Dark?

Fui Pego em Uma Invocação de Herói, Mas Esse Mundo Está em Paz – Vol. 01 – Cap. 01.2 – Tingido de Preto, o Encontro com o Prólogo

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Enquanto Lilia falava, Lunamaria colocou algo que parecia um mapa na mesa.

Primeiro de tudo, o formato do continente me dá a impressão de uma Europa ampliada, enquanto na parte inferior esquerda do continente, ao redor do que seria a Espanha, está marcado em preto e branco com um círculo vermelho ao redor do centro do continente um pouco afastado dele.

— O que está dentro deste círculo vermelho é o Reino Symphonia, onde estamos agora. Ao norte está o Império Archlesia, e ao sul, do outro lado do mar, está o Reino Hydra… Esses são os três principais países que chamamos de Três Grandes Potências, e até cerca de mil anos atrás, eram tudo o que sabíamos sobre o mundo.

— Está dizendo que é diferente agora?

— Sim, está certo, Aoi. Este mapa-mundi é habitado em sua maior parte por humanos, elfos e anões… Dentro do reino onde muitos humanos vivem, é conhecido coletivamente como o “Reino Humano”. Além deste, há o “Reino Demoníaco” onde os demônios vivem e o “Reino dos Deuses” onde os deuses vivem.

Após essa explicação, dois novos mapas foram colocados na mesa. Um deles tem mais que o dobro do tamanho do mapa anterior e seu formato se assemelha ao continente australiano. O outro é um pequeno mapa de um continente em forma de anel, ou talvez seria mais próximo de um donut?

— O mapa grande representa o Reino Demoníaco e o mapa pequeno o Reino dos Deuses. Acho que seria mais fácil de entender se os imaginassem como um sanduíche, empilhado um em cima do outro? Os três reinos, o Reino dos Deuses, o Reino Humano e o Reino Demoníaco, são separados por uma parede dimensional invisível e, ainda assim, existem lado a lado. É disso que se trata este mundo, Trinia, no verdadeiro sentido da palavra.

— Está se tornando uma história bastante magnífica, né.

— Fufufu, unnn, para vocês três que vieram de outro mundo, pode parecer que existem três mundos diferentes, contudo para nós, esses três reinos estão localizados em partes diferentes do mundo, e podemos entrar e retornar livremente passando por portais. Suponho que a percepção seria diferente do lugar de onde o Sr. Herói e todos viviam, onde não se pode interferir em outros mundos com nada além de um círculo de invocação.

— Entendo.

Um mundo diferente seria acompanhado de um conjunto diferente de senso comum. Comparado a nós, que sentimos que essas paredes dimensionais são misteriosas e estranhas, as pessoas que têm vivido neste mundo não as veem como nada diferente dos oceanos e montanhas.

Unnn. Acho que só temos que estar cientes de que é assim que as coisas são.

— Quanto ao sistema de governo do Reino Humano, ouvi dos heróis anteriores que é próximo ao mundo em que viviam, no entanto… O que acham? Vocês conseguem pensar em um país no seu mundo que funcione da mesma forma?

— Hmmm. É como se houvesse um rei e nobres que têm seus próprios feudos, onde os plebeus vivem e pagam impostos?

— Sim, não é errado reconhecer dessa forma.

Yuzuki respondeu às palavras de Lilia com um pouco de confiança. Foi dessa forma que imaginei esse mundo também, embora acho que não estou errado. A única coisa que me deixou curioso agora é que Lilia se referiu como “o sistema de governo do Reino Humano”, o que implicaria que o Reino dos Deuses e o Reino Demoníaco são diferentes.

Em seguida, Lilia acenou com a cabeça em nossa direção, nos deixando saber que Yuzuki está na mesma página que ela.

— Agora, vamos deixar para explicar sobre como os três reinos formaram um relacionamento amigável mais tarde… Primeiro vamos falar sobre o Reino dos Deuses e o Reino Demoníaco. O Reino dos Deuses é um mundo onde o Deus Criador está em seu ápice… Ou para colocar de outra forma, é um mundo com apenas uma nação, e os deuses apenas reconhecem a vontade do Deus Criador como algo absoluto, sem exceção.

— O Deus Criador não aparece em público fora do Festival do Herói que ocorre uma vez a cada dez anos, então não acho que a veremos por enquanto. Em primeiro lugar, o Deus Criador não interfere no mundo, apenas zela pelo futuro deste. De acordo com as lendas, além da época da grande guerra contra o Reino Demoníaco, ela nunca exerceu seu poder absoluto. — Lunamaria acrescentou à explicação de Lilia.

Em outras palavras, o Reino dos Deuses pode ser considerado o auge da sociedade verticalmente estruturada. E o Deus Criador, que está no topo, mantém a postura de vigiar os outros… Bom, se for como imaginei.

— O próximo é o Reino Demoníaco. É o mais vasto dos três reinos e lar das espécies mais diversas. Embora costumam ser chamados de “demônios”, há inúmeras variações em sua aparência. Os Heróis passados muitas vezes pensaram que os demônios eram iguais aos monstros, no entanto no Reino Demoníaco os monstros são definidos como seres com um certo nível de inteligência a menos.

Unn, na verdade, eu também tinha a mesma imagem em relação a demônios e monstros, suponho que eles têm um padrão claro para si mesmos. Acho que seria difícil dizer até vê-los pessoalmente…

— O Reino Demoníaco é uma meritocracia fácil de entender. Você poderia dizer que a pessoa com o maior poder está no topo. Esta é apenas uma das coisas que devem entender, mas só porque eles estão em uma meritocracia, não significa que os demônios sejam seres violentos. Em fato, a maioria dos demônios são racionais, não usam violência sem razão e nem menosprezam os fracos. É só que é um reino que enfatiza a habilidade individual, não sua linhagem.

— Em vez disso, eles são muito mais temperados do que a raça humana. Minha dama e eu fomos ao Reino Demoníaco e fizemos algumas excursões. As pessoas de lá foram muito gentis comigo.

— Sim, gostaria de ter algum tempo para visitá-lo outra vez. Não há nenhum país no Reino Demoníaco, sendo apenas dividido em 6 territórios. E os 6 demônios que reinam no topo de cada território… Comumente conhecidos como os Seis Reis: Rei do Submundo, Rei da Guerra, Rei da Morte, Rei do Mundo, Rei Dragão e Rei Fantasma… Cada um é um demônio que viveu por milhares de anos, e seu poder é dito ser capaz de destruir o mundo.

Esses Seis Reis parecem sem dúvida ultrajantes… Só de ouvir como são chamados é o suficiente para me trazer de volta a história negra da minha juventude, contudo eles parecem ser seres que não devem ser contrariados neste mundo.

No entanto, há uma coisa que me incomodou sobre a explicação que ela acabou de dar. Tanto Lilia quanto Lunamaria disseram que os demônios são em grande parte seres benevolentes, mas os humanos não lutaram contra os demônios no passado?

— Hum, posso fazer uma pergunta?

— Sim, fique à vontade.

— Você mencionou antes que a maioria dos demônios são bem gentis, e que esses Seis Reis estão vivos a milhares de anos. É correto dizer que aquele Lorde Demônio que atacou o Reino Humano estava entre eles?

— Unn. Não sei bem como dizer… O Lorde Demônio que lançou sua fúria pelo Reino Humano naquela época era na verdade apenas um peixe pequeno no Reino Demoníaco.

— Eh?

Em resposta à minha pergunta, Lilia sorriu ironicamente como se também estivesse sem palavras. Estava alinhado com a imagem que eu tinha em mente, só que nunca imaginei que o Lorde Demônio fosse na verdade apenas um peixe pequeno… Isso é chocante.

— Como mencionei, os demônios são bastante gentis. O Reino Demoníaco em si é vasto, sua comida é abundante, e os reis que estão no topo têm boas relações entre si e interagem com frequência. Foi dito que a única vez que lutaram foi em tempos imemoriais, embora tenha havido uma escaramuça no Reino Demoníaco, foi contra o Reino dos Deuses, o que só aconteceu uma vez. Em primeiro lugar, até o Lorde Demônio e o Sr. Primeiro Herói aparecerem, para os demônios, eles só sabiam que os Humanos existiam, todavia nunca os viram. Pelo visto reconheceram os humanos como seres com os quais não tinham nenhuma razão para entrar em conflito.

— Bom, não importa em qual mundo seja, há aquelas pessoas que não veem o bem em viver em paz, levando ambições ocultas em seus corações. — Lunamaria acrescentou com um suspiro.

Mesmo depois de 1000 anos, o Primeiro Herói segue sendo respeitado, porém sinto que a imagem daquele “Lorde Demônio” está ficando cada vez mais ridicularizada.

— Sim, foi aquele Lorde Demônio que reuniu todos os demônios sanguinários e tentou derrubar os Seis Reis naqueles dias para subir ao topo do Reino Demoníaco. No Reino Humano, não seriam diferentes de algo como bandidos… Você também poderia dizer que eram como rebeldes. Entretanto, como o número de demônios é tão grande, os seguidores do Lorde Demônio parecem ter se tornado um grande exército de mais de um milhão de demônios como resultado. Mesmo assim, ouvi dizer que era apenas um exército de pequena escala em comparação com todo o Reino Demoníaco…

Quanto mais o denominador aumenta, mais simpatizantes aparecem…

Para ser honesto, não consigo imaginar um exército de milhões aparecendo imediatamente, contudo ouvi dizer que foi assim que o Lorde Demônio surgiu. Nesse caso, por que não tentou derrubar os Seis Reis e veio para o Reino Humano?

— Ouvi dizer que o exército do Lorde Demônio desafiou o Rei do Submundo para uma batalha para ganhar o controle do Reino Demoníaco.

— Ah, você mencionou que houve uma guerra no Reino Demoníaco antes.

— E então, o que aconteceu?

Acho que foi porque eu estava interessado no ataque deles ao Reino Humano, no entanto como estávamos preocupados com algo, Yuzuki e eu pedimos para ela prosseguir um pouco mais nesse tópico.

— Foi uma batalha de um milhão contra um, e o Rei do Submundo os derrotou em questão de minutos.

— Errr…

— Isto é… Como devo dizer…

— Não consigo deixar de sentir pena deles pelo que aconteceu.

O fato de terem sofrido uma derrota esmagadora fez até Kusunoki sentir uma inadvertida pena do Lorde Demônio. Ou o exército do Lorde Demônio é muito fraco, ou o Rei do Submundo é muito forte… Assim como Kusunoki disse, estou começando a sentir pena. Quero dizer, em apenas alguns minutos de combate, a maioria deles deve ter sido eliminada em apenas um ou dois ataques…

— Porém, o Rei do Submundo é uma pessoa muito gentil. Ele não matou ninguém, e apenas os repreendeu dizendo “É bom que todos vocês sejam bem animados, mas não devem incomodar as pessoas ao seu redor.”. E deixou o exército do Lorde Demônio ir.

Não apenas pegou leve, como também os tratou como pirralhos problemáticos da vizinhança? Acho que já deu! A imagem do Lorde Demônio dentro de mim já desabou, sabe?

— Após este incidente, o Lorde Demônio percebeu que não era páreo para os Seis Reis… Então decidiu invadir o Reino Humano, que os Seis Reis haviam decretado naquela época que não deveria sofrer interferência.

— …

Ele fugiu? Aquele Lorde Demônio fugiu do Reino Demoníaco? Não tenho nenhum apego especial a ele, contudo, você não deveria repensar a vida, Lorde Demônio? Senti como se fosse uma criança que foi repreendida e fugiu de casa…

Como deveria reagir a isso? Estou começando a pensar no Lorde Demônio como alguém insignificante…

Enquanto estávamos atordoados pelo surgimento inexplicável do Lorde Demônio no Reino Humano, Lilia se virou para o canto inferior esquerdo do mapa do Reino Humano… Apontando para a marca preta, sua expressão mudou ligeiramente para algo sério enquanto continuava falando.

— Para o Reino Humano naquela época, os demônios que surgiram de repente eram uma ameaça tremenda, sem mencionar o Reino Demoníaco com as existências absolutas dos Seis Reis. O exército do Lorde Demônio derrubou em pouco tempo os países vizinhos e se autodenominou Lorde Demônio quando declarou guerra ao povo. E assim, a longa guerra entre nosso povo e seu exército começou.

— A propósito, o Rei do Submundo pediu sérias desculpas no Tratado de Amizade pelo incidente naquela época, “Eu deveria ter cuidado deles de uma forma melhor.”. Mesmo tendo recebido a sua generosidade, ele agiu de forma cruel e até fez o Rei do Submundo se curvar em desculpa pelos seus atos… Mesmo que tenha sido um acontecimento de mil anos atrás, ainda sinto que o comportamento ultrajante daquele Lorde Demônio é imperdoável.

— H-Hmm, Lunamaria?

Lunamaria acrescentou mais detalhes às palavras de Lilia, embora parece que sua calma de antes foi jogada pela janela… Sua expressão era de total desgosto, ao ponto em que me assustou um pouco.

— Para começo de conversa, o nobre Rei do Submundo não deveria ter se desculpado por insetos inúteis como este… Todavia, é o esperado dele! Ter a graça de se curvar a pessoas de posição inferior à sua e a integridade de admitir erros… E é por esse motivo que é de fato o rei entre os reis…

— Luna, Luna!

— Hyah! E-Eu peço desculpas…

Lilia adverte Lunamaria, que disparou a falar como se algum tipo de interruptor interno tivesse sido ligado. Olhando para nós surpresa, ela explicou com um suspiro.

— Luna conheceu o Rei do Submundo uma vez, e desde então tem sido fanática por ele. Por favor, tome nota disso. Pode levar várias horas para acalmá-la se alguém mencioná-lo irrefletidamente para Luna.

— Se eu pudesse, o teria servido em vez dessa solteirona…

— Luna, vou garantir que você leve 2 ou 3 tapas mais tarde.

Os olhos de Lunamaria com certeza parecem perigosos agora. Foi como um giro de 180 graus, como se a palavra “fanática” fosse de fato adequada para ela.

Lilia deve ter tido dificuldade em lidar com isso…

— Vamos retomar à nossa conversa. O exército do Lorde Demônio invadiu o Reino Humano… Suas ações fizeram os Seis Reis coçarem a cabeça de preocupação.

— Hein?

Não entendi na hora o significado por trás das palavras de Lilia. Porque pelo que pude entender, os Seis Reis deveriam ter o poder de derrotar com facilidade o exército do Lorde Demônio. E dizer que tal situação os está fazendo se preocuparem… Espere. Na verdade pode ser um pouco complicado. Por que o Herói precisava ser chamado quando os Seis Reis podiam lidar com eles?

— Como disse, no começo o exército do Lorde Demônio não era muito famoso nem temido no Reino Demoníaco. Portanto, já era tarde demais quando a informação de que o exército havia invadido o Reino Humano chegou ao conhecimento dos Seis Reis. E a essa altura, já não era mais possível para eles deterem o exército sem uma consideração prévia.

— Entendo, o decreto de não interferência que emitiram limitou suas ações, não é?

— O que você quer dizer, Senpai?

Kusunoki compreendeu o que Lilia havia falado, mas Yuzuki e eu seguíamos sem entender. Uma vez que os Seis Reis lidassem com o exército do Lorde Demônio, deveria ter sido o fim, porém pelo jeito que falavam agora, dá a entender que não podiam fazer nada a respeito por algum motivo.

Ao ouvir a pergunta, Kusunoki respondeu enquanto se virava para Yuzuki.

— Naquela época, o Reino Demoníaco não estava interferindo nos assuntos em torno do Reino Humano. Colocando de outro forma, não tinham nenhum canal através do qual pudessem negociar e dizer aos humanos que não eram hostis.

— A-Ahhh! Agora entendi!

— Vejo que Miyama também notou. Talvez seja como você está pensando. Eles podem saber da nossa existência, porém a maioria dos demônios nunca viu um humano antes… Por outro lado, também é o mesmo para os humanos. E para as pessoas naquela época, os demônios eram reconhecidos como parte do exército do Lorde Demônio.

Sim, enfim entendi a parte com a qual estava preocupado. Embora os Seis Reis tivessem o poder de derrotá-lo, não possuíam os meios para negociar depois de derrotar o Lorde Demônio para mostrar que não eram hostis aos humanos.

Se apenas aniquilassem o exército em um piscar de olhos, o que os humanos pensariam quando o vissem? A resposta seria “um demônio muito mais poderoso do que o Lorde Demônio está atacando”.

— Uma ameaça que supera em muito o Lorde Demônio chegou. As pessoas empunhariam suas espadas até a morte. Se isso acontecesse, a história não terminaria mais com apenas o Lorde Demônio invadindo o Reino Humano. Teria se transformado em uma guerra total entre os dois reinos… Não só isso, se os Seis Reis, os seres que estavam no ápice do Reino Demoníaco, estivessem envolvidos na invasão ao Reino Humano, o Reino dos Deuses, que vinha se mantendo neutro, também começaria a se mover. E, no pior cenário, uma grande guerra poderia ter estourado envolvendo os três reinos. Foi por esse motivo que os Seis Reis não podiam tocar no Lorde Demônio.

Ao longo do caminho, Kusunoki assumiu a explicação de Lilia, com um tom de voz carregado. Tudo bem se for apenas o Reino Humano. Na pior das hipóteses, se os Seis Reis pudessem apenas tomar uma decisão implacável, poderia ter sido possível conquistar o Reino Humano à força para impedir que o fogo da guerra se espalhasse para o Reino Demoníaco.

Todavia, se o Reino dos Deuses agisse, a coisa não acabaria ali. Nos tempos antigos, os dois reinos entraram em uma guerra. Se essa lenda for verdadeira, significa que o poder de ambos os reinos são capazes de competir um contra o outro até certo ponto. Se acontecesse, haveria uma chance real de uma guerra iniciar e os Seis Reis queriam evitar tal possibilidade.

— Uma grande guerra envolvendo os três reinos. Era necessário evitar esse cenário… No Reino Humano, mais fraco em comparação aos demais, o ser que tinha poder suficiente para derrotar o causador do conflito… O ser que pode carregar a esperança da Humanidade. O Herói que pode sentar-se à mesa de negociação com o Reino Demoníaco…

— Esse foi… O Primeiro Herói…

— Correto. Existem várias teorias sobre a invocação do Primeiro Herói. Há a teoria de que o Deus Criador, temendo a chegada de uma grande guerra, deu aos Humanos um círculo de invocação na forma de um oráculo. Há até uma que diz que os Seis Reis solicitaram em segredo a cooperação do Reino dos Deuses e pediram que o fizessem. No início, havia círculos mágicos desconhecidos passados ​​de uma geração para outra… Não há um registro claro a respeito devido ao Reino Humano estar em turbulência naquele período, contudo a invocação do Herói ocorreu no Reino Symphonia.

Foi aqui que o Primeiro Herói apareceu. Imagino como seria a sua aparência. Tenho certeza de que é do mesmo mundo que nós, no entanto não faço ideia se seria homem ou mulher, ou se seria japonês…

— Ouvi dizer que a jornada do Sr. Primeiro Herói foi muito árdua. Enquanto viajavam pelo Reino Humano que estava em um turbilhão de caos, ele salvou muitas vidas, reuniu companheiros para lutar junto e, no final da guerra incessante, derrotou o Lorde Demônio.

Pode soar como uma história clássica da jornada do Herói, entretanto penso que deve ter sido uma situação bastante sofrida. Como nós agora, ele teria lutado para acompanhar a situação no começo, e as pessoas naquela época não teriam sido capazes de ensinar a diferença entre eles e a Terra tão facilmente quanto o fazem agora.

Se eu fosse enviado para um lugar desconhecido sozinho, e enquanto procurava informações tivesse que lutar contra um inimigo poderoso para as pessoas deste mundo… Seria absolutamente impossível para mim.

— Desde então, foi dito que os Seis Reis agiram muito rápido. Primeiro explicaram a situação ao Primeiro Herói, depois expulsaram os remanescentes do exército em um piscar de olhos. Com a ajuda do Primeiro Herói, desculparam-se com o povo e mostraram que não tinham intenção de entrar em guerra. E assim, a invasão não se transformou em uma guerra total.

— No entanto, não é como se não houvesse mais rancores, certo?

— Sim, é como Aoi disse. Naquela época, o Reino Humano e o Reino Demoníaco estavam ligados por uma suposta trégua, um pacto de não agressão. Ainda que os humanos tivessem derrotado os demônios, parece que o dano recebido foi grande.

Deveria ter sido bem óbvio. Ainda com a derrota do Lorde Demônio, não significava que tudo voltaria ao normal. Pelo contrário, a impressão da raça humana sobre os demônios seria péssima…

— Porém, o Primeiro Herói não parou por aí. Quando os Seis Reis lhes contaram sobre a situação, ele disse que a maior causa foi a não intervenção dos três reinos em relação ao Lorde Demônio, e pensou em uma maneira de garantir que isso não voltasse a acontecer.

— …

— O Primeiro Herói persuadiu os Seis Reis a cooperar com o Reino Humano arruinado com sua abundância de alimentos e suprimentos do Reino Demoníaco, e também foram ao Reino dos Deuses para negociar com os deuses. É claro, não foi fácil, alguns problemas ocorreram aqui e ali devido às diferenças de nossas raças. Mas o Sr. Primeiro Herói nunca desistiu. Viajando para vários lugares, espalhou a palavra sobre a verdade de toda situação… “Mesmo que eu seja de um mundo completamente diferente, nós nos entendíamos. Eu passei a amar este mundo com todo o meu coração.”. Foi ele quem mais apelou desesperadamente.

Imagino o quão forte o Primeiro Herói de fato era. Tenho certeza de que não recebeu muito apoio no começo, porém continuou negociando sem desistir. Deve ter sido um caminho muito mais doloroso e árduo do que sua luta contra o Lorde Demônio.

— Aos poucos, o número de apoiadores aumentou. Portais começaram a ser construídos em cada lugar, e as oportunidades para aqueles dos três reinos irem e virem aumentaram. O sonho de paz do qual o Sr. Primeiro Herói falou foi transformado no futuro que muitas pessoas queriam. E após 9 anos se passarem, no lugar onde o Lorde Demônio foi derrotado… No lugar onde sua outra batalha começou, os Governantes do Reino Humano, os Seis Reis do Reino Demoníaco e o Deus Criador do Reino dos Deuses… As pessoas mais importantes dos três reinos se reuniram e um tratado de amizade entre os três reinos foi assinado na presença do Primeiro Herói.

— Incrível.

Como Yuzuki murmurou para si mesma, foi sem dúvida um evento majestoso saído de um conto de fadas. Contudo, não é apenas um conto de fadas para este mundo, e sim um verdadeiro evento que ocorreu em sua história. É por isso que o Primeiro Herói tem sido louvado e ovacionado mesmo agora.

— E assim, a batalha do Primeiro Herói terminou. Na terra onde o tratado de amizade foi concluído, os três reinos trabalharam juntos para criar uma cidade. A cidade foi nomeada… Hikari, em homenagem ao Sr. Primeiro Herói. Esta é a cidade onde o evento principal do Festival do Herói é realizado.

Hmm? Hikari? Se esse é o nome do Primeiro Herói, então poderia ser uma mulher?

— E desde então o festival é realizado uma vez a cada 10 anos para comemorar os anos de sua jornada, que ficou conhecido como Festival do Herói. É uma longa história, não é? Alguém tem alguma pergunta?

— O que aconteceu com ele depois?

Ouvindo a história, pude entender bem por que ele é tão exaltado. Este se tornou o símbolo da paz neste mundo e é, sem dúvida, um Herói no verdadeiro sentido da palavra.

Ele enfrentou os desafios e os realizou destemidamente… No entanto, o que fez após suas realizações? Foi a dúvida que me veio à mente.

— Não sei os detalhes. Depois que o tratado de amizade foi assinado, o Sr. Primeiro Herói desapareceu dos olhos do público. Dizem que um monumento de pedra gravado com a espada usada por ele e um círculo de invocação foi encontrado em uma colina perto do local onde o tratado de amizade foi negociado. Deixado na parte de trás do monumento de pedra estava a caligrafia do Primeiro Herói.

Dizendo isso, Lilia repetiu as palavras que ele havia gravado no monumento de pedra, como se as tivesse memorizado de cor.

— Minha batalha como Herói está terminada. Fico muito feliz por ter vindo a este mundo. Havia pessoas aqui que me encorajaram. Houveram pessoas que me aplaudiram. Tive todos me apoiando. E foi por essa razão que fui capaz de fazer o meu melhor. Eu fui capaz de fazê-lo não apenas porque fui chamado de Herói. Os três reinos estão conectados porque cada um de vocês que vive neste mundo corajosamente deu um passo à frente. Não sou o único Herói aqui. Todos que vivem neste mundo são grandes Heróis, então tenho certeza de que todos ficarão bem pelo resto de suas vidas. Eu amo este mundo. E espero que seja sempre um lugar pacífico e repleto de sorrisos…1Herói também pode ser lido como “Pessoa Corajosa”.

— Kujou Hikari.

— Sua espada e o monumento de pedra estão cobertos com uma Magia de Preservação de Estado muito forte, ainda estando na mesma condição de antes.

— Eu me pergunto se o Primeiro Herói retornou ao nosso mundo.

— Não sei. Há uma teoria de que retornou ao seu mundo anterior, e há também uma teoria de que permaneceu neste mundo. Entretanto, há informações que só vieram à tona há pouco tempo… Dizem que apenas o Rei do Submundo sabe a verdade.

O Primeiro Herói, que realizou um feito de fato grandioso, desapareceu sem deixar vestígios. É quase uma lenda que se vê em um conto de fadas. Todavia, não estou certo sobre a Magia de Preservação de Estado, mas pela maneira como Lilia falou, sugere que algumas informações adicionais foram encontradas.

— Dizem que há cerca de 200 anos atrás, uma passagem escondida foi encontrada no fundo de uma caverna onde o Sr. Primeiro Herói teria parado. A área não tem uma Magia de Preservação de Estado muito poderosa lançada nela, e os escritos estão desgastados e ilegíveis, porém uma parte deles foi escrita em letras do outro mundo e decifrada por um Herói que havíamos convidado para o Festival do Herói naquela época.

Após essas palavras, Lilia colocou uma folha de papel na mesa. Parece ser uma cópia de uma carta, contudo alguns dos escritos desbotaram… No entanto, pude ver palavras de agradecimento e despedida ao Rei do Submundo, escritas em japonês.

— O Rei do Submundo se recusou a responder à pergunta sobre o que aconteceu com o Sr. Primeiro Herói, dizendo que não pode falar devido a uma promessa. Sendo o primeiro a concordar com os pensamentos do Sr. Primeiro Herói, há algumas informações de que o Rei do Submundo o ajudou quando foi a vários lugares… Foi até dito que foi o responsável por lançar a Magia de Preservação de Estado quando a espada foi deixada junto àquele monumento de pedra.

— Entendo.

No fim, muito da repercusão do Primeiro Herói segue envolto em mistério… Entretanto, entendo por que ele é tão honrado neste mundo.

Depois que terminamos de falar sobre o pobre Lorde Demônio e o Primeiro Herói, fomos informados sobre o Reino Symphonia e as cidades vizinhas em geral.

— Não é bom enfiar muita informação na cabeça, e tenho certeza de que todos querem um descanso. Vou deixar a explicação aqui por enquanto.

— É verdade. Acho que está na hora de eu preparar seus quartos… Ah…

— Luna?

— Por favor, aceite minhas desculpas, minha dama. É que eu esqueci completamente sobre isso. Sobre as roupas de Sr. Miyama…

— Ah…

Depois que explicaram várias coisas, Lunamaria se lembrou de algo quando estávamos prestes a fazer uma pausa e, ouvindo suas palavras, Lilia também reagiu surpresa.

— Luna… Você consegue chegar a tempo?

— Sim, porém… Não saberia quais roupas íntimas comprar.

— Kaito, minhas desculpas. Foi um erro meu. Não temos roupas masculinas nessa casa e não temos nenhuma muda pronta.

— Não é como se eu tivesse que trocar de roupa todos os dias…

— Não, felizmente, ainda é fim de tarde. Seria melhor se comprasse algumas… Afinal, é difícil para nós decidirmos sobre sua roupa de dormir por conta própria. É por isso que, sei que deve estar se sentindo cansado, mas queria perguntá-lo se poderia acompanhar Luna até a cidade e escolher algumas roupas.

— Ah, sim.

Para ser sincero, não acho que seria qualquer problema não trocar de roupa por um dia, embora… Já que Lilia declarou que garantiria comida, roupas e abrigo para nós, essa acabou sendo uma situação um tanto comprometedora.

— Minha dama, qual é o orçamento que devemos usar?

— Por ora, quero que compre cinco conjuntos, incluindo sobras, por 100.000R.

— Pfft!

— Entendido.

Espere um instante! 100.000R não é cerca de 10 milhões de ienes japoneses? Essa quantia exorbitante seria suficiente para comprar muito mais coisas, não apenas roupas! Hã? Os nobres acham que 1 milhão para roupas é uma coisa normal?

Na frente do meu eu atônito, Lilia e Lunamaria prepararam em pouco tempo o dinheiro.

— Ah, quase me esqueci. Kaito, Aoi e Hina. Se tiverem alguma ferramenta chamada Abarelios Elektros, nós cuidaremos para vocês. Afinal, são ferramentas de outro mundo, então teremos que pedir para a Deusa da Lei cuidar disso.

— Aparelhos elétricos… Acho que meu smartphone conta como um.

— Não sei muito bem o que é esse smartphone, contudo, houve uma vez onde o abarelio que um antigo Sr. Herói carregava foi alvo. Agora, eles devem ser mantidos pela Deusa por um ano.

Entendo, aparelhos eletrônicos seriam uma tecnologia desconhecida para este mundo… Sendo assim, pode haver pessoas que queiram adquiri-los e mantê-los para si. De toda forma, não acho que conseguiria carregar meu smartphone aqui, e não acho que seria fácil tirar fotos com ele.

Na caixa vazia que Lunamaria preparou para cada um, nós três colocamos nossos smartphones e outros itens digitais, como relógios. Não tinha certeza do que fazer sem meu relógio, no entanto elas me emprestaram algo que parecia um relógio de bolso. Já posso dizer com base em sua aparência, este é um relógio de bolso muito caro… Sinceramente, acho mais assustador ter um assim do que não ter.

Depois de um curto passeio em uma carruagem puxada por cavalos, enfim descemos no centro. Caminhando pela cidade que tem fortes semelhanças com a Europa medieval, chegamos numa loja de roupas, onde comprei camisas brancas simples, jaquetas pretas, calças azul-marinho, algumas blusas e calças em cores não muito chamativas, roupas íntimas e pijamas.

Acho que poderia dizer que é de se esperar de uma loja que vende itens para a família da Duquesa, cada roupa é assustadoramente agradável ao toque e são feitas de tal forma que posso dizer que são produtos de alta classe.

Pensei em evitar decorações chamativas e procurei as roupas mais modestas que pude encontrar, entretanto o custo total ainda acabou sendo 25.000R… São 2,5 milhões de ienes. 2,5 milhões de ienes… Consegue acreditar nisso? Nós só compramos algumas roupas, sabia?

— Eu teria ficado bem com roupas muito mais baratas…

— O Sr. Miyama é o convidado da Duquesa. Se você se vestisse de forma barata, a dignidade de minha dama poderia ser posta em dúvida.

— É assim que funciona?

— Ser um nobre significa que tem que mostrar aos outros que age como um. Até a loja que escolhemos para entrar lida com roupas relativamente mais simples.

— Essas são… Simples…

Caminhando pelas movimentadas ruas ao entardecer com Lunamaria, conversamos sobre várias coisas. Havia algumas roupas muito enfeitadas vendidas naquela loja, mas mesmo essas pareciam ser modestas para nobres.

— Ainda assim, está bem cheio aqui não é?

— Escolhemos a hora errada do dia para fazer compras. Especialmente porque amanhã é o Ano Novo.

Ah, entendi. Estou com a sensação de ser pouco antes das férias de verão… Porém é o fim do ano neste mundo. Não sei como é a data por aqui, porém como mencionaram que esta é a capital real, deve ser essa a razão pela qual o lugar está tão animado.

Enquanto pensava a respeito, me deparei com uma praça com uma grande fonte e parei para olhar algo que parecia uma carruagem puxada por cavalos flutuando no ar.

Wow, seria magia? Quando ouvi o termo “Magia de Preservação de Estado” antes, fiquei esperançoso, contudo este é sem dúvida um mundo diferente! Fiquei um pouco impressionado com a forma como a magia é usada em suas vidas cotidianas.

— Lunamaria, aquela coisa flutuando… Hã?

Apenas alguns segundos se passaram desde que meus olhos foram atraídos para a carruagem flutuante, no entanto Lunamaria não estava mais à vista quando me virei. Olhei para a esquerda e para a direita, mas havia tantas pessoas que não consegui encontrá-la.

Senti como se meu sangue tivesse gelado. Só pode ser brincadeira, né? Não importa como olhe para essa situação, é realmente aquilo, não é?

— Nós nos separamos?

Merda. Merda. Merda. Perdi a Lunamaria de vista! Além disso, tem muitas pessoas em volta, e tive que andar de carruagem no caminho para cá… Também não sei como voltar para casa.

O-O que devo fazer? Não é melhor manter a calma e ficar onde estou em momentos como esse? Não, se por ficar aqui, posso acabar sendo arrastado pela multidão… Ah, é verdade! Na frente daquela grande fonte!

Confuso pelo fato de ter me perdido em um lugar estranho, caminhei em frente à fonte que serviria como um marco.

Agora eu consegui… Mesmo não conhecendo nada sobre o lugar, conseguir a façanha de me perder não tem graça alguma. Lunamaria já deve ter notado e deve estar me procurando, mas ela conseguirá me encontrar nessa grande multidão de pessoas? Uwaaahhh, estou ficando muito ansioso! Sério, o que devo fazer…

— Algum problema? Você parece estar em apuros.

— Eh?

Enquanto agarro minha cabeça na frente da fonte, ouço uma clara voz, embora esteja no meio de uma multidão agitada. Ao me virar reflexivamente na direção da voz, eu enrijeci. Não, acho que seria melhor dizer que ela é atraente.

 


 

Tradução: Shuraragi

Revisão: Pride

 

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