A pedido de Ludwig, uma unidade especial foi formada dentro da guarda imperial de Tearmoon. Conhecida como a “Guarda da Princesa”, seus membros foram escolhidos a dedo por Ludwig por sua lealdade e adaptabilidade, pois eram uma equipe de resposta a emergências. Seu trabalho: estar em constante prontidão para cumprir todos os caprichos de Mia, e segui-la e protegê-la onde quer que ela fosse.
Flanqueada por seu novo esquadrão de guardiões fiéis, Mia embarcou em sua carruagem e partiu para o domínio do Visconde Berman.
— Nossa — disse Mia ao se sentar em seu assento. — Mal passou uma hora desde que dei a ordem e já estamos na estrada. Muito impressionante, Ludwig.
— De forma alguma, Alteza. É natural aprender com as experiências passadas, e sua visita não planejada às favelas outro dia foi particularmente pedagógica — disse ele, a acidez em seu comentário temperada pelo sorriso conhecedor em seu rosto geralmente severo.
Ludwig tinha fé que tudo o que Mia fazia era, em geral, correto, pois confiava que suas ações eram movidas por sabedoria e virtude. Sendo um oficial de governo capaz, ele há muito tempo farejara o problema que se avizinhava no viscondado de Berman. Portanto, quando soube que o visconde havia solicitado uma audiência, suspeitou imediatamente que algo imprevisto pudesse acontecer e iniciou os preparativos preventivamente.
Ainda assim, eu gostaria que ela nos desse um pouco mais com que trabalhar. Desta vez, tudo bem, porque eu tinha informações prévias, mas… Por outro lado, suponho que seja nosso dever como seus súditos captar com precisão as intenções de Sua Alteza.
Às vezes, ele notava que, em sua genialidade, a lógica de Mia dava saltos tão vastos que ele tinha dificuldade em acompanhar. A velocidade pura com que sua mente trabalhava a cegava para as fendas de raciocínio que ela superara com facilidade, mas que outros lutavam para atravessar. Ela estava sempre pensando dois ou três passos à frente de todos. Isso, no entanto, era provavelmente um sinal de que ela ainda era jovem. Se continuasse a crescer e amadurecer, certamente se tornaria uma monarca muito sagaz. Ele a observou, seu senso de lealdade para com a princesa a quem se dedicara se aprofundando… O que restava de seu bom senso lutava em vão para conter suas expectativas crescentes.
— Bem, então, Ludwig, eu apreciaria muito se você pudesse me contar mais sobre este Visconde Berman e seu domínio — disse Mia, sorrindo.
Hmm. Conhecendo Sua Alteza, ela provavelmente já sabe tudo o que há para saber. E, no entanto, ela ainda pede para ouvir de mim…
Ainda restava uma inocência infantil em seu sorriso — do tipo que era ao mesmo tempo cativante e sugestivo de uma ausência de pensamento — que quase parecia genuíno. O que tornava ainda mais chocante imaginar o caleidoscópio estonteante de pensamentos que ele sem dúvida escondia.
Ludwig balançou a cabeça. Ele tinha toda a intenção de analisar corretamente as intenções de Mia e agir de acordo, mas a amarga verdade era que ele provavelmente não conseguiria entender nem metade do que ela estava pensando.
Se eu tivesse que arriscar um palpite, diria que ela provavelmente quer verificar a precisão de suas informações com as minhas. Fora isso, talvez ela deseje organizar seus pensamentos falando sobre eles enquanto contempla a melhor forma de resolver este problema…
— Nesse caso, permita-me explicar. Atualmente, o Visconde Berman está…

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Mia sentiu uma gota de suor frio escorrer por suas costas enquanto ouvia Ludwig divulgar as informações que possuía.
— E isso é mais ou menos o alcance do meu conhecimento sobre o assunto… — disse ele ao concluir.
Inferno! Ela articulou silenciosamente, abalada demais para se importar com a adequação de seu vocabulário. Essa passou muito perto!
Os tremores que sentia eram bem justificados. Os eventos que Ludwig descreveu estavam repletos de bandeiras vermelhas, cada uma mais guilhotinesca que a outra. Derrubar a Floresta dos Mares Tranquilos exigiria a expulsão forçada da tribo local. A tribo local era a dos Lulus. Os Lulus e sua floresta ficavam bem ao lado dos Rudolvons. O pior de tudo, aconteceria tudo com sua aprovação explícita e pública…
Ela lera e relera a passagem em seu diário, mas simplesmente não se lembrava do evento. Era desconcertante pensar que tanta coisa estava acontecendo debaixo de seu nariz, e ela estivera completamente alheia até agora.
Entendo… Bem, isso certamente explica por que meu relacionamento com Tiona azedou.
A linha do tempo anterior era uma coisa, mas o diário continuava a prever a dissolução de sua amizade na linha do tempo atual. Ela não vira sinais de tal coisa acontecendo durante o tempo na escola, então ficara completamente perplexa…
Desvendei o caso… e a culpa é toda do Visconde Berman! Imperdoável!
Uma onda de raiva fervente começou a subir dentro dela. Ludwig pode tê-la olhado, e pode ter dito algo como: “Eu sempre acreditei nela… mas é bom ver que ela é alguém que pode sentir raiva justa diante da tirania aristocrática…”, mas ela estava ocupada demais fervendo com sua raiva ostensivamente justa para ouvir. Ela só voltou a si quando Ludwig a tocou para chamar sua atenção.
— Isso resume o que eu sei. Atualmente, parece claro que o Visconde Berman é culpado, mas… — disse ele, interrompendo-se sem terminar a frase.
O fato é que reconhecer o problema era apenas o começo. O que vinha a seguir era a parte difícil. Na verdade, era meio difícil alegar que o que o visconde estava tentando fazer era errado. Derrubar a floresta para criar mais terras não era inerentemente uma coisa ruim, e contanto que ele estivesse fazendo isso em seu próprio domínio, tecnicamente não era da conta deles.
Embora a localização exata da fronteira entre seus domínios e os de Rudolvon fosse de fato bastante vaga, isso não era motivo suficiente para impedi-lo de prosseguir com seu plano. Embora os Lulus estivessem protestando, entre uma tribo minoritária e o visconde, o governo central do império certamente ficaria do lado do Visconde. Além disso, os militares já haviam despachado uma unidade de soldados para a área. Fazê-los recuar exigiria uma boa razão, como evidências tangíveis de que a paz fora restaurada.
Ludwig não conseguira encontrar uma solução para todos esses problemas, e não fora por falta de tentativa.
— Então, Alteza, o que fazemos agora? — perguntou ele com uma expressão preocupada no rosto.
Ele quebrou a cabeça tentando encontrar uma resposta, mas em vão. Mia, no entanto, não mostrava sinais de tal angústia.
— O que fazemos? Nós lhes ensinamos uma maldita lição, obviamente! — declarou ela, as narinas dilatadas de raiva.

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Quando se tratava da Princesa do Império Tearmoon, Mia Luna Tearmoon, era amplamente conhecido que ela tinha dois arqui-inimigos. Um era Sion Sol Sunkland. O outro era Tiona Rudolvon. No entanto, nenhum deles estava na guilhotina no último dia de sua vida. Sua execução em si foi realizada por outra pessoa.
Aquele que teve a honra macabra de cortar a cabeça da jovem foi um homem chamado Dion Alaia. Ele fora um oficial do exército imperial, mas assim que a revolução começou, juntou-se ao exército revolucionário. Muitos generais imperiais proeminentes caíram por sua lâmina, e ele foi um fator crucial na queda final do exército imperial. Como um dos principais contribuintes para a vitória do exército revolucionário, ele reivindicou sua recompensa na forma de um pedido: decapitar pessoalmente a Princesa Mia.
A princípio, Sion ficou perplexo com isso. Depois de ouvir a história do homem, no entanto, sua motivação ficou muito mais clara. A Batalha da Floresta dos Mares Tranquilos — um conflito causado pelo egoísmo de Mia — ceifara a vida de todos os seus homens. Cada um de seus soldados morrera, deixando-o para sair daquela floresta sozinho e cheio de amargura. A vingança por seus camaradas caídos foi o que o empurrou para os braços amorosos do exército revolucionário.

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— Por que ainda não ouço os sons da batalha? O exército enviou um bando de vadios em vez de soldados?
Dion Alaia, centurião dos cem soldados despachados para o domínio Berman, postou-se diante do visconde em sua sala de visitas, o rosto travado em um sorriso profissional. Ele deu a Berman a mesma resposta da última vez.
— Como eu disse antes, meu lorde, nossa missão aqui é simplesmente manter a paz. Para esse fim, acredito que não há necessidade de nos envolvermos em hostilidades desnecessárias…
Ele curvou a cabeça educadamente, sentindo-se bastante orgulhoso de si mesmo por não perguntar ao Visconde se ele estava ficando senil, considerando que Dion dissera a mesma coisa apenas alguns dias atrás. É verdade que ele não tinha certeza de quanto tempo seu bom senso duraria se o visconde continuasse assim, mas isso era um problema para o Dion do futuro. No momento, ele estava mandando muito bem na coisa toda de “ser um adulto responsável”. Na verdade, ele estava se sentindo tão razoável que até explicou sua lógica.
— Aquela floresta é território Lulu — acrescentou. — No caso de uma batalha, sem dúvida sofreremos baixas significativas.
Do jeito que via as coisas, ele estava confiante de que conseguiria sair vivo, mas trazer todos os seus homens de volta ilesos seria uma tarefa difícil.
— Os soldados não devem arriscar suas vidas por seu senhor? Para que você acha que estou te pagando?
— O senhor está bem, meu lorde? Somos soldados de Sua Majestade, não seus. Sua mente está ficando embotada?
Seu bom senso pedira as contas. Em resposta, o visconde lançou-lhe um olhar furioso, mas Dion deu de ombros e continuou.
— Estamos aqui sob as ordens do Ministério da Lua de Ébano, ao qual Sua Majestade confiou autoridade sobre assuntos militares. A missão que nos foi dada é manter a paz. Envolver-se imprudentemente em batalha iria contra a vontade de Sua Majestade—
— Pah! Chega! Desapareça já!
O visconde o dispensou com um aceno, exasperado.

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— Malditos nobres, eu juro… Eles simplesmente mandam você ir e se matar como se fosse tudo uma grande brincadeira.
Dion saiu da mansão do visconde e soltou um suspiro.
— Ei, Capitão, já terminou?
Ao vê-lo sair, um homem grande que estava esperando perto do portão correu até ele. Tudo no homem, desde sua figura imponente até sua barba espessa, dava a impressão de que ele era algum tipo de bandido. Tudo, exceto seus olhos, que tinham a agudeza de um soldado treinado.
— Como foi?
— O mesmo de sempre. Eu disse a ele que é muito perigoso lutar naquela floresta. Nós dois somos provavelmente os únicos que sairiam vivos.
— Gahaha, com certeza somos. Mas não podemos ter isso, podemos? Vai pegar mal se o capitão e o vice-capitão forem os únicos sobreviventes — disse o homem grande com uma gargalhada calorosa.
Dion deu de ombros.
— Tenho que dizer, no entanto, considerando que ele foi tão longe a ponto de fazer uma visita pessoal à capital, eu esperava que ele voltasse com uma ordem direta de Sua Majestade ou algo assim. Parece que minha preocupação foi infundada.
— Eh, eu não teria tanta certeza disso, Capitão.
— Hm? O que você—
A pergunta de Dion foi interrompida pela visão de um grupo de pessoas se aproximando deles. Eram claramente soldados, mas a armadura que usavam era muito mais cerimonial do que o típico do exército imperial. Havia apenas um grupo no exército que vestiria uma armadura tão impraticamente adornada, e era uma coleção de seus soldados mais leais — aqueles encarregados de proteger o imperador e sua família.
— A guarda imperial…
— Com certeza — sussurrou o homem maior. — Os rumores são de que Sua Alteza está vindo aqui pessoalmente em uma visita de inspeção.
— Bem, bem, agora isso não é simplesmente maravilhoso — disse Dion, sua voz pingando sarcasmo amargo.
Seu vice-capitão fez uma careta com sua reação.
— É melhor arrumar essa cara, Capitão. Sua Alteza veio de tão longe para nos ver, afinal. Não podemos ser rudes.
— Desculpe, mas já passei por muita merda para ficar todo animado com princesas e príncipes e toda essa baboseira. Além disso…
— É, eu sei. Cheira um pouco a peixe podre, não é?
— O timing é perfeito demais. Berman acaba de voltar de sua viagem à capital, e agora ela aparece? Aposto que foi ele quem a trouxe aqui. Agora tudo o que temos a fazer é esperar e descobrir que tipo de absurdo ele encheu os ouvidos dela…
— É… Por outro lado — disse o vice-capitão enquanto coçava sua barba espessa —, não dizem que Sua Alteza é algum tipo de sábia? Que ela é muito inteligente?
— Aqui está um ditado para você. Nada na vida é como você espera que seja.
— Agora essa é uma visão bem pessimista das coisas, não é? Qual filósofo disse isso?
— Eu. O pensamento positivo quase sempre termina em decepção. Dito isto, também foi assim que fiquei tão bom com uma espada, então acho que há algo a ser dito sobre isso.
— Você quer dizer que suas decepções o fizeram decidir que a solução é ficar bom o suficiente para lidar com o que quer que aconteça?
— Em uma palavra, sim.
O homem grande caiu em uma gargalhada alta.
— Esse é exatamente o tipo de filosofia que eu esperaria ouvir de Dion-nedes.
Nesse exato momento, uma jovem apareceu na frente do grupo, flanqueada de perto por guardas.
Huhhhh… Então essa é ela, hein… Princesa Mia…
Ela ergueu os olhos. Seus olhares se encontraram.
— Eeeeeeeek!
E ela prontamente desmaiou. Todos se entreolharam.
— …Então, o que fazemos agora, Capitão?
— Eu não sei — Dion deu de ombros. — Gritar e cair no chão, eu acho.
Tradução: Gabriella
Revisão: Matface
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