Dark?

Fui Pego em Uma Invocação de Herói, Mas Esse Mundo Está em Paz – Vol. 01 – Cap. 02.3 – Salvação, Junto com a Árvore Brilhante

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Alguns dias se passaram desde que fui convocado para outro mundo. Aos poucos pude me acostumar a viver na mansão de Lilia, e não apenas eu, como também Kusunoki e Yuzuki. Estou começando a ver um sorriso em seus rostos.

Claro, segue havendo muitas coisas que não entendo sobre este mundo, mas graças à boa vontade de Lilia, acho que estou tendo tempo suficiente para organizar minha cabeça nos últimos dias. Bem, quanto a Kuro, que aparece toda noite, ainda é um mistério para mim, porém não me parece que pretenda fazer qualquer mal. Na verdade, posso até dizer que me sinto mais confortável conversando com ela do que com Lilia.

Bem, é comum que os humanos passem três dias em casa no ano novo, e como não saí, exceto por essa garotinha demônio irracional, nenhum incidente ocorreu, então tem sido muito tranquilo… Embora diga isso, há um ditado na minha amada cidade natal que fala sobre “a calmaria antes da tempestade”.

— Um convite?

Era no início da tarde, no quarto dia desde que chegamos aqui, enquanto conversávamos tranquilamente tomando chá e biscoitos, Lunamaria adentrou o cômodo com um envelope luxuoso e nos disse que é um convite para uma festa que será realizada amanhã.

— Sim, é para a festa noturna que será realizada no quarto dia do ano novo no Palácio Real. Como este é o ano do Festival do Herói, também será um evento magnífico onde eles apresentarão a pessoa que desempenhará o papel do Herói. Em outras ocasiões, esses convites deveriam ter chegado mais cedo, contudo, nós providenciamos o convite de todos dessa vez, então levou um pouco mais de tempo.

— Hã? Nós também?

Ouvindo as palavras que Lilia disse com o costumeiro sorriso calmo que tinha, Kusunoki reagiu surpresa enquanto perguntava. Bem, entendo como está se sentindo. É impossível não ficar surpreso quando ouve de repente sobre uma festa à noite no palácio real.

— Sim, já que Mitsunaga visitará vários países depois disso, pensei que ele poderia querer ver Aoi e Hina em particular.

— Ah, entendi, Seigi fará o papel do Herói, então será apresentado às várias cidades de cada país. Fico imaginando se ele vai ficar bem?

De acordo com o que me disseram, a veterana Kusunoki e os calouros Yuzuki e Mitsunaga são colegas de clube. Kuh, é como imaginei, as atividades de clube são o atalho para ser um normie, eu deveria ter feito atividades de clube no ensino médio em vez de apenas jogar jogos online. Não, não entrei em nenhum círculo na faculdade também, então talvez não tenha nenhuma relação com os jogos online daquela época.

Deixando de lado a história da minha vida solitária… Este seria um bom momento para ter uma conversa tranquila com Mitsunaga, que estará viajando de um lugar para outro. As duas estavam preocupadas com ele, e a confiável Lilia também acompanhou a situação.

Enquanto pensava a respeito, Lilia tirou uma carta de um envelope grande que parecia ser de muito boa qualidade e a leu… Ainda tinha o sorriso no rosto, entretanto pude ver uma veia saltando de sua testa.

— Luna, essas são todas as cartas do palácio real?

— Si-Sim.

— Acho que minha vista deve ter piorado esses dias. Se importaria em ler um pouco?

Imagino o que está acontecendo, Lilia está sorrindo, todavia seus olhos estão com um brilho sinistro. Ou melhor, seu semblante agora é assustador.

— Sendo assim, por favor, me desculpem… Vou poupar todos das partes iniciais da carta, pois é apenas uma frase de abertura regular. Err… “Além disso, convites para os companheiros daquele que desempenha o papel do Herói, os compatriotas de Mitsunaga Seigi, Kusunoki Aoi e Yuzuki Hina estão inclusos junto com este convite.”… Hã?

— Hmm?

Arehh? Isso é estranho… Porque se ouvi direito, acho que não ouvi meu nome incluído na frase que Lunamaria acabou de ler em voz alta…

— Luna. Tenho certeza de que entrei em contato com o Palácio Real para preparar um convite para “três pessoas”, não é?

— Si-Sim, não há dúvidas.

— O que você acha disso?

— Sua Majestade, o mau hábito do Rei apareceu outra vez…

— É possível reorganizá-lo agora?

— Te-Temo que seria difícil…

Ouvindo as suas palavras em uma voz indiferente que soa como se estivesse suprimindo suas emoções, Lunamaria respondeu enquanto suor frio escorria por suas costas.

Se não me engano, Sua Majestade, o Rei, é o irmão mais velho de Lilia e é uma pessoa que foi descrita tendo um caso grave siscon. O mau hábito daquele Rei… Ah, entendi.

Depois de um silêncio muito pesado, Lilia se levanta de seu assento e, depois de alguns segundos, volta com uma espada em uma mão e se curva para mim.

— Minhas desculpas, Kaito. Parece que devido a um erro nosso, não conseguimos preparar um convite para você…

— Ah, não, está tudo bem. Não sou um conhecido de Mitsunaga afinal, e não tenho nada em particular para conversar.

— Sinto muito mesmo. Terei de deixá-lo esperando em casa aqui na mansão, mas em compensação… voltarei com uma cabeça de rei idiota como lembrança.

— Hein? 

— Minha dama, minha dama… Seus olhos estão brilhando, sabia?

— Aquele irmão estúpido realmente está… tentando chegar ao fim da minha paciência…

— Minha dama, por favor, acalme-se! Caso tenha esquecido, esse ainda é o Rei! Pode ser estúpido quando se trata de minha dama, porém, além de tudo, ele é um dos competentes!

— Me solte, Luna! Como sua irmã, serei eu quem garantirá que o mau comportamento daquele idiota seja punido adequadamente!

— Tudo bem, contudo, por favor, guarde a espada por ora!

Ahh… Suponho que foi isso que aconteceu. Lilia deveria ter arranjado para nós três irmos à festa da noite, no entanto o Rei Siscon, que não gosta que ter homens se aproximando de Lilia, só preparou convites para Kusunoki e Yuzuki, me deixando de fora. Em primeiro lugar, é provável que não goste do fato de que eu, sendo um homem, esteja morando na mansão de sua irmã. Essa deve ser a razão de sua reação de agora.

E Lilia, que estava incomodada com o comportamento daquele siscon há muito tempo, enfim perdeu o controle… Sim. Ela é super assustadora. Nunca a vi tão brava antes, ou melhor, o que diabos você fez no passado, Vossa Majestade, o Rei…?

Depois disso, a cena de Lilia prestes a sacar sua espada e Lunamaria que estava desesperadamente acalmando-a continuou por um tempo, e foi só após cerca de meia hora que a poeira baixou.

Terminei de tomar banho e fui para o meu quarto. Sinto que estou exausto. No que me diz respeito, não tenho nenhum problema em não poder comparecer à festa da noite. Pelo contrário, estou até feliz por não ter que comparecer a uma ocasião tão ostentosa… Lilia está tentando tratar todos nós da mesma forma, mas não parece ser algo que seria facilmente aceito. Ela se desculpou comigo várias vezes, e tive muita dificuldade em acalmá-la.

Talvez seja porque é uma pessoa muito séria. Essa parte sua pode não parecer muito nobre, embora seja bom saber que está nos considerando com tanta seriedade. Sou muito sortudo e grato que a primeira pessoa que conheci quando vim para o outro mundo foi ela. Se possível, gostaria de retribuí-la de alguma forma…

— Ah, bem-vindo de volta!

— …

Abrindo a porta do meu quarto, encontrei Kuro esparramada no sofá, comendo um bolinho castella. Ela enfim parou de aparecer do nada, e agora estava me esperando aqui antes do horário. Vou dizê-lo de novo porque é importante, Kuro é uma estranha nesta casa… Não vou mais tocar nesse assunto.

Humanos são criaturas que se adaptam. Acho que me acostumei com sua imprevisibilidade até certo ponto, e depois de soltar um grande suspiro, peguei a xícara de chá que me foi oferecida e levei um bolinho castella à minha boca.

Unn? Você parece um pouco cansado hoje, hein?

— Sim, bem, não é nenhum grande problema, porém…

Tão perceptiva como sempre, fui questionado e dei um resumo do que aconteceu hoje. Com as ocasionais respostas de “Unnn”, Kuro ouviu em silêncio o final da minha história.

Heehhh… Então, não poderá ir à festa por causa daquele Rei, Kaito?

— Bem, suponho que essa é uma maneira meio rude de colocar?

— Tudo bem! Nesse caso, vou ao Palácio agora e trago o Rei “meio morto” e peço que escreva um convite para você!

— Por quê? Não, não, nada está bem, sabia?

Parei o mais rápido que pude Kuro, que disse algo absurdo como se fosse natural, assim como Lilia fez esta manhã. Honestamente, a maioria do que Lilia disse foi bem perturbador, contudo soou diferente quando foi Kuro quem disse… Senti que realmente cumpriria com suas palavras. Quero dizer, ela está invadindo a casa da Duquesa sem ninguém perceber, e embora não pareça, é um demônio de alto escalão…

Falando sério, por favor, não sequestre nem espanque o Rei até que fique meio morto. Não me fará parecer um rebelde nacional?

Unnn? Pensei que quisesse ir à festa, Kaito.

— Não, não é que eu queira ir… Pelo contrário, acho que gostaria de escapar do trabalho de comparecer a um evento estrito como esse. Estou um pouco interessado nas comidas sofisticadas que eles têm, no entanto…

— Hmmm. Estive pensando em participar se você fosse estar lá, Kaito… Mas acho que vou deixar para lá. Ah, sim, tenho uma ideia!

— O que diabos está planejando agora?

Kuro murmurava alguma coisa, porém… talvez também tenha sido convidada. Não, bem, deixando essa parte de lado por ora… É mais importante saber que tipo de coisa ultrajante ela inventou dessa vez.

— Vamos fazer um churrasco amanhã!

— Hein?

— Já que não gosta desses eventos rígidos, vamos fazer só com a gente e minha família! Tem um lugar bonito ao sul do Reino, então vamos fazer um churrasco lá!

Fumu.

Embora seu costume seja fazer sugestões malucas, sinto que essa não é tão ruim. Ou melhor, é um convite muito mais interessante do que a festa noturna no Palácio Real. Todas as refeições servidas na casa de Lilia são de aparência sofisticada, e já faz um tempo que tenho pensado em comer um pouco de comida no espeto ou algo do tipo. Se estiver com Kuro, provavelmente será exaustivo, contudo também sei que será divertido. Só que há um problema importante aí.

— Soa divertido… Mas se eu não explicar a Lilia sobre Kuro e disser de repente que vou jantar fora, acho que não conseguiria fazê-la concordar.

Isso mesmo, tenho a sensação de que Kuro não gostaria de ter sua identidade revelada… Quer dizer, suas visitas só ocorrem quando estou sozinho, e ela sempre se infiltra passando pelas barreiras de detecção, então não contei a Lilia sobre esses encontros. Porém se fosse convidado para um churrasco, o que significaria que não sairia sozinho… Como esperado, seria difícil ir sem explicar a situação.

Lilia está se sentindo ansiosa devido às nossas circunstâncias, e não quero sair escondido por estar me sentindo culpado ao esconder as visitas de Kuro.

— Ah, vai ficar tudo bem! Vou pedir para um conhecido enviar um convite normal para jantar com você.

— Lilia concordaria com esse convite?

— Acredito que é bem possível que concorde. Ele é uma criança em quem os humanos confiam afinal.

— Hmmm… Bom, no que me diz respeito, se Lilia concordasse, gostaria de ir…

— Sério? Ótimo! Então, vou contar para todo mundo, ok?

— Hã? Ah, espera!

Ouvindo minha resposta, Kuro tinha um grande sorriso no rosto enquanto desaparecia. Hmmm, realmente não consigo dizer não para ela quando está tão feliz, e não me sinto incomodado em concordar com a sugestão… Entretanto, como devo dizer? Senti um pouco de ansiedade quando a vi mencionar seus amigos e todos… Acho que por ora, vou apenas seguir o fluxo.

E assim que terminamos o café da manhã no dia seguinte, Lunamaria correu para a sala de jantar com expressões variadas no rosto.

— Mi-Minha dama?

— Para você ficar tão nervosa, o que aconteceu?

— U-U-Uma carta-convite da Companhia de Ferramentas Mágicas Seditch chegou, assinada pelo Presidente e endereçada a Miyama!

— Hã?

Depois de ouvir as palavras de Lunamaria, os olhos de Lilia se arregalaram e seu corpo enrijeceu. Companhia de Ferramentas Mágicas Seditch? O que é isso?

— Te-Tem certeza… De que não é algum tipo de brincadeira?

— Está em um envelope feito de pergaminho de magia negra e selado com uma barba de Dragão de Platina.

— …

Ah, Lilia congelou de vez.

— H-Hmm, com licença. Não estou conseguindo acompanhar a conversa… O que é a Companhia de Ferramentas Mágicas Seditch?

— É a maior empresa comercial que lida com ferramentas mágicas, e é uma gigante comercial com recursos financeiros que excedem em muito os das grandes potências. Eles estão em uma liga diferente em comparação com as outras empresas comerciais. Foi dito que metade das ferramentas mágicas do mundo são produtos feitos pela Companhia de Ferramentas Mágicas Seditch.

Quando fiz essa pergunta, Lunamaria respondeu com medo. Vejamos, em suma, são uma grande empresa que se orgulha de ser aquela que detém as maiores fatias de mercado do mundo em ferramentas mágicas? Hã? O que diabos isso significa?

Lilia olhou para mim, atônita, enquanto fiz um gesto que dizia para ir em frente e verificar. Então, pegando o envelope de Lunamaria com suas mãos trêmulas e, depois de um momento, segurando-o com as duas mãos na frente da cabeça.

— Não há engano, é o verdadeiro. Assinado pelo Presidente Sei Riverstar e carimbado em ouro…

— Só esse convite vale mais do que uma casa no melhor distrito da capital real…

— Errr, o que está escrito?

Sabia que tinha recebido algo ultrajante de uma pessoa ultrajante, mas não tinha ideia do por que me meti nessa situação.

Quando perguntei um pouco nervoso, Lilia olhou de novo para o convite e o leu:

Caro Miyama Kaito. Gostaria de me desculpar antecipadamente pelo convite inesperado. Ao mesmo tempo, espero que me perdoe por omitir a saudação e pela minha grosseria em ir direto ao tópico principal. Hoje à noite, temos o prazer de realizar um pequeno jantar em nossa empresa. É com grande satisfação que escrevo para pedir a Miyama Kaito que se junte a nós, se for de sua conveniência. Pedirei à pessoa que irá buscá-la esta noite para visitar a residência da Duquesa Albert e agradeceria se você me avisasse nesse momento se não participará. Além disso, tenho uma mensagem para Miyama Kaito de uma amiga minha, e a incluirei na carta… Kaito, estarei esperando, ok?… Foi o que ela disse. Mais uma vez, peço desculpas pelo repentino convite. Apreciaria sua consideração.

Sei Riverstar.

— …

Como suspeitei, foi aquela garotinha demônio que aprontou essa. O que diabos acha que está fazendo? Sério, o que diabos está fazendo? Você disse que ia apenas pedir para um conhecido enviar um convite… E recebi um convite de um lugar ultrajante? Caramba, Lilia e Lunamaria estão congeladas no lugar, me encarando! Como diabos vou explicar isso a elas?

Eu disse a ela despreocupadamente que queria ir, mas nunca imaginei que isso se tornaria um problema tão grande.

Esperava ser questionado, contudo Lilia concordou facilmente em me deixar participar do jantar. É tão absurda a pessoa que me enviou o convite que, como devo dizer… Acho que meu estômago está doendo.

De toda forma, ela originalmente arranjou para que eu fosse a uma festa à noite e, antes que eu percebesse, havia roupas formais para mim e vestidos para Kusunoki e Yuzuki também.

Vestido com o traje formal brilhante que só tinha visto nos filmes do meu mundo anterior, recebi uma chamada dizendo que as pessoas que viriam me buscar tinham chegado. Depois de dar um rápido olá para Lilia e as outras, fui até o portão principal.

Quando cheguei lá, vi uma carruagem enorme amarrada a quatro cavalos pretos.

O que diabos é aquilo? Aqueles cavalos são muito grandes… No entanto, também têm algo que parece um chifre. São unicórnios? Unicórnios pretos?

— Você deve ser Miyama Kaito.

— Ah, sim.

Na frente da carruagem está um homem que parece um criado de um nobre, que então se curva para mim e me pergunta. Um pouco pressionado pela aura ao seu redor, respondo que compareceria ao jantar. Ele então abriu a porta da carruagem e subi no veículo.

— Quão espaçoso…

Por fora, sabia que era uma carruagem enorme, no entanto quando entrei, era ainda mais espaçoso aqui dentro do que pensei, ao ponto em que me senti como uma celebridade. Além disso, não há mais ninguém aqui além de mim, então não sabia bem onde me sentar.

Me senti estranho sentado no meio, então sentei perto da janela e o homem me entregou algo que parecia uma bolsa.

— O presidente me pediu para lhe entregar isso.

— Muito obrigado.

— Não precisa agradecer, partiremos em breve, então, por favor, faça qualquer pergunta que tiver.

— Sim.

Não sei qual é o nome do homem, mas ele se moveu para o assento do condutor da carruagem e começamos a sair em seguida.

Por enquanto, verifiquei a bolsa que acabei de receber… Como se fosse algo comum, uma carta apareceu no ar.

Caro Kaito, Vamos fazer um churrasco, então trouxe algumas roupas confortáveis ​​para que possa vestir. Não é possível ver o interior da carruagem de fora, então pode trocar de roupa aí.

Ah, entendi… Foi descrito como jantar, então saí com roupa formal, porém tenho certeza de que Kuro disse que faríamos um churrasco desde o começo. Nesse caso, preferiria usar roupas mais casuais do que as roupas formais que levo.

Para ser honesto, pensei que tinha sido convidado para um lugar mais extravagante e deslumbrante do que o Palácio Real, então fiquei um pouco aliviado em trocar de roupa para as que me foram dadas. Parece uma camisa e calças muito comuns com uma base preta, contudo me sinto mais leve e com maior facilidade para me movimentar, talvez porque troquei minha roupa formal.

Depois, enquanto olhava para fora da carruagem que mal balançou por um tempo, esta cruzou um grande portão e depois de cerca de 20 minutos dirigindo, parou e o homem abriu a porta para mim.

— Chegamos. Por favor, tome cuidado com seus passos.

— Ah, sim.

— O local fica logo abaixo na estrada, na beira do rio. Se quiser, posso guardar suas roupas aqui para que possa trocar mais tarde.

— Se não for um incômodo.

— Sim. Então, vou buscá-lo quando estiver pronto para sair.

Curvando-me em resposta, agradeci ao homem que pegou minha muda de roupa e olhei na direção em que apontou… A área aberta na beira do rio onde faríamos o churrasco estava à vista, então fui até lá.

— Ah, Kaito-kuuuuun. Aqui!

Depois de caminhar um pouco, na minha frente… Apareceu Kuro em seu casaco preto usual, acenando com a mão para mim.

Uma mulher pequena em um uniforme de empregada, com cerca de 150cm de altura, estava parada ao seu lado. A empregada fez uma reverência quando me aproximei.

— Vamos nos divertir muito hoje!

— Si-Sim… Ou melhor, você me enviou um convite absurdo… Graças a isso, as pessoas do meu lado ficaram muito nervosas.

— Ahaha, desculpe, desculpe. Mas está tudo bem. Como falei ontem, apenas convidei minha família hoje para que vocês possam relaxar. Ah, deixe-me apresentá-los. Esta criança aqui é Ein.

— É um prazer conhecê-lo, Miyama Kaito. Meu nome é Ein.

Seu cabelo platinado é um pouco mais longo onde as costeletas deveriam estar, enquanto é relativamente mais curto em outras áreas. Uma mulher pequena em um uniforme de empregada que nem tem rugas… Ein curvou a cabeça enquanto me cumprimentava.

Não sei ao certo como dizer… Devo comentar que ela tem uma aura incomum ao seu redor ou que tem uma atmosfera muito relaxada a sua volta? Deveria se parecer com Lunamaria, que também é uma empregada, porém há algo diferente na vibração de Ein.

— Agora, já que Kaito está aqui… Ein, comece a se preparar.

— Entendido.

— Hein? Ehhhhhh?

Quando Kuro anunciou com um sorriso tranquilo, Ein fez uma reverência… E logo depois uma tela de arame que era usada para churrasco, mesas e cadeiras ao ar livre, que não estavam lá há um momento, de repente surgiram na nossa frente. O que diabos aconteceu agora? Foi magia?

Fiquei sem palavras com a cena como se estivesse assistindo a um truque de mágica, contudo Kuro não parecia impressionada com o ocorrido e apenas virou seu sorriso brilhante para mim.

— Já que decidimos fazer isso em cima da hora, pedi às outras crianças que pegassem alguns ingredientes para nós… No entanto, tenho certeza que voltarão em breve, então vou apresentá-los a vocês.

— Ah, tudo bem…

Tentando acalmar a surpresa em mim, assenti para suas palavras. Pouco depois ouvi passos se aproximando. Quando me virei, fiquei rígido.

O que diabos é aquilo? Meus olhos devem estar me pregando peças de novo… Algum tipo de cavaleiro negro, com armadura de corpo inteiro, caminhou em minha direção carregando um lagarto alado que parecia ter cerca de 5 metros de comprimento… É um dragão? É um dragão, né?

— Kuromu, três dragões voadores serão o suficiente?

Unnn. Acho que deve dar.

— !?

Três? Ele acabou de dizer três dragões voadores? Ah, é verdade. Também está arrastando outros dois atrás, além do que está carregando nos ombros. Não, não! Espere um instante, meu cérebro não consegue acompanhar o que está acontecendo, sabia?

O súbito aparecimento de um dragão fantasioso levou meu cérebro a uma sobrecarga completa, fazendo minha mente travar. E, de outra direção, pude ver uma enorme mancha verde… Ou melhor, podia ver um feixe de vegetais flutuando em nossa direção.

— Kuromu! Eu trouxe os vegetais.

— Obrigada!

—  !?

Olhando na direção da voz infantil que acabei de ouvir, vi uma garota a cerca de 50cm abaixo dos vegetais que estão flutuando. Hein? Uma fada? Uma fada apareceu agora?

— Oiii. Kuromu, trouxe o peixe.

— Ah, chegou em boa hora.

— !?

O que surgiu dessa vez é realmente grande! Um gigante? Não, não, espere um momento. Estou implorando, espere só um momento! Meu cérebro já não consegue acompanhar de jeito nenhum!

— Esses são todos os condimentos que precisamos?

— Ah, são esses mesmos.

— !?

Um esqueleto de corpo inteiro em uma roupa fantástica está voando no ar! O que diabos há com toda essa situação? Uma garotinha demônio, uma empregada, um cavaleiro com armadura de corpo inteiro, uma fada, um gigante e um esqueleto? São muitos seres fantasiosos reunidos de uma vez só, você não acha?

Como devo falar, realmente não poderia dizer que estava além do que eu esperava… Mas a família do demônio ultrajante de fato teria de ser tão ultrajante quanto ela. Este churrasco se transformou em um encontro de várias raças.

Bem, fico aliviado de ver que os condimentos que eles trouxeram foram aqueles que já conheço, como sal e pimenta.

— Ein… Temos todos os participantes de hoje, certo?

— Sim. Kuromu disse que Miyama não deveria ser ofuscado pela presença dos outros participantes, então limitei os participantes a 5 pessoas.

— Certo. Bem, nesse caso vou deixar a cozinha por sua conta!

— Entendido.

— Errr, agora o que precisamos é…

Uma conversa entre Kuro e a empregada… Ein. Se você olhasse apenas para as duas, elas seriam as únicas normais neste lugar.

Ou melhor, os outros membros são muito assustadores! Em especial o gigante!

— Acht, por favor, mude para sua forma humana. Está assustando Kaitokun, sabia?

— Hã? Eu? Acho que Lorde Sechs é mais assustador de se olhar do que eu…

— É porque Acht é muito grande!

— Não, porém sou como uma criança comparado a Magnawell, sabe? Quero dizer, em vez de ser muito grande, tenho a sensação de que a Irmã Raz é muito pequena…

— Está insinuando algo sobre mim?

— Si-Sinto muito.

Vestida com roupas verdes e voando nas pequenas asas em suas costas, a fada com longos cabelos loiros rosados ​​chamou o gigante azul. A conversa entre a fada, que deve ter menos de 50cm de altura e o gigante azul, que por sua vez deve ter cerca de 5 metros de altura, me fez perder o senso de perspectiva só de observá-los.

Tenho muitas coisas para fazer alguns tsukkomi a respeito, mas fada… Meu nome não é “Kaitokun”, é Kaito. E também, pensar que existem gigantes que são muito maiores do que ele… Ao ponto onde esse aqui pareceria uma criança em comparação…

Enquanto pensava comigo mesmo, o corpo do gigante azul brilhou e se transformou em um homem musculoso com dois chifres e pele azul que se destaca. Ainda parece grande, tendo pelo menos dois metros de altura…

— Embora seja uma pena para as pessoas que não puderam comparecer.

— Não tem jeito. Seria um número tremendo de pessoas se tivéssemos todos que quisessem participar aqui…

E assim que o cavaleiro de armadura e o esqueleto se aproximaram enquanto conversavam, Kuro terminou sua conversa com Ein e veio até mim.

— Desculpe por fazê-lo esperar, Kaito. Certo, vamos deixar os preparativos para Ein. Mais uma vez, essa criança é Miyama Kaito. É um amigo meu que encontrei há poucos dias, uma criança de outro mundo, então não o assustem muito!

— Tudo bem!

— Bom, agora, vamos começar a nos apresentar um após o outro!

Com as palavras de Kuro, a fada alegremente levantou a mão e cada um deles começou a se apresentar.

— Então, se já apresentou Ein, acho que serei o próximo. Prazer em conhecê-lo, Miyama, meu nome é Sechs. Bem, pode pensar em mim como seu lich da vizinhança.

— Pra-Prazer em conhecê-lo.

O esqueleto lindamente vestido se apresentou com uma reverência graciosa. Lich da vizinhança? Meio que parece um chefe morto-vivo de algum jogo…

— A propósito, a pessoa que enviou o convite para Miyama é meu subordinado, Sei Riverstar. Lamento tê-lo surpreendido com o convite inesperado.

Ao que tudo indica, esse esqueleto… Sechs é o chefe do presidente da maior empresa comercial que organizou meu convite dessa vez. De fato podia sentir a presença de alguém que acumulou muita experiência, entretanto só por ser amigo próximo de Kuro ele não é nada comum.

— Ok, Raz vai se apresentar a seguir! Meu nome é Razelia, por favor me chame de Raz. Prazer em conhecê-lo, Kaitokun!

— E-Errr, prazer em conhecê-la.

A fada loira rosada… Raz, se apresentou cheia de alegria. Talvez por causa de sua aparência minúscula, ela é a figura calmante entre esse forte grupo de membros.

— Hmm, agora eu sou o próximo, hein… Sou Acht, um ogro. Não gosto de ser rígido com as pessoas, então vou chamá-lo de Kaito, certo?

— Ah, sim. Prazer em conhecê-lo.

— Sim, é um prazer também.

Mesmo que esteja na forma humana, ainda parece um gigante… Acht tem uma personalidade vivaz. Sua mão foi estendida para mim com um sorriso feroz no rosto, ao qual respondi apertando sua mão. Caramba, a mão dele é tão dura?

— Acho que sou o último… Meu nome é Neun. Sou o mais novo entre as pessoas que se reuniram hoje. Estarei sob seus cuidados de agora em diante, Miyama.

— O mesmo aqui.

Vestido com uma armadura de cavaleiro negro por todo o corpo, a voz de Neun soa um pouco estranha. Tem uma estranha agudeza, como se fosse alterada por um trocador de voz, no entanto é muito fácil de ouvir. É difícil dizer se é um homem ou uma mulher, em parte por causa de sua armadura, mas porque tem cerca de 160cm de altura, posso vê-lo como um cavaleiro da raça humana.

De qualquer forma, com a auto apresentação terminada, Kuro nos pediu para irmos para uma mesa preparada nas proximidades. Em meio a tudo isto, pude sentir o aroma e o som de carne grelhando, e quando movi meu olhar para a mesa…

— Hã? Que rápido! Você já começou a grelhar?

Nossas apresentações deveriam ter durado apenas alguns minutos, mas antes que pudesse me dar conta, havia os três dragões, um grande número de vegetais e até mesmo os peixes, todos espetados em uma variedade de espetos grandes e pequenos e grelhando-os na tela de arame.

Não, não, não importa como olhe pra essa situação, não foi muito rápido? Você é algum tipo de super ser que tem super aceleração?

O número de espetos de churrasco na tela de arame também é absurdo. Havia dezenas de espetos perfeitamente alinhados e o aroma flutuando no ar era nada menos que incrível.

— Como esperado da Irmã Mais Velha, seu trabalho é super rápido.

— Verdade. Se Ein estiver aqui, não há nada que possamos fazer para ajudar com o preparo da comida.

Acht e Neun falaram como se fosse algo comum. Pelo visto, a velocidade extraordinária de trabalho de Ein é uma ocorrência diária para eles.

Quero dizer, olhando de perto, também vejo que surgiu álcool e suco na mesa antes que eu percebesse. Também havia alguns pratos de aperitivos para as pessoas compartilharem e comerem. A empregada é tão incrível…

— Ah, pensando bem, você pode beber álcool, Kaito?

— Ah, posso. Não bebo tanto, porém…

— Bom. Isso é ótimo. Nesse caso, vamos trocar brindes logo!

— Ah, não pode, Acht. Ainda não começamos!

— Não seja tão rígida, Irmã Raz. Os homens devem sempre falar uns com os outros primeiro depois de beberem.

— Ein vai repreendê-lo se beber antes de Kuromu.

— …

Raz tentou parar Acht que estava rindo cheio de vigor, contudo ele não pareceu incomodado com suas palavras e tentou pegar uma bebida na mesa… Até que enrijeceu quando ouviu o que Raz disse. Seu rosto, que devia ser azul desde o início, ficou ainda mais azulado.

Pelo jeito, posso ver de alguma forma a relação de poder entre eles, ou pelo menos, parece que Acht tem medo de Ein.

— Hmm, será que Ein é uma pessoa que abala a terra?

— Si-Sim… Ou melhor, poderia até dizer que é quase um monst…

Acht ia dizer algo, contudo antes que eu percebesse, um corte surgiu em sua bochecha como se alguma coisa a tivesse cortado com uma pequena lâmina. Todo seu corpo tremeu enquanto o suor começava a escorrer por seu rosto como uma cachoeira… E com movimentos muito refinados e sem hesitação neles, colocou as mãos no chão e abaixou a cabeça.

— M-M-Minhas desculpas! Irmã mais velha!

— …

— Ein era empregada de Kuromu muito antes de Raz e os outros nascerem, e é a mais forte de todos nós reunidos aqui hoje. Bem, exceto por Kuromu.

— En-Entendo.

— Está tudo bem, Miyama. Contanto que não faça comentários descuidados como Acht, ela é uma pessoa gentil e amável na maior parte do tempo.

Algo aconteceu bem na minha frente… ou assim parece? Enquanto Ein advertia, ou melhor, intimidava Acht, Raz se dispôs a dar algumas explicações e Neun prosseguia com alguns complementos.

Pelo que ouvi, o membro mais velho e mais forte deste grupo, com exceção de Kuro, é a empregada, Ein. É bem diferente das empregadas que eu conheço…

— Kaito, quer álcool? Ou prefere suco?

— Ah, vou tomar álcool…

— Aqui.

— Whoa!

O-O que diabos acabou de acontecer agora? Tenho 21 anos, um ano a menos que Lilia e não tenho aversão a beber álcool. E em resposta à pergunta de Kuro, optei por tomar álcool, já que Acht me convidou há pouco. As coisas estavam normais até aí, mas no momento em que respondi, Ein já apareceu aqui, segurando um copo de álcool cuidadosamente servido. Ela deveria estar grelhando carne há um momento, porém nem sequer consegui notar quando surgiu de repente aqui do lado… Será que acabou de se teletransportar? Ein é alguém que pode se teletransportar?

E não foi só eu, Kuro também recebeu seu copo. Olhando em volta, Sechs, Raz, Acht e Neun, em algum momento todos receberam copos nas mãos que combinavam com seus respectivos tamanhos de corpos.

— Ah, Kaito. Sei que não é razoável dizer que não deveria ficar surpreso, já que viu pela primeira vez… Contudo, falando sério, enquanto a irmã mais velha Ein estiver no comando, não poderemos servir nem uma gota de álcool para nós mesmos… Bem, você vai se acostumar.

— H-Hmm…

A empregada doméstica é incrível… Não, posso seguir chamando-a de empregada doméstica ainda?

— Certo, todos já estão com suas bebidas, vamos começar! Desta vez é para dar as boas-vindas à chegada de Kaito do outro mundo e, claro, posso ter falado com ele sobre várias coisas também, mas estou feliz que Kaito e todos os outros estejam se dando bem. Vamos apenas relaxar e nos divertir!

Quando ouço o discurso de Kuro com o seu sorriso de sempre, sinto meu coração acalentar um pouco. Na verdade, depois de vir aqui, tenho a impressão de que todos, incluindo Acht, estão me recebendo muito bem, e é tão fácil conversar com eles.

Na mansão de Lilia, além de Lunamaria, não tenho certeza se devo lidar com as pessoas com normalidade ou se devo tratá-las como um convidado faz com os servos. É como se estivéssemos falando um com o outro de forma bastante natural, sem dar um passo para trás em consideração às outras pessoas. O fato de que posso sentir que estão me recebendo sem nenhuma malícia ou curiosidade por ser um ser de outro mundo, apenas como amigo de Kuro… Acho que é justo o que ela queria quando planejou esse churrasco.

Levantando meu copo no ritmo dos movimentos de Kuro, senti um sorriso sincero surgir em meu rosto.

— Bem, então, saúde!

— Saúde!!!


 

Tradução: Shuraragi

Revisão: Pride

 

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