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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 04 – Cap. 652 – A Bruxa e o Acidente

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A guia segurou na mão de Yorko, levando-o para o local onde a bruxa estava.

Yorko mal conseguia ver o chão direito, mas a guia não desacelerou os passos. Aparentemente, a visão dela no escuro era muito boa. Além disso, ele pôde notar que Número 76 não era mais fraca que ele. Os grandes calos na mão dela não combinavam com o corpo esbelto que ela possuía. Além de servir os convidados, ela provavelmente também exercia a função de guarda. Seria ótimo se tal pessoa pudesse ser comprada nos Mercadores Negros, pois treinar uma dessas não era algo fácil.

Embora Hill Fawkes fosse um cara esperto, ele estava sob o comando direto de seu velho amigo, Roland, e definitivamente não o seguiria para sempre. Sem falar que seria um pouco… chato um homem ser seu guarda. Seria mais apropriado trocá-lo por Número 76.

Claro, isso era simplesmente um pensamento de Yorko. Afinal, a carta negra não pertencia a ele, e as 4000 moedas de ouro já haviam ultrapassado em muito o orçamento de Otto. Gastar uma quantia adicional de dinheiro para fins próprios provavelmente complicaria sua relação com a família Luoxi, que era uma das três grandes famílias.

Após entrar numa outra caverna menor, Yorko percebeu que a maioria dos canais subterrâneos não era artificial, e sim natural, e que a luz da tocha pareceu ter ficado mais forte devido ao terreno estreito. Além disso, o céu noturno poderia ser vagamente visto por várias fendas pequenas que havia no teto da caverna. Os caminhos entrecruzados levavam para cavernas ainda mais profundas. Algumas dessas cavernas serviam como hotéis, outras como bares. Era como se fosse uma cidade subterrânea.

A presença de um guia para cada convidado realmente era algo essencial, senão seria bem fácil se perder nesse emaranhado de canais subterrâneos.

— A propósito, como eu faço o pagamento? — Yorko perguntou.

— O senhor só precisa me passar a carta negra. — Número 76 disse com um sorriso. — Eu farei o resto do procedimento para o senhor. Enquanto isso, o senhor pode visitar nossas tavernas, casinos e jacuzzis. Os Mercadores Negros fornecem quaisquer serviços, seja para diversão ou relaxamento.

— Tudo o que eu comprar será descontado da carta negra?

— Sim.

— E se eu quiser comprar você?

— O senhor só precisará pagar 500 moedas de ouro para os Mercadores Negros. — Número 76 respondeu suavemente, como se já estivesse acostumada a esse tipo de pergunta, e continuou: — O senhor quer me comprar?

— Se dar bem não é algo que está relacionado a quanto tempo passamos juntos, e sim a quanto nos divertimos. — Yorko se esquivou da pergunta e continuou: — Estou certo ou não?

— O senhor está certíssimo. — Ela riu.

— Enfim, posso dar uma olhadinha em seu rosto?

— Não mesmo. — Número 76 balançou a cabeça e disse. — Sou proibida de tirar a máscara, a não ser que o senhor me compre. É uma regra dos Mercadores Negros.

— Mas você disse antes que poderia me fornecer qualquer serviço…

— Claro… — Número 76 passou o dedo nos lábios e disse provocantemente. — Essa máscara não me impede de te servir, senhor.

Yorko se sentiu ainda mais animado.

— Chegamos. Este é o seu aposento. — Número 76 o levou até uma porta de madeira que havia no fim da caverna. Na porta estava escrito “Número 76”, que era o mesmo número da guia. — O aposento é dividido em duas áreas: externa e interna. Eu dormirei na área externa. O senhor pode me chamar se precisar de alguma coisa.

Yorko ergueu as sobrancelhas e perguntou depois de abrir a porta:

— Essa é a área externa?

A caverna era mais estreita na frente e mais larga atrás, e o espaço da área externa era apenas o suficiente para acomodar uma pessoa. Seria como dormir num estábulo, já que o chão estava coberto por palha de trigo.

— Sim, eu sei que não é muito agradável, mas estamos no subterrâneo, não é tão fácil encontrar um bom aposento aqui. — A guia falou de forma indiferente e, em seguida, abriu a segunda porta que levava para a área interna.

Da mesma forma, a área interna também não era lá muito espaçosa. O local podia acomodar somente duas camas e duas cadeiras acolchoadas.

— Mmmm! Mmmm!

Yorko viu a bruxa que ele comprou no leilão assim que entrou na área interna. Ela estava presa na parede por argolas de ferro, com as pernas e braços arreganhados, e com um pano enfiado na boca. Ela começou a se debater com medo assim que viu que alguém havia entrado.

Ele imediatamente xingou os Mercadores Negros em pensamento enquanto retorcia os lábios. Ele pensou que seu aposento seria um lugar magnífico dividido em vários compartimentos com um lugar especialmente usado para prender os escravos, mas acabou que tudo era tão… pobre.

Como eu vou poder desfrutar de uma boa noite com Número 76 assim? Fazendo pornô na frente de uma bruxa?

“Para obter a confiança dela, é melhor que você não a toque.” — Yorko se lembrou das palavras de Otto e pensou: — Com certeza fazer pornô na frente dela seria mais traumático.

— Os Mercadores Negros têm algum outro aposento disponível? Digo, um bem maior que este daqui. — Ele perguntou, impotente.

— Considerando que alguns convidados possuem altas exigências em relação ao aposento, nós também oferecemos casas semiabertas que ficam próximas da superfície, além de aposentos ao lado de um rio subterrâneo.

Esses comerciantes realmente querem ganhar dinheiro de toda forma, não é?

— Quanto custa o aposento mais barato?

— Três moedas de ouro por noite.

Esse dinheiro é o suficiente para pagar uma estadia de quinze dias num bom hotel da Cidade do Resplendor. — Yorko criticou calado. — Contudo, essa quantia não é nada se comparada às 4000 moedas de ouro que já foram gastas com a bruxa. Acho que Otto não vai se importar muito se eu gastar um pouquinho mais. Considere isso como uma taxa de serviço.

Ele olhou para Número 76 e disse:

— Me dê um minuto sozinho. Eu quero falar com a bruxa a sós. Assim que eu terminar, te chamo.

— Sim, senhor. — Número 76 disse respeitosamente e saiu da área interna.

Quando Yorko tirou o casaco e se aproximou da bruxa, ela começou a se debater com mais força ainda, e parecia aterrorizada.

Ele suspirou enquanto cobria o corpo dela com o casaco e dizia:

— Escute, uma pessoa me confiou uma missão de vir aqui te salvar. Contanto que você não faça barulho, ninguém vai te machucar. Tudo ficará bem. Por favor, acene com a cabeça duas vezes se você entendeu.

A bruxa parou de se debater e olhou para Yorko por um bom tempo, como se não tivesse acreditado no que acabara de ouvir.

O embaixador teve que repetir o mais calma e lentamente possível. A bruxa era muito bonita, mas não fazia o tipo dele.

Ela finalmente acenou com a cabeça desta vez.

Yorko ficou aliviado e estendeu a mão para remover o pano da boca da bruxa.

— Quem é você? — Ela perguntou após tossir.

— Alguém que veio pra te salvar. — Yorko se sentou na cama e perguntou: — Você tem um nome?

— Amy. — Ela parou por um momento e continuou: — Por que você não me solta se está aqui para me salvar?

— E se você fugir? Eu não tenho mais 4000 moedas de ouro pra te comprar de novo se você for capturada. — Yorko deu de ombros e disse. — É melhor que você fique presa aí por segurança, pois assim evitará qualquer suspeita. Amanhã, quando sairmos daqui, eu te solto, tá bom?

— Sério? — Amy perguntou, meio desconfiada.

Ela é tão ingênua. Não é à toa que ela foi descoberta e denunciada. — Ele pensou quietamente. — Ela tem sorte de ter caído em minhas mãos.

— Não apenas isso, eu também vou te levar pra um lugar onde tem muitas bruxas esperando por você. Lá você não terá mais que se esconder. — Yorko se levantou e disse. — Então, você só precisa esperar até amanhã pacientemente. Entendeu?

— Espere, aonde você vai?

— Eu vou ali desfrutar de uma noite deliciosa, é claro. — Ele sorriu.

Quando Yorko estava prestes a chamar Número 76, ele ouviu um barulho vindo da área externa junto com o som de alguma coisa pesada caindo no chão. Logo depois, houve silêncio.

Desconfiado, ele vozeou:

— Número 76?

Mas ninguém respondeu.

 


 

Tradução: Kabum

Revisão: Kabum

 

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