— Então?
Um homem estrangeiro com feições finamente esculpidas estava sentado em um sofá na frente de Naoya. Ele estava vestido com esmero, embora não de maneira vistosa, seu cabelo grisalho era curto e arrumado, e seus olhos, afiados e perspicazes. Para todos os efeitos, ele parecia ter acabado de sair do set de um filme da máfia. Koyuki e Sakuya estavam diante desse homem e trocavam olhares preocupados. Ambos pareciam estar decidindo se deveriam ou não dizer alguma coisa.
— Sasahara, estou esperando. Gostaria de ouvir sua resposta.
— Bem, hã… — murmurou Naoya, sorrindo sem jeito para o homem. Internamente, no entanto, ele estava xingando a forma como este dia estava se desenrolando enquanto ao mesmo tempo repassava seus eventos. Como exatamente chegou a isso?
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Tudo começou há três dias. Koyuki e Naoya estavam almoçando no pátio da escola, como sempre. Naquele dia, no entanto, Sakuya também se juntou a eles.
— Agradeço o convite, mas você tem certeza de que não estou atrapalhando? — perguntou a irmã caçula.
— De forma alguma. Na verdade, havia algo que eu queria te dar — respondeu Naoya.
— Oh? —perguntou Sakuya enquanto observava Naoya com expectativa vasculhando sua mochila.
Ele encontrou o que estava procurando e passou para Sakuya.
— Aqui. Um shikishi assinado, um quadro de arte especial, de Kirihiko Akaneya.
— O quê? — As sobrancelhas de Sakuya se uniram em um movimento tão pequeno que a maioria nem teria percebido que isso aconteceu. Naoya também notou que sua respiração se tornou irregular e que suas mãos tremiam levemente. Ela engoliu em seco e murmurou:
— Esta é a caligrafia dele. Como você…?
— Na verdade, sou parente dele — explicou Naoya.
Sakuya ficou realmente sem palavras — uma visão rara, com certeza.
— Hehehe. — Koyuki não conseguiu conter uma risadinha ao ver isso.
Naoya sorria enquanto se lembrava da reação de Koyuki ao descobrir essa mesma informação.
— Shirogane me contou que você é fã, por isso pedi que assinasse algo para você. Ele não viu problema algum nisso.
— Não tem problema mesmo eu ficar com isso?
— Não. Ele autografou especialmente para você, com seu nome e tudo mais.
— Oh, sim, é o que parece… — Ela praticamente engasgou, então engoliu em seco. — Estou sonhando? Ele geralmente não dá autógrafos…
— Sim, mas é porque não se dá muito bem com essas coisas. Na verdade, quer conhecê-lo? Ele mora aqui perto.
— Está falando sério? — Ela ficou boquiaberta, olhando diretamente para Naoya. Com a mesma rapidez, porém, o brilho em seus olhos diminuiu. — N-Não… Passo. — Decidiu ela, parecendo que tinha acabado de fazer a escolha de desligar os aparelhos que mantinham um parente vivo. — Sou apenas uma simples fã. Não quero ser um incômodo para ele quando está trabalhando.
— Não acho que precisa se preocupar com isso. Ele já me disse que queria te ver, pois é a irmã de Shirogane e tal.
— Naoya, para ser franca, um mortal contemplando o semblante de um deus geralmente resulta na morte do mortal. Como resultado, não acho que vou — explicou ela, tranquila.
— Justo.
— Um verdadeiro fã apoia seus ídolos de longe. — Sakuya olhou para o céu com olhos desamparados antes de dar um suspiro pesado e se voltar para Naoya. — Obrigada. Sério, muito obrigada. Você ganhou pontos de afeto de mim.
— Ganhei?! — gritou Naoya. Ele não percebeu que o shikishi seria tão importante para ela.
— Te devo essa. O que posso fazer para retribuir? Farei tudo o que estiver ao meu alcance.
— Não precisa disso, Sakuya. Tudo o que fiz foi trazer isso para você — comentou Naoya.
Koyuki se intrometeu freneticamente.
— S-Sim, ele é praticamente o entregador. Até uma criança pode fazer isso, e-então não há necessidade de recompensá-lo por nada, entendeu?
— Shirogane, pela última vez, não estou tentando pegar sua irmãzinha. Por favor, pare de se preocupar tanto com isso.
— O quê?! Você poderia, por favor, parar de fazer suposições estranhas sobre mim?! — gritou Koyuki se enfurecendo.
Sakuya rapidamente pulou para interromper sua birra.
— Eu shippo demais vocês dois para ser capaz de me envolver, Koyuki. Além disso, NTR é sempre um campo minado.
— Ene-te-erre? — disse Koyuki, confusa.
— Por favor, não ensine termos estranhos a ela, Sakuya.
— Ela é minha irmã, fique sabendo. Ah, quase me esqueci… por que não vem à nossa casa?
— Quê? — perguntou Naoya, confuso.
— O quê?! — Koyuki deixou escapar uma fração de segundo depois.
Era como se uma bomba tivesse sido lançada no pátio da escola. Sakuya não tomou conhecimento de suas reações e continuou em seu tom monótono normal:
— Eu sou muito boa em fazer doces. Se vier me visitar, vou permitir que se empanturre com eles. Depois, pode flertar com minha irmã até cansar. O que acha?
— Essa é uma oferta atraente… — Pensou Naoya. Ele já esteve na casa delas antes, embora só tivesse ficado na porta e saído logo depois. Desde então, estava esperando por um convite adequado e uma chance de retornar. Por mais que quisesse aceitar o que acabou de receber, havia um problema que precisava ser resolvido primeiro, os sentimentos de Koyuki.
— Shirogane, como você se sente sobre tudo isso? — perguntou ele.
— Bem! Eu, hã… — Ela vacilou.
— Posso ir até a sua casa? — Ele pressionou. A ideia de ir a casa de sua amada foi o suficiente para deixar o coração de Naoya agitado, então só podia imaginar o tipo de estrago que estava causando no frágil coração de Koyuki.
Koyuki ficou confusa por um momento antes de olhar para Naoya e dizer em voz baixa:
— Você não vai fazer nada… pervertido, vai?
— Não vou — reafirmou ele rapidamente. Estava tentando ao máximo recuperar a confiança dela desde o incidente na casa de Kirihiko. — É verdade que quero expressar o quanto gosto de você direta e abertamente, mas também quero dar um passo de cada vez.
Koyuki suspirou de alívio com a resposta rápida de Naoya.
— Sério?
— Sério. Prometo que não farei nada para deixá-la desconfortável — assegurou ele. Era verdade que era um estudante do ensino médio, e que tinha desejos e vontades, mas não era o tipo de pessoa que pisava nos sentimentos de outra pessoa apenas para conseguir o que queria. Queria tratá-la bem, e isso era claramente óbvio para ele.
Sakuya, por sua vez, parecia estar um pouco desapontada.
— Eu acho que você poderia ser um pouco mais agressivo, na verdade. Vai acabar como um desses machos beta nesse ritmo.
— Quê? Você é quem disse a ela para não ficar sozinha com os homens.
— Sim, disse — confirmou Sakuya com uma expressão vazia. — Mas o que eu quis dizer foi: “Não fique sozinha sem mim lá, eu quero gravar sua expressão envergonhada e vulnerável em meus globos oculares”.
— Foi isso que quis dizer?! Infelizmente, acho que não vou fazer nada assim!
— Não, é só que… quero ver os lados pervertidos do meu ship também, isso é tudo. — Sakuya fez beicinho em contraste com suas palavras bastante adultas. Naoya podia ver que Koyuki estava confusa sobre o que sua irmã estava falando mais uma vez, por isso estava feliz.
Koyuki limpou a garganta e então declarou em um tom resoluto:
— Certo. Pode vir.
— E-Entendido. Obrigado. Seu nervosismo deve ter passado para Naoya, pois assentiu sem jeito. Ele se pegou imaginando se acabaria no quarto dela quando fosse até lá e como exatamente seria. Ela havia mencionado que tinha muitos pelúcias e — na cabeça dele — o quarto dela provavelmente cheirava bem. Ela definitivamente preferia camas a futons. Eles se sentariam lado a lado na cama antes de Naoya lentamente colocar a mão no ombro dela e a empurrá-l… Terra chamando Naoya! Você não estava literalmente dizendo que não faria nada assim?!
Ele balançou a cabeça para exorcizar os demônios da luxúria. Parecia que Koyuki não era a única que estava sendo pega em fantasias selvagens.
— Sábado, pode ser? Vou fazer muitos doces, então preciso que me ajude, Koyuki — disse Sakuya.
— Certo. Vou ter que avisar a mamãe também… Koyuki parou quando algo lhe ocorreu. Seu rosto então ficou branco como um lençol.
— Neste sábado, papai provavelmente estará em casa…
— Oh. Ah, sim… — murmurou Sakuya, algum entendimento tácito acabou de ocorrer entre as irmãs.
Naoya estava confuso. — O que tem o seu pai?
— Bem, hã, nosso pai é, hm… Koyuki enrolava enquanto procurava as palavras para explicar. — Ele não é um pai protetivo, mas tem tanto poder cerebral quanto um.
— Ele é super protetivo. Tipo, até demais. Tipo, giga-ultra protetor — insistiu Sakuya.
— Entendo…
As irmãs compartilharam expressões sombrias, o que fez Naoya se mexer inconscientemente.
— Nosso pai se apaixonou por nossa mãe à primeira vista enquanto ela estava em uma viagem ao exterior. Ele a perseguiu como um louco e acabou se mudando para o Japão com ela.
— Espere, seu pai é estrangeiro?
— Isso mesmo, embora já seja basicamente japonês. Ele se naturalizou, casou-se com minha mãe e a família dela basicamente o adotou.
— Uau, parece algo saído de um filme — comentou Naoya.
— Ambos ainda estão em sua fase de lua de mel… isso deixa até nos desconfortáveis.
Naoya percebeu que, apesar dos resmungos das irmãs, seu pai realmente amava sua família. Pelo que parecia, ele tinha uma parede de fotos em seu escritório e, à noite, se embebedava e realizava rituais elaborados com a intenção de amaldiçoar os futuros maridos de suas filhas. Ele também saía do país com frequência ultimamente, e essa distância só fez seu coração crescer mais afeiçoado.
Sakuya olhou para o rosto de Naoya enquanto ela esfregava o queixo, imersa em pensamentos. — Se dissermos a ele que você é o namorado de Koyuki, provavelmente não vai conseguir sair de lá com todos os seus membros…
— Ele não é meu namorado, Sakuya. Mas é mesmo, acabaria dando ruim — supôs Koyuki enquanto considerava Naoya. — O que pretende fazer? Ele provavelmente não estará aqui na próxima semana, então podemos esperar até lá.
— Não — afirmou Naoya depois de uma pausa. Embora estivesse relutante em ser dilacerado de membro a membro, assim como qualquer pessoa sã estaria, era uma questão de princípio. Teria que conhecer os pais dela mais cedo ou mais tarde, e não queria fugir disso. — Eu quero conhecê-lo da maneira certa, eu acho.
— Entendo — respondeu Koyuki. Ela realmente parecia aliviada pela resposta de Naoya. Ele pôde ver que ela estava ansiosa para que ele fosse e não queria esperar mais uma semana. Isso só serviu para atiçar ainda mais o fogo da determinação em seu coração. Como se ignorasse a turbulência interna de Naoya, Koyuki cantarolou alegremente para si mesma. — Se o papai realmente te quebrar ao meio ou algo assim, cuidarei de você depois, tudo bem?
— Espera, espera… de que tipo de “cuidar” estamos falando?
Isso só me faz querer ir ainda mais.
— T-Tipo fazer cafuné na sua cabeça e tal.
— Entendido. Farei o possível para ser espancado com força.
— Sem chance… Meu ship está flertando aqui, diante dos meus olhos… Isso é o que chamo de progresso — comentou Sakuya, inexpressiva como sempre. O disparar da câmera de seu telefone pontuava o silêncio entre suas palavras.
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O fatídico sábado enfim havia chegado.
Naoya saiu do ônibus, chegando à estação mais próxima da residência Shirogane, e deleitou-se no clima agradável.
Ainda era muito cedo, então a maioria dos lugares, exceto lojas de conveniência e similares, ainda estava fechada. Apesar disso, ainda havia bastante tráfego de pedestres — provavelmente porque estava tão perto de uma área residencial. Ainda conseguia se lembrar da área, já que tinha levado Koyuki para casa não muito tempo atrás. Desta vez, porém, estava incrivelmente nervoso. Para ele, parecia que havia desembarcado de um avião em um país estrangeiro.
— Cara, espero que o presente que trouxe seja bom — disse Naoya em voz alta enquanto lançava um olhar preocupado para a bolsa refrigerada que estava segurando.
Dentro havia chikuzenni — um prato feito com frango refogado e legumes. Koyuki recomendou que fizesse isso para o pai dela, especificando que deveria “ferver até não aguentar mais” as cenouras. Naoya estava cético sobre se o Senhor Shirogane, um estrangeiro, iria gostar ou não de chikuzenni, mas fez o que lhe foi dito. Essa garota era o objeto de suas afeições, afinal.
Ele olhou para o céu e orou:
— Só espero que tudo corra bem.
Sabia que estava entrando em desvantagem. Como era um pretendente indesejável para a filha do Senhor Shirogane, estaria travando uma batalha difícil. A questão agora era como conseguiria subir aquela colina. Passou por várias simulações em sua cabeça até que se conteve e parou.
Um sorriso irônico e autodepreciativo surgiu em seus lábios.
— Quem pensaria que eu estaria me preocupando tanto com uma interação social como essa?
Antes de conhecer Shirogane, ficaria irritado com a perspectiva de pensar demais em uma situação como essa. Sempre preferiu simplesmente se jogar no meio, independentemente do resultado. Passou de manter propositalmente os outros à distância para se preocupar em como fazer um estranho gostar dele. Se tivesse lhe dito isso há um tempo, não teria acreditado.
— Acho que Shirogane não é a única que mudou. — Observou ele. O amor muda as pessoas; era um clichê, mas do qual Naoya estava agora fortemente convencido. Ele podia sentir isso em seu peito. — Acho que isso não é tão ruim.
Enquanto pensava consigo mesmo, no entanto, uma comoção repentina chamou sua atenção.
— Vai levar só um minuto. Qual é!
— Venha tomar chá com a gente, fofura!
— Vocês… Me deixem em paz! Tenho uma esposa amorosa e duas lindas filhas em casa!
Um homem gritou entre um bando de garotas atraentes em idade universitária. Ele era alto e bem vestido, e, embora Naoya só pudesse ver suas costas, podia de alguma forma ver que não era japonês. O homem estava sendo cercado por todos os lados, encurralado contra uma parede. Parecia estar sobrecarregado e incapaz de escapar.
Naoya se lembrou da situação anterior no centro de jogos envolvendo Sakuya e Koyuki. Naquela época, os gêneros eram invertidos, mas que diferença isso fazia? Havia uma pessoa na frente dele que estava em apuros. Naoya respirou fundo, colocou um sorriso falso no rosto e foi até o homem.
— Me desculpe pelo atraso! — declarou ele com um falso tom jovial.
— Hm? — O homem virou-se para ele. Ele tinha feições esculpidas e olhos azuis. Afinal, era um estrangeiro.
Naoya continuou:
— Desculpe, desculpe. Perdi meu trem no caminho para cá. Vamos indo.
— Quem é…?
— Desculpe por isso, senhoras, mas estamos indo agora. — Naoya interrompeu o homem e começou a levá-lo para longe do grupo. Infelizmente, um braço disparou e o agarrou. Naoya se virou e viu que o olhar voraz nos olhos das mulheres não tinha sumido. Na verdade, só ficou mais forte.
— Eeeeeeii… Você também é fofo. É um colegial? — perguntou uma delas.
— Por que vocês dois não vêm se divertir com a gente?
— Uh, eu vou passar. Já existe alguém de quem gosto — respondeu Naoya.
— Não seja assim. Olha, ela tem namorado e ainda está aqui se divertindo.
— Sim, garoto, você tem que viver o momento. — Outra entrou na conversa.
Essas garotas eram realmente muito fofas; uma pena para elas que Naoya só tinha olhos para Koyuki. Ele rapidamente formulou um plano de fuga; não ia ser bonito, mas estava bastante confiante de que funcionaria. Ele se virou para uma mulher perto dele com cabelos coloridos e disse:
— Ah, sim, posso te dizer uma coisa?
— O que foi? — respondeu ela.
— A garota ao seu lado provavelmente está vendo seu namorado pelas suas costas. Sabia disso?
— Quê?! — Ela se esforçou para responder, claramente duvidosa e surpresa pelo que ele acabara de dizer.
A garota em questão, no entanto, parecia alarmada e logo deixou escapar:
— Como você sabia?! Você nos viu juntos da última vez que saímos?!
— Hm, que porra é essa?! Talvez queira explicar?!
— Tomo não precisa de você! E você está aqui, dando uma de vadia pelas costas dele, mesmo!
— Hã, quem aqui é a vadia?!
O lugar rapidamente se transformou em uma cacofonia de gritos agudos e insultos.
Naoya escolheu este momento para escapar.
— Beleza, hora de dar no pé — instruiu ao homem. Ele pegou sua mão e começou a levá-lo para longe.
— Quem é você? — perguntou o homem, mas Naoya não respondeu. Assim que chegaram a uma distância segura, o homem pareceu se acalmar. Ele deu um suspiro, se recompôs, então se curvou para Naoya. — Obrigado, você me ajudou a sair de uma situação difícil. Ainda assim, como conseguiu fazer isso? Como descobriu que o namorado dela estava a traindo?
— Não precisei raciocinar sobre isso nem nada. É que sou bom em ler as pessoas, eu acho — respondeu ele. Foi um palpite de sorte, na verdade. Notou que a amiga da garota parecia nervosa, como se tivesse um segredo que a outra não sabia, e simplesmente arriscou. Só não esperava que fosse tão certeiro.
Mas sinto como se já tivesse encontrado esse cara em algum lugar, pensou Naoya. Ele olhou para o homem mais uma vez. Suas feições profundas, olhos azuis e japonês proficiente indicavam que era um estrangeiro que estava aqui há muito tempo. Parecia estar na casa dos trinta… Não, quarenta anos. Naoya sabia que nunca haviam se encontrado antes, mas ainda havia algo estranhamente familiar nele. Sem pensar nisso, Naoya se virou para sair.
— Beleza, te vejo por a…
— Espere! — gritou o homem e rapidamente pegou a mão de Naoya antes que este pudesse ir embora. — Permita-me agradecer de alguma forma. Pelo menos deixe-me servi-lo com um pouco de chá.
— Oh, não precisa. Você teria feito o mesmo por mim — alegou Naoya.
— Nossa, pensar que existem jovens tão modestos e galantes como você hoje em dia. — O homem estava maravilhado, dominado pela emoção. Ele tirou o chapéu em uma demonstração de respeito, revelando uma mecha de cabelo prateado curto por baixo. — Por favor. Nunca mais poderei descansar bem se não agradecer devidamente. Apenas um breve momento do seu tempo será suficiente.
Naoya se sentiu culpado por essa exibição; recusá-lo agora seria incrivelmente cruel. Ele havia chegado um pouco mais cedo, então tinha um pouco de tempo de sobra. Ainda assim, havia um problema bastante grande que permaneceu sem solução.
Esse cara é o pai de Shirogane! Não há dúvidas! Será que veio só para sondar o pretendente da sua filha?! Estrangeiros não eram mais uma raridade nos dias de hoje. Só porque compartilhava da cor do cabelo e dos olhos de Koyuki, não significava com certeza que era o pai dela. Mesmo assim, seu instinto lhe dizia que este era o homem em pessoa. Devo dizer a ele quem sou? Como faço isso?
O homem agarrou a mão de Naoya, interrompendo seus pensamentos, e começou a levá-lo embora.
— Venha! — chamou ele. — Precisamos nos apressar. O café que frequento fica nas proximidades. Vou te pagar um lá.
— T-Tudo bem. — Vacilou Naoya. Eles acabaram em seu destino antes mesmo que tivesse a chance de se apresentar.
O café estava situado em frente à estação. O interior era pequeno, mas aconchegante, com música clássica calmante tocada em volume baixo. Os clientes estavam sentados, aproveitando seu tempo de várias maneiras, como lendo jornais e tomando café da manhã.
Naoya e o homem escolheram uma mesa e sentaram-se um de frente para o outro.
— O que acha? — perguntou o homem, com expectativa.
— Não estou tão acostumado com lugares assim, mas gostei. É bom — respondeu Naoya.
— Você tem bom gosto, menino — comentou o homem com um sorriso largo. Na verdade, ele não tinha parado de sorrir desde que escaparam das mulheres.
Beleza, vamos ser sinceros. Não sabemos ao certo se é o pai dela. Mas tem que ser… Naoya tentou se tranquilizar. Ele tinha noventa e nove por cento de certeza de que era ele, mas era esse um por cento persistente que o assustava. E se fosse ele, tinha que ser ainda mais cuidadoso com o que dizia.
Aliás, ele salvou quase todos os membros desta família de avanços indesejados, quais eram as chances disso? Além disso, qual era a probabilidade de Naoya acabar indo tomar chá com o pai de Koyuki? Naoya estremeceu quando um calafrio e suores frios atormentaram seu corpo.
O homem, por outro lado, estava radiante enquanto olhava o cardápio.
— Os bolos aqui são todos soberbos. O que você gostaria? Peça o que quiser.
— O-Obrigado, mas… — gaguejou Naoya.
— O que foi?
— Obrigado por me trazer aqui, mas tem certeza que isso não vai atrapalhar seus planos depois disso?
— Que planos? Não tenho nada para depois — afirmou o homem. Pela primeira vez desde que chegaram, seu sorriso desapareceu. Depois que ambos fizeram seus pedidos para a garçonete, um conjunto de bolo para cada um, o homem colocou as mãos sobre a mesa com uma expressão sombria e explicou ainda mais: — Sabe, o namorado da minha filha está vindo para nossa casa hoje. Cheguei à estação com antecedência para saber que tipo de homem ele é. Não sei como se parece, mas deve ser um jovem rapaz, em torno da sua idade, na verdade. Eu estava fazendo algumas sondagens, sabe.
— Ah, uou…
— Não é nada para se ficar impressionado. Eu faria qualquer coisa pelas minhas preciosas filhas! — gritou o homem e tomou um gole apaixonado do seu café. Bem, este era certamente o pai de Koyuki.
Nossa, eu gostaria de ser um daqueles protagonistas de light novels desajeitados e de cabeça dura agora, Naoya lamentou para si mesmo. Se fosse, não estaria preso por nós de medo, e poderia realmente desfrutar de seu bolo. Infelizmente, ainda era Naoya e, portanto, precisava descobrir um curso de ação.
Naoya era bom em ler as pessoas — não apenas suas emoções gerais, mas também como se sentiam em relação a ele. Às vezes, gostava de atribuir um número em uma escala com base em quanto de consideração ele mantinha com alguém — um medidor de afeto, se assim preferir. Koyuki, mesmo que ela mesma nunca admitisse, estava em torno de cem. Yui e Tatsumi teriam cerca de setenta, e aqueles sem interesse nele seriam praticamente zero. Então, onde isso posicionava o homem? Naoya olhou diretamente em seus olhos para verificar seu nível de afeto.
— Tem algo no meu rosto? — perguntou o homem com uma voz perplexa.
— Não, não. Eu só estava pensando… Você é estrangeiro, não é? Isso é tão maneiro.
— Haha, você só está lisonjeando este velhote — respondeu o homem com um largo sorriso. — Mas o que realmente define um homem “maneiro” é sua capacidade de ajudar os necessitados. Alguém como você, meu rapaz, é a definição mais pura de “maneiro”.
— Oh, não, por favor. Qualquer um teria feito o que eu fiz. — Naoya vacilou.
— A modéstia é uma virtude, meu rapaz, mas também deve saber quando aceitar elogios — aconselhou o homem com um sorriso caloroso. Naoya sorriu desajeitadamente de volta.
Este homem provavelmente estava por volta de setenta no medidor — muito alto para um primeiro encontro.
Vish! Estou conquistando o pai dela, e ele nem sabe quem sou! Naoya resolveu confessar e dizer ao homem quem ele realmente era. Tentou fortalecer sua determinação, mas uma pergunta de repente surgiu em sua cabeça, uma que tomou a dianteira sobre confessar a verdade.
— Hm, o que você estava planejando fazer com o namorado da sua filha se o encontrasse?
— Isso não é óbvio? — Os olhos do homem se estreitaram duramente. Unido com seu rosto bonito e feições afiadas, dava-lhe a aparência de um militar experiente. Ele estava planejando dar-lhe um aviso severo para deixar sua filha em paz? Para afastá-lo antes que o relacionamento deles progredisse ainda mais? Naoya não podia deixar de ver este homem como a própria imagem de um pai teimoso e superprotetor.
No entanto, o homem respondeu suspirando e escondendo o rosto atrás das mãos.
— Eu provavelmente teria fugido — murmurou ele, debilmente.
— Fugido?! Por quê?!
— “Por quê”?! Porque eu não tenho ideia de como cumprimentar o namorado da minha filha, é claro! — gritou o homem, à beira das lágrimas.
Naoya não estava esperando a estranha reação do homem, mas também não era totalmente desconhecida. Ele realmente é o pai de Shirogane, afinal, pensou.
— Estou honestamente surpreso. Eu esperava que quisesse afastá-lo ou algo assim.
— Bem, essa era certamente uma opção! Eu não quero qualquer um namorando minha filha maravilhosa! Mas também era a única coisa que eu simplesmente não podia fazer. — O homem rapidamente tranquilizou-se enquanto falava. — Ela estava tão ansiosa para que ele viesse. Acordou cedo esta manhã, sabe, e passou o dia todo limpando a casa e fazendo biscoitos com a irmã.
— Oh… — respondeu Naoya. Ele teve que reprimir um sorriso bobo e sentimental que estava perigosamente perto de surgir em suas feições. Quando saíram da escola no dia anterior, Koyuki disse: “Não espere grandes boas-vindas, beleza? Você pode comer seus biscoitos e ir embora”. Naoya sabia que ela não tinha sido totalmente sincera naquela hora, mas ainda assim, não esperava nada do tipo.
Infelizmente, o ânimo elevado de Naoya logo seria esmagado pelas próximas palavras de seu pai.
— Além disso, faz séculos desde que ela convidou alguém para nossa casa, e eu não poderia lhe negar isso. Ela tinha amigos na escola primária, mas parece tê-los perdido em algum momento. Costumava passar o dia todo dentro de casa, sozinha, lendo. Recentemente, no entanto, algo mudou, ela ficou mais viva, está animada para ir à escola e está sempre fora nos fins de semana. Tem que ser por causa do namorado dela — explicou o homem enquanto seu olhar se virava para a mesa. Sua voz era calma, e misturava tons de alívio, felicidade e arrependimento. Ele tomou um gole de café antes de continuar: — Minha filha é brilhante. Para ela aceitar esse garoto deve significar que ele é realmente uma pessoa incrível…
— Então você não tem coragem de conhecê-lo. — Naoya observou.
— Sim — respondeu ele calmamente após uma breve pausa.
— É muito honesto da sua parte admitir — elogiou Naoya. Ele pensou consigo mesmo: se eu dissesse a ele quem sou, mudaria seu pensamento? Ele sabia que veria muito esse homem no futuro próximo, então não podia deixar uma má impressão. Embora tenha decidido segurar a língua por enquanto, sabia que ainda teria que dizer a ele mais cedo ou mais tarde. Suas costas estavam encharcadas de suor enquanto estava sentado lá com seus pensamentos girando em sua cabeça. É só questão de momento…
O homem baixou a cabeça e confessou:
— Eu o trouxe aqui para agradecer, mas na verdade, também queria alguém para conversar. Obrigado. Desculpe por incomodá-lo com isso.
— Não, não… fico feliz em ouvir qualquer coisa que você tenha a dizer! — Naoya rapidamente o assegurou.
— Você é um menino gentil — disse o homem com um sorriso suave. Naoya podia sentir a pontuação de afeto do homem subir de setenta para oitenta. Se isso fosse um videogame, sabia que teria acabado de receber uma mensagem dizendo: “Ele lembrará de suas palavras”.
Do lado de fora, Naoya estava calmo, mas sua mente estava em uma confusão de pensamentos desordenados e fios cruzados. Suas mãos tremiam levemente enquanto bebia seu café.
O homem olhou para ele, então franziu a testa.
— Perdoe-me, seus planos não estão sendo interrompidos? Eu te arrastei aqui sem muita discussão…
— Não, eu ainda tenho tempo — respondeu Naoya enquanto checava seu relógio para confirmar. Ele tinha cerca de uma hora antes que Koyuki viesse encontrá-lo na estação. Naoya não estava realmente preocupado em esperar; estava apenas incerto se seu coração poderia ou não aguentar muito mais disso.
De repente, ocorreu-lhe que o assunto da conversa havia mudado, o que lhe deu a oportunidade perfeita para ser honesto. Naoya colocou toda a sua esperança no homem para entender o significado de sua próxima declaração.
— Na verdade, estou visitando a casa de uma garota de quem gosto depois disso.
— Ah, sério? Que coincidência — respondeu o homem com uma sobrancelha erguida. Ele deu uma boa mordida em seu cheesecake, completamente alheio à implicação de Naoya, que sentiu seu coração afundar. O homem perguntou com uma voz baixa e envergonhada: — Então você deve estar muito nervoso também, correto?
— Ah, sim. Estou muito nervoso agora. Muito, muito nervoso. — Isso não chegava perto de ser uma mentira. — Mas se eu fugir agora, nunca chegarei a lugar nenhum. Vou conversar com os pais dela de maneira honesta e aberta.
— Mas seus pais, especialmente seu pai, podem não ser tão receptivos — alertou o homem.
— Isso é verdade, mas terei que lidar com isso se acontecer. Vou encontrá-los e falar com eles quantas vezes forem necessárias para me aceitarem.
— Você tem coragem. — O homem estava admirado. Ele fez uma pausa para tomar o resto de seu café, então suspirou com os olhos baixos. — Mas o que você disse faz sentido. Eu preciso me preparar. Também vou conhecer o namorado da minha filha de maneira honesta e aberta. Você me ajudou hoje, então não posso fugir dos meus medos na sua frente, posso?
— Por favor… — Naoya sorriu desajeitadamente, ao que o homem respondeu com uma piscadela brincalhona. Ele se endireitou em seu assento. A conversa estava entrando em seus estágios finais naquele momento, ele tinha que dizer algo agora, ou perderia sua chance. — Há algo que eu tenho que te dizer, na verdade…
— O quê? Você gostaria de uma segunda porção de bolo?
— Não, é algo sério — respondeu Naoya. Ele respirou fundo, preparou-se e deixou escapar: — Na verdade, sou…
— Aí está você! — gritou uma voz na entrada.
— Hã?! — Naoya engasgou. O choque o fez morder a língua. No final, ele nunca conseguiu confessar. Sua cabeça virou e ele viu uma figura familiar… Era, claro, Koyuki.
Para a ocasião especial, ela havia colocado um vestido preto cuidadosamente adornado com desenhos de flores. Vários enfeites de flores delicadas também coroavam sua cabeça, completando o visual. Era, sem sombra de dúvidas, um visual primaveril e adequado. Uau, sua roupa está totalmente diferente de antes, mas ainda muito fofa, Naoya ficou maravilhado, impressionado com sua beleza.
O homem pode ter ficado ainda mais pasmo do que Naoya.
— Koyuki! O que está fazendo aqui?!
— Mamãe me disse para vir te buscar. “Vá trazer aquele gato assustado de volta”, foi o que ela disse. Achei que estaria aqui, e parece que eu estava certa.
— Eu já devia imaginar. Mas você poderia me dar um minuto, querida? Estou tendo uma conversa importante com esse jovem — respondeu o pai.
— Quê? — Koyuki deixou escapar.
— Vou poupá-la dos detalhes, mas ele me ajudou quando mais precisei. Ele é um bom homem. Seu tal “namorado” pode aprender algumas coisinhas com ele, tenho certeza.
— Do que está falando? — Koyuki inclinou a cabeça em confusão. — Esse é aí é o meu namorado. É o Naoya.
— Ele é o quê? — perguntou o homem, virando a cabeça para o garoto em questão.
— Prazer em conhecê-lo — respondeu Naoya debilmente, colocando sua cabeça na mesa em uma reverência improvisada.
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E um tempinho depois…
— Agora, vamos tentar isso de novo. Por favor, permita que me apresente.
— Sim… — Naoya vacilou.
Ele se viu na sala de estar da residência Shirogane, sentado em frente ao pai de Koyuki. Na primeira vez que entrou na casa, foi somente até a entrada, mas o resto daquilo era tão — se não mais — palaciano quanto imaginava que seria. O teto era alto, e as paredes, decoradas com obras de arte e ornamentos de bom gosto. O sofá em que ele estava sentado era tão confortável que podia se imaginar tirando uma soneca nele e acordando perfeitamente descansado. Naquele momento, porém, não tinha tempo nem capacidade cerebral para apreciar tais coisas.
— Meu nome é Howard K. Shirogane. Shirogane é da minha esposa.
— Eu sou Naoya Sasahara — cumprimentou Naoya com uma reverência obediente.
Atrás de Howard, Koyuki e Sakuya trocaram palavras calmas. Elas não pareciam entender a situação.
— Então Naoya estava tomando chá com ele? Isso significa que já estão se dando bem?
— Não sei… Papai disse algo sobre Sasahara tê-lo ajudado.
Da parte de Naoya, estava incrivelmente nervoso — tanto que não conseguia encontrar os olhos de seu pai. Para piorar as coisas, não conseguia ler suas emoções… ou melhor, não precisava. Ele deve estar queimando de raiva! ele se apavorou internamente.
— Sinto muito, Senhor Shirogane! Deveria ter lhe contado desde o início, mas…
— Como ousa se referir a mim pelo nome! — Howard o interrompeu com um grito. Os ombros de Naoya caíram antes de Howard continuar: — Deve se referir a mim como “Pai!”
— Sim, sinto muito por minha grosseria. Por favor, perd… espere, o quê? — Naoya fez uma pausa, estupefato. Uma sensação estranha estava se formando em seu peito. Erguendo a cabeça, ele testou as palavras. — Obrigado… Pai?
— Isso. Assim está melhor.
— Está?! — gritou Naoya. Isso era diferente de Sakuya tratar Naoya como um irmão mais velho, anos luz de diferença, até. Parecia que os oitenta pontos de afeto que Naoya construiu no café estavam começando a valer a pena.
— É natural que você não se sinta confortável em me dizer enquanto eu estava tagarelando sobre quem eu era. Minhas desculpas — disse Howard.
— N-Não, eu deveria me desculpar por falar tão abertamente. — Naoya vacilou.
— Tolice! Acho maravilhoso que você seja capaz de expressar suas opiniões tão claramente em uma idade tão jovem! Não precisa se desculpar!
— Mas o que tá rolando aqui?! — Koyuki deixou escapar.
— Não me pergunte, Koyuki… — murmurou Sakuya.
As irmãs olharam para os dois, incrédulas.
— Eu pensei muitas vezes enquanto estávamos no café, “seria bom se o namorado de Koyuki fosse como você”. Agora sei que posso deixar Koyuki em suas mãos sem me preocupar. Ainda assim, há algumas coisas que gostaria de perguntar antes de continuarmos — afirmou Howard.
— Sim, qualquer coisa. — Naoya engoliu em seco. Estava começando a se tornar uma entrevista.
— Você se importa se eu perguntar quantas pessoas há em sua família?
— Hm, há eu, minha mãe e meu pai. Tenho dois avós que moram no interior, mas é isso.
— Em outras palavras, é filho único? — Howard observou. Ele colocou a mão no queixo e pensou em voz alta: — Bem, isso torna difícil para Koyuki ser adotada em sua casa após o casamento, não é?
— Espera, o quê?! — gritou Naoya.
Howard o ignorou e continuou:
— Então que tal isso: depois que se casarem, você vem morar aqui, ou em algum lugar perto daqui! Não vou aceitar menos por minha filha!
— Papai, do que está falando?! — protestou Koyuki.
— Silêncio, Koyuki! Os homens estão falando! — gritou Howard.
Apesar da típica linhagem paterna teimosa, Naoya podia ver que o homem estava se aquecendo com ele à medida que as coisas progrediam. Por mais feliz que estivesse com esse fato, a conversa estava indo rápido demais para o seu gosto.
— Então? Sasahara, estou esperando. Gostaria de ouvir sua resposta.
— Bem, uh, ainda não decidi minha carreira depois do ensino médio, e não quero fazer uma promessa como essa sem levar nada em conta, então…
— Que jovem consciente você é! — Howard o elogiou, aparentemente satisfeito com a resposta. E assim ele chegou a noventa pontos de afeto.
— Posso perguntar uma coisa, Sasahara? — Uma voz leve e brincalhona se ergueu da direção da cozinha, e uma pequena mulher surgiu. Ela parecia incrivelmente jovem, mas Naoya foi capaz de ver de imediato que era a mãe de Koyuki. Ele a conheceu mais cedo quando entregou o chikuzenni que fez para ela. — Desculpe colocá-lo em uma situação difícil, mas queria perguntar se está tudo bem se experimentarmos agora a comida que você fez?
— Vá em frente. Mas não sei se está bom.
— Não seja bobo! Experimentei um pouco do chikuzenni antes, e está divino! — respondeu ela alegremente.
— Você acabou de dizer chikuzenni?! — gritou Howard e voou na direção de Naoya. Naoya se encolheu, esperando um impacto, o qual nunca aconteceu. Quando abriu os olhos, descobriu que Howard segurava sua mão. — Esse foi o primeiro prato japonês que fiz para minha adorável esposa, Misora! Você também sabe preparar?! Sabia que estava destinado a ser meu genro!
O medidor de afeto atingiu noventa e nove por cento, e uma fanfarra virtual irrompeu no jogo imaginário na mente de Naoya. Se este fosse um simulador de namoro, Naoya teria desbloqueado uma ceninha charmosa, ou algo nesse sentido. Mas isso era realidade, e tudo o que viu foi o rosto radiante de Howard desconfortavelmente perto do seu.
— Você vai ficar para o jantar esta noite! Discutiremos todos os nossos planos futuros para você como meu filho! — declarou Howard.
— Ei, ele é meu convidado, papai! Não o monopolize só para você! — protestou Koyuki.
— Aqui estão alguns biscoitos, Naoya. Eu fiz alguns bolos também, então fique à vontade para se servir deles. — Sakuya se intrometeu.
— Poderiam falar um de cada vez, por favor? — gritou Naoya.
Em algum momento durante essa comoção, um gato com um olhar malvado se enrolou nos joelhos dele. Era Moela, o gato que dominava totalmente a galeria do celular de Koyuki. Naoya acariciou Moela timidamente enquanto a família explodia em uma briga de gritos uns com os outros por sua atenção.
Depois de um momento, a mãe de Koyuki notou Naoya.
— Minha nossa! Rei Moela normalmente não gosta de gente nova! Você está se saindo bem hoje, Naoya!
— Ahaha… É muito gentil da sua parte. — Ele vacilou.
E assim Naoya conseguiu fazer com que toda a residência Shirogane se apaixonasse por ele.
Tradução: Taiyo
Revisão: Guilherme
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