Satou aqui. Nunca fui de fininho para o quarto de alguém ou outra pessoa foi de fininho para o meu, mas se eu tivesse a chance, gostaria que fosse uma mulher sexy.
Quando acordei de um sono agitado, uma jovem nua estava montada em meu torso.
… Uh, isso é um sonho, certo?
Isso me lembrou de muito tempo atrás, quando visitava meu avô no campo durante um longo período de férias e minha irmã mais nova ou prima mais nova pulava em cima de mim na cama para me acordar.
A única diferença era que essa garota estava completamente nua e, decididamente, não tinha o ar inocente das minhas jovens parentes.
A jovem, que estava avançando lentamente, fez um último grande movimento e acabou se aninhando em meu peito nu. Sua expressão poderia ser mais próxima de uma mulher do que de uma menina.
— Oh, querido, te acordei?
Percebendo que eu não estava dormindo, a garota de cabelo lilás me deu um leve beijo na bochecha.
— Hee-hee, beijei você. — Soando como se tivesse feito uma brincadeira inteligente, Arisa se levantou com a mão no meu peito e sorriu para mim um pouco timidamente.
Encantado com sua expressão adorável, não pude deixar de dar um tapinha em sua cabeça.
Espere, adorável?
Claro, era fofo, mas eu definitivamente queria tomar cuidado sobre ter qualquer sentimento por essa jovem.
Banindo essas pequenas preocupações para o fundo da minha mente, olhei para ela.
O contorno de seu corpo brilhava com uma luz violeta pálida. Muito misterioso.
— Não me olhe assim. É constrangedor. — Aparentemente, acabei a encarando. Parecendo bastante descontente, Arisa beliscou meu nariz.
Sentindo-me confuso, como se tivesse voltado a ser um menino, rapidamente desviei o olhar. Como se tivesse imaginado, o brilho violeta que tinha visto antes havia desaparecido, deixando para trás apenas alguns traços tênues em seu cabelo.
Seguindo seus cachos para baixo, meu olhar acidentalmente acabou em seu peito magro.
— Sério… os homens são tão pervertidos. — Arisa timidamente abaixou a cabeça para que mais de seu cabelo caísse sobre seu peito.
Murmurando palavras de desculpas apressadas para Arisa, pensei sobre a sequência de eventos que me trouxeram para esta situação.
Quanto ao que aconteceu depois que adquiri as duas meninas do vendedor de escravos…
— Em todos os momentos, dia ou noite, sempre servirei ao meu mestre com todas as minhas forças.
Arisa, a garota de cabelo lilás, disse essas palavras durante a cerimônia de contrato. Nem a Lulu, de cabelo preto, nem as garotas bestas disseram nada, então talvez fosse apenas ela tentando ganhar pontos?
Assim que o contrato de escravidão foi concluído, paguei a Nidoren, o comerciante de escravos, com uma moeda de ouro.
Queria libertar as meninas de sua condição de escravas, mas ele me impediu.
Dada a severidade do ódio no norte do Reino Shiga por demi-humanos, disse que qualquer demi-humano libertado (exceto fadas) seria tratado pior do que escravos, se tivessem permissão de entrar na cidade.
Além disso, as garotas mais novas começaram a se agarrar a mim e a chorar enquanto me imploravam para não abandoná-las, então parecia que deixar esse assunto de lado era minha única opção. Talvez eu possa investigar novamente se formos para a velha capital no sul do Reino Shiga ou algo assim.
Percebendo que eu não sabia muito sobre ser um mestre, Nidoren me ensinou sobre a propriedade e o treinamento de escravos. Ele disse que ficaria por perto até meio-dia depois do dia seguinte e me pediu para voltar se tivesse mais perguntas ou quisesse fazer outra compra. Apreciei o conselho, mas definitivamente não estava procurando adicionar ainda mais escravos ao meu grupo.
Durante a cerimônia, adquiri a habilidade “Contrato”. Pensei que isso poderia significar que seria capaz de libertar as meninas, mas acabou não sendo tão simples.
“Contrato” exigia um canto particular. Devia ser alguma habilidade mágica especial relacionada ao juramento. Mas, aparentemente, poderia ser usado para mais do que apenas escravidão.
Fora da tenda, nosso pequeno grupo começou a fazer as apresentações.
— Bem, então, por favor, permita-me apresentar mais uma vez. Sou Arisa, nascida do agora perdido Reino Kuvork. Atualmente tenho onze anos, ainda faltam quatro anos para a idade adulta, mas farei o meu melhor para atender às suas necessidades, mesmo nos cultos após o anoitecer. Por favor, cuide bem de mim.
Terminando sua apresentação com uma declaração totalmente diferente de sua idade, Arisa segurou as pontas de sua saia e fez uma pequena reverência. Foi um movimento elegante, mas o comprimento curto de sua saia simples significava que a deixava bastante exposta, então eu rapidamente voltei meu olhar para seu rosto e dei uma resposta rápida.
— Prazer em conhecê-la. Meu nome é Satou.
Definitivamente não quero nenhum “culto após o anoitecer” com uma garotinha, obrigado.
— … Meu nome é Lulu. Tenho quatorze. Também sou do Reino Kuvork. Por ser magra e feia, não acho que um corpo como o meu seja muito adequado para… serviços noturnos, mas… vou trabalhar tanto quanto qualquer cavalo ou gado, então, por favor, não me abandone.
A franja de Lulu caiu sobre seus olhos baixos quando ela se apresentou. A garota tinha uma voz doce, um soprano suave e claro, embora um pouco trêmula. Por magra, estava aparentemente se referindo a seu busto tamanho B, que pensei que na idade dela parecia indicar um futuro promissor, mas talvez a regra de “quanto maior, melhor” não se aplique neste mundo?
Digo, desde que sejam macios, qual é a diferença!
Bem, não era como se eu fosse solicitar quaisquer “serviços” da Lulu também.
Não tinha planejado comprar Lulu junto com Arisa, mas Arisa me implorou. Não consegui recusar uma menina implorando com lágrimas nos olhos para não se separar de sua irmã mais velha.
Além disso, estava planejando libertar Arisa da escravidão assim que descobrisse o que ela sabia sobre este mundo e o Japão, então era melhor mantê-la junto com sua família. Ambas as meninas eram lindas, mas eram claramente de duas etnias diferentes; meu palpite é que eram meias-irmãs que compartilhavam um dos pais, ou simplesmente irmãs adotivas.
De qualquer forma, era ridículo que essa jovem se descrevesse como feia, mesmo sendo modesta.
Mesmo com o rosto parcialmente escondido, percebi que possuía uma beleza tradicional que venceria qualquer concurso do país. Francamente, ela era meio que meu tipo. Se tivesse a personalidade adequada, ficaria tentado a pedir a ela em casamento quando ficasse mais velha.
Opa, não posso deixar meus pensamentos fugirem de mim desse jeito, ou vai parecer que estou olhando maliciosamente para ela. Bati na minha testa para afastar quaisquer pensamentos malignos.
Depois das irmãs, pedi às meninas bestas que se apresentassem.
— Meu nome… é Pochi.
— Tama.
Acho que Pochi e Tama estavam se sentindo tímidas, já que foram muito breves.
Ao ouvir seus nomes, Arisa respondeu com uma leve contração nas bordas dos lábios, mas não fez nenhum comentário.
— Eu sou Liza, da tribo escama laranja. O vilarejo em que nasci foi destruído por homens-doninha e fui vendida como escrava no Reino Shiga. Felizmente, nosso mestre mais que maravilhoso me encontrou…
Já chega, Liza.
Arisa e Lulu não pareciam ter preconceitos contra demi-humanos, já que não reagiram mal quando as garotas tiraram seus capuzes e revelaram seus rostos. Talvez os demi-humanos não fossem tão odiados em outros países?
Já que as duas garotas mais novas pareciam aceitá-las tão naturalmente, não demorou muito para Pochi e Tama se acostumarem com elas também. Enquanto permitiam que ela tocasse suas orelhas com curiosidade, Arisa olhou para mim.
— Estou surpresa que você tenha conseguido escravas com orelhas de animal como estas.
— Bem, simplesmente aconteceu.
Agora que ela mencionou isso, eu tinha inicialmente entendido mal, já que havia um monte de povo-cão e povo-gato na Cidade de Seiryuu, mas Pochi e Tama eram na verdade as únicas demi-humanos com orelhas de cachorro e de gato não apenas na cidade, mas em todo o condado.
— Essas duas parecem ser humanas, mas têm orelhas e rabos do povo besta, então foram abandonadas no nascimento… Ainda assim, são boas meninas, então por favor, não as trate mal. — Liza disse para Arisa e Lulu.
Pochi e Tama tinham os títulos de Escrava de Satou, Criança Trocada, Conquistadora de Labirinto e alguns títulos de Matadora relacionados a combate. Parecia que a pedra Yamato exibia apenas o primeiro.
Se Criança Trocada, um título oculto, não tinha seu significado usual de fantasia, eu me perguntava se era algum tipo de característica hereditária.
— Como poderíamos não gostar delas? Eles são tão terrivelmente fofas!
— Fooofas?
— Tama é fofa, senhor!
— Pochi é fofa tambéééém!
Pochi e Tama se contorceram timidamente, aparentemente satisfeitas com o elogio de Arisa.
Parecia que se dariam muito bem.
— Bem, vamos voltar para a pousada? — Parecia bobagem ficar do lado de fora da tenda do mercado de escravos para sempre, então falei com as cinco e decidimos voltar.
Arisa deslizou para envolver os dois braços em volta do meu esquerdo. Esse contato parecia um pouco excessivo, mas achei que devíamos pelo menos dar as mãos para que as crianças não se perdessem, então não me importei muito.
Pochi e Tama lutaram para pegar meu outro braço, mas não conseguiram decidir quem o pegaria, então no final Liza pegou as duas e as carregou como bagagem.
Aparentemente desistindo, as garotas ficaram moles em seus braços, permitindo que seus membros balançassem livremente… Elas realmente gostam de fazer isso.
Parecia que Liza estava tendo problemas para carregar as duas junto com sua lança, então peguei a arma por um tempo. Lulu se ofereceu para carregá-la para mim, mas parecia muito pesado para uma garota delicada como ela, então eu mesmo carreguei.
O sol estava começando a se pôr, o que deve ter sinalizado a hora do jantar; cheiros deliciosos emanavam das barracas de rua da praça.
Comer fora parecia ser o padrão no bairro oeste, pois até mesmo as pessoas com roupas de aparência menos abastada faziam pedidos nos carrinhos.
Em uma olhada melhor, vi que havia até escravos com colar entre os plebeus recebendo comida. No entanto, em vez de comerem em mesas com as outras pessoas, estavam sentados no chão para comer.
Grrgrrrgwr…
Ouvindo um barulhinho fofo, me virei para ver que Lulu tinha ficado vermelha.
Sua expressão tímida era adorável. Ela definitivamente não poderia ser um interesse romântico agora, mas eu aguardava por um futuro distante.
— Cheira bem, não é? Vamos jantar aqui antes de voltarmos. O que vocês querem comer?
Não que eu realmente precisasse perguntar.
— Caaaaarne?
— Carne seria bom, senhor!
— Mestre, tudo o que você escolher nos fornecer será sempre apreciado, mas se eu me atrever a fazer uma sugestão, acredito que a carne de frango seria verdadeiramente divina.
Sim, foi o que pensei que diriam.
— Deveria pensar que um escravo tem que ficar feliz apenas por receber qualquer alimento.
Arisa inclinou a cabeça com uma expressão curiosa, então perguntei o que ela estava acostumada a comer.
— No caminho para a Cidade de Seiryuu, pão de centeio e sopa salgada quente eram o melhor banquete que poderíamos esperar.
Acho que isso era bastante normal.
Mas fiquei surpreso com suas respostas quando fiz a mesma pergunta às meninas bestas.
— Noooozes?
— Ervas, senhor.
— Escravos demi-humanos como nós geralmente recebem uma refeição por dia, na melhor das hipóteses, então aprendemos a matar a fome comendo nozes, frutas vermelhas e plantas que podíamos encontrar nos parques públicos, qualquer coisa comestível, na verdade. Quando conseguimos pegar pequenos animais, dividimos a carne com nossos companheiros escravos.
Elas compartilharam sua comida mesmo em uma situação tão desesperadora? Eu me perguntei se o povo besta tinha personalidades naturalmente gentis ou talvez cresceram em ambientes onde essa cooperação era a norma.
Bem, enquanto elas estiverem comigo, gostaria de pelo menos deixá-las comer o quanto quiserem.
— Jovem mestre!
Uma voz alta ecoou pela praça.
Quem quer que essa pessoa estivesse chamando, devia ter uma audição terrível ou algo assim, porque o grito alto foi repetido algumas vezes sem sucesso.
— Mestre! — Liza me chamou e eu me virei para ela.
— O quê?
— Parece que o cavalheiro na barraca está chamando você, mestre…
Por sugestão educada de Liza, me virei em direção à fonte da voz para ver um homem desconhecido acenando para mim.
— Você finalmente percebeu! Jovem mestre!
Uh, quem é você?
— Mestre, esse é um dos homens que resgatamos dos ataques dos slimes.
— Ah, certo.
Desde que vim a este mundo, pensei que era capaz de me lembrar de rostos perfeitamente, mas, pelo visto, isso só funcionava se eu fizesse um esforço consciente para me lembrar de alguém.
De qualquer forma, me sentiria mal por ignorá-lo, então fui até lá.
— Jovem mestre, por favor coma alguma coisa, se quiser! As jovens também podem comer, é claro!
Com um grande sorriso no rosto, o homem de meia-idade nos levou a uma pequena área atrás da barraca.
Bem, acho que não poderíamos dizer não.
Eu podia sentir o cheiro de algum tipo de prato à base de carne, então as garotas bestas com certeza iriam gostar do lugar.
— Por que você estava gritando… Oh, temos clientes?
— Eu te disse antes, não disse? Esses são as escravas demi-humanas que salvaram minha vida no labirinto e o jovem mestre que providenciou melhores condições na masmorra!
— Oh? Você quer dizer aquele absurdo sobre colocarem carne, hein?
— Não era um absurdo!
Uma mulher corpulenta carregando um balde de água em cada mão apareceu atrás da barraca. A julgar pela conversa, ela parecia ser a proprietária do lugar.
— Bem então. Estamos gratos por salvar a vida do meu marido. Hoje é por conta da casa, então comam até não conseguirem se mover mais um centímetro, ouviram?
— Ebaaa!
— Uau, senhora!
— Estamos realmente gratos por sua gentileza.
Ao primeiro sinal de comida grátis, Pochi e Tama jogaram as mãos para o ar com alegria.
— Oh meu, você é educada para uma escrava. Você é uma daquelas escravas tutoras?
— De modo nenhum; me especializo apenas em trabalho físico. A escrava que me ensinou a língua Shigan era ainda mais educada do que eu. — Liza respondeu em um tom quieto, quase nostálgico.
Depois de observar seu perfil pensativo por um momento, olhei ao redor da área. Eles não deviam ter aberto ainda, já que não havia mais ninguém lá além de nós.
Perguntei ao marido e à esposa proprietários do lugar se as meninas podiam sentar-se em alguns banquinhos. A esposa franziu a testa um pouco no início, mas rapidamente se lembrou de que salvamos a vida de seu marido e muito amigavelmente me concedeu permissão.
No entanto, disse que poderia causar problemas se outros clientes as vissem, então ela arrumou uma tela de partição para separar nossa área do resto antes de pedirmos nossa comida.
— Desculpe deixá-los esperando. Isso é feito com entranhas de veado-vermelho, cortado para nós pelo nosso bom amigo açougueiro — o lojista disse com orgulho, colocando um prato fundo de ensopado na frente de cada pessoa à mesa. Pouco depois, uma grande cesta cheia de batatas cozidas no vapor também foi colocada no meio da mesa.
Além das entranhas de veado, o ensopado continha carne, feijão-verde chamado soja Shiga, que era mais ou menos do tamanho de uma vicia faba e algumas nozes que pareciam gingko, com casca e tudo. Esta coisa escura e magra é bardana?
Pochi e Tama tinham brilho nos olhos enquanto olhavam para o ensopado de carne. O rosto de Liza permaneceu inafetado e adequado, mas sua cauda traiu seus verdadeiros sentimentos, batendo no chão com entusiasmo.
— Bem, vamos comer antes que esfrie.
Antes de comer, Arisa juntou as mãos e agradeceu rapidamente pela comida, e Lulu seguiu seu exemplo.
Como havia trabalhado para uma empresa, adquiri o hábito de sair para comer, então não ensinei às garotas bestas o costume japonês de agradecer antes e depois de uma refeição.
Mas eu as tinha ensinado a lavar as mãos antes de comer e a usar utensílios e outras coisas.
— Está quente, senhor!
— Queeeente, queeeente!
Pegando a comida com pressa, as meninas bestas ficaram alarmadas ao descobrir que o ensopado estava bem quente.
— Tem que soprar primeiro, assim.
— Kaaay!
— Sim, senhor!
Assistindo-me ensinar Pochi e Tama como soprar sua comida para esfriá-la, Arisa cobriu a boca com a mão e abaixou a cabeça. Com minha habilidade de “Audição Aguçada”, eu a ouvi murmurar: “Você está tentando me matar com fofura ou o quê?”, mas fiz o meu melhor para ignorá-la.
— Gostoso, gostosooo!
— É delicioso, senhor!
Pochi e Tama estavam fazendo uma bagunça, segurando os garfos desajeitadamente em suas pequenas mãos. As duas pareciam que iam enterrar os cabelos no ensopado a qualquer momento, então puxei um barbante e amarrei seus cabelos. As outras pareciam com ciúmes, então eu dei barbante para cada uma delas.
Claro, estavam comendo sem problemas.
Liza enfiou o garfo em cada pedaço de carne e mastigou com uma expressão séria. Mesmo jantando, ela deu a impressão de que estava de alguma forma treinando.
Arisa e Lulu ficaram em silêncio, mas não era tanto por desgosto quanto por desespero para comer. Arisa se conduziu com relativa graça, mas ainda conseguiu colocar tanto ensopado em sua boca que suas bochechas incharam um pouco. Ela parece um esquilo bonitinho.
Lulu também era reservada, mas totalmente concentrada em comer.
— Isto é verdadeiramente delicioso.
— Tão suave e maciooo!
— Esta parte é crocante, senhor!
Assim que Liza elogiou o ensopado, Pochi e Tama fizeram o possível para imitá-la. Arisa e Lulu, também, concordaram com a cabeça enquanto cobriam a boca com as mãos.
Okay, eu realmente deveria parar de olhar todos e começar a jantar.
Certamente cheirava bem, então coloquei um pouco de ensopado em minha colher e levei aos lábios.
Hmm. Um pouco salgado, mas ainda bem saboroso. Aparentemente, havia muitos trabalhadores nesta área, então provavelmente era temperado para atender seus gostos.
As entranhas deixam alguns pratos deliciosos, pois você pode desfrutar de muitas texturas e sabores diferentes, mas algumas pessoas não gostam do cheiro. Nesse caso, porém, nossos anfitriões devem ter usado algum tipo de preparação especial ou ervas específicas, porque não cheirava mal.
— O que está achando da sopa, jovem mestre?
— Deliciosa, tão boa quanto a comida do castelo.
— Oh, eu não iria tão longe. — O lojista coçou o lábio superior e riu com vontade, escondendo seu constrangimento.
Meu elogio deve ter agradado a ele, porque logo voltou com ainda mais comida.
— Jovem mestre, gostaria de experimentar isso também?
O prato que ele me ofereceu estava carregado com o que parecia ser intestinos grossos fritos, cozidos com uma erva semelhante a cebolinha. Em sua outra mão estava outro prato menor, este com fatias finas de coração e fígado fritas.
— Isso é muito extravagante.
— Sim, então coma enquanto está quente e gostoso!
— Os caçadores têm trazido todos os tipos de caça ultimamente. Conseguimos estoque mais barato do que o normal, então vá em frente! Encha-se!
Ufa, eu estava feliz que minha Chuva de Meteoros não tivesse matado todos os animais selvagens ou algo assim. Só esperava que isso não fosse uma bandeira para algum monstro vilão aparecer do fundo das montanhas ou algo assim.
Deixando de lado essas preocupações, achei melhor aceitar a oferta do casal e comer o quanto quisesse.
Lulu parecia especialmente tímida, então servi um pouco da carne para ela em um pequeno prato.
Então, de alguma forma, isso me levou a distribuir porções para todas.
> Habilidade Adquirida: “Serviço”
Ganhei uma habilidade estranha de tudo isso, mas não queria colocar nenhum ponto de habilidade nisso.
Toda a comida do prato grande estava deliciosa, mas achei o fígado especialmente saboroso. Aposto que seria ótimo cru, embora uma intoxicação alimentar fosse uma preocupação.
Com a empolgação de experimentar um prato de carne de novo, Tama e Pochi devoraram a comida do pratinho em um piscar de olhos e começaram a comer os intestinos fritos.
— Picantii…
— M-muito picante, sinhô…
Ambas haviam dado uma grande mordida, mas, aparentemente, não eram fãs de comida picante. Suas expressões eram impossíveis de expressar em palavras; se fosse um mangá, eu diria que tinham Xs no lugar dos olhos.
Elas não estavam erradas, mas para alguém como eu, que estava acostumado com alimentos superquentes, o gosto era perfeitamente normal. Na verdade, eu mal conseguia sentir o sabor picante, a menos que fosse fisicamente doloroso, o que provavelmente não era um bom sinal.
— Acredito que estes foram cozidos com pimenta em pó. Pochi, Tama, se for demais para vocês, não precisam se forçar a comer. Vou assumir essa responsabilidade em seu lugar.
Por consideração a Pochi e Tama, Liza se ofereceu com gosto para comer sua porção dos intestinos.
Tendo devorado seu ensopado, Pochi e Tama sentaram-se com os garfos na boca, observando Liza com inveja.
Talvez sentindo pena delas, Arisa deslizou sua porção de fígado em seus pratos. É possível que ela simplesmente não tenha gostado, mas Pochi e Tama ficaram tão emocionadas que pareciam prestes a pular de seus assentos.
Deixando, as garotas bestas definitivamente pareciam ainda estar com fome, então me levantei para pedir mais comida.
— Mestre, se precisar de alguma coisa, deixe-me cuidar disso. Qual é o seu pedido?
— Oh, está tudo bem. Só ia pedir mais comida, e talvez parar na próxima barraca para comprar casacos e sapatos para Arisa e Lulu enquanto estou acordado.
— S-se você precisar comprar algo, eu posso…!
Liza e Lulu ficaram de pé. Pochi e Tama congelaram enquanto mastigavam o fígado, olhando para mim sem mover a cabeça.
— Todas, fiquem aqui e continuem comendo. Isso é uma ordem, entenderam?
Eu provavelmente poderia simplesmente ter ido às compras mais tarde, mas continuei vendo o peito de Lulu do outro lado da mesa, e isso estava me incomodando. Ao lado dela, o tórax plano de Arisa estava muito aberto, também, mas isso era menos problemático.
— Você precisa de algo, jovem mestre?
— Sim, gostaria de mais ensopado, por favor.
— É pra já.
Me senti mal por pedir mais comida enquanto estavam nos dando de graça, então enquanto o marido preparava a comida, dei à esposa algumas moedas grandes de cobre para as porções extras. Enquanto fazia isso, perguntei se não tinha problema em trazer mercadorias de outras barracas, e ela prontamente permitiu.
A proprietária foi chamada para ajudar um cliente com um pedido de comida para viagem, então perguntei ao marido, enquanto ele cozinhava, se poderia recomendar uma barraca com bons espetos de frango grelhado.
— Frango grelhado? A barraca com a bandeira vermelha na frente é boa. Todos os outros fazem um péssimo trabalho de preparação. — Segundo o lojista, alguns até cortavam a carne em pedaços ao acaso e cozinhavam sem nenhum preparo posterior.
Agradeci ao homem e me dirigi para a barraca com a bandeira vermelha. Eles tinham apenas frango salgado, não agridoce, mas cedi ao cheiro de gordura torrada e comprei um para comer na hora.
Era exatamente o que eu esperava, recém-assado em fogo de carvão. Apenas uma mordida fez um rio de suco escorrer pelo meu queixo. Tinha a quantidade perfeita de sal, não sal de cozinha, mas algo com um sabor mais complexo, como sal grosso.
Aah, agora eu quero uma boa cerveja gelada.
Depois de elogiar a deliciosa comida do lojista, pedi mais trinta para as meninas.
No caminho de volta, vi um flash de luz em um beco próximo, então fui dar uma olhada. Incontáveis pares de luzes, suspensos na escuridão, olhavam para mim.
… Cães?
Antes que meus olhos pudessem terminar de se ajustar à luz, um pop-up de RA revelou sua verdadeira identidade.
Aparentemente, eram crianças cães escravas. Também havia algumas crianças gato.
Quando dei um único passo para mais perto, os pares de olhos flutuantes pareciam tremer.
Mais um passo e finalmente fui capaz de vê-los na escuridão.
Pareciam um grupo de cachorrinhos sentados eretos. Eram fofos como poderiam ser, como bichos de pelúcia ou algo de um programa de TV infantil. Como alguém poderia odiá-los…?
Seus olhares estavam focados no espeto de frango comido pela metade em minha mão. Alguns fecharam os olhos e cheiraram o ar, extasiados, apreciando o cheiro.
— Querem um pouco?
— … Sss, ssseri-o, senhooor?
Uma das crianças respondeu com uma voz difícil de entender. Muito provavelmente, a estrutura de suas bocas tornava difícil falar a língua Shigan.
Acenando para ele gentilmente, dei a todos o frango que acabara de comprar, ainda embrulhado em folhas enormes.
— Compartilhe com todos, okay?
— S-sim, senhooor!
— Obrigadooo!
Acenei para as crianças enquanto me agradeciam em uníssono, depois voltei para a barraca com bandeira vermelha. Desta vez, realmente tenho que levar para as meninas.
Enquanto esperava os espetos, peguei os casacos e as botas para Arisa e Lulu que quase esqueci de comprar.
Os espetos de frango grelhado provaram ser muito populares, ganhando um sorriso não só de Arisa, mas até de Lulu. E Liza parecia estar estranhamente sufocada com lágrimas de gratidão.
— Tô cheeeeeeia!
— Tão feliz, senhor!
Depois de devorar o ensopado até a última gota, Pochi e Tama soltaram suspiros de contentamento. As outras três, é claro, também se fartaram. Liza, em particular, estava sem palavras se deleitando com o brilho posterior da refeição.
Agradeci a ambos os lojistas pela comida deliciosa, reuni todas e voltei para a pousada.
— Bem-vindo a nossa… Sr. Satou?!
Quando finalmente chegamos à Pousada da Frente, a voz animada de Martha estava lá para nos cumprimentar. Sem nem mesmo pegar a bandeja que havia deixado cair, ela correu e me deu um leve abraço.
A senhoria saiu em seguida, abrindo caminho pela multidão que nos observava com curiosidade da entrada.
— Ouvimos tudo daquela jovem Sra. Marienteil. Deve ter sido horrível! Nós mantivemos seu quarto do jeito que você o deixou, então pode descansar imediatamente, mas… Nossa, parece que há mais algumas pessoas com você agora.
— Sim, eu não teria conseguido sair do labirinto vivo sem a ajuda dessas crianças.
Bem, Arisa e Lulu se juntaram após o fato, mas eu não queria explicar, então deixei por isso mesmo.
— Labirinto? — Uma pequena voz murmurou atrás de mim. Terei que explicar isso mais tarde.
— Então, eu gostaria de conseguir um quarto para todas também… Você tem vagas?
— Infelizmente, estamos cheios… — A resposta da senhoria foi curta. Olhei para dentro e vi o marido da senhoria carrancudo em nossa direção, de braços cruzados.
Em torno dele, os convidados curiosos que se reuniram no saguão também olharam para as garotas bestas, resmungando para ninguém em particular.
Sua animosidade era tão opressiva que me senti mal do estômago.
Escondi Pochi e Tama nas minhas costas, tentando protegê-las dos olhares furiosos.
Devemos ir encontrar outra pousada…?
Já era tão tarde… Arisa e Lulu poderiam ficar no meu quarto, e as garotas bestas e eu encontraríamos um lugar para dormir do lado de fora no parque próximo. Ainda seria mais confortável do que dormir no chão de pedra do labirinto.
— Martha, por favor, mostre meu quarto a essas duas meninas. Quanto é o custo de uma pessoa extra, senhora? Vou dormir em outro lugar com as outras três. — Não foi um pequeno esforço me impedir de cuspir as palavras para ela.
Minha mão tremia de raiva quando senti uma mão menor envolvê-la. Era Arisa.
— Mestre, por favor, acalme-se. Todas nós estamos assustadas, sendo encaradas dessa forma.
Arisa saiu na minha frente e se dirigiu à senhoria, bem como à multidão bêbada atrás dela. Embora ela tenha dito que estava com medo, sua voz era tão calma como se fosse uma adulta falando com seus colegas.
— Por favor, pode ter um canto de algum galpão ou estábulo que poderia ceder para nós? Essas meninas salvaram muitas vidas humanas no labirinto. Eu sei que as recompensas por tais feitos são normalmente reservadas para soldados, mas não poderia mostrar um pouco de compaixão?
— T-tudo bem. O galpão não serve, mas como não temos muitos hóspedes com cavalos ou carroças no momento, deve ter espaço no estábulo. Martha, mostre-lhes o caminho. Vamos trazer outra cama para o quarto do Sr. Satou. Vocês duas podem esperar no final do bar por enquanto.
O apelo eloquente de Arisa parecia ter impressionado a senhoria em conceder rapidamente permissão para as meninas bestas ficarem no estábulo. A antipatia sumiu dos rostos dos bêbados também, e eles voltaram carrancudos para as mesas.
— Fui de utilidade para você?
— Sim, você foi de grande ajuda.
Arisa olhou para mim com orgulho, e eu afaguei sua cabeça, agradecendo.
Martha nos levou ao estábulo e nos deu uma nova pilha de feno para cobrir o chão. Ela estava um pouco hesitante no início, mas assim que eu dei a ela uma moeda de prata, rapidamente nos disse para usar a quantidade de feno que precisássemos, e fiquei feliz em aceitar a oferta.
Estendi um manto impermeável sobre o feno e o cobri com um lençol confortável. Esperançosamente, isso seria o suficiente para evitar que o colchão improvisado nos arranhasse enquanto dormíamos.
Por alguma razão, fazer esta cama de palha de alguma forma me rendeu a habilidade de “Costurar”. Não fazia sentido para mim, mas parecia uma habilidade útil de se ter, então decidi considerar isso um golpe de sorte.
No lugar de cobertores, coloquei algumas peles de meus despojos de guerra e alguns tecidos de aparência macia.
Eu poderia comprar alguns cobertores e colchas mais quentes no dia seguinte… Não, acho que primeiro devia procurar uma pousada ou casa diferente para alugar.
— Fofooo!
— É como a cama do castelo, senhor!
Pochi e Tama pularam felizes na cama de palha. Enquanto Liza olhava para elas com ternura, a entreguei uma bolsa cheia de suprimentos como comida e armas.
Era contra a lei escravos ficarem armados dentro da cidade, mas o traficante de escravos Nidoren havia me explicado que era possível escapar impune se os escravos estivessem “apenas carregando os pertences de seu senhor”.
— Se algum idiota tentar entrar aqui, certifique-se de afastá-lo sem matá-lo. E se você chamar por mim, virei imediatamente.
— Sim mestre. Protegerei seus pertences a todo custo.
Os punhos de Liza estavam cerrados e seus olhos ardiam com um senso de dever, então dei a ela um aviso rápido:
— Vocês três são muito mais importantes do que meus pertences, então quero que priorizem mais sua segurança, certo? Se a situação for difícil, tem minha permissão para se livrar dessas coisas.
Objetos sempre podiam ser substituídos, mas a vida e a segurança das meninas eram outros quinhentos.
Dei permissão para comerem a comida dentro da bolsa, caso ficassem com fome. Afinal, não gostaria que passassem fome se eu dormisse demais.
Levei Arisa e Lulu para o quarto, onde a adição de uma cama extra tornava as coisas muito apertadas.
Arrumar a cama das garotas bestas demorou mais do que eu esperava, então a dupla parecia um pouco sonolenta. Na verdade, Lulu parecia exausta, seu rosto estava mais pálido do que o normal.
Queria perguntar a Arisa sobre como ela sabia japonês e tudo isso antes de irmos para a cama, mas acho que poderia esperar até o dia seguinte. Não era como se eu tivesse pressa.
— Devemos apenas ir para a cama agora?
Uma vela acesa em um castiçal fornecia a única fonte de luz, então o quarto estava bastante escuro.
Quando comecei a tirar meu casaco, Lulu correu para pegá-lo, pendurando-o em um gancho de madeira na parede. Ela tentou me ajudar a tirar meu robe também, mas eu gentilmente a interrompi.
— Está tudo bem; não preciso de ajuda. Cuidem de si mesmas.
— S-sim, senhor.
Lulu ficou em silêncio. Confuso, olhei para ver como ela estava, mas assim que fizemos contato visual, ela rapidamente deu um passo para trás, tropeçou na estrutura de madeira da cama atrás dela e caiu para trás.
— Você está bem?
— S-sim, estou bem! Estou perfeitamente bem!
Abaixei-me para ajudá-la a se levantar, mas ela se recusou em pânico.
Acho que Lulu pode se sentir um pouco desconfortável com homens.
… Na verdade, acho que essa foi uma reação bastante normal, já que eu ainda era um estranho.
— Oh? Por favor, preparem-se, então. — Eu estava tentando instruí-las a se aprontarem para dormir, mas aparentemente elas não entenderam.
Tentando dar um pouco de privacidade para se trocarem, virei as costas para elas enquanto tirava meu robe e o dobrava. Depois de alguns segundos, o som do farfalhar de roupas parou e Arisa anunciou:
— Estamos prontas — então me virei.
Uh, por que ambas estão nuas?
Foi somente graças à minha habilidade de “Cara de Pau” que consegui esconder meu espanto.
O que diabos é isso? Elas são nudistas?!
— Meninas, esses cobertores são muito finos, vocês vão pegar um resfriado se não usarem nada para dormir. — O mais calmamente possível, pedi que vestissem algumas roupas.
A pequena Arisa realmente não me incomodou, mas eu estava um pouco enojado comigo mesmo em admitir que prendi a respiração um pouco ao ver a forma inocente de Lulu, do tipo que eu só tinha visto na TV.
Só para deixar claro, não estava nem um pouco interessado em ter um relacionamento íntimo com Lulu, mas peço desculpas se dei esse tipo de impressão em um momento de fraqueza.
Com todas as minhas forças, forcei meus olhos a focar em qualquer lugar que não fosse o peito de Lulu.
Realmente deveria fazer uma visita ao bairro do prazer da Cidade de Seiryuu antes de acabar assediando alguém sexualmente. Poderia parecer ter quinze anos lá fora naquele momento, mas felizmente isso parecia ser um adulto em Shiga, então espero que eu não seja impedido de entrar lá.
As duas meninas ainda estavam nuas, então mais uma vez implorei que se vestissem.
— Vocês podem usar as camisas compridas que dei antes como camisolas.
— H-hmm, então… seus serviços… — Arisa, que estava ocupada enrolando os cobertores na cama, parou de falar.
Os “serviços noturnos” eram um padrão para escravos neste mundo?
— Não, eu não preciso de nada disso. Vou mandar vocês duas comprarem suas necessidades amanhã de manhã, então vão para a cama agora.
— Você não quer?!
Arisa parecia atordoada, mas Lulu começou a chorar lágrimas assim que as palavras deixaram minha boca. Cuidei dela primeiro, cobrindo seu corpo com um pano e oferecendo-lhe um lenço.
Mesmo para um escravo, oferecer seu corpo a algum homem de meia-idade que você acabou de conhecer, embora eu pareça ter a idade delas, deve ser demais para suportar. Não era de se admirar que ficou aliviada o suficiente para chorar.
Se fossem mulheres adultas, eu poderia ter chegado perto de pensar no assunto, mas definitivamente não faria nada a uma criança.
— Também não vou precisar desse tipo de serviço no futuro — garanti.
Lulu parecia se sentir desconfortável com os homens, então deixei o trabalho de confortá-la e enxugar suas lágrimas para Arisa.
Olhando para as duas assim, seria difícil dizer qual era a mais velha.
Quando Lulu finalmente se cansou de chorar e adormeceu, e Arisa desmaiou ao lado dela logo em seguida, coloquei um cobertor fino sobre elas, bem como uma pele como as que deixei com as garotas bestas. Com sorte, isso as manteria aquecidas até de manhã.
Era minha imaginação, ou o rosto adormecido de Arisa parecia um pouco insultado…?
Apesar de tudo, eu também estava cansado e subi na cama extra para dormir o mais rápido possível. Mesmo com os olhos fechados, ainda conseguia ver a tela do menu, então operei com meus pensamentos para desligá-la e adormecer em paz.
E isso nos traz de volta à situação que expus no início.
Estranho, não me lembrava de dormir na mesma cama que Arisa.
Afastei seu cabelo distraidamente, admirando sua suavidade. Ela sorriu adoravelmente, um pouco tímida.
Claro, ela tem um rosto bonito, mas também tem onze anos. Não sou um pedófilo.
Arisa riu um pouco, cutucando meu peito com um dedo fino.
Ainda assim, aquele dedo é meio sexy, uma voz sussurrou no fundo da minha mente.
… Sexy?
De repente, era como se minha personalidade tivesse se dividido em duas: uma parte que estava tentando aceitar o afeto de Arisa e outra que achou extremamente desconcertante. O primeiro fez o que pôde para empurrar o segundo de volta para os fundos escuros de minha mente, mas, ao primeiro sinal de dúvida, a segunda metade tenaz conseguiu voltar.
Este cabo de guerra foi interrompido, quando Arisa começou a dar beijos na minha orelha, minha clavícula e no meu peito.
Movendo-se por conta própria em resposta às suas carícias, minha mão roçou sua nuca. Você a quer, aquela mesma voz em minha cabeça falou.
Mas essa definitivamente não parecia a reação certa para uma garotinha. Não importa quais fossem as circunstâncias, isso estava definitivamente errado.
Meus pensamentos confusos começaram a clarear um pouco e usei minha mente para abrir o menu e ativar a exibição do histórico.
Aha! Tem algo aqui!
Sentei-me lentamente enquanto Arisa olhava através de seus cílios para mim. Colocando minhas mãos em seus lados, puxei-a para perto, de modo que seu rosto ficou contra meu pescoço.
Ela parecia um pouco nervosa, mas, mesmo assim, felizmente colocou os braços em volta dos meus ombros.
Inclinando-me perto de seu ouvido, eu gentilmente, mas firmemente, sussurrei uma ordem.
— Arisa, eu proíbo você de usar qualquer magia ou habilidade. Isso é uma ordem!
As mãos de Arisa se afrouxaram e ela olhou para mim com o rosto contorcido em choque.
Usei aquele momento de surpresa para adicionar outra instrução.
— E outro pedido! Cancele os efeitos de quaisquer habilidades ou magia que você já esteja usando, agora mesmo!
Dentro de instantes, o cancelamento do efeito mágico apareceu em meu histórico. As informações na tela de RA também mudaram.
Só para ter certeza, maximizei a habilidade que acabei de obter, “Resistência Psíquica”. Eu aparentemente tinha ganhado as habilidades “Visão Noturna” e “Magia Psíquica” também, mas as deixei quietas por enquanto.
— Por quê…?
— Isso é o que eu deveria estar perguntando a você! O que estava tentando fazer me manipulando com Magia Psíquica?
Era verdade; durante o confronto anterior na frente da pousada e agora, Arisa estava usando magia.
Na primeira vez, fora da pousada, foi bom. Ela havia usado dois feitiços, Campo Calmo e Campo Cansado, provavelmente para conter a hostilidade que o estalajadeiro e os clientes nutriam em relação às meninas bestas.
Mas agora, tinha usado três feitiços em mim: Pessoa Encantada, Campo de Tentação e Campo de Coração Cobiçoso.
Estava claro que queria me seduzir e me manipular de acordo com sua vontade.
Eu tinha esquecido disso com o choque de Arisa ser capaz de falar japonês, mas suas informações de RA disseram que suas habilidades eram “Desconhecidas”… Não “Nenhuma”, mas “Desconhecidas”.
— … Magia Psíquica? Eu não sei o que você quer dizer…
— Não tente me enganar ou bancar a idiota. Essa é outra ordem. Agora, o que estava tentando fazer? — Ela se desvencilhou do meu alcance, mas bloqueei sua rota de fuga, interrogando-a.
> Habilidade Adquirida: “Interrogatório”
No momento ideal. Coloquei cinco pontos na nova habilidade e a ativei imediatamente.
— Diga-me a verdade. O que você quer?
Arisa cedeu e respondeu um pouco mal-humorada:
— … Eu só queria servi-lo, mestre.
Seu ar gracioso de costume havia evaporado.
— Não consigo entender. Explique-se um pouco.
— Realmente! Você não entendeu o que eu disse? Me apaixonei por você à primeira vista, desde a primeira vez que nos vimos!
O quê? Amor à primeira vista?!
Fiquei tão surpreso com essa resposta inesperada que esqueci de continuar interrogando.
— Seu cabelo preto macio e lustroso! Sua expressão inocente! Suas características familiares e infantis! Seu físico delicado! Seus membros lisos e sem pelos! Eu só desejava um mestre assim…! Mas agora que tenho o mestre dos meus sonhos, ele não tem uso para os meus serviços?! Não posso aceitar isso! É por isso que tive que usar magia! Para que você também pudesse ficar louco por mim!
Assim que fiz uma pausa, Arisa disparou palavra após palavra contra mim como uma metralhadora, parecendo cada vez mais desesperada.
— Então, uma vez que eu ‘me apaixonasse’ por você, iria fazer uma lavagem cerebral em mim?
— Não! Não é nada disso! É como eu disse quando me tornei sua escrava. ‘Em todos os momentos, dia ou noite, eu sempre servirei meu mestre com todas as minhas forças.’ É dever de uma escrava seduzir e agradar seu mestre!
Que tipo de lógica era essa?
O que é pior, não parecia que ela estava mentindo.
Mas uma escrava não podia desobedecer às ordens de seu mestre, certo?
— Então essa é a sua história. O que você realmente queria?
— Bem, eu tentei esperar que você se arrastasse para a cama comigo, mas estava caindo no sono… então decidi pular na sua cama, e quando vi seu rosto adormecido, simplesmente não pude evitar!
Ela estava usando um tipo de expressão “Sou tola!”. Um pouco frustrado, belisquei sua bochecha. Esse tipo de punição é apropriado, eu acho.
— Oww! Ceerto, Ceeerto, sou cuulp…
Uau, as bochechas dela esticam muito. Eu estava meio que começando a me divertir, mas Arisa estava começando a chorar, então soltei.
— Mas eu fui uma boa garota por esperar no começo…
— Então você realmente veio atrás de mim por causa de seus… desejos?
— Realmente! — Ela assentiu.
— Honestamente, o que diabos você é?
Suas informações de RA são as seguintes:
Nome: Arisa
Idade: Onze anos
Nível: 10
Títulos: Escrava de Satou
Bruxa do Reino Perdido
A Princesa Louca
Habilidades: Magia Psíquica
Dons: Verificação de Auto-Status
Verificação de Status
Ocultar Habilidades
Caixa de Itens
Habilidades: Nunca Desista
Sobrecarga
Que diabos? Eu nunca tinha visto nenhuma dessas habilidades e coisas antes.
Arisa sorriu travessamente enquanto respondia minha pergunta.
— Eu sou Arisa Tachibana. Sou japonesa, assim como você.
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