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Império Tearmoon – Vol. 02 – Cap. 04 – O Grampo de Cabelo de Unicórnio

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Uma semana após fechar o acordo com o pai de Chloe, Mia foi ao Distrito Lua Nova para inspecionar a situação nas infames favelas da capital imperial. A visita foi ideia da própria Mia, e sua proposta repentina forçou Ludwig a montar às pressas uma pequena escolta de guardas imperiais. Tendo sido arrancados de suas tarefas regulares sem aviso prévio, alguns dos guardas mais novos resmungavam entre si em voz baixa enquanto se reuniam para a missão.

— Juro, Sua Alteza às vezes é um pé no saco. Tipo, sério, as favelas? Aquele lugar é um buraco. Por que ela quer ir lá, de todos os lugares?

— É, não entendo o que há para ver. A menos que você só queira assistir a crimes acontecendo, claro. Ah, acho que ela quer dar uma olhada naquele hospital que construiu. Faz parecer menos um golpe de popularidade, provavelmente. Tem que dar uns pontos pra ela por se importar o suficiente para se dar ao trabalho. É a Grande Sábia do Império pra você.

Considerando que cabeças rolariam se algo acontecesse com a princesa, os guardas prefeririam muito mais que ela ficasse no castelo e cuidasse da própria vida. Era muito mais fácil proteger alguém que não procurava encrenca. Os soldados resmungões foram repreendidos, no entanto, por um dos guardas veteranos que acompanhara Mia em sua primeira viagem ao Distrito Lua Nova.

— Ei, parem de resmungar, seus novatos. E mostrem algum respeito pela princesa. Eu sei o que vocês pensam desses nobres, e não estão errados, mas Sua Alteza é… diferente. Ela não é como eles. Não vai ter ninguém falando mal dela sob minha vigia, entenderam?

O guarda veterano se virou e olhou para o horizonte, lembrando-se de seu primeiro encontro com a princesa. Nela, ele viu a coragem de caminhar audaciosamente para onde o dever a levasse, mesmo que isso significasse entrar em lugares onde o crime corria solto. Viu nela a compaixão para ajudar as crianças da rua, passando a mão por seus cabelos sujos e pegando-as no colo, apesar de suas roupas manchadas. E viu nela a sabedoria para construir um hospital em um distrito pobre que tanto precisava. Em outras palavras, sua opinião sobre Mia havia sofrido a mesma hiperinflação que a de Ludwig.

Então, como se fosse ensaiado, Mia chegou ao local.

— Bom dia a todos. Agradeço muito sua chegada pontual em tão pouco tempo.

Ela observou enquanto os guardas, que foram pegos um pouco de surpresa, se apressavam para se arrumar e ficar em posição de sentido. A visão de sua formação ordenada trouxe um sorriso caloroso a seus lábios. Durante a revolução, quase todos os guardas imperiais haviam ficado com ela até o fim. Até hoje, ela continuava bastante afeiçoada a este leal grupo de cavaleiros. Imaginando que não faria mal fortalecer ainda mais o vínculo, ela decidiu recompensá-los.

Com um sorriso, é claro. Dinheiro custava… bem, dinheiro, e sorrisos eram de graça.

Motivações questionáveis à parte, seu sorriso provou ser extremamente eficaz para elevar o moral, como evidenciado pelo brilho recém-descoberto nos olhos de vários dos guardas mais jovens. Afinal, Mia era razoavelmente encantadora. Ninguém ia escrever canções sobre sua beleza incomparável por séculos ou algo assim, mas entre “passável” e “bonita”, três em cada cinco avaliadores provavelmente a considerariam a segunda opção. Além disso, seu status como princesa de um império poderoso poderia servir para enviesar suas avaliações a seu favor.

Além de tudo, ela também estava usando trajes de montaria hoje, que consistiam em uma blusa sobre um par de shorts. Para os guardas, cuja imagem da moda nobre envolvia vestidos pesados e joias demais, o visual esportivo de Mia era um sopro de ar fresco. Juntamente com seu sorriso amigável e cativante, não era de surpreender que alguns corações ficassem acelerados.

— Vamos a caminho, então.

— S-Sim, Alteza!

Ladeada por sua comitiva de guardas extra animada, Mia saiu do castelo.

 

Separador Tsun

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— Nossa, este lugar certamente parece um pouco diferente.

Imediatamente ao entrar no distrito, Mia percebeu que a atmosfera havia mudado. Havia mais pessoas nas ruas e parecia haver mais sorrisos nos rostos dos transeuntes. O mau cheiro que impregnava a área havia diminuído, e todo o lugar simplesmente parecia menos… inóspito.

— O hospital está agora em operação. Também dobrei suas rações. Há menos mortes nas ruas. Lenta, mas seguramente, a vida está voltando ao distrito.

A sobrevivência estava no topo da lista de prioridades de todos na vida, e quando ela era ameaçada, todo o resto — como a higiene, por exemplo — ficava em segundo plano. Ninguém ia se preocupar com banho e lavanderia se não tivessem certeza de que viveriam para ver o próximo nascer do sol. Os humanos são uma raça resiliente, no entanto, e embora a pobreza tivesse adiado suas outras prioridades, não as havia apagado. Engraçadamente, assim que a morte parou de pairar no horizonte, a atenção das pessoas imediatamente se voltou para os próximos itens da lista, um dos quais era a limpeza de seus arredores. No início, os membros da equipe que haviam sido designados para o hospital foram os únicos que se voluntariaram para limpar as ruas. Gradualmente, no entanto, a prática começou a se espalhar para os moradores locais. Se a trajetória ascendente da área continuasse, poderia muito bem se tornar um distrito importante de Lunatear um dia. Sendo parte da capital, o terreno no distrito era valioso e poderia ser usado de várias maneiras.

A capital imperial não tinha falta de pessoas, e lugares confortáveis e espaçosos para ficar eram sempre muito procurados. Ludwig, que vira o potencial no Distrito Lua Nova para aliviar esse problema, providenciou a construção de uma nova estalagem em uma extremidade do distrito e a equipou com residentes locais. Ao criar oportunidades de emprego nos locais que eram estáveis o suficiente, ele fez o dinheiro fluir pela área. Uma vez que a estalagem foi estabelecida, os comerciantes começariam a se aglomerar para construir novos negócios. Em vez de deixar o distrito gangrenoso apodrecer e morrer, ele o revitalizou com uma infusão de capital em sua circulação.

Depois de ouvir o relatório de Ludwig, Mia assentiu com satisfação.

— Entendo. É muito agradável ouvir isso.

Nesse exato momento, eles ouviram uma voz de longe.

— Ah! Alteza!

Eles se viraram e descobriram que pertencia a um jovem garoto que estava brincando nas ruas com seus amigos. Ele pulou de pé e correu em direção a eles.

— Ei, garoto! Pare aí mesmo!

Os guardas ficaram tensos imediatamente, e alguns deles rapidamente flanquearam Mia, com as mãos nos cabos de suas espadas. Mia, no entanto, encarou o garoto com uma sobrancelha franzida e curiosa.

— Hm… Oh, nossa, eu me lembro. Você não é o…

Ela acenou para os guardas recuarem e examinou o garoto. A última vez que o vira, ele estava deitado na rua, pele e osso, mal respirando. Ele ainda estava um pouco magro, mas agora havia pelo menos alguma carne em sua estrutura. Sua pele tinha um tom saudável, e seus olhos brilhavam com vida.

— Você está comendo o suficiente ultimamente?

— Uhum! Graças a você, Alteza! — disse o garoto com um aceno animado. — Obrigado!

Então, ele sorriu, tirou algo do bolso e entregou a Mia.

— O que seria isto?

— Um presente! Porque você me ajudou!

Era um grampo de cabelo branco.

— Nossa. Que gentileza sua. Hm… — Ela estudou o grampo, intrigada com a forma como sua superfície tinha um brilho prismático que mudava de cor conforme ela o girava na mão. — O que é isto?

— É um grampo de unicórnio!

— Um unicórnio?! Nossa!

Ela o ergueu e olhou fixamente, seus olhos ainda mais arregalados do que antes. O jeito como brilhava era de fato diferente de tudo que ela já vira. Quanto mais ela olhava, mais parecia que havia sido cortado do chifre de um dos corcéis míticos.

O garoto a observou por alguns segundos antes de cair na gargalhada.

— É feito de uma árvore que cresce na minha cidade natal. De onde eu venho, chamamos de “grampo de unicórnio”.

— É mesmo? — Ela o estudou por mais um tempo. — Isto é realmente muito adorável.

Encantada com a beleza única do grampo, ela o prendeu alegremente em seu cabelo. Então, virou-se para o garoto e disse com um sorriso:

— Obrigada. É um presente maravilhoso.

As bochechas do garoto coraram, e ele saiu correndo sem dizer mais uma palavra.

— É a lembrança da mãe dele, sabe?

— Hm?

Mia se virou e encontrou o padre que conhecera da última vez parado ao seu lado. O homem administrava o único orfanato da região.

— Nossa, Padre, há quanto tempo não nos vemos.

Ela fez uma reverência educada usando a barra de seus shorts no lugar de um vestido.

— Venha, venha. Por aqui, por favor — disse ele enquanto a conduzia para dentro da igreja.

Ao entrar no quarto do padre, ela o encontrou tão frugalmente decorado como antes e havia uma carência geral de móveis.

— Lamento muito por poder oferecer apenas uma hospitalidade tão modesta. A senhorita tem sido excessivamente generosa em seu apoio, mas estivemos tão ocupados que não conseguimos encontrar tempo para arrumar o lugar — disse ele com uma careta envergonhada.

Mia olhou ao redor. O quarto estava de fato inalterado. No entanto, ela se lembrava de ter visto vários reparos feitos nas paredes da igreja e do orfanato a caminho daqui. Estética à parte, os edifícios estavam certamente em muito melhor estado. Pelo menos, eles não precisavam mais se preocupar com correntes de ar.

Deixando seu próprio quarto por último, vejo. É tão a cara dele fazer isso.

Nem todos que trabalhavam nas favelas eram de caráter irrepreensível. Sempre havia pessoas que vinham com o objetivo de encher seus próprios cofres com o dinheiro do Império. Este padre não era uma dessas pessoas. Apesar de receber os fundos de auxílio que Ludwig havia autorizado, ele permaneceu comprometido com sua postura de ajudar os desfavorecidos. Diante da integridade santa do Padre, Mia sentiu uma onda de admiração subir em seu peito.

Antes que afundasse novamente com a troca que se seguiu.

— Ah, Alteza — disse o padre, como se de repente se lembrasse de algo que definitivamente não estava em sua mente antes. — Ouvi dizer que a senhorita se tornou amiga da Lady Santa…

— Lady Santa? Ah, quer dizer a Senhorita Rafina. Sim, de fato nos tornamos amigas.

Não que ela tivesse a intenção de ser… Mas ela se absteve de mencionar isso.

Quer dizer, ela é tão assustadora… Ughh…

Enquanto isso, Rafina parecia ter gostado bastante de Mia e, apesar de ser um objeto de terror absoluto para ela, continuou a escrever cartas para Mia durante as férias de verão. Não era como se Mia pudesse simplesmente ignorá-las também, pois o costume social exigia que ela respondesse.

Ugh, eu odeio isso! É tão estressante! Se eu escrever algo ruim, pode fazê-la me odiar. E isso seria um desastre completo!

O pensamento a deixou se sentindo miserável, e ela suspirou de frustração. Em contrapartida, o padre se animou.

— Sério? Meu Deus! Então os rumores são verdadeiros! — disse ele, com os olhos brilhando de excitação.

Para alguém que pertencia à Igreja Ortodoxa Central, como ele, Rafina era um ídolo literal. Ouvir que Mia era amiga de um ícone tão elevado da igreja era compreensivelmente emocionante, mas…

Algo não parecia certo.

É impressão minha… ou essa é a reação de um fã de ídolo?

Com isso, ela não se referia ao ídolo de adoração religiosa, mas ao tipo que sobe em um palco e rodopia. Ela se lembrou da vez em que foi ao anfiteatro para assistir a um show de uma atriz particularmente popular. Algo sobre a maneira como um monte de convidados se aglomerou em volta dela e continuou a agitar os braços para cima e para baixo a lembrou do padre…

— Hum, se não for muito incômodo, Alteza, da próxima vez que a vir, poderia… pedir um autógrafo para ela?

Eu estava certa, droga! Ele é um fã!

O padre entregou-lhe um retrato de Rafina, que ela aceitou com uma expressão de total desgosto, antes de lhe dar um monte de instruções detalhadas, como a forma como ele gostaria que seu próprio nome fosse incluído na assinatura.

O retrato era um dos muitos que haviam sido encomendados no Sagrado Principado de Belluga quando Rafina nasceu. Mia quase podia imaginar o duque chamando um monte de artistas e fazendo com que todos desenhassem retratos de sua filha recém-nascida, antes de distribuí-los alegremente a todos e a cada um que se importasse em recebê-los. Afinal, ela não era estranha a pais excessivamente afetuosos, e o comportamento do duque era suspeitamente reminiscente de como o imperador se comportava perto dela.

A Senhorita Rafina também não tem vida fácil, não é…

Ela sentiu uma leve pontada de pena pela filha do duque. Então, voltou sua atenção para o padre por quem perdera todo o respeito e puxou a conversa de volta de sua divagação maravilhosa.

— Ahem. Então, Padre, acredito que o senhor estava dizendo algo sobre como este grampo de cabelo ser uma lembrança?

— Ah, sim, sim. Claro — respondeu o padre, que parecia estar prestes a lançar um discurso apaixonado sobre por que Rafina era a melhor e por que todos deveriam amá-la. Com um aceno lento, ele se acalmou e voltou a ser o humilde diretor da igreja e do orfanato.

— A mãe daquele menino nasceu em uma das pequenas tribos que vivem nas regiões florestais perto da fronteira do império. Pelo que entendi, ela conheceu um homem de outra tribo e teve o filho dele. Isso levou a uma briga entre ela e seus pais. No final, ela pegou seu recém-nascido e deixou sua casa para a capital imperial. Infelizmente, a criança adoeceu em tenra idade e morreu pouco depois.

Assim que Mia ouviu as palavras “pequenas tribos” e “perto da fronteira do império”, sentiu um calafrio terrível percorrer sua espinha. As palavras agourentas de seu diário ressurgiram em sua mente, e ela soube com uma certeza instintiva que já estava com os pés na cova.

— …Es-Essa pequena tribo por acaso seria conhecida como os Lulus?

— Meu Deus. Vejo que Vossa Alteza já estava ciente… — disse o padre. Seu olhar de surpresa, no entanto, logo foi substituído por um aceno de compreensão. — Ah, mas é claro. Vossa Alteza é amiga da Lady Santa, afinal. Seria natural supor que a senhorita já se informou…

O padre chegou a uma conclusão presuntiva, mas, no entanto, favorável sobre a competência de Mia. No entanto, sua filiação a outro fã-clube garantiu que seu apreço por ela permanecesse meramente o de um apoiador casual. O fã-clube da Mia não veria crescimento por enquanto.

Continuando…

— Nossa! Então isso deve significar muito para ele! Não posso aceitar algo assim! — disse Mia em um tom de surpresa exagerada para enfatizar que ela definitivamente não sabia o que era isso antes.

Ela encarou o grampo, sentindo uma crescente sensação de desconforto sobre que tipo de futuro terrível ele poderia desencadear. Sua melhor aposta era provavelmente devolvê-lo.

— Por favor, guarde-o, Alteza. O menino deseja muito que a senhorita o tenha — disse o padre com um sorriso gentil. — Desde que Vossa Alteza o trouxe para cá, ele tem desejado retribuir sua bondade. Ele mencionava isso para mim repetidamente. Aquele grampo de cabelo é um símbolo de seu sincero apreço.

Bem, óbvio! É a lembrança da mãe dele, pelo amor de Deus! Você não precisa desenhar para mim!

— Então, por favor, Alteza, peço que o guarde. Pode ser um item simples de pouco valor para a senhorita, mas se possível, por favor, não o jogue fora…

— N-Não seja ridículo! Claro que não vou jogar fora! Vou cuidar perfeitamente dele!

Percebendo que devolvê-lo não era mais uma opção, Mia escolheu a próxima melhor opção.

— E se me permite a ousadia — continuou o padre —, poderia pedir-lhe que o usasse quando nos visitar aqui? Mesmo que seja apenas às vezes…

— Eu usarei todos os dias!

Com sua rota de fuga cortada, ela não teve escolha a não ser avançar. Não só ela ia usá-lo, como ia valorizá-lo. E deixar bem óbvio que o fazia. Se o garoto era um ator crítico em como toda essa situação se desenrolaria, então ela ia garantir que ele ficasse do lado dela. Ela dormiria com aquele grampo de cabelo se fosse o que fosse preciso para ganhar a afeição do garoto.

— O senhor poderia, por favor, dizer a ele que o presente dele foi maravilhoso e que eu o guardarei com muito carinho?

— Certamente, Alteza. Tenho certeza de que ele ficará encantado em saber que a senhorita gostou do presente dele — respondeu o padre com um sorriso aliviado.

Mal sabia Mia, no entanto, que suas ações naquele dia teriam consequências significativas para eventos futuros.

 


 

Tradução: Gabriella

Revisão: Matface

 

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