Dark?

Fui Pego em Uma Invocação de Herói, Mas Esse Mundo Está em Paz – Vol. 01 – Cap. 01.1 – Tingido de Preto, o Encontro com o Prólogo

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Em meio à minha confusão, não tinha percebido, mas lembrei que ainda não havia tocado no chá preto que Luna me serviu. Dei um gole. Não sou nenhum especialista para julgar se é realmente saboroso, mas, como toda essa situação bizarra me deixou com muita sede, achei simplesmente delicioso.

— É um chá de ervas delicioso.

— Fico honrada com seus elogios, Srta. Kusunoki.

Pelo visto, não era chá preto, mas sim um chá de ervas. Quero dizer, não tem como eu saber sobre essas coisas sofisticadas.

— Certo, permita-me continuar a explicação. Como mencionei antes, convidamos um herói do seu mundo a cada 10 anos. Por isso, temos, em certa medida, um entendimento das diferenças entre o seu mundo e o nosso. Vou explicar tudo em ordem.

Entendi. Faz sentido. Se eles têm convidado alguém do nosso mundo a cada 10 anos, e já se passaram mil anos, com uma conta simples, isso significa que já convocaram umas 100 pessoas. Em outras palavras, eles já sabem como explicar as coisas para quem vem do nosso mundo… Mas, como a invocação desta vez foi uma exceção, a explicação que nos darão aqui deve ser um pouco diferente da que dão ao Herói. Ainda assim, imagino que a essência será a mesma, não é?

— Primeiro, sobre o período de um ano: o calendário deste mundo é dividido em mês do Fogo, mês da Água, mês da Árvore, mês da Terra, mês do Vento e mês da Luz. Após o mês da Luz, começa o 2º mês do Fogo, seguindo até o 2º mês do Vento. Porém, em vez de um segundo mês da Luz, chamamos esse de mês do Céu. Cada mês tem 30 dias, então um ano aqui tem 360 dias. A propósito, hoje é o dia 30 do mês do Céu, ou seja, um dia antes do início de um novo ano.

Então, resumindo, um ano aqui tem 360 dias. É quase igual ao nosso mundo. E o dia em que fomos convocados seria equivalente à véspera de Ano Novo no Japão, certo?

— Portanto, vocês só poderão retornar no dia 30 do próximo mês do Céu. Quanto ao tempo, ouvi dizer que é igual ao de vocês, com 24 horas por dia. Alguma dúvida sobre o que expliquei até agora?

— Não, não tenho perguntas.

— Certo, passando para o próximo tópico: nossa moeda. A unidade monetária em nosso mundo é Rira, abreviado como R, e temos seis tipos de moedas em circulação: moeda pesada, moeda de ferro, moeda de cobre, moeda de prata, moeda de ouro e moeda de ouro branco. Uma moeda pesada vale 1R, uma moeda de ferro vale 10R, uma moeda de cobre vale 100R, uma moeda de prata vale 1.000R, uma moeda de ouro vale 10.000R e uma moeda de ouro branco vale 100.000R. A renda mensal média de uma família comum fica entre 2.000 e 4.000 R.

Então, 1R equivale a cerca de 100 ienes, sem valores menores que isso, certo? Se uma pessoa ganha de 2 a 3 moedas de prata por mês, suponho que 4 moedas de ouro por ano sejam suficientes para viver. Unnn, até agora estou acompanhando bem. Minha cabeça ainda está no jogo.

— Para começar, cada um de vocês receberá 50 moedas de prata… ou seja, 50.000R. Fiquem à vontade para usá-las livremente em passeios turísticos. Moedas de ouro e moedas de ouro branco não são aceitas em barracas ou lojas mais simples, então decidimos entregar moedas de prata a vocês.

— Bfuhh!

Enquanto Lilia falava com um sorriso, Luna colocou diante de nós bolsas delicadamente decoradas, cheias de moedas de prata.

50.000R. Convertendo para ienes japoneses, isso dá 5 milhões de ienes por pessoa. Bem, o que mais se pode esperar de uma Duquesa, né…

— Ahh, errr… Como esperado, essa quantia é…

— Entendo que possa parecer pouco. Considerando que vocês foram convocados subitamente para outro mundo, sabemos que é uma compensação pequena para nos desculparmos pelo que aconteceu.

— Ah, não…

É o contrário, é muito! Embora essa quantia seja, sem dúvida, suficiente para viver confortavelmente por um ano, dar tanto dinheiro a meros estudantes só nos deixa confusos… Não, espera aí. Se incluirmos nossas despesas diárias… Como não temos a menor ideia do custo de vida neste mundo, talvez seja uma quantia que nos permita manter o mesmo padrão de vida que tínhamos no nosso mundo anterior.

É isso mesmo, não é? É isso, né? Como esperado, mesmo que ela tenha dito que garantiria nossa comida, roupas e moradia, não seria como se fôssemos morar na casa da Duquesa. Provavelmente nos arranjarão um quarto numa estalagem ou algo assim.

— É claro que sua comida, roupas e abrigo serão providenciados separadamente, e vocês também não precisarão pagar impostos. Por favor, usem esse dinheiro para passeios turísticos e para seus hobbies.

As despesas de subsistência não estão incluídas? Então, esse valor não é demais para nós?

— S-Se esse é o caso, então não é um valor muito grande?

Bom trabalho, Kusunoki! Exatamente, isso era o que eu queria dizer.

— Srta. Kusunoki, não precisa se preocupar. Essa é a única forma que tenho de me desculpar por envolvê-los nessa situação. Por favor, não hesitem em gastar tudo… Se acabar sendo insuficiente, providenciaremos mais.

— A propósito, esses fundos vêm inteiramente das economias pessoais da minha dama, então não precisam se segurar. Minha dama é a chefe solitária de um Ducado, sem hobbies caros, sem marido e nem mesmo um pretendente à vista. Por isso, ela acumulou uma quantia bem considerável.

— Luna… Por que você precisa me machucar dessa forma? Você é minha empregada, não é?

— Sim, esta Lunamaria é uma empregada que dedicou corpo e alma à minha dama, Srta. Lilia, e sempre será sua aliada.

— …

Parece que Lilia tem seus próprios problemas, hein. Não, sério… Além disso, percebi que o nome completo de Luna é Lunamaria. Vou anotar mentalmente.

— Bem, minha dama, embora eu entenda suas preocupações sobre estar além da idade ideal para o casamento, acho que já está na hora…

— Eu nunca mencionei isso, mencionei? Por que raios você está trazendo esse assunto à tona? Ahh, nossa! D-De qualquer forma, não podemos ficar conversando neste lugar por muito tempo. Pessoal, peço que tenham um pouco de paciência para receber as explicações sobre o senso comum deste mundo depois que nos mudarmos para minha casa… Tudo bem?

— Arehh? Este não é, errr, Lili… A casa da Duquesa Albert?

— Sr. Miyama, tudo bem me chamar pelo meu primeiro nome, Lilia. Não precisa usar meu título, e pode falar comigo normalmente.

— Ah, nesse caso, vou te chamar de Lilia. Você também pode me chamar de Kaito… Meu primeiro nome, sem honoríficos.

— Entendido. Vou te chamar de Kaito de agora em diante. Quanto à sua pergunta anterior… Não, este é o templo onde a Invocação do Herói é realizada, e não minha casa. Vamos continuar nossa conversa depois que nos mudarmos.

O sorriso gentil de Lilia era tão deslumbrante que não consegui evitar ficar encantado por sua beleza. Hmmm, ela é linda, gentil, tem um status social elevado e é rica, mas ainda está solteira. O mundo realmente funciona de formas estranhas.

Após nossa conversa, Lilia deixou a sala, dizendo que ia verificar o andamento das coisas com Mitsunaga. Então, nós três, junto com Lunamaria, ficamos sozinhos no cômodo.

— Pessoal, gostariam de mais uma xícara de chá?

— Mu-Muito obrigada. Hmm, Lunamaria?

— Sim, o que é, Srta. Yuzuki?

— Esta pode ser uma pergunta rude… Porém Lilia é tão bonita e estilosa, além de ser gentil, e ainda assim… Por que não tem um pretendente…

— Hinazinha… Você…

— Ah, não, você também está curiosa sobre isso, não está?

Parece que, depois da conversa anterior, Yuzuki relaxou um pouco e resolveu perguntar a Lunamaria algo que também estava passando pela minha cabeça.

Diante da nossa curiosidade, Lunamaria exibiu um sorriso irônico enquanto nos servia mais uma xícara de chá de ervas.

— Na verdade, Sua Majestade, o atual Rei, em outras palavras, o irmão mais velho de minha dama, tem um apego especial pela Srta. Lilia, sua irmãzinha. Sim, é verdade… Ele a adora tanto que surgiram rumores de que “homens que se aproximam da minha dama Lilia desaparecem no dia seguinte”.

— Hã? Isso é…

— Sim, é muito preocupante. É por esse motivo que todos os servos no Ducado Albert são mulheres, e é por isso que é tratado como “uma zona proibida para homens”.

— …

Espera aí. Não sei se entendi direito o que ela está dizendo… Quer dizer que o Rei é um siscon1Siscon é uma abreviação do termo complexo de irmã, um estado de forte apego e obsessão pela irmã ou irmãs. louco e isso transformou a casa de Lilia num território proibido para homens?

— Parabéns, Sr. Miyama. Você alcançou um feito notável desde a fundação do Ducado Albert. Bem, como minha dama é a primeira chefe da família, talvez não seja um feito tão grandioso assim…

— Hã?

— Miyama, né? Mesmo que tenha sido por pouco tempo, foi bom te conhecer.

— Ehh?

— Mesmo depois de voltarmos ao Japão, não vamos nos esquecer de você, Sr. Miyama.

— Eh? Eeeeeehhhh?

Pelo visto, bandeiras da morte2Bandeiras de morte (Death Flags) são sinais de que um personagem de uma história provavelmente morrerá. Eles são usados com recorrência ​​em animes e jogos japoneses. também existem em outros mundos.

Ahh, eu quero ir para casa agora mesmo.

***

Como japonês, ao saber que fomos invocados na véspera de Ano Novo, imaginei o ar gelado do inverno. Mas aqui, a véspera de Ano Novo deste mundo é quente e vibrante como a primavera, um momento que parece perfeito para relaxar sem preocupações. Ainda assim, algo está estranho, não é? Por que eu não consigo parar de tremer?

Dentro de uma grande carruagem, onde sentia um leve balançar, eu segurava a cabeça com as mãos, sem nem aproveitar meu primeiro passeio de carruagem.

Estávamos a caminho da casa de Lilia, junto com todos que haviam recebido suas explicações antes.

Mitsunaga, ao que parece, aceitou participar do Festival do Herói. Com isso, ele seguiria para o castelo real como convidado de estado. Após uma breve saudação a Yuzuki e Kusunoki, entrou numa carruagem extremamente luxuosa. Queria que me levassem junto, para bem longe de onde esta carruagem está me levando.

— Kaito? Você está bem? Se não estiver se sentindo bem, podemos parar um pouco…

— Não, está tudo bem.

— Minha dama, creio que o Sr. Miyama ainda esteja atordoado com essa situação inesperada.

Esta empregada sem vergonha… ela sabe exatamente por que estou assim, mas finge sem qualquer constrangimento.

— Entendo, é compreensível. Embora eu não esteja em posição de dizer isso, já que sou a causa desse transtorno e ainda não consegui me desculpar direito… Por favor, não se preocupe demais. Se houver algo em que eu possa ajudar, é só me dizer. Isso vale para Aoi e Hina também, é claro.

— Sim.

— Obrigada.

Lilia, sua gentileza está partindo meu coração. Se eu tivesse que descrever como me sinto agora… Seria algo do tipo: “Como foi que cheguei nisso?”. A casa de Lilia é cheia de mulheres, então, sem dúvida, vou me sentir completamente fora de lugar. Para alguém como eu, que já era solitário mesmo antes de ser invocado, esse é um ambiente muito difícil de lidar.

Será isso uma punição por ter duvidado da gentil Lilia? Uuuh, queria que aquele outro estudante do ensino médio que vi antes da invocação tivesse sido trazido junto… Será que ele ficou de fora por causa da minha presença ali? Me desculpe, cara, podemos trocar de lugar agora?

No fim, não importa o quanto eu me preocupe, a realidade não vai mudar. Após cerca de 30 minutos na carruagem, chegamos ao nosso destino: a casa de Lilia.

Como esperado, não era uma casa comum de plebeus, mas uma mansão que gritava sua posição como nobre. Na frente do portão de dupla entrada, havia várias cavaleiras em armaduras, numa cena que parecia tirada de uma obra de arte.

Depois de passar por um lindo jardim, chegamos à entrada da mansão. Na minha cabeça de plebeu, imaginei servos alinhados dos dois lados, nos cumprimentando em fileiras ao abrir da porta. Mas, pelo visto, era só minha imaginação, já que não havia nada disso, e apenas seguimos Lilia por um corredor.

Ainda assim, tal como Lunamaria disse, havia apenas mulheres nesta mansão. Todas as pessoas que cruzamos – limpando ou cuidando de tarefas – eram mulheres, e estar aqui realmente parecia deslocado. Quer dizer, elas estão me encarando com olhares gélidos, sabia? Meu estômago está revirando

— …

— Minha dama?

— Luna, já deve estar na hora do almoço… E tenho certeza de que todos estão cansados. Vamos almoçar primeiro. Deve estar pronto, certo?

— Sim, creio que será servido em breve.

— Ótimo, deixo com você.

Depois de dizer isso, Lilia nos guiou para outra vasta sala… Grande o suficiente para abrigar dezenas de pessoas. De fato, era por volta da hora do almoço quando fomos invocados, e eu não tinha comido nada, já que não tinha aulas à tarde. Yuzuki e Kusunoki, que estavam voltando para casa, provavelmente também não almoçaram, considerando que tiveram meio período de aulas.

Quando estávamos prestes a nos sentar, servas vestidas com uniformes de empregada puxaram nossas cadeiras, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Por algum motivo, senti que minha cadeira foi puxada com um pouco menos de… delicadeza, mas devo estar imaginando coisas.

— H-Hmm, Lilia… Não sou muito boa com etiqueta ou modos à mesa…

— Ah, não se preocupe. Não é um evento formal, então, por favor, fiquem à vontade.

Quando uma nervosa Yuzuki expressou sua insegurança, Lilia respondeu com um sorriso gentil. Para ser honesto, eu também não tenho a menor ideia sobre etiqueta à mesa. Sei vagamente que garfo e faca são usados de fora para dentro, mas é o máximo que sei. Na verdade, nunca comi assim.

Logo depois, servas chegaram trazendo bandejas prateadas com tampas abobadadas, do tipo que só vi na TV. No momento em que estavam prestes a colocar os pratos à nossa frente, uma voz as interrompeu.

— Troque minha refeição com a de Kaito… Aquele homem ali.

— Eh? Mi-Minha dama?

— Não me ouviu?

— Nã-Não, mas…

A voz não era mais a gentileza que ouvimos antes, mas uma ordem majestosa, carregada de uma firmeza cortante.

Ao ouvir as palavras de Lilia, a serva pareceu ficar sem reação.

— Vou deixar claro para que não haja mal-entendidos: isso não é um pedido, é uma ordem. Entendeu o que quero dizer?

— Si-Sim. Como desejar, minha dama…

Diante do tom frio e incisivo de Lilia, o rosto da serva empalideceu, e ela se apressou para cumprir a ordem.

Após a comida ser servida, o sorriso gentil de Lilia retornou, como se nada tivesse acontecido, e ela nos chamou.

— Por favor, desfrutem de sua refeição. Espero que esteja ao gosto de vocês.

— Ah, sim.

— Obrigado pela refeição.

— Com licença, então.

Imaginando um almoço digno de nobres, pensei que seria um banquete completo, mas o que veio foi pão, sopa, salada e um prato de carne sofisticado cujo nome desconheço, mas que parecia ser o principal. Parece algo comido em um país estrangeiro, no entanto com certeza tem um aspecto muito delicioso.

Nas light novels de isekai que li, a comida costuma ser ruim – pão duro, sopa salgada, esse tipo de coisa. Então, presumi que seria assim aqui… Mas está delicioso.

O pão era tão macio quanto os da Terra, e a sopa tinha um sabor suave, parecido com consommé3Consommé é uma especialidade da cozinha francesa. É um caldo de carne ou de galinha que, depois de pronto, é clarificado até se tornar numa sopa límpida e dourada. Podem acrescentar-se vegetais finamente cortados (uma “brunoise”), cogumelos, pedaços de galinha ou de lagosta, mas já cozidos; a adição mais importante a um consommé já pronto a consumir é o conhaque ou vinho do Porto.. Pelo menos, era muito melhor que os bentôs de loja de conveniência que costumo comer.

Quando, por acaso, olhei para Lilia, notei que ela suspirou após dar uma mordida em sua comida.

— Luna, quando terminarmos o almoço…

— Entendido.

Lilia sussurrou algo no ouvido de Lunamaria e, talvez percebendo meu olhar, me lançou um sorriso gentil

— Está do seu agrado?

— Hã? Ah, sim, estava delicioso.

— Fico aliviada em saber que gostaram.

Sentindo minhas bochechas corarem com o sorriso florido de Lilia, desviei o olhar ligeiramente devido a vergonha.

Logo depois, vi Lunamaria, que parecia ter recebido alguma instrução, caminhando em direção à porta. Ao passar atrás da minha cadeira, ela parou por um instante e sussurrou.

— Sr. Miyama, talvez eu tenha dito algo antes que o assustou… Mas, bem, fique tranquilo.

— Hã?

— Minha dama pode ser um pouco desajeitada às vezes, mas sempre foi uma pessoa perspicaz…

Depois de dizer essas palavras sorrindo, Lunamaria deixou a sala.

O que foi isso? Tem algo a ver com o fato de termos trocado os pratos mais cedo?

Após o almoço, quando o chá pós-refeição foi servido, Lilia, por algum motivo, se dirigiu apenas a mim, dizendo: “Posso ter um momento do seu tempo?”. Então, ela me levou para outra sala.

Mais uma vez, pergunto… Como isso foi acontecer?

Agora, estou diante de uma fileira de mulheres. Algumas vestem uniformes de empregada, outras estão de armadura, e há aquelas em roupas de trabalho. Todas essas dezenas de mulheres me encaram, e estar aqui está me deixando extremamente desconfortável.

— Parece que quase todas estão aqui.

Parada à minha frente, enquanto eu sigo sem entender nada do que está acontecendo, Lilia encarou as mulheres reunidas com olhos afiados.

— Primeiro, peço desculpas por chamá-las tão repentinamente e por atrapalhar seus horários de trabalho. No entanto, é melhor esclarecer essas questões o quanto antes, então pedi que todas se reunissem aqui, deixando o mínimo de pessoas em seus postos.

Não é como se ela estivesse forçando a voz, no entanto sua voz parecia ecoar no silêncio. Senti que a beleza e a rigidez de sua voz eram uma expressão direta de seu alto nível de elegância.

— Agora, o tópico principal desta reunião… É sobre o Sr. Miyama Kaito. É verdade que ele é um homem, entretanto é um convidado importante que eu mesma convidei. Entendo que devem estar confusas sobre como lidar com homens, já que eles não costumam ser recebidos neste lugar. Peço desculpas, pois terei de incomodá-las…

— …

Chegando neste ponto, enfim entendi o que Lilia queria dizer. Também entendi por que Lunamaria a descreveu antes como uma pessoa inteligente.

— Mas deixe-me ser bem clara. Não vou permitir que ele sofra pela mera razão de ser um homem. A partir deste momento, qualquer ato que signifique mal a ele… Será equivalente a apontar uma espada para mim!

Como uma espada afiada, as fortes palavras contendo sua vontade clara pareciam estar sendo brandidas dentro da sala silenciosa. Ahh, isso é meio constrangedor… Mesmo que só tenha sido por um momento, foi vergonhoso da minha parte ter pensado que ela poderia ser uma pessoa má.

— Prestem atenção, ok? Não é se o dano real foi feito ou não. Ainda que decida que tal coisa deveria estar bem, se eu considerar o contrário… Não terei misericórdia. Agora podem voltar ao trabalho.

Quando Lilia terminou o que tinha a dizer, as mulheres reunidas voltaram aos seus respectivos postos, deixando apenas nós dois na sala.

— Acho que isso deve tornar as coisas um pouco mais fáceis.

— Ahh, errr, obrigado.

— Não precisa me agradecer… Não era minha intenção que acontecesse, só que antes que pudesse me dar conta a atmosfera aqui tornou-se proibitiva aos homens. Sinto muito por fazê-lo se sentir incomodado, Kaito.

— Ah, de forma alguma.

— Acho que a razão se deve ao fato de eu não ter amigos homens, hein? Unnn, acho que é porque não sou atraente o suficiente como uma dama.

A expressão de Lilia não é a de uma nobre, mas a de uma criança que foi pega pregando uma peça.

Para ser sincero, em algum lugar da minha mente, pensei que nobres como ela menosprezavam plebeus, e foi por esse motivo que duvidei de Lilia quando a conheci. Porém agora, percebo que foi apenas meu preconceito egoísta. Na verdade, sinto que devo me desculpar.

— Acho que Lilia é uma pessoa muito gentil e charmosa.

Não tenho a experiência em me comunicar com pessoas que me permita fazer elogios sinceros. Entretanto, essas palavras medíocres de elogio saíram naturalmente da minha boca.

— Fufu, obrigada. Bem, Aoi e Hina estão nos esperando, então vamos voltar.

Seguindo Lilia, que tinha um semblante um pouco surpresa, mas que sorria alegremente enquanto se afastava, também saí da sala.

— Por sinal, havia algo errado com meu almoço?

— Sim, é embaraçoso ter de dizer, porém quando questionei a chef, fui informada que apenas o prato que serviria para Kaito era de qualidade um pouco inferior.

— Entendo… Embora é bem provável que eu não percebesse a diferença.

— Bem, eu também não conseguia dizer a diferença.

— Ehh?

— Só percebi que seria esse o caso quando vi a reação da servente… Contudo ainda achei delicioso. Acho que não tenho talento para ser uma crítica gastronômica.

— Ahaha. Suponho que… Significa que você tem uma boa chef.

— Fufufu. Sim, temo que meu paladar não tenha alcançado o da chef.

É um tanto estranho. Deveria estar me sentindo ansioso agora, todavia ver o sorriso gentil de Lilia me faz sentir aliviado.

Não sei muito sobre os nobres, mas pelo menos acho que essa Duquesa é uma pessoa muito agradável.

O lugar para onde Lilia me levou é uma sala relativamente pequena, mas bem cuidada e bonita. Seria esta a sala de recepção? Aqui, a explicação que havia sido interrompida pela mudança para a mansão de Lilia e a refeição, foi retomada.

— Certo, sobre este mundo… Já mencionei um pouco antes, então vamos começar com a história do Primeiro Herói.

 


 

Tradução: Shuraragi

Revisão: Pride

 

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