador de Goblins, o que o faz dizer isso?
— Esse lugar tem a atmosfera de uma aldeia que tem sido alvo de goblins.
— Atmosfera…?
Anão Xamã deu uma fungada em dúvida com seu nariz redondo. As únicas coisas que ele podia distinguir na atmosfera era o cheiro de água, pedra e a de comida em uma loja próxima. Não tinha nenhuma sugestão do cheiro podre, único das tocas de goblins.
— Não posso afirmar realmente que percebi.
— Esse é o motivo dos anões serem tão estúpidos.
— Como se você o entendesse melhor.
Alta-Elfa Arqueira riu de Anão Xamã enquanto ele ficava com os braços cruzados e sua cabeça inclinada.
Ela não pareceu se importar mesmo quando ele fixou ela com seu olhar mais intenso. Ela apenas acenou com as mãos.
— Vamos lá, os elfos vivem na floresta. Não espero perceber nada sobre odores de cidades.
Anão Xamã estava prestes a replicar, mas ficou repentinamente quieto.
Por detrás de Alta-Elfa Arqueira, Lagarto Sacerdote soltou um sibilo agudo.
— O centro da cidade não é o lugar certo para suas discussões.
— Eu sei disso. Para alguém que é escamoso, você é muito espinhoso.
— Você está sendo gentil, anão — disse a elfa.
Lagarto Sacerdote estalou a língua, e dessa vez os dois ficaram em silêncio. Sacerdotisa riu com a cena.
A elfa e o anão não tinham mais argumentos para discutir. Eles caminhavam lentamente pela cidade radiante da água, desfrutando das vistas. Era comum aqui ver aqueles que possuíam palavras, mas que não eram humanos, bem como outros aventureiros.
Apenas Matador de Goblins estava constantemente alerta com os seus arredores.
— Eu não sei quanto aos odores, ou seja lá o que for, mas eu realmente não acho que goblins saltarão para cima de nós bem aqui na cidade — disse Alta-Elfa Arqueira, com um suspiro aborrecido.
— Não há como ter certeza disso. — Matador de Goblins respondeu no ponto. — Me lembro disso acontecer uma vez.
Embora sua arma não foi puxada, ele se movia quase da mesma forma que ele se movia por uma caverna, com seu passo ousado, mas extraordinariamente silencioso.
Ele era o único que atraia olhares estranhos dos transeuntes: um aventureiro com uma armadura de couro suja e um capacete com aparência barata, andando pela cidade como se estivesse em uma masmorra.
Talvez alguém o tenha trazido para um novo tipo de performance; não há nada que se possa fazer. E mesmo Alta-Elfa Arqueira escondia a cara de vergonha, bem, não se podia fazer nada quanto a isso também.
Apesar de tudo, era improvável que ele mude seu comportamento.
— E onde está esse Templo nosso? — A cauda de Lagarto Sacerdote balançava calmamente atrás dele.
— Olhe, você já consegue o ver. Está bem ali.
Alta-Elfa Arqueira apontou com o seu dedo para um edifício do outro lado do rio. Era um santuário impressionante feito de mármore branco, apresentando inúmeros pilares. Mesmo aqueles o vendo pela primeira vez entendiam que era um templo.
O Templo da Luz e da Ordem, brasonado com a balança e a espada que representava a lei e a justiça.
— Uau… — suspirou Sacerdotisa com a visão. O Templo da Mãe Terra onde ela tinha crescido não era um edifício medíocre, mas…
…Esse lugar praticamente gritava que era o lar de um deus.
Seu rosto relaxou de tanta alegria, suas bochechas foram tingidas com um vermelho de entusiasmo e ela se virou.
— Matador de Goblins, senhor! Isso é incrível!
— É?
Ele não poderia ter oferecido uma resposta mais tosca.
Talvez eles apenas tivessem formas diferentes de ver as coisas. Era claro para todos que ele estava avaliando o Templo como um possível ninho de goblin.
— Céus…!
Sacerdotisa estufou as bochechas, mesmo sabendo que era criancice.
Pensando bem…
Ela percebeu que tinha esquecido de perguntar a coisa mais importante de todas.
— Hum, Matador de Goblins, senhor?
— O que?
— O registrador de missão é uma sacerdotisa do Deus Supremo?
— Não.
Ele respondeu como se isso não significasse nada para ele, então disse:
— É a arcebispa.
Nisso, o entusiasmo de Sacerdotisa se evaporou.
— O quêêêê?!
Ela nunca teria imaginado que o registrador de missão pudesse ser ela.
Sacerdotisa agarrou o cajado de monge com as duas mãos e deixou sair um choramingo involuntário. A pessoa responsável pela lei em toda a fronteira oeste. Não, mais do que isso. Ela era conhecida como…
…Donzela da Espada.
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Havia muitos visitantes ao Templo da Lei.
Em parte, não se tratava apenas de crentes no Deus Supremo que vinham para suplicar.
O edifício também era um tribunal, onde sentenças eram feitas em nome de Deus. Os casos variavam dos simples conflitos diários até questões de vida ou morte.
Havia um fluxo incessante de pessoas que desejavam ter o seu caso ouvido pela impiedosa luz de Deus.
Mais fundo no interior do Templo, eles passaram através de uma sala de espera cheia dessas pessoas.
Além das salas de audiências onde casos eram ouvidos, passado os corredores estreitos com estantes ao fundo do local, era silencioso e revestido com pilares de mármore.
Nessa parte mais profunda do Templo havia um salão de oração onde uma imagem do Deus Supremo na forma do sol era venerado.
Parecia como algo saído de um mito.
A luz do sol passava entre os pilares formando grandes lençóis dourados. Não havia ruídos externos; o silêncio era absoluto. Isso era um lugar sagrado.
E no altar havia uma mulher ajoelhada, com um cajado longo na mão, rezando.
Ela usava vestes brancas sobre sua figura robusta. Seus cabelos dourados brilhavam sob a luz do sol. Seu cajado, que retratava uma espada cujo cabo pendia um conjunto de balanças, mostrava a equidade da justiça e da lei.
Ela era tão deslumbrante que se podia apenas pensar que se o Deus Supremo fosse encarnado como uma mulher, ela o seria.
Infelizmente, seus olhos estavam ocultados por um lenço preto. Não que isso de alguma forma manchasse a beleza dela; o tecido pode até ter feito ela ainda mais impressionante.
— …?
De repente, ela olhou para cima.
O silêncio sagrado tinha sido quebrado pelos casuais passos ousados.
— M-Matador de Goblins, senhor! Por favor, tente ser silencioso…
— Se trata de um trabalho urgente. Se eles não se importam de entrarmos, não há razão para esperar.
— Eu percebi que você era um tipo impaciente, Orcbolg.
— Todos são impacientes comparados a um elfo!
— Tal falação é inapropriado. Quer se trate de uma divindade estrangeira ou não, nós estamos na casa de Deus.
Barulhento, animado, bruto, robusto. Para ela era tremendamente nostálgico.
— ……………
As extremidades da boca dela suavizaram muito levemente, e a manga do seu vestido se moveu como uma onda no oceano.
Ela — Arcebispa do Deus Supremo, Donzela da Espada — se levantou lentamente.
— Céus. Quem são vocês…?
— Viemos para matar os goblins. — Matador de Goblins respondeu indiferentemente, com um tom claro e com o que parecia um sorriso sossegado.
A sua atitude flertava com insolência, mas ele não parecia impertinente. Era uma maneira de falar extremamente parecida com o de aventureiros.
Sacerdotisa ficou ao seu lado, espantada, tentando penosamente descobrir como fazer sua saudação.
Essa aqui é Donzela da Espada!
A arcebispa amada pelo Deus Supremo.
A aventureira ranque Ouro que, dez anos atrás, tinha causado a queda do Senhor Demônio.
Não um herói de uma lenda, mas uma presença singular que tinha emergido da humanidade.
Ela estava muitíssima além de Sacerdotisa, recentemente promovida a Obsidiana. A diferença entre as duas, era como uma distância entre um goblin e um dragão.
Quando ela fora uma acólita, Sacerdotisa provavelmente não poderia ter vindo por si mesma para estar nesse lugar fantástico.
— Eu, hum, isso é, é… é uma honra conhecê-la — disse Sacerdotisa com uma voz tensa, fazendo uma pequena inclinação. Seus olhos brilhavam e suas bochechas estavam vermelhas.
— Um guerreiro honorável e… uma sacerdotisa bela e muito honorável.
Por detrás do lenço, um olhar gentil passou pelas bochechas de Sacerdotisa e então se mudou, ou, pelo menos, é o que ela sentiu.
Ela conseguia ouvir seu próprio coração batendo dentro de seu pequeno peito. Ela esperava que não fosse audível a mais ninguém.
— E essas pessoas incríveis são…?
— Hmm. Seus compatriotas, membros de seu grupo — disse Lagarto Sacerdote quando o olhar se estabeleceu nele. — Eu venero o mais temível naga, mas lhe asseguro que irei lhe dar todo meu apoio. — Seu gesto incomum das palmas juntas foi solene.
É claro, seu gesto diferia da forma como um clérigo do Deus Supremo mostrava respeito com os outros. Mas, não foi esse o ponto. O que era mais relevante foi que ele demonstrou sua intenção de respeitar os outros.
Tudo começou desse ponto. Sem mover o seu sorriso, Donzela da Espada fez uma cruz no ar com seu dedo.
— Bem-vindos ao Templo da Lei. Me sinto honrada em recebê-lo, Ó sacerdote escamado.
Alta-Elfa Arqueira e Anão Xamã, por sua vez, mostraram pouco interesse nos acontecimentos.
Eles deram uma saudação ligeiramente inclinados por trás de Lagarto Sacerdote, todavia, eles estavam conversando, sussurrando com o outro.
— Hmm. É realmente fascinante para um trabalho humano — disse o anão.
— Sim. Que bela imagem — disse a elfa.
Suas admirações pareciam estar concentradas no teto alto acima de suas cabeças.
Lá, pinceladas suntuosas compunham um mural representando a batalha da Era dos Deuses.
Eles tinham visto pinturas rupestres anteriormente, desenhados com sangue nas paredes de ruínas, mas isso era algo totalmente diferente.
Ordem e caos, Ilusão e Verdade, os deuses se encolerizavam reciprocamente de corpo e alma.
Contra um fundo de estrelas, milagres e magia se torciam, voavam para lá e cá, brilhavam e queimavam. Finalmente, os deuses esticaram as mãos para um cubo e começaram a satisfazer a si mesmos em jogá-lo.
O tabuleiro que eles jogavam era esse mundo mesmo, e as peças com que eles jogavam, eram todos.
É por isso que aqueles com palavras, aqueles que rezavam, tentavam viver corretamente.
Os dois, que eram familiares aos espíritos que enchiam esse mundo, não eram parecidos com os deuses. Embora os elfos e anões respeitassem os deuses, todavia, eles não os cultuavam displicentemente. Os deuses eram muito “com” eles; eles ouviam conselhos dos deuses, mas não como escravos. Isso era porque havia poucos sacerdotes elfos, embora os anões continuassem vinculados ao deus ferreiro por si mesmos.
— Ho-ho. Quão… parecidos com aventureiros vocês são.
Um guerreiro excêntrico. Uma sacerdotisa pura. Um sacerdote estrangeiro. Um anão usuário de magia. E uma elfa patrulheira.
A arcebispa deu aos cinco um pequeno sorriso estranho.
…?
Sacerdotisa pensou que o sorriso transbordava com solidão e saudade.
— E se assim for, então nós somos como um ao outro. Eu lhes dou as boas-vindas calorosamente.
Levou apenas um momento.
Donzela da Espada fez um grande movimento com os braços, como se para abraçar os aventureiros. O gesto evocava uma mãe carinhosa, contudo, sedutora como uma meretriz exortando alguém para o seu aposento.
Um homem humano comum teria engolido em seco violentamente logo depois disso.
Matador de Goblins, no entanto, ignorou tudo isso. — Basta de cumprimentar um ao outro. Nos diga os detalhes da missão. — Ele estava alheio ao olhar mortificado que vinha do rosto de Sacerdotisa.
— S-só um momento, Matador de Goblin, senhor…
Isso era realmente demais.
Sacerdotisa agarrou sua mão enluvada e o puxou para perto.
— Você não pode falar assim com a arcebispa…
— Não me interessa.
Contudo, Donzela da Espada balançou a cabeça suavemente.
— Eu estou muito satisfeita que tal bravo aventureiro tenha vindo a mim.
— Está?
— Posso lhe perguntar, uma curiosidade pessoal — murmurou ela — caso parentes de você se juntassem ao caos, você seria capaz de os matar?
— Não — respondeu sem rodeios Matador de Goblins. — Eu não tenho familiares vivos.
— É mesmo…?
Matador de Goblins viu os lábios vermelho-vivo de dentro de seu capacete enquanto ela sussurrou.
— Então. Onde estão os goblins?
Atrás dele, os outros aventureiros suspiraram.
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— Isso começou a cerca de um mês.
Donzela da Espada assentiu aos outros para se sentarem no chão, então se sentaram com seus pés juntos, parecendo perdidos.
— Em uma noite, eu enviei uma garota acólita para entregar uma mensagem desse Templo…
— Ela foi morta? Ou raptada? — perguntou Matador de Goblins.
— Ela não regressou naquela noite. No dia seguinte, seu corpo foi encontrado em um beco. — Um olhar de tristeza surgiu em seu rosto.
— Hmm. — Matador de Goblins colocou a mão em seu queixo, pensando.
— Segundo a pessoa que a encontrou, ela parecia ter sido cortada enquanto ainda estava viva.
As palavras de Donzela da Espada eram calmas e sem a mínima hesitação. Mas, atrás delas havia um ligeiro tremor.
Era terror? Intimidação? Ou talvez uma dor profunda e tristeza. Sacerdotisa não tinha certeza.
— Isso é… Bem, isso é horrível — disse Sacerdotisa.
— O simples fato do homicídio é suficientemente triste, embora isso aconteça de vez em quando…
— Enquanto ainda estava viva… — murmurou discretamente Matador de Goblins. — Naquele local?
— …Sim.
— Havia alguma parte dela comida? Ou ela estava meramente morta? Você tem mais algum outro detalhe…?
— Vamos, Orcbolg. Você está sendo insensível, até para você — disse Alta-Elfa Arqueira, contraindo os lábios em uma careta. Ela tinha reparado na expressão sombria de Donzela da Espada.
Matador de Goblins ficou em silêncio por um longo tempo, então disse: — Por favor, continue.
— Foi verdadeiramente um incidente terrível.
Sim, terrível.
O Templo da Lei estava aqui, sem dúvida, mas isso ainda era a fronteira. Há não muito tempo isso tinha sido uma vastidão sem lei, um lar para monstros e bandidos. Aqui dificilmente poderia deixar de ter crime.
Embora a luz do Deus Supremo brilhasse abundantemente, não era suficiente para alcançar os corações distorcidos dos humanos.
— Lei e ordem… É dito terem continuamente sido inferiores nas batalhas nesse mundo. — Donzela da Espada continuou, em um murmúrio: — Embora o mal tenha triunfado nesse mundo, nenhum dos lados tem sido derrotado — e juntou suas mãos, oferecendo uma breve oração ao deus que ela servia.
À espera dela terminar, Lagarto Sacerdote esticou o pescoço como se prestando atenção especial.
— Então, isso quer dizer que a investigação não proporcionou qualquer resultado?
— …Sim. Eu tenho vergonha de dizer, mas é a verdade…
Talvez um agente do caos estivesse envolvido ou um seguidor dos Deuses das Trevas? Ou outra coisa?
Em meio a uma série de hipóteses e conjunturas, a vigia noturna deu início imediatamente a uma investigação. Para uma cidade cujas ruas eram agitadas dia e noite, havia surpreendentemente poucas evidências. E sem provas, não havia nada a fazer, não importa o quanto alguém desejava apanhar o criminoso.
Em meio a isso tudo, a cidade da água experimentava um aumento dramático da criminalidade.
— Pequenos furtos, ataques aleatórios nas ruas. Violência contra as mulheres, sequestros…
— Hmm. — Matador de Goblins bufou quando Donzela da Espada relatou pesarosamente o estado das coisas. — Eu não gosto disso.
— Você não gosta de nada, Corta-barba — disse Anão Xamã, bem-acostumado ao seu companheiro, e deu a Donzela da Espada um aceno como se dissesse não ligue para ele. Ele descansou o queixo na mão e seu cotovelo nos seus joelhos dobrados. Ele nem sequer sentia vontade de tomar um gole de vinho. — Eu admito que é muito estranho. Mas, certamente não foi por isso que você nos chamou aqui.
— Você está correto. Eles decidiram que se não pudessem apanhar o assassino, talvez eles possam apanhar ele agindo.
Portanto, não só os vigias noturnos e os guardas, mas aventureiros também foram enviados.
Eles se separaram em vários grupos, patrulhando diligentemente as ruas na noite e perseguindo alguém suspeito.
Era uma abordagem direta, um plano marcado pela praticidade.
Mas funcionou.
Um dos grupos de aventureiros viu humanoides pequenos atacando uma mulher e os abateram.
Em face da luz que os aventureiros empunhavam, os pequenos corpos revelaram ser…
— …goblins. Sem dúvida.
— Hmm. — Matador de Goblins, que estivera escutando em silêncio, fez um som de profundo interesse. — Eram goblins?
— Goblins… Não apenas um ou dois, eu suponho — exalou Anão Xamã, passando suas mãos ao longo da barba na qual ele era tão orgulhoso.
Sacerdotisa tocou o seu dedo indicador fino contra seus lábios e fez um som pensativo. — A questão é como eles chegaram à cidade — disse ela. — Eles certamente não entraram simplesmente pelo portão.
— Eles devem ter saído de um caminho subterrâneo ou dos canais de água — disse Anão Xamã.
Alta-Elfa Arqueira acrescentou: — Todas essas vítimas… esses monstros não estavam só de passagem.
— O que você acha? — Matador de Goblins virou seu capacete para Lagarto Sacerdote.
O sacerdote escamado deu um revirar de olhos contemplativo, então abriu suas mandíbulas e disse — Goblins… humm. Goblins vivem no subterrâneo. Essa cidade é construída sobre uma cidade mais antiga. Certamente há ruínas de algum tipo abaixo dela…
— Sem dúvida então — disse Matador de Goblins com firmeza. — Eles são estúpidos, mas não são tolos. Se eu fosse eles, simplesmente me aninharia nos esgotos.
— Mais uma vez, você demonstra a sua capacidade de pensar como um goblin…
Era difícil dizer se Alta-Elfa Arqueira estava o elogiando ou sendo sarcástica.
— É claro — respondeu Matador de Goblins, assentindo. — Se você não sabe como eles pensam, não consegue lutar contra eles.
Donzela da Espada mostrou um pouco de confusão às palavras de Matador de Goblins, mas, mesmo assim, ela assentiu com firmeza.
— Certamente foi o Deus Supremo que guiou um aventureiro como você para aceitar minha missão. — Um leve sorriso surgiu repentinamente em sua face, e a sua voz era clara; seu alívio era evidente. — Eu mesma, depois de um mês de reflexão, conclui que eles devem estar no subsolo.
— Um mês?
— Sim. E a princípio, eu propus a missão para os aventureiros da cidade…
— O que eles fizeram? — perguntou calmamente Sacerdotisa, mas Donzela da Espada balançou a cabeça sem falar.
— Entendi… — disse Sacerdotisa.
Essa foi toda a resposta que ela precisava.
Eles não voltaram.
Muitos aventureiros Porcelanas e Obsidianas que foram matar goblins conheceram o mesmo destino, como dois dos três companheiros de Sacerdotisa tiveram em sua primeira aventura em uma caverna.
Sempre que a cena perturbadora fosse reanimada em sua memória, não era fácil de a retirar.
Sacerdotisa pensou que podia apanhar praticamente o cheiro podre e desagradável da caverna, e esfregou um pouco seu rosto.
— Foi então que ouvi uma canção de Matador de Goblins, herói da fronteira.
— Uma canção? — disse Matador de Goblins, não compreendendo. — O que quer dizer?
— Você não conhece? Você está em uma balada, Orcbolg. — Alta-Elfa Arqueira fez um círculo no ar com o dedo indicador. — Acontece que ela não tem muito a ver com o seu eu verdadeiro, no entanto.
— Eu nunca tinha ouvido falar disso.
— Mas, certamente você sabe — disse Lagarto Sacerdote, estreitando os olhos. — Onde quer que haja um bardo, eles cantarão sobre atos valorosos.
— Para que?
— Não me diga que você não vê a relação, Corta-barba.
Não que ele estivesse interessado.
Anão Xamã bateu na barriga por causa da expressão perplexa de Matador de Goblins.
— Quando a notícia de seus feitos se espalha, todo mundo vai querer você para matar goblins para eles!
— Hmm…
Os olhos de Donzela da Espada, escondidos por trás do pano, encontrou rapidamente os de Matador de Goblins, escondido atrás do metal.
Ela mordeu o lábio, então, com um olhar de determinação, arqueou a cabeça.
— Por favor. Eu te imploro para salvar a nossa cidade.
— Eu não sei se consigo — disse francamente Matador de Goblins. — Mas eu matarei os goblins.
Isso simplesmente não era como alguém falava com uma arcebispa, quanto mais uma antiga heroína.
Sacerdotisa disse “Matador de Goblins, senhor!”, e puxou seu braço, com os lábios contraídos. — Você tem que encontrar uma melhor, você sabe, maneira de… falar…
— É a verdade, não é?
— É por isso que é tão importante ser cuidadoso com a forma de falar.
— Hmm.
Matador de Goblins deixou escapar um bufo rude, mas ele só podia ficar em silêncio.
Lagarto Sacerdote balançou a cauda alegremente com a visão de seu amigo enervado, mas o seu tom foi sério.
— Se eles estão nos esgotos, as nossas artimanhas habituais não funcionarão.
— Estava mesmo enjoada dos nossos truques habituais, de qualquer forma — disse Alta-Elfa Arqueira, abatida. — Eles são… estranhos. — Ela deu um soco gentil no cotovelo dele. — Você sabe o que quero dizer, né?
— Sim. — Matador de Goblins assentiu. — Nós temos que entrar e os destruir, mas o subsolo é uma área grande. Seria problemático se alguns escapassem.
— Não! Estarmos nos esgotos significa que estaremos bem abaixo de todo mundo que vive aqui. Entende?
Ela não sabia por que ficou surpreendida. Orcbolg tinha sido assim desde que o tinha conhecido. Incendiar fortalezas, fazer as pessoas se encharcarem de vísceras, matar goblins das formas mais terríveis, os afogando, usando táticas de ondas humanas…
— Sem fogo! Sem água! Sem gás venenoso! Sem entranhas!
— Já te disse, não tenho a intenção de usar nenhum desses — respondeu ele, com um tom que ele reservava normalmente para repreender Sacerdotisa, pegando Alta-Elfa Arqueira desprevenida.
Suas longas orelhas se agitaram pelo aborrecimento, mas foi ela quem finalmente disse “bom”, e desistiu.
Lagarto Sacerdote ignorou seu sussurro de “o que deu nesse cara?” e disse: — Mas, por que não seus vigias noturnos ou seu exército para lidar com essas criaturas? — Ele bateu no chão de pedra com sua cauda para enfatizar suas dúvidas. — Eu não estou familiarizado com a situação dessa cidade, mas certamente isso não está para além da sua competência.
— Eles…
— …com certeza te disseram que não tinha necessidade de envolver os militares por algo tão trivial como goblins — disse Matador de Goblins bruscamente quando Donzela da Espada hesitou.
Donzela da Espada olhou um pouco para baixo, e seus lábios tremeram. Uma resposta mais elegante.
Não era difícil de entender.
Os aventureiros vieram aqui justamente porque os vigias noturnos e o os militares não se envolveram.
Os vigias noturnos pegavam dinheiro para treinarem e se equiparem, e as suas famílias viviam na cidade. Se fossem feridos ou mortos, uma pensão tinha que ser paga aos seus familiares.
Quão diferente era com os aventureiros, que assumiam a responsabilidade toda por si mesmos.
Sobretudo, a ressurreição do Senhor Demônio na primavera ainda estava fresca em suas mentes.
— Não se pode fazer nada, eu suponho — disse Anão Xamã com um suspiro e um afago em sua barba branca. — Muitos desses demônios ainda perambulam ao redor da Capital. Acho que é para isso que os aventureiros servem…
— Mrrm. Dois grandes pontos problemáticos são o dinheiro humano e a política humana — disse Lagarto Sacerdote.
— Estou extremamente envergonhada em admitir a verdade de suas palavras — disse Donzela da Espada, como se confessasse um pecado.
As tragédias nesse mundo eram muitas e intermináveis.
Como Donzela da Espada tinha dito, desde o começo do mundo, a lei e a ordem fora a menor luz.
Ninguém tinha o poder de mudar isso, mesmo ligeiramente.
Mesmo a Mãe Terra, que oferecia salvação para aqueles que foram corrompidos, sua salvação era apenas para aqueles que a desejavam, pediam e rezavam por ela…
Por isso que os monstros eram conhecidos como os Que-Não-Rezam.
E, no entanto…
— Eu não me importo muito com coisas assim — sussurrou Donzela da Espada, virando o rosto de lado.
Ela parecia uma mocinha que tinha feito alguma coisa embaraçosa.
— Não me importa. — Matador de Goblins cortou a conversa com palavras secas. — Como é que entramos no subterrâneo?
— …
Os olhos de Donzela da Espada passaram por todo seu capacete como se procurando alguma expressão.
— Ei.
— Ah. Sim, desculpe.
A voz que respondeu sua chamada estava de alguma forma distante, quase desvairada.
Donzela da Espada mexeu no decote do seu vestido fino, retirando um pedaço de papel de seus seios generosos.
A folha dobrada parecia bastante velha; parecia ser um mapa dos esgotos.
— Acho que seria melhor para vocês entrarem nos esgotos através do poço no jardim detrás desse Templo.
Seus dedos magros e brancos acariciavam o mapa enquanto ela o estendia no chão. O velino amassado fez um farfalho quando ela o desdobrou.
— Então, durante as investigações, eu ofereço a vocês esse Templo como alojamento.
— Hum.
Matador de Goblins fazia um som suave enquanto estudava o mapa. Ele estava descolorido, já roído por insetos, contudo, mostrava a dimensão dos esgotos. Talvez tivesse feito algum sentido para arquitetos velhos, mas agora…
— É como um labirinto — disse Sacerdotisa preocupadamente, olhando para o mapa, sobre o ombro de Matador de Goblins.
Os goblins atravessavam completamente o labirinto subterrâneo para atacar os humanos? Enfrentar eles seria muito mais difícil do que combater outros monstros, mesmo poucos.
Talvez eu esteja apenas nervosa. Ele tinha reparado que ela deslocava discretamente seu olhar para ele?
Matador de Goblins trouxe o mapa mais perto, depois o tocou levemente.
— Quão preciso é esse mapa?
— Esses são projetos antigos de quando o Templo foi construído…
Donzela da Espada balançou a cabeça suavemente. O gesto formou lindas ondas através dos seus belos cabelos.
— Mas a água da cidade flui lá embaixo. Se nada entrou em colapso, não consigo o imaginar muito diferente disso.
— Está bem.
Com um aceno, ele enrolou indiferentemente o mapa e o jogou pelo ar.
Lagarto Sacerdote estendeu habilmente o braço e o apanhou com suas garras afiadas.
— Você é o nosso guia.
— Certamente.
— Então vamos. Não temos tempo a perder.
Não muito tempo depois de ter falado, Matador de Goblins partiu com seu passo ousado.
Os outros aventureiros olharam uns para os outros, então assentiram impotentes.
— Bem, esse é Matador de Goblins de sempre — disse Alta-Elfa Arqueira suavemente, se levantando. Ela ajustou seu arco grande em suas costas, contou as flechas, depois foi atrás dele apressadamente.
Os passos dos elfos eram tão silenciosos que eles deveriam pesar nada; Lagarto Sacerdote achou tudo praticamente inaudível. Ele abriu delicadamente o mapa que ele tinha apanhado, confirmou duas vezes, dobrou ele de novo, e o colocou cuidadosamente na bolsa dele. — Parece haver ruínas mais adentro, mas não saberemos até vermos por nós mesmos.
— Como você disse. E não podemos contar com a nossa moça orelhuda para liderar o caminho. Corta-barba é outra história.
Anão Xamã tocou sua barba, incapaz de ver eles entrarem em tal situação perigosa sozinhos.
Os dois se gabaram, então se levantaram, parecendo satisfeitos.
— Você deve nos dar licença então. Devemos ir andando.
— Não posso deixar a orelhuda e Corta-barba esperando!
E os dois partiram.
Sacerdotisa também não teve tempo para rir.
Correndo para preparar seu equipamento, ela endireitou suas vestes e parou.
— Bem, hum, senhora arcebispa. Eu… Eu também vou indo.
Uhum. Ela agarrou seu cajado com as duas mãos e curvou a cabeça para Donzela da Espada.
— Se me permite… — anunciou Donzela da Espada para Sacerdotisa, que se virou para sair. Ela estendeu a mão fina como se a chamando.
— Sim? — perguntou Sacerdotisa, olhando questionadoramente para ela.
— Talvez não caiba a mim perguntar isso, como uma registradora de missão…
Sacerdotisa não podia entender bem a expressão de Donzela da Espada enquanto ela falava. Todas as emoções pareciam ter deixado seu rosto lindo, como um recuo da maré. Era difícil escapar da sensação que ela tinha vestido uma máscara.
— Mas, você não está com medo?
Sua pergunta foi calma, mas clara.
Sacerdotisa franziu a testa um pouco; seus olhos vagaram pelo lugar. O que ela deveria dizer?
— Eu… Sim. Eu tenho medo. Mas…
Então, ela não disse mais nada. Ela nunca tinha deixado de estar com medo, não desde que ela tinha entrado em um covil de goblins em sua primeira vez naquele dia, há muito tempo.
E, no entanto…
Seu olhar desviado seguiu aqueles aventureiros, caminhando à frente dela, um pouco longe…
Um homem-lagarto enorme. Ao lado dele, um anão atarracado. Uma elfa magra. E…
Um guerreiro. Usando um capacete de aparência inferior, uma armadura de couro suja com um pequeno escudo redondo e uma espada que parecia ter um tamanho estranho.
— Hee-hee.
Ali parada, quase sozinha, um sorriso brotou no rosto de Sacerdotisa.
Ela era uma discípula da Mãe Terra, mas se ela fosse rezar para o Deus Supremo ela ia pedir uma coisa:
Que ela nunca ficasse sem nenhum desses companheiros.
— …Tenho a certeza de que ficaremos bem.
E com isso, ela ofereceu timidamente uma oração baixinho.
Tradução: Kakasplat (3 Lobos)
Revisão: JZanin (3 Lobos)
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