Crônicas do Bahamut Invicto – Vol. 18 – Prólogo: Engrenagem do Destino

Parte 1

— Lisesharte. Você herdará a vontade de seu pai, o grande herói Atismata, e se tornará a Princesa do Novo Reino. Essa é a responsabilidade que deve assumir.

A voz parecia muito distante, como se fosse algo que aconteceu há muito tempo.

No entanto, ela foi capaz de se lembrar vividamente dessa memória de cinco anos atrás, como se fosse ontem.

Dentro do castelo de pedra que foi queimado junto com o desmoronamento do Antigo Império.

O Primeiro-Ministro Nulph, que era ajudante de seu pai na época, resgatou Lisha da passagem escondida dentro do poço e disse isso a ela.

— …

Naquela hora Lisha não entendeu.

Ela foi transformada em refém e depois abandonada pelo seu pai. Depois disso, o traiu porque não queria morrer.

A marca inapagável de sua submissão ao Antigo Império permanecia em seu corpo.

Como poderia se apresentar como uma Princesa que herdou o testamento de seu pai?

No entanto, se recusasse, Lisha não teria outro lugar para ir.

Ela só podia se deixar enganar pelo destino. Assim, gradualmente se estabeleceu em sua posição de Princesa.

Seu verdadeiro eu, o qual desejava ser salvo por alguém.

A ferida em seu coração por ter sido abandonada pelo pai em quem confiava.

Lisha, que sentia ódio em seu coração pelo título de órfã do grande herói, mergulhou no desenvolvimento e uso de Drag-Rides.

Ela só poderia enganar seu eu fazendo isso.

Porque acreditava que não tinha nenhuma qualificação para liderar corretamente o Novo Reino como filha do grande herói.

Superficialmente ela agia como a Princesa Guerreira Carmesim, a líder da nova geração, mas na verdade estava sofrendo por dentro.

Alguém que a conhecesse e fosse capaz de aceitar seu verdadeiro eu, alguém em quem pudesse confiar.

Ela queria tal existência todo esse tempo.

Então Lisha encontrou aquele jovem.

Parte 2

— Lu…x?

Embora parecesse que o tempo parou por uma eternidade, a neve caía nos arredores.

Era uma paisagem nevada romântica, dentro da Floresta Antiga.

A verdadeira identidade do Drag-Knight que estava dando instruções para sua irmã mais nova, Alma, que deveria ser a líder da Divisão Azure que proclamou guerra ao Novo Reino.

Lisha chegou a duvidar dessa realidade evidente, imaginando que poderia ser um engano.

O jovem diante de seus olhos. Lux, aquele em quem Lisha mais confiava, não era outro senão o líder que executava este golpe de estado. Esta cena estava dizendo isso a ela.

— Isso é algum tipo de erro? O que estou vendo agora…

— …

Era como se o tempo ainda estivesse congelado. O jovem à sua frente não se movia.

Seu corpo não se mexeu nem um pouco, ele foi incapaz de fazê-lo.

— Você está traindo a mim e a mamãe?

Lux estava sob a manipulação de outra pessoa, ou talvez…

Quão confortável seria se ela pudesse acreditar nisso?

Mas o olhar sombrio, que apareceu na expressão de Lux quando Lisha o chamou, lhe disse que isso era verdade.

— Responda-me Lux! Você fez isso!? Para destruir o Novo Reino…

— …!

Em contraste, Lux não conseguiu responder nada.

Seu plano de esconder sua verdadeira identidade até o fim e derrubar o Eclipse Sagrado sem que Lisha soubesse disso já havia desmoronado.

No entanto, ele não era capaz de dizer a verdade e persuadir Lisha enquanto ela estava sob o efeito da revisão mundial.

Em primeiro lugar, Lux também não sabia se a restrição na percepção de Lisha havia sido dissipada ou não, e mesmo que fosse dissipada, ele não queria contar a verdade a ela.

Se fizesse isso, Lisha, que finalmente conseguiu uma família, ficaria sobrecarregada por um destino ainda mais trágico.

Ela seria forçada a derrubar sua madrasta, que estava possuída pelo sistema da Ruína chamado Eclipse Sagrado, com suas próprias mãos.

Não havia outra escolha a não ser contar tudo a Lisha, persuadi-la, dizer-lhe para matar sua madrasta e aumentar ainda mais os seus pecados?

A resposta que ele obteve no final de seu pensamento foi…

— Você… é um impostor. Não há como Lux trair a mim e a mamãe… Você é apenas uma falsificação!

Algo que parecia vapor vermelho saiu do corpo de Lisha. Ela tirou seu Dispositivo Espada do cinto.

Vendo aquela anormalidade, Lux percebeu que era o poder de fortalecimento físico que ela obteve no Batismo.

Ao mesmo tempo, também percebeu que ela o via como um inimigo e o enfrentaria com todas as suas forças.

— Desperte, Fundador Ancestral. Rei dos Deuses Dragão que é um exército em si. <Tiamat>!

Um enorme Drag-Ride Divino carmesim foi invocado diante dos olhos de Lisha. Ele se dividiu em inúmeras partes.

— Conexão – Ativar!

E então, transformou-se em uma armadura que cobria todo o corpo dela. Seu movimento emitiu um som mecânico que parecia um rugido.

— Senhor Herói, por favor… fuja daqui por enquanto!

Vendo isso, a irmã mais nova de Lisha, Alma, pediu a Lux que recuasse em pânico.

Mas foi muito lenta.

— Alma! Fuja!

Lux de alguma forma deu essa instrução pouco tempo antes de desembainhar seu Dispositivo Espada e levantá-lo.

Ele invocaria o Drag-Ride Divino <Bahamut> e o usaria para confrontar Lisha e segurá-la.

No dia em que Lux chegou à academia, os dois também lutaram.

A cortina do palco se abriu mais uma vez, como se quisesse traçar o início do encontro deles.