Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 293 – Noite Antes da Exploração

Uma semana passou rapidamente e era hora do grupo de exploração partir.

Dois dias antes de sua partida, Roland chamou Barov, Carter e Machado de Ferro ao castelo, informando sobre a sua partida. Os assuntos da vila continuariam a ser resolvidos conforme as normas, regulamentos e planos já pré-estabelecidos.

Todos os três contestaram a decisão do Príncipe. Carter esperava ser chamado para a viagem a fim de cumprir o seu dever, o de proteger o Príncipe. Machado de Ferro solicitou que uma tropa de 100 soldados escoltasse a viagem, e Barov tentou persuadi-lo a ficar baseado no fato de que alguns documentos importantes da Prefeitura ainda tinham que ser verificados e selados pelo Lorde. Sem mais opções, Roland teve que usar seu poder como líder e ordenou que todos seguissem suas ordens.

— Vossa Alteza, não consigo compreender. Por que é tão importante que o senhor vá pessoalmente nessa missão? — Barov perguntou em voz alta.

— Esses assuntos não são somente sobre a Região Oeste… mas também algo que pode decidir a vida ou a morte de todos no Reino de Castelo Cinza. — Roland disse, então ficou em silêncio por um momento antes de continuar — E só eu tenho a capacidade para fazer o melhor julgamento.

— O senhor não pode… nos dizer os detalhes?

— Agora não, mas você vai entender um dia. — Roland disse, balançando a cabeça — Outra coisa, essa viagem é confidencial, então vocês não podem divulgar essa informação para ninguém.

A mais de duzentos quilômetros da Região Oeste pode haver um batalhão de demônios. Esses demônios destruíram a Cidade Sagrada de Taquila e forçaram os humanos remanescentes à borda do continente. — Roland pensou — Eles fizeram das Terras Selvagens um território marcado e proibido que ninguém se atreve a ir até os dias de hoje, e o que aconteceu foi tão horrível que inclusive foi proibido de ser escrito nos livros ou ser dito em voz alta. Tudo bem que eu consigo tolerar até razoavelmente bem esse tipo de situação, pois já assisti a diversos filmes de extermínios, mas mesmo assim, ainda fico bastante preocupado. No entanto, temo que os demais não aceitem essa realidade tão bem assim. Se essa notícia vazar, só irá nos trazer problemas, e no caso de haver pânico entre meus súditos, pode até mesmo ocasionar uma fuga da Região Oeste. Portanto, agora não é o momento certo para revelar a verdade.

Depois de organizar os assuntos políticos, Roland e as bruxas embarcaram em um balão de ar quente, no pátio do castelo, voando para aquela grande montanha com neve no topo.

— Vossa Alteza, se a Igreja realmente lutou contra os demônios, e se foi há mais de quatrocentos anos, isso os torna bons ou maus? — Após ser informada sobre a existência dos demônios, Sylvie estava preocupada com a missão.

— Maus, é claro. — Rouxinol interrompeu quando Roland estava prestes a falar — Você já viu um homem bom que persegue bruxas sem motivo? Nós não somos servas de demônio e sabemos que nós, as bruxas, não temos nada a ver com os demônios, muito menos com a tortura do diabo.

Sylvie continuou a olhar para Roland, parecendo esperar por sua resposta.

Roland pensou por um momento e respondeu:

— Bem, antes de tudo, não há provas de que a Igreja lutou contra os demônios e isso ainda não foi confirmado. Se eles realmente tivessem feito esse sacrifício, por que eles ocultariam a existência dos demônios e destruiriam os registros dessa batalha? Dizer ao público seria a melhor maneira de angariar mais crentes. Temo que haja apenas algumas pistas sobre a verdade, para não mencionar que não deve ser tudo oito ou oitenta, ou seja, nada absolutamente do bem ou do mal, então não será fácil distinguir a verdade, dependendo do lado que você estiver. — Roland respondeu com um sorriso — O que você quer saber é se eu vou decidir ficar com a Igreja para lutar contra os demônios, certo?

— Eu… — Sylvie não podia negar, mesmo que ela quisesse.

— O poder da Igreja e o poder da Realeza sempre foram como água e óleo. Além disso, eu não ficaria do lado da Igreja, mesmo sem as bruxas. — Ele disse — Quanto mais agora, que vocês estão do meu lado.

— Viu só, eu não estava certa? — Rouxinol riu — Se a Igreja tivesse mesmo lutado contra os demônios, ela seria derrotada e totalmente aniquilada. Mas se essa guerra tivesse sido liderada por nosso Príncipe Roland, os resultados seriam totalmente diferentes. Então, por que nós precisaríamos da Igreja, que é o lado perdedor?

— Acho… que entendi agora. — Sylvie assentiu, um pouco mais animada.

A montanha de neve pôde ser vista ao anoitecer.

Que montanha enorme. — Roland pensou.

Até mesmo ele raramente tinha visto uma montanha tão alta. Não havia picos ao seu redor, como se a terra subitamente tivesse se levantado, criando uma estrada para os céus. A parede cinzenta da montanha ocupava a maior parte de sua visão e levaria alguns meses para dar uma volta completa no sopé da montanha.

Eles escolheram um platô que ficava perto da praia para acampar, facilitando a observação de seus arredores. Além disso, o local estava longe da Floresta das Brumas¹Como avisamos anteriormente, alteramos o nome da Floresta Oculta para Floresta das Brumas., o que garantiria a segurança contra os ataques de animais.

Depois de comer, eles começaram a montar sua barraca. Devido à limitada capacidade de carga do balão de ar quente, eles só podiam transportar uma grande tenda. Roland, atencioso e respeitoso, dormiu no cesto, permitindo que as bruxas compartilhassem a tenda, enquanto Maggie dormia em uma árvore. Ela podia até dormir em pé, depois de metamorfosear-se em um pássaro.

Ele descobriu que ainda era tímido e envergonhado demais para se espremer com as bruxas. Wendy e Soraya sugeriram que elas dormissem no cesto enquanto Roland dormisse na tenda, mas Roland rejeitou a ideia.

Sylvie era a única que olhava nervosamente para Roland enquanto discutia onde cada um ia dormir, e ele não sabia se a reação dela o fazia querer rir ou chorar.

Depois de determinar quem iria ficar nas vigílias, as bruxas foram para a tenda. Roland não conseguiu adormecer dentro do cesto, pois não era nem liso nem macio, então ele se sentou em uma pedra que estava de frente para o mar e olhou para a luz da lua refletida na água, perdendo-se em seus pensamentos.

De repente, ele ouviu passos suaves.

O Príncipe se virou e viu que era Anna.

Quando estava na escola, Roland sempre esperava que algo acontecesse durante as viagens em grupo. Embora nada tenha acontecido na maioria de suas viagens, ele sempre esperava acontecer no próximo.

Mas agora que estava se tornando realidade, Roland estava nervoso. Tentando parecer indiferente, ele franziu a testa antes de perguntar:

— Hum? Não consegue dormir?

— Não. — Anna respondeu sem rodeios — Eu só queria sentar com você.

— É mesmo? — Ele tossiu — Obrigado.

— Sou eu quem precisa dizer obrigado. — Anna sorriu, enquanto a tênue luz do luar brilhava em seu rosto, tornando seus olhos azuis mais bonitos que o mar — Sylvie não agradeceu pelo que você disse, mas eu senti que ela ficou mais tranquila.

— Você está feliz por ela?

— Não. — Ela balançou a cabeça — Estou feliz por ter uma escolha.

Roland ficou subitamente surpreso.

— Qual… escolha?

Anna fechou os olhos e o beijou na bochecha sem dizer uma palavra. Depois do que pareceu um longo tempo, ela sussurrou:

— Boa noite, Alteza.

Então isso conta como… posso dizer que realmente aconteceu? — Roland pensou.

Ele se esticou, bastante feliz, e observou Anna voltando para a tenda. Quando ele se virou para voltar para o cesto e tentar dormir, sentiu um par de mãos invisíveis tocar seu rosto. Ele não podia ver nada na frente dele, mas ele novamente sentiu uma carícia suave em sua bochecha.

— Eu também quero agradecer, Vossa Alteza. Obrigada pelo que você fez pelas bruxas.