Hmm… Sion se achou demais.
Keithwood observava calmamente a luta da área dos espectadores.
Parece que o talento dele lhe subiu à cabeça. Achou que conseguiria lidar com o primeiro golpe. Bem verdade, é bem raro ver um golpe que ele não consiga aparar…
Sion continuava a dançar em volta dos golpes de Abel, esquivando-se por uma margem mínima. Cada talho cortava o ar com um assobio ameaçador. Mesmo um único acerto teria consequências devastadoras. No entanto, sua evasão perita garantia que nunca encontrassem o alvo. Sion era um gênio com a espada — tanto ofensiva quanto defensivamente — e sua maestria estava atualmente em plena exibição.
Príncipe Abel, no entanto… Com certeza não esperava que ele representasse uma ameaça tão grande.
Quando chegaram a São Noel, Keithwood havia acompanhado de perto a habilidade de Abel com a espada. Na época, Abel era, sem dúvida, um espadachim medíocre. Ele não deveria ser páreo para um prodígio como Sion, e ainda assim, lá estava ele, ganhando vantagem progressivamente.
Ah. Vá entender. Parece que eu também julguei mal o potencial do Príncipe Abel.
A essa altura, Keithwood conseguia ver claramente o dom latente de Abel. O talento do príncipe de Remno residia no fato de que ele se conhecia bem — conseguia avaliar calma e objetivamente suas próprias habilidades. Plenamente ciente de sua própria mediocridade, ele, no entanto, se recusava a desistir. Em vez disso, elaborou um plano para derrotar seu oponente e o executou incansavelmente.
Conhecimento de si mesmo. Conhecimento do oponente. Conhecimento do objetivo e de como alcançá-lo.
Essas eram qualidades não menos impressionantes do que a genialidade natural de Sion. Na verdade, provavelmente se tornariam cada vez mais valiosas tanto para o príncipe de Remno quanto para seu reino no futuro.
As qualidades essenciais de um rei, hein. Entendo. Se o Príncipe Abel se tornar Rei de Remno, aquele reino vai se tornar muito mais forte…
Os talentos de Abel haviam começado a florescer. Para o povo comum, o nascimento de um monarca sábio era, sem dúvida, uma bênção. Para Keithwood, porém…
Como alguém que serve a Sion, isso certamente me deixa com sentimentos conflitantes. Se as relações com Remno azedarem no futuro, isso só tornará nossas vidas mais difíceis. Ele vai ser um osso duro de roer. Falando nisso… Keithwood voltou sua atenção para a jovem que não desviara o olhar da luta desde que começou. Acho que de quem eu realmente deveria ter medo é da Princesa Mia.
Por trás de tudo isso, havia uma mente brilhante que havia disposto as peças e colocado tudo em movimento. Embora os esforços de Abel fossem definitivamente louváveis e seus talentos merecessem tanto reconhecimento quanto a devida cautela, ele não era, de fato, o iniciador de sua própria metamorfose. Ele havia recebido um empurrão. Keithwood estava agudamente ciente da existência de alguém nos bastidores, alguém que havia arranjado para que tudo isso acontecesse.
— Entendo. Tudo está se encaixando agora… — ele ponderou. — A Princesa Mia é um indivíduo que preza o talento.
Ele finalmente chegou a ver a verdadeira essência da Princesa Mia. Ela valorizava tanto o talento que dormia dentro do Príncipe Abel e não suportava vê-lo desperdiçado, para sempre enterrado sob o peso de ser comparado a seu irmão e a Sion. Pensando bem, tudo fazia sentido. Teria sido fácil para ela selecionar Sion como seu par de dança durante a festa de boas-vindas. Se seu título de “A Grande Sábia” tivesse sequer um pingo de verdade, ela teria visto que Sion era um jovem excepcionalmente talentoso. No entanto, ela escolhera Abel, tudo com o propósito de trazer seus talentos latentes à luz.
De repente, Keithwood congelou. Um arrepio percorreu sua espinha quando algo lhe ocorreu.
Espere um minuto. Não… Não, não, não. Não é tão simples.
Prezar o talento era definitivamente uma qualidade real. Um governante que acolhesse um inimigo talentoso como um novo súdito, desde que jurassem lealdade novamente, era um governante cujo reino rapidamente cresceria em força. Embora fosse uma característica louvável para um monarca ter, não era digna de nota. Tanto Sion quanto o Rei de Sunkland cortejavam ativamente o talento, e a maioria dos governantes sábios ao longo da história havia feito o mesmo.
…O Príncipe Abel, no entanto, não era um súdito. Nenhuma nova lealdade seria jurada. Além disso, quando se conheceram, o Reino de Remno e o Império de Tearmoon nem sequer eram amigáveis, muito menos aliados. Apesar do fato de ser totalmente possível que Remno pudesse se tornar um reino inimigo, Mia ainda prezava seu talento.
Por quê? O que isso dizia sobre ela?
Os olhos da Princesa Mia não veem fronteiras? Sua visão do mundo é desvinculada das amarras de raça e país? Keithwood inspirou bruscamente enquanto as implicações de sua constatação se tornavam totalmente claras. Pelo sol… Ela não se importa. Inimigos, aliados, tais conceitos são triviais para ela. Para ela, a questão é simples. Ela reconheceu o talento em um homem e relutava em vê-lo desperdiçado.
Além disso, era provável que o grau de talento pouco importasse para ela. Ela havia adotado uma postura extremamente misericordiosa em relação aos assediadores de Tiona. Chegara ao ponto de implorar pessoalmente a Rafina por seu perdão. Ele ouvira dizer que, como resultado, os infratores — indivíduos tolos e sem talento, como sem dúvida eram — agora se dedicavam a seus estudos com zelo renovado, em um esforço para retribuir sua gentileza.
Ela enxerga os talentos adormecidos em cada alma e não descansa até vê-los florescer. Essa é a verdadeira essência da Grande Sábia do Império.
A altura de onde ela via o mundo era absolutamente de tirar o fôlego. Era uma perspectiva que superava até mesmo seu próprio amado senhor. Keithwood estava profundamente ciente de que, em meio ao recém-descoberto temor que sentia pela princesa de Tearmoon, havia também outra coisa — uma admiração incipiente. Ele teve que se lembrar enfaticamente de que sua lealdade pertencia exclusivamente a seu senhor, Sion.
Se algum dia Sunkland e Tearmoon deixarem de se entender… É melhor eu aconselhar Sion a pelo menos manter boas relações com a própria Princesa Mia.
Keithwood cerrou o punho discretamente enquanto gravava o pensamento na memória.
…Não é preciso dizer, é claro, que tudo isso existia exclusivamente na cabeça de Keithwood. Não passava de um delírio. Um terrivelmente imaginativo, mas, ainda assim, um delírio. Ele acreditava nisso com todo o seu coração e alma, mas isso não mudava o fato de que era um delírio. Era o delírio para acabar com todos os delírios.
E, infelizmente — ou talvez felizmente — as chances de ele se livrar desse delírio eram muito, muito baixas.
Tradução: Gabriella
Revisão: Matface
💖 Agradecimentos 💖
Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:
- decio
- Ulquiorra
- Merovíngio
- S_Eaker
- Foxxdie
- AbemiltonFH
- breno_8
- Chaveco
- comodoro snow
- Dix
- Dryon
- GGGG
- Guivi
- InuYasha
- Jaime
- Karaboz Nolm
- Leo Correia
- Lighizin
- MackTron
- MaltataxD
- Marcelo Melo
- Mickail
- Ogami Rei
- Osted
- pablosilva7952
- sopa
- Tio Sonado
- Wheyy
- WilliamRocha
- juanblnk
- kasuma4915
- mattjorgeto
- MegaHex
- Nathan
- Ruiz
- Tiago Tropico
📃 Outras Informações 📃
Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.
Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.
Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!


Comentários