Dark?

De Colega Tóxica a Metas de Namoro – Vol. 01 – Cap. 01 – A Língua Venenosa e o Leitor de Mentes

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Primavera — uma estação de encontros, e a mesma estação na qual os eventuais pombinhos se encontraram.

Tudo começou do lado de fora da zona comercial. Estava no final do entardecer, e Naoya tinha acabado de sair de dentro do seu local de trabalho, vassoura na mão, indo arrumar a vitrine. Logo quando estava prestes a começar, entretanto, viu um homem e uma menina tendo um certo desentendimento nas redondezas.

Mesmo que a menina em questão não estivesse virada para ele, conseguia perceber que ela usava um uniforme escolar — era o mesmo uniforme da escola de Naoya — e o longo cabelo prateado indicava que ela não era cem por cento japonesa. Também era evidente que estava metida em algum tipo de problema.

Diante dela havia um homem muito bem vestido com um terno de grife, embora seu chamativo cabelo tingido e seus piercings na orelha causavam um contraste bastante bizarro. Ele estava insistentemente dando em cima da garota, que aparentava já estar farta disso. Também dava para notar um tom amedrontado em sua voz.

Parece que esse cara está dando em cima dela, mas está indo longe demais… notou Naoya. E logo após pensar isso, jogou-se entre os dois e a paisagem urbana pintada de vermelho. Ele ficou corajosamente parado em frente ao homem vestido de maneira espalhafatosa e disse:

— É… Com licença? Ela não parece estar interessada, amigo. Eu sugiro que você vá embora.

— Quê? Quem é você? — disse o misterioso homem, espantado.

Naoya ouviu a garota respirar fundo, mas ele preferiu ignorá-la naquele momento para defender seu ponto. Ele encarou o homem e disse:

— Poderia parar de assediar mulheres na frente do meu local de trabalho, por favor? Se continuar, temo que terei de chamar a polícia.

— Haha… Olha, companheiro, isso é tudo um mal-entendido. Eu não sei que tipo de coisa você pensou que estava acontecendo, mas não sou criminoso, nem nada do tipo, beleza? — O homem tentou assegurar isso a Naoya com um sorriso dolorosamente falso. Ele tirou um cartão de visitas do seu bolso e deu a Naoya.

De relance, ele pôde ler algo sobre o cara ser um produtor de uma empresa de entretenimento. E, diferentemente do extravagante homem, a fonte e o design eram confortáveis aos olhos.

Implacável, o homem continuou:

— Na verdade, estou buscando nossa próxima top model agora. Alguém para estar na primeira página da nossa revista. Essa garota poderi—

— Bom, isso é sem dúvidas conversa fiada — interrompeu Naoya.

— O quê?

Naoya não estava lá para brincadeiras, e tampouco caiu no papo do homem. Ele encarou o homem e reiterou:

— Você não é um olheiro buscando uma modelo coisa nenhuma. Só está dando em cima dela.

— Quê?! Tem algum tipo de prov-

— É só olhar a situação. Sério, pense por um segundo. Mesmo que as pessoas tentem esconder suas verdadeiras intenções, sua linguagem corporal quase sempre as entrega — explicou Naoya. O homem era como um livro aberto. As pupilas ligeiramente dilatadas, a respiração apressada, as falhas na sua voz, os tremores nos cantos da boca, o suor na sua testa; todo mínimo detalhe só servia para lhe entregar. Não havia dúvida alguma: o homem estava mentindo, simples assim.

— Você é só um universitário, né? — continuou Naoya. — É de Kansai, se eu tivesse que dar um chute. Está tendo dificuldades na escola, e sua família cortou laços com você, então tem passado os últimos dias por aí, brincando e agindo como um completo idiota. Estou correto?

— C-Como sab-?! — exclamou o homem, engasgado. Seu rosto empalideceu.

Na mosca! Naoya conseguiu descobrir de onde ele era graças ao seu sotaque. O resto foram suposições baseadas no leve fedor de álcool flutuando do corpo do homem e no estado precário do seu terno. Sentindo fraqueza nos olhos dele, Naoya pressionou ainda mais. Deu um sorrisinho falso e disse:

— Suas cantadas são tão ruins que precisa de cartões de visita falsos? Qual é, vai! Consegue fazer melhor que isso. Cuidar um pouco de você deve ser mais rápido e mais barato.

— É m-melhor tomar cuidado com o que fala, garoto! — urrou o homem conforme ia em direção a Naoya, então o agarrou pelo colarinho. Um grito baixinho foi ouvido atrás deles, mas o homem não ligou.

Naoya não deixou escapar sua atitude arrogante, mesmo estando naquela situação.

— Você quer ter seus miolos esmagados, garoto?! Porque parece que quer! — ameaçou o homem.

— Não, para falar a verdade, não estou a fim, não — respondeu Naoya — Ah, aliás…

— Que foi?

— Tá vendo aquele sebo ali? É onde eu trabalho. E sabe como as coisas têm sido bem perigosas recentemente, certo? Há crimes para todo canto. Bom, acontece que instalamos novas câmeras de segurança do lado de fora há pouco tempo.

Naoya apontou a placa do lado de fora da loja. Estava escrito Sebo Akaneya, e próximo a ela havia uma câmera fixada e cuidadosamente apontada na direção deles.

O rosto do homem passou por mais uma mudança dramática, mudando de cor: de pálido, para vermelho enfurecido, para pálido de novo, tão rápido quanto um camaleão.

Naoya abriu um largo sorriso e continuou:

— Se fosse “esmagar meus miolos” aqui, eu pegaria a gravação e iria direto até a delegacia mais próxima. Mas, se ainda assim quiser, pode ir em frente.

— Tsk! — O homem jogou Naoya no chão e rapidamente fugiu.

O garoto se levantou, limpou-se e arrumou sua gola. Uma sensação de alívio tomou conta de seu corpo.

— Ufa… Acho que não precisa ser uma câmera de verdade para ter o mesmo efeito, hein? — comentou. Naoya estava grato por ter tido a premonição de insistir a seu chefe para que instalasse uma câmera.

—Hm… — Ele ouviu uma voz baixa atrás dele balbuciar algo.

— Sim, está tudo bem agora.

Ele ouviu outro suspiro e sentiu a garota recuar por trás dele. Naoya começou a se virar para ver qual era o problema, mas foi interrompido por uma voz rouca chamando de dentro da loja:

— Sasahara, está aí?! Desculpe por pedir isso a você, mas poderia entregar uma coisinha por mim? Estou sem tempo para fazer isso agora!

— Claro! Já vou! Ei, fique bem na sua volta para casa, beleza? — disse ele à garota.

— Hm!

No final, Naoya voltou para dentro da loja sem reparar muito no rosto da menina. Ele simplesmente sentiu que tinha feito uma boa ação e saiu.

— Sasahara, huh…?

A garota em questão apertou suas mãos em frente ao peito e disse o nome para si mesma. Parando para pensar, isso era algo bastante atípico para ela.

 

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A primeira vez que se encontraram de verdade, frente a frente, foi na hora do almoço, no dia seguinte. Naoya estava perambulando pelos corredores da escola com seus amigos até que seu caminho foi bloqueado por uma estranha.

— Você é Naoya Sasahara, certo? Obrigada por ontem — disse a garota misteriosa em uma voz fria. Diferentemente do seu desagradável tom, ela era deslumbrante. Seu cabelo liso e prateado se estendia até o fim de suas costas, e seus olhos azuis brilhavam como os raios de sol dançando no oceano. Seu rosto era perfeito, quase inexplicavelmente — como se ela fosse computação gráfica, e não uma menina de verdade — com pele que era quase translúcida, de tão pálida.

E ainda assim, apesar de sua beleza estonteante, o olhar que deu a Naoya só poderia ser descrito como afiado e ácido. Uma aura avassaladora de intimidação emanava dela enquanto estava de pé no corredor, braços cruzados sobre seu peito. Ela lembrou Naoya de uma estátua Deva — aquela que se encontra em templos budistas.

— O quê? — Naoya deixou escapar em resposta.

Os outros alunos começaram a perceber a presença da garota chamativa.

Logo, sussurros começaram a circular.

Tatsumi Kouno, amigo de Naoya, que estava andando com ele, parou e sussurrou, mas com histeria, em seu ouvido:

— Epa, espera aí, Naoya! Aconteceu alguma coisa entre você e “A Rainha dos Espinhos”?

— É, sim, ontem. Não foi nada grandioso… — disse Naoya, em um tom despreocupado, enquanto tentava manter sua compostura. Ele não tinha visto seu rosto ontem, mas conseguiria facilmente descobrir quem era só pelo cabelo.

Mas não achava que a veria tão cedo de novo…

O nome dela era Koyuki Shirogane. É uma aluna do segundo ano na Escola de Ensino Médio Ootsuki, como Naoya, mas estava em uma turma diferente. Suas notas eram tão impressionantes quanto sua aparência. Sua superioridade passava por todas as matérias, incluindo esportes, era tão grande que tinha até mesmo chegado aos ouvidos de Naoya.

Infelizmente, a maioria dos rumores que tinha ouvido sobre ela estavam longe de serem elogiosos.

Koyuki voltou a falar em um tom de desprezo com Naoya:

— Obrigada, mais uma vez. Como eu não agradeci ontem, decidi te procurar. Você estava usando nosso uniforme, por isso sabia, pelo menos, que vinha para esta escola.

— Eu entendo, mas não tem necessidade de você me agradecer, mesmo — respondeu Naoya.

— Tinha sim, na verdade — disse ela, jogando seu cabelo para trás, de forma dramática. Ela bufou pelo nariz, como se zombasse dele, antes de continuar a falar: — Não gosto de dever nada a ninguém, então eu tinha que fazer algo. Não viria falar com um ninguém como você, se não fosse por isso.

— Oi?

Koyuki Shirogane era quase perfeita, exceto por uma grave falha: sua língua afiada. Desde o dia em que Naoya ingressou nesta escola, ouvira incontáveis histórias de alunos homens que se apaixonaram por sua aparência, só para depois serem trucidados pelos seus terríveis ataques verbais. Como resultado, ela recebeu o apelido de “A Rainha dos Espinhos”. Era por este motivo também que havia tantos sussurros desdenhosos e olhares reprobatórios ao redor.

— Lá vamos nós de novo…

— Eu não sei o que aconteceu, mas ela realmente deveria tomar cuidado com o que diz…

Koyuki, entretanto, não deu nem um pingo de atenção aos curiosos. Em vez disso, preferiu continuar seu discurso:

— É verdade que eu estava em uma situação assustadora, mas tenho certeza de que daria meu jeito de sair dela, mesmo se você não tivesse colocado seu nariz onde não devia. No futuro, seria muito bom se não andasse por aí agindo como um cavaleiro em armadura. Como eu disse, não gosto de dever nada a ninguém.

— Tá, entendi. — Naoya fez que “sim” com a cabeça e consentiu, imediatamente. Ele entendia bem o que ela estava dizendo. — Em outras palavras, quer me levar para sair depois da escola, como uma forma de agradecimento, correto?

— O quê? — exclamou Koyuki, pasma, após uma pausa.

— O quê? — Todos no corredor disseram em coro, reproduzindo a expressão perplexa de Koyuki.

A reação mais surpreendente, entretanto, foi a da garota: quase que imediatamente, seu rosto ficou vermelho como um pimentão, até as pontas das orelhas.

— D-Do que está falando?! C-Como conseguiu chegar a essa conclusão pelo que eu disse? — retrucou ela, exaltada.

— O que mais eu deveria ter pensado? — respondeu Naoya, incrédulo. — Você admitiu que o que aconteceu ontem foi assustador. Essa parte era verdade… Depois disso foi só você me menosprezando.

Koyuki parecia chocada, mas não respondeu. Naoya acrescentou:

— E aquilo que disse sobre não dever nada a ninguém era meio verdade, também, mas o que realmente queria dizer era “valeu”.

A voz e a expressão de Koyuki desmentiam suas duras palavras. Não era difícil para Naoya descobrir as reais intenções dela, até mesmo quando prestava o mínimo de atenção. Naoya continuou sua investida.

— Por coincidência, hoje eu estou de folga. Também não faço parte de nenhum clube. Estou totalmente livre. Então, Shirogane, aonde vamos?

— E-Escuta aqui! Eu, eu só… Ugggh! — protestou Koyuki. Seu pequeno corpo tremia de frustração. Depois de um tempo, ela conseguiu se acalmar. Olhou para o chão e começou a sussurrar, baixinho — Hm… Se estiver tudo bem para você, estarei esperando, então…

— Claro! Te encontro no portão da frente, depois da aula.

— Espera, como me ouviu?! Não era para ter conseguido me ouvir!

— Minha audição sempre foi boa. Até então, nunca me deixou na mão — respondeu ele.

— Ahh!! Seu… S-Seu-! — gaguejou ela.

— “Seu” o quê?

— Seu louco! O que você é, um mutante? Qual é a da audição incrível?! — gritou ela. E com aquele comentário suspeitosamente elogioso, Koyuki foi embora, seu rosto ainda estava com um tom vermelho brilhante.

Os curiosos no corredor a observavam sair e discutiam entre eles.

— Mas o que…? Aquela era mesmo a Shirogane?

— Isso não aconteceu bem como eu esperava…

— Acho que ela consegue ser bastante fofa e amável se quiser.

Tatsumi deu um tapa caloroso no ombro de Naoya.

— Vejo que você continua um ótimo leitor de mentes! Mas… — Ele abaixou sua voz e perguntou, com um tom desapontado: — Só estava planejando zoar com ela, como você geralmente faz, né?

— Pois é. Basicamente — respondeu Naoya.

— Meu Deus! Por que esse idiota consegue ser tão popular com as meninas?! — gritou Tatsumi, desesperado. Naoya não fez nada além de dar de ombros, em resposta ao chilique de seu amigo.

 

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Depois da escola, Naoya foi até o portão da frente e encontrou Koyuki esperando por ele. Sua postura rígida fazia com que se destacasse ainda mais do que o normal entre a multidão de alunos.

Naoya se dirigiu de imediato até ela.

— Desculpe, esperou muito?

— Não se preocupe. Eu já disse isso antes, mas não gosto de ficar devendo às pessoas — respondeu ela. O rosto de Koyuki estava calmo e sereno, diferentemente de sua expressão corada e furiosa da hora do almoço. De repente, levantou a mão e apontou para Naoya. Seus olhos eram como os de um leão, prestes a devorar uma azarada presa, e Naoya era o pobre antílope. — Como você disse no almoço, é verdade que quero “agradecer”, mas nada além disso. Não fique se achando, entendeu?

— É… Não sei se eu posso prometer isso — retrucou Naoya, em um tom descompromissado. Ele habilmente se esquivou da tentativa de Koyuki de desequilibra-lo, e sorriu de maneira irônica. — Qualquer cara ficaria com o ego um pouco inflado se estivesse prestes a ir a um encontro com uma garota tão bonita quanto você.

— B-Bonita?! Encontro?! — Seu rosto ficou com a cor de uma lagosta cozida. Entretanto, diferente do almoço, ela não permitiu ser intimidada. Desviou o olhar de Naoya e começou a falar: — Hmph. Só para você saber, me elogiar não vai te levar a lugar nenhum. Essa não foi a primeira vez que ouvi cantadas nojentas como essa. Ouço essas o tempo todo.

— Meu objetivo não era te bajular nem nada do tipo. Não tenho uma presença muito forte, por isso preciso falar o que penso de uma vez, para fazer com que as pessoas me ouçam.

— Cara de pau, você, hein? Infelizmente para você, isso não é nem um pouco novo para mim. Até porque viu quão bonita sou, né? As pessoas estão a todo momento tentando me persuadir, me elogiando. — Ela zombou.

— Pois é, né? — disse ele, entrando no jogo dela. Naoya pôde perceber um sorriso quando olhou para ela de perfil e então não acreditou no que ela havia dito. Ela não conseguia parar de sorrir e tremer.

Antes que Naoya pudesse apontar o que havia percebido a Koyuki, ela começou a andar.

— Vamos indo! — exclamou ela. — E você não pode falar comigo até chegarmos na zona comercial, entendeu?!

— Já deu para perceber que este vai ser um encontro bem difícil… — resmungou Naoya.

— Isso não é um encontro! Agora cale a boca e me siga!

Naoya seguiu obedientemente atrás de Koyuki, que estava andando de maneira zangada.

Os alunos ao redor observaram a cena com extrema curiosidade. Os rumores que a infame “Rainha dos Espinhos” tinha convidado um zé-ninguém em um encontro já tinham começado a se espalhar por todo o colégio.

No fim, os dois chegaram à zona comercial na frente da estação. A Escola de Ensino Médio Ootsuki estava localizada no coração da cidade. Por causa disso, havia uma grande quantidade de redes de lojas direcionadas a estudantes espalhadas pela região. Koyuki escolheu uma delas, uma loja de donuts, e logo entrou nela.

Naoya não teve nenhuma objeção quanto a isso, então entrou, seguindo-a, e pediu um donut e um café. Eles escolheram uma mesa com dois assentos e se sentaram um na frente do outro. O nervosismo no ar era palpável. Koyuki ficava se mexendo na cadeira, e encarava seu donut fixamente, sem exibir expressão alguma. Já que não parecia que ela pegaria o doce logo, Naoya optou por tomar o primeiro passo.

Ele levantou sua mão em um gesto amistoso e perguntou:

— Tudo bem se eu comer primeiro?

Koyuki afirmou com a cabeça, continuando em silêncio.

Com sua permissão, Naoya pegou seu donut. Ele era um garoto em fase de crescimento e tinha um apetite voraz para saciar. Bem no meio da comilança de seu delicioso doce, foi ouvida uma voz baixa.

— Hm…

— Hm? — perguntou ele.

— Você parece ser… muito bom… em ler pessoas… — balbuciou Koyuki. Ela monitorava o rosto de Naoya com muito cuidado, com seus olhos arregalados. — Realmente sabe o que eu vou dizer antes de eu falar?

— Sim, claro — respondeu Naoya, conforme ele terminava de comer seu donut, limpando o açúcar dos seus dedos com um guardanapo. — Mas sei também que você quer falar. Então eu estou esperando.

— Como…? Você não consegue ler mentes de verdade, né?!

— Não é tão impressionante assim. É como disse mais cedo, eu sou bom em ler pessoas, mais ou menos.

— “Mais ou menos”, hein? Bom, não importa. — Koyuki franziu a testa, claramente insatisfeita com a explicação. Ela fez uma pausa por um bom tempo, e então suspirou antes de curvar sua cabeça profundamente. — Quanto a ontem… Obrigada. Sério. Você me salvou.

— De nada. — Naoya aceita suas palavras de gratidão.

Koyuki parecia um tanto aliviada, como se tivesse tirado algo importante do seu peito. Finalmente, começou a mordiscar seu donut.

— V-Você é estranho… Me faz sentir como se eu estivesse ficando louca.

— É, eu ouço muito isso — respondeu ele.

Hmph. Dá para ver. — Koyuki bufou, enquanto seus lábios perfeitos formavam um sorriso de gozação. — Espero que saiba a honra que é para um esquisito como você sair para comer comigo.

— Ah, sim, sei. Não se preocupe. Fico feliz sabendo que está feliz por estar aqui.

— Eu não estou feliz por estar aqui! Ninguém disse nada sobre isso!

O rosto de Koyuki ficou com um forte tom de vermelho de novo, e ficou ainda mais vermelho quando percebeu que sua gritaria tinha atraído a atenção dos outros clientes na loja. Por causa disso, rapidamente se retraiu e deu um olhar de reprovação para Naoya, que estava calmamente bebendo seu café.

— Qual é a sua? — resmungou ela — Eu nem disse nada…

— Ah, é bem fácil descobrir o que está pensando — respondeu ele. Era realmente fácil demais: pequenos detalhes, como a entonação quando ela falava, os movimentos dos seus olhos, seu hábito de arrumar o cabelo, tudo isso revelava com clareza o que estava pensando. Mesmo se tentasse esconder, ela era um livro aberto para ele.

— Sério? Não sei se eu acredito em você… — disse Koyuki, hesitante.

Ela passou alguns segundos examinando Naoya atentamente, até que um sorriso maligno mais uma vez se formou em seus lábios. Retirou uma moeda de cem ienes de sua bolsa e a segurou em suas mãos, mas escondeu de Naoya, de forma que ele não pudesse ver em que mão estava. Então estendeu suas mãos na direção dele e perguntou:

— Beleza, hora do teste. Em qual mão está a moeda?

— No seu colo, né?

— Correto — disse Koyuki, baixinho, depois de uma longa pausa. Ela abriu ambas as mãos; como esperado, não havia nada lá. Koyuki retirou a moeda do seu colo e encarou Naoya como se estivesse observando um animal exótico.

— Você realmente é bom — disse ela, maravilhada. — Ah, sim. Então, sobre aquele suposto “olheiro” de ontem, você é um detetive ou algo do tipo?

— Um detetive adolescente? O que é isso, um anime? Sou apenas um aluno normal de Ensino Médio — respondeu Naoya, incrédulo.

— “Um aluno normal de Ensino Médio” não consegue fazer as coisas que você faz — apontou Koyuki, enquanto dava a Naoya um olhar de dúvida.

Naoya deu de ombros e respondeu:

— Eu ouço isso bastante. As pessoas me perguntam se eu tenho habilidades especiais e coisas assim o tempo todo.

— É óbvio. É normal que elas perguntem. Que tipo de treinamento você fez para conseguir fazer esse tipo de coisa?

— Nada em particular, na verdade — disse ele, com uma mexida de ombro e um sorriso simples. Não estava mentindo, nem escondendo nada. Nunca tinha feito nada em particular para ler pessoas; só tinha vivido por uma combinação única de circunstâncias que fizeram com que percebesse que tinha um dom para isso.

— Quando eu era pequeno, minha mãe estava doente. Muito doente. Tipo, nível de ficar constantemente acamada — explicou ele.

— Hm? — Koyuki engoliu seco, aparentemente tomada de surpresa pela direção que a conversa tinha tomado.

Naoya a ignorou e continuou. Deve ter sido por volta de quando ele tinha seis anos de idade. Sua mãe desmaiou de repente e foi hospitalizada. Ela tinha sido ligada a respiradores e tubos de todos os tipos, basicamente presa na cama, e não respondia a nada. Naoya a visitava todos os dias e fazia tudo que podia para cuidar dela. Observava atentamente seu rosto para discernir o que ela precisava. Eventualmente, tinha se tornado capaz de saber o que ela queria só de olhar.

— Bom, eu ainda era uma criança, então não conseguia fazer nada de importante para ajudá-la de fato. Mas fazendo isso dia após dia, acho que aprendi a ler pessoas me baseando em referências visuais — concluiu ele.

— Entendo… Tudo isso pelo bem da sua mãe — murmurou Koyuki, com uma mão sobre sua boca. Seus olhos arregalados. Então, em uma voz hesitante e carinhosa, perguntou: — Hm, então… sua mãe… como, hm, como ela está hoje?

— Ela está em algum lugar bem longe daqui…

Koyuki ficou pálida e recuou ao ouvir as palavras dele.

Naoya continuou, tranquilo:

— É provável que esteja no Caribe ou algo assim.

— Quê? — Koyuki ficou boquiaberta.

— É, ela acompanha meu pai nas viagens de trabalho.

Embora tenha estado, um dia, bem próxima da morte, tinha conseguido se recuperar por algum tipo de milagre. Agora, os pais de Naoya viviam sua maravilhosa vida de casal viajando ao redor do mundo. Eles pensaram que não havia problemas em deixar Naoya sozinho, considerando que ele já era um aluno de Ensino Médio. Não era incomum ele receber uma carta deles no final de cada mês, na qual contavam suas aventuras e anexavam algumas fotos melosas de casal. Já fazia tempo que ele tinha desistido de tentar entender como deveria se sentir em relação a tudo isso.

Koyuki mordeu seu donut, distraída, antes de gritar:

— Você precisa escolher melhor as palavras!

— Hahaha. Eu também ouço muito isso, na verdade — disse, rindo.

Naoya fazia esse tipo de coisa com as pessoas o tempo todo.

Koyuki ponderou e disse:

Hmph. Acho que isso explica o porquê de você ser tão esquisito.

— E porque eu sou um ótimo filho, certo?

— Continua um esquisito, mesmo assim — ela rebateu. Bebeu seu café, aparentemente irritada, antes de dar um sorriso estranho. — Infelizmente para você, essa sua habilidade não vai funcionar em mim.

— Sério?

— Claro. Por qual motivo eu tenho que estar aqui com você, em primeiro lugar? Eu consigo listar umas cem coisas que valeriam mais meu tempo agora: beber água, ouvir música… — Ela fez uma cena, suspirando e dando de ombros — Mas, só por curiosidade, o que mais pode ver que eu estou pensando?

— Hm, bom, sabe… — Naoya abaixou sua voz, e acenou a cabeça, fazendo sinal de afirmação.

Ele conseguia perceber que ela era a irmã mais velha, pela forma como agia. Ela era destra, mas provavelmente também podia escrever com sua mão esquerda, se precisasse. Era o tipo de pessoa que trabalhava duro, mas não chamava atenção, e era também muito ruim em esconder suas fraquezas. Pegue o “encontro” dela como exemplo: estava se forçando a tomar café preto, quando claramente preferia estar tomando chocolate quente. Enquanto Naoya a encarava de maneira fixa, listando todas as suas características em sua cabeça, Koyuki começou a recuar de leve.

Parece que é hora de tomar medidas drásticas. Naoya pensou consigo mesmo, pronto para dar o golpe final.

— Eu consigo saber que está apaixonada por mim — declarou ele.

Pfftt! — Koyuki cuspiu seu café por todo lugar. Ela se curvou para a frente e começou a tossir violentamente.

Naoya não podia fazer nada a não ser observar. Sabia que se fosse ajudá-la, muito provavelmente receberia sua ira.

Cof, cof! E-Essa é boa! Eu? Apaixonada por você? — altercou ela enquanto tossia.

— O que foi? Estou errado?

— Uh, dã! Sim, está! — gritou Koyuki, com uma voz trêmula. Ela estava completamente vermelha, da sua testa até as pontas dos dedos. Seus exóticos olhos azuis estavam molhados com lágrimas de constrangimento. Mesmo assim, com tudo isso, continuava a agir de forma desafiadora. — Eu não me apaixonaria por você nem se me salvasse de um tigre, muito menos de um fracassado qualquer na rua! Não fique tão convencido!

— Ufa! Isso é um baita alívio, para falar a verdade.

— Quê? — Koyuki arregalou os olhos.

Naoya suspirou e disse:

— Olha, tem um motivo pelo qual eu vim aqui com você.

— Um motivo…?

— Sim. Não é nada complicado ou coisa do tipo. — Naoya olhou para Koyuki, respirou fundo, e depois disse em um tom extremamente neutro: — Vou falar de uma vez. Sinto muito, mas… não posso sair com você.

O rosto de Koyuki entristeceu-se naquele momento, como se sua alma tivesse deixado seu corpo.

— Tem outro alguém que… você goste? — perguntou ela.

— Não, nada disso. Nunca gostei de ninguém dessa forma, e também não gosto de ninguém no momento — respondeu ele, fazendo um aceno com sua mão.

— Então só não gosta de garotas determinadas como eu?

— Também não é isso. — Naoya garantiu a ela, balançando sua cabeça sutilmente. Mesmo que tivesse uma namorada, não odiaria Koyuki. Ele a achava engraçada e direta: dois traços de personalidade que ele admirava. Era só que ele tinha algumas… circunstâncias complicadas. — Você não é o problema. Eu só não estou muito no clima de ficar saindo com alguém no momento — explicou ele.

— Por que não?

— Caso houvesse alguém de quem eu gostasse, e fosse ficar com essa pessoa o tempo todo… Bom, minha mente ficaria o tempo todo a mil por hora, tentando analisá-la. Isso realmente me desgastaria.

Por causa de sua forte intuição e suas habilidades de ler pessoas, Naoya estava sempre em sintonia com os outros. O que estavam pensando? O que queriam? Essas eram as perguntas que nunca precisava fazer: não conseguia evitar de saber como a outra pessoa estava se sentindo. Naturalmente, o acesso constante às emoções alheias, positivas ou negativas, cansaria qualquer um, e Naoya não era uma exceção. Houve até mesmo situações tão ruins que fizeram com que ele desmaiasse. Também usou de sua intuição para tentar ajudar garotas em necessidade, no passado. Infelizmente para ele, isso sempre resultou em uma dor de cabeça tremenda.

Por isso que desde que começou a sexta série tem rejeitado qualquer menina que parece remotamente interessada nele logo de cara. Suas reações eram variadas: algumas explodiam de raiva, outras ficavam furiosas em silêncio, e outras ainda se debulhavam em lágrimas. No final das contas, todas tinham se distanciado dele. Mesmo assim, Naoya podia perceber que muitas delas ainda estavam machucadas.

Desapontá-las no começo salva todas de muita dor no final.

Ele nunca quis deixar nenhuma dessas garotas tristes; apenas sabia que seria melhor para os dois lados se não se envolvessem com ele. Elas seguiriam suas vidas no final e encontrariam alguém. Dessa forma, Naoya não decepcionaria ninguém.

O rosto deprimido de Naoya refletia em seu café. Ele continuou, recitando o roteiro que tinha criado e já repetido infinitas vezes.

— Então só queria que você soubesse que, mesmo se gostar de mim, não posso retribuir esses sentimentos. Se tiver sentimentos por mim, vou ter que te pedir para desistir de mim agora. Se não tiver, por favor, continue assim.

Koyuki respondeu com silêncio. Talvez seja mais correto dizer que não tinha resposta.

Naoya bebeu seu café e notou que estava bem mais amargo do que antes. Ele ia pegar o açúcar, quando ela disse:

— Isso… É muito estúpido…

— Perdão? — A cabeça dele se levantou com a voz enfurecida que tinha ouvido. Quando viu o rosto dela, tudo que conseguiu fazer foi piscar e a encarar, espantado. Naoya esperava que Koyuki fosse reagir com raiva, mas não pôde ver nem um pouco de fúria em seus olhos.

Uh, eu acho que se alguém dissesse o que eu acabei de dizer a você, esse alguém passaria a ser odiado, certo? Então por que não me odeia?

Koyuki ingorou a confusão de Naoya e começou a dizer:

Hmph! Eu não gosto de você, entendeu? Sério, tudo isso não significa nada para mim. Mas o que te dá o direito de dizer como eu devo me sentir?

— B-Bom, não foi isso que eu quis dizer, mas sim que era que você não ia querer namorar um cara que está sempre adivinhando o que você está pensando e sentindo, né? — Naoya recuou, tentando colocar um pouco de bom humor na sua voz. — E não é só o que está pensando. Eu consigo saber seu peso, seus tamanhos de roupa e coisas do tipo só de olhar.

— Hã, e…? Uma fita métrica e uma balança conseguem fazer isso também. Por que está tentando competir com uma fita métrica? Isso deveria me impressionar?

— É, hã… Quer dizer, sim, mas… — Naoya se atrapalhou com suas próprias palavras. Ele achou que Koyuki tinha somente se apaixonado pela ideia dele, mas que quando conhecesse como ele era de verdade, rapidamente perderia o interesse.

Entretanto, as coisas não estavam indo conforme o planejado.

Por que isso não funcionou? Por que consigo perceber que ela ainda gosta de mim?

Koyuki bufou arrogantemente para si mesma e disse:

Hmph. Então parece que você quer que eu desista. Se é isso que quer… Tudo bem, Sasahara.

— Q-Quê?

— É melhor ouvir atentamente o que eu vou dizer — exigiu ela. Respirou fundo e então estendeu seu dedo em direção a Naoya de repente e declarou: — Eu vou fazer você se apaixonar por mim!

 

 

 

— O quê? — Naoya piscou, surpreso

Os lábios dela se curvaram, formando um sorriso destemido.

— Eu entendi o que você está tentando dizer, mas esperava mesmo que eu aceitasse isso pacificamente? Sem chance!

Ela não estava recuando. Na verdade, parecia ficar mais confiante a cada segundo. Ela continuou, implacável:

— Não me importa o quanto consegue me ler! Não tenho medo! E não vou ser machucada por você, também. Vou me agarrar a você como uma craca e fazer com que goste de mim! Vai ser um sentimento unilateral!

— Não minta! Está completamente apaixonada por mim, não está?! — disse Naoya, imprudentemente. Não parecia que ela fosse desistir dele num futuro próximo. Naoya conseguia perceber que ela estava falando sério, e isso o fez encolher em presença de sua intensa pressão, algo bastante incomum a ele. — Hah… Por que está agindo assim? Conseguiria ter qualquer homem que quisesse.

— Estou basicamente me jogando nos seus braços, mas fala para eu ir atrás de outro cara? Que péssimas maneiras, hein, Sasahara… — Koyuki suspirou. — Ah, e eu disse, sim, que você é um esquisito, mas acho que isso me faz uma esquisita também.

— Por que diria isso?

— Já ouviu, né? Do que todo mundo me chama? “A Rainha dos Espinhos”.

— É, já ouvi alguns rumores, sim.

— Exatamente. Eu acho que eu sou tão perfeita que as pessoas acham difícil se aproximar de mim. Seja o que for, tenho certeza que parte disso é porque aqueles fracassados têm inveja — disse ela, bufando pelo nariz.

Suspiro…

Koyuki estava sessenta por cento falando sério e trinta por cento esnobando os outros. O restante era ela se autodepreciando. Não precisava agir assim.

Naoya ignorou o discurso de Koyuki até ela parar, limpar sua garganta, e continuar.

— Mas é isso — disse ela. — Preciso de alguém que seja tão esquisito como eu. Você por pouco, por muito pouco, se encaixa nessa definição. Então acho que vou te testar e ver se consegue passar. De nada!

Ela apertou seus olhos e lambeu seus lábios. Sua pequena língua tinha uma cor vermelha clara e lembrava Naoya de uma aranha devoradora de homens.

Vou fazer você se apaixonar por mim. E você é quem vai se declarar para mim. Hehe… Fazer um cara sereno como você cair aos meus pés será bem interessante…

— É, hm… — Naoya gaguejou e cessou o contato visual com ela. Não porque estava sendo intimidado pela sua cena inesperada de vilã. Sério. Não mesmo. Mas sim porque conseguia perceber suas reais intenções por trás daquela fachada que tinha construído.

Ela queria estar com ele. Queria saber de tudo que ele gostava e desgostava. Queria ir com ele para a escola, e depois sair nos dias livres. Queria ir a um encontro em um parque de diversões e em muitos outros lugares, também.

 

 

 

Após essa análise dos propósitos da garota, Naoya engoliu essa situação em seco, silenciosamente.

Ela não está brincando! Realmente gosta de mim tanto assim?!

Ele podia ver que seus sentimentos eram genuínos. Não podiam ser destruídos facilmente. Naoya ficou em silêncio por conta do peso da decisão dela.

Koyuki continuou com um ar de vitória em sua voz:

— Haha! É melhor você se preparar para amanhã. Gosto de brincar com a minha comida.

— S-Sua comida? — Naoya parou e pensou um pouco. — Isso parece que será algo interessante… tudo bem…

— Hehe, parece, né? Qualquer um sendo perseguido por alguém tão bonita quanto eu fic-

— Eu acho que vou me apaixonar mesmo por você — interrompeu ele com uma simples afirmação.

— Sim! Correto. Clar- Espera, o quê? — Koyuki levantou sua voz e gritou com Naoya.

Os outros clientes já deviam estar se acostumando com ela, visto que a maioria só deu uma olhada rápida para a mesa dos dois.

Koyuki apontou um dedo trêmulo na direção de Naoya.

— O que está dizendo?! Acabou de dizer que não ia sair com ninguém. Pode parar de fazer essas piadas bobas?!

— Desculpe, mas estou falando sério — respondeu ele, dando de ombros. Era verdade que não tinha planejado se aproximar de nenhuma garota, como já havia explicado a ela. Dito isso, tinha algo de diferente com ela. — Quero ver o que está pensando. Tudo. O tempo todo. Acho que eu acho isso… divertido? Você é a primeira pessoa pela qual eu me senti assim — explicou.

Naoya só tinha sentido remorso e angústia pelo carinho dado a ele até então, mas não sentiu nada disso com Koyuki. Queria estar com ela e descobrir sua ampla gama de expressões, descobrir o que a faz agir de certa maneira ou de outra. Tantos eram os pensamentos que rodavam em sua cabeça. Ele sentia como se seu mundo estivesse virando de cabeça para baixo.

— Eu sei que acabou de me chamar de “esquisito” e tudo mais, mas espero que esteja tudo bem para você se eu gostar de você. É bonita, e enquanto eu estiver com você, sei que nunca estarei entediado. Acho que seria mais estranho se não gostasse de você, para falar a verdade. — prosseguiu ele.

— Q-Quê?! Por que começou a dar uma de Casanova 1Giacomo Girolamo Casanova foi um escritor e aventureiro italiano do século XVIII que ficou conhecido por ser uma pessoa muito sedutora com as mulheres. Mais informações em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Giacomo_Casanova  de repente?! —respondeu ela, surpresa.

— Ah, eu te contei hoje mais cedo que não consigo esconder meus reais sentimentos.

— Sim, mas não achei que fosse tanto! — gritou.

Naoya viu além de sua explosão e tentou entender o que ela realmente sentia em seu coração. Conforme examinava seus olhos, perguntou:

— Então, é… se me perseguir, tem uma boa chance de eu acabar me apaixonando, no final. Só por curiosidade: como pretende me conquistar?

— Huuuh? Bom, eu… — gaguejou Koyuki, conforme desviava seus olhos e abria e fechava sua boca como um peixe-dourado. Ela disse com uma voz calma e envergonhada: — Eu estava pensando em esperar por você, então nós iríamos à escola juntos, e então iríamos a um café logo depois, ou algo como o que estamos fazendo agora. Você sabe, coisas como… isso.

— Ah, belo plano. Isso definitivamente vai fazer com que eu me apaixone — Ele assegurou.

— S-Sério?!

— Sim. Com toda certeza, se não mais, do que você já gosta de mim.

Sua expressão radiante logo se tornou furiosa, então gritou, franzindo a testa:

— Escuta aqui, mocinho: Eu. Não. Gosto. De. Você. Quando vai entender isso?! — Ela de repente perdeu sua energia e voltou ao seu assento, resmungando: — Para de zoar comigo. Se continuar, vou ficar muito brava, entendeu?

— Mas estou falando sério… Oh. Ohhh. Beleza, agora saquei — disse Naoya, conforme socava sua mão aberta, em um gesto de compreensão.

Koyuki gostava de Naoya, e se Naoya também gostava dela, então o sentimento era mútuo. Então por que estava ficando tão brava? Ele não entendeu de imediato, mas enfim compreendeu depois de pensar um pouco sobre o assunto.

— Acho que, baseado na minha entonação, não pareço estar levando isso a sério. Eu preciso ser mais sério — afirmou ele.

Guh! Não, isso… Bom, não está errado, mas… Beleza, não, mas… Ughhh.

— Certo, vou ser mais direto então — começou Naoya. Ele se recompôs e então estendeu a mão até o outro lado da mesa para segurar a de Koyuki. Ela soltou um pequeno barulhinho em resposta, e ele pôde sentir sua mão se esquentando rapidamente conforme a segurava. — Estou ansioso para te conhecer, Shirogane. Vou me apaixonar por você tanto quanto você se apaixonou por mim, tudo bem?

— Escuta aqui, seu…! — Sua voz falhou. Ela tremia. — Você não é nada pra mim! Eu não costo de vucê!

— Haha. Isso foi bem fofo, se atrapalhar com o que ia dizer.

— Eu já estou por aqui com você! — gritou.

As palavras doces de Naoya levaram Koyuki às lágrimas. E assim as cortinas se abriram na guerra entre os dois pombinhos.

 

 


 

Tradução: gtc

Revisão: Guilherme

 

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