Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 02 – Cap. 10 – Epílogo – O Verdadeiro Abrir das Cortinas

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Aconteceu enquanto Souma e os outros travavam a batalha final na Amidônia.

O primeiro-ministro do Reino de Elfrieden, Hakuya Kwonmin, estava na Cidade Dragão Vermelho resolvendo as coisas após a guerra. Por Souma ter que sair para lutar contra o principado antes que pudesse fazer todo o trabalho real envolvido no processo, Hakuya estava lidando com tudo em seu nome.

Sendo o primeiro-ministro, ele também era um burocrata, então este era o seu campo de batalha.

No escritório de assuntos governamentais de Castor, o único som era o arranhar da sua caneta.

O castelo estava quieto. O mestre dele, Castor, já havia sido transferido para Parnam. A maioria dos criados da família Vargas recorreu à esposa de Castor, Accela, que ficou com Excel, e partiu para a Cidade Lagoon. Por isso, os únicos no castelo eram os guardas e um pequeno número de burocratas.

Toc, toc.

Houve uma batida hesitante à porta.

— Entre — disse Hakuya.

— Com licença… Trouxe alguns documentos para você — disse Tomoe ao entrar no cômodo.

Ela logo partiria para a Amidônia para negociar com os rinossauros. Ainda assim, não podiam levar uma criança como Tomoe para o campo de batalha, então ela ficaria com Hakuya até que as coisas se acalmassem.

Hakuya parou de escrever e suas bochechas relaxaram um pouco.

— Que gentil da sua parte. Você não precisa fazer isso por mim, sabe?

— Não… Eu também queria fazer alguma coisa para ajudar… — Quando Tomoe disse isso, sua cauda caiu, mas suas orelhas de loba se animaram e se moveram inquietas.

Vendo ela agindo assim, Hakuya sorriu ironicamente, apesar de tudo.

— Está preocupado com Sua Majestade e os outros?

— Ah! Sim… — Como ele conseguiu adivinhar, as orelhas de Tomoe também caíram. — Em momentos assim… Não posso fazer nada.

— Poderia dizer o mesmo de mim — disse Hakuya, acariciando a cabeça de Tomoe enquanto pegava os documentos dela. — Trabalhamos muito para refinar o plano. Entre a trama do Duque Carmine e a oposição do Duque Vargas, houve uma série de eventos que não prevemos, mas as coisas estão correndo quase todas bem. Não precisa se preocupar. Tenho certeza de que Sua Majestade, a princesa, e todos os outros voltarão em segurança.

— Certo…! — Tomoe foi encorajada pela compostura perfeita de Hakuya, e ela lhe deu uma resposta animada.

Foi então que aconteceu.

Um único soldado entrou correndo no escritório e disse:

— Tenho um relatório! O exército de Sua Majestade Souma interceptou o exército Amidoniano perto de Van e o derrotou com sucesso! Foi uma grande vitória para o nosso lado!

Ele estava relatando a vitória na batalha.

Tomoe sorriu.

Trunk.

Ao ouvir o relato, Hakuya se levantou tão rápido que derrubou a cadeira. Seu rosto mostrava sinais de empolgação, uma raridade para o geralmente contido Hakuya.

Tomoe olhou fixamente para ele.

Quando Hakuya percebeu isso, pigarreou meio sem jeito.

— Como um conselheiro, mesmo com algumas ressalvas em seus planos, ele nunca deveria deixar isso vazar… Não seria bom incitar a incerteza — disse, as palavras soando como se estivesse apenas tentando esconder o seu constrangimento.

Tomoe reprimiu uma risada, dando a seu mentor, o primeiro-ministro, uma saudação firme.

— Sim, senhor. Entendo completamenteeeeeee.

Quando Tomoe, a irmãzinha honorária de seu mestre e também sua pupila, deu uma resposta dessas, Hakuya ficou um pouco emburrado.

O primeiro-ministro do robe preto, que era famoso pela sua inteligência, não conseguiu manter essa imagem na frente de sua adorável aluna.

Antes de entrar em Van, a capital do Principado da Amidônia, dei uma ordem para todo o exército.

— Agora entraremos em Van, mas esta área já está sob o domínio do Reino de Elfrieden! — anunciei. — Portanto, as pessoas que aqui vivem já são cidadãs do reino! Matá-las, feri-las, estuprá-las ou roubá-las não será tolerado! Se alguém violar esta ordem, independentemente da posição social ou gravidade do crime, vou mandar decapitar o culpado e colocar a cabeça em exibição! Entendam isso já!

Depois de dar essa ordem a todo o exército, chamei Ludwin em segredo e entreguei a ele um bilhete que havia preparado. Ludwin aceitou com um olhar perplexo.

— O que é este bilhete? Uma lista com nomes de pessoas? — perguntou.

Balancei a cabeça, então disse no tom mais calmo possível:

— Ludwin… encontre as cinco pessoas cujos nomes estão listados, decapite-as e coloque suas cabeças em exibição no portão. Entretanto, dê a razão de que foi “porque tentaram entrar e saquear as casas de um residente de Van.”

— Quê?! O que essas pessoas fizeram…?

— Foi um presente que Georg me enviou por Glaive — falei. — São do Exército, mas quando estavam no Ducado Carmine, invadiram uma residência privada, fizeram pilhagem, estupraram e assassinaram. De qualquer forma, depois iríamos executá-los, então vou julgá-los aqui para dar o exemplo.

— Como desejar… — Ludwin curvou-se docilmente e partiu.

Logo apareceram cinco cabeças fazendo fila perto do portão de Van. Ao lado deles estava uma placa em que a acusação de “tentativa de pilhagem” estava descrita. Isso ajudou a impor a disciplina em cada soldado que cruzava o portão. Como resultado, as forças do reino não se envolveram em incêndios criminosos, pilhagens ou violência, e também não revidaram quando aqueles que não puderam aceitar a derrota atiraram pedras neles.

Isso, apesar das expectativas, acabou inspirando admiração e medo no povo Amidoniano.

Assim que as estradas foram confirmadas como seguras, entrei em Van.

Desta vez, não viajei em uma carruagem, e sim em um cavalo. Parecia que, como vencedor, andar dentro de uma carruagem não me serviria.

Embora tivesse recém-aprendido a andar a cavalo, ainda não era muito bom nisso. Bem, Aisha estava segurando as rédeas para mim, então provavelmente estaria tudo bem.

Enquanto o meu cavalo e o de Liscia avançavam lado a lado, olhei para as ruas de Van.

A Capital do Principado da Amidônia, Van.

O militarista Principado da Amidônia construiu esta cidade militar como ponto de apoio para a invasão do Reino de Elfrieden, e também como base de linha de frente para se defender das invasões do reino. Além disso, graças à mentalidade única de não querer perder para o reino em nada, sua escala era comparável à de Parnam.

Quando entrei em Van pela primeira vez e vi aquela mistura de praticidade e vaidade, tive uma forte impressão.

Quero modificar este lugar…

As áreas residenciais civis estavam lotadas, as estradas eram complicadas e a composição local me fez querer chamar o lugar de “cidade labirinto.” Mesmo que estivéssemos indo em direção ao castelo, continuamos virando à esquerda e à direita, e simplesmente não chegamos lá.

Havia mansões que pareciam pertencer a nobres aqui e ali, espalhadas pela área residencial. Quando vi que estavam mais elevadas do que as residências dos plebeus, finalmente entendi a organização da cidade.

Ela provavelmente havia sido projetada de forma que, em caso de batalha, quaisquer soldados que rompessem o portão se perderiam pela cidade labirinto, enquanto os defensores usariam as mansões dos nobres como fortalezas de ataque.

Não sei…, isso só me fez pensar: Realmente precisava ir tão longe?

A organização da cidade seria um problema para o inimigo, mas não facilitava a vida dos residentes. A locomoção era inconveniente, e eu estava preocupado com a forma como os incêndios se espalhariam por prédios tão próximos. O fato de que a cidade parecia ter sido projetada em torno de uma política de diminuição de acessibilidade fez a minha cabeça doer.

Nesse ponto, eu não tinha escolha a não ser retrabalhar a cidade toda. Não haveria muitas cidades que se beneficiariam tanto com uma melhoria de infraestrutura. Quando pensei na montanha de trabalho administrativo que sem dúvidas me esperava… Não pude evitar ficar deprimido.

— Souma? O que foi? — perguntou Liscia.

— Não, não é nada…

— Hm?

— Olha, já dá para ver o castelo — falei.

Enquanto desviava das perguntas de Liscia, me preparei para o que estava por vir.

Entrei no castelo no centro de Van e me sentei no trono da sala de audiências que devia ter pertencido a Gaius VIII. Ele provavelmente era do tipo que se preocupava em projetar uma aparência digna.

Ouvi dizer que as finanças da Amidônia estavam em mau estado, mas esta sala de audiências era bem impressionante. Poderiam ter gasto mais na decoração dela do que na de Parnam.

Já que tinha esse tanto de dinheiro, não havia nada melhor com que gastar? Eu queria questionar o lorde anterior do castelo.

Quando me sentei no trono, Liscia ficou ao meu lado e Aisha atrás de mim, na diagonal. O resto dos meus apoiadores estava alguns passos abaixo da escada, no tapete, esperando para me servir. Já fazia algum tempo que eu não tinha uma cena esperada para um rei diante de mim.

Ordenei que cada um entregasse seus relatórios. Fizeram isso em ordem, com Ludwin sendo o primeiro.

— Primeiro, em relação à família de Gaius VIII que estava neste castelo, não fomos capazes de assegurá-los — disse ele. — Além de seu filho Julius, que fugiu do campo de batalha, aparentemente havia uma outra princesa, mas ela desapareceu alguns dias atrás. Além disso, a julgar pelo fato de que o ministro das finanças e vários outros burocratas importantes estão desaparecidos, acredita-se que deixaram Van antes de nossa chegada.

— Hm… Deixando de lado aquela princesa, dói saber que perdemos esses burocratas — falei. — Contatem Parnam agora mesmo e peça para Marx enviar alguns. Hakuya deve vir da Cidade Dragão Vermelho assim que as coisas estiverem calmas.

— Como desejar. — Ludwin fez uma reverência.

Poncho foi o próximo a falar.

— E-Estou aqui para relatar a respeito do estado do tesouro nacional, sim. Como esperado, poderia dizer, quase não havia fundos ou reservas de alimentos. Embora isso realmente não compense nada, há um abundante estoque de armas e tal, sim.

— Como planejavam resistir a um cerco sem reservas de alimentos? — perguntei.

— Ah, não, se considerarmos apenas os guardas do castelo, poderiam resistir por três meses, sim — disse ele. — Se considerarmos a cidade como um todo, porém, não durariam uma semana…

— “Os habitantes da cidade podem se virar sozinhos”, hein — murmurei. — Com certeza é um estado militarista… Vamos vender as armas em excesso e convertê-las em fundos. Além disso, eu gostaria de distribuir rações até que as coisas se acalmem pelo castelo. Seria possível enviar isso do reino?

— Não temos muito de sobra, mas deve estar dentro dos limites — disse ele. — Este lugar fica perto do reino, então, se pudermos tornar as estradas seguras, acho que podemos dar um jeito, sim.

— Faça da proteção das estradas a nossa maior prioridade — falei. — Próximo, Glaive.

Glaive Magna, o pai de Hal, que agora liderava o Exército, fez o seu relatório.

— Talvez como efeito do “exemplo” de Vossa Majestade, as tropas estão seguindo os regulamentos. Porém, se fizer conterem os desejos por muito tempo, acredito que existe o risco de que alguns deles acabem explodindo. Se algum deles colocar as mãos nos habitantes da cidade, a opinião pública vai piorar rapidamente.

— Temos esse tipo de problema, hein? — perguntei. — Bem, há bares e um distrito da luz vermelha nesta cidade, não? Cobriremos as despesas, então negocie com os proprietários para conseguir um pouco de vinho e companhia.

— Tem certeza de que está tudo bem com isso? — perguntou Glaive, parecendo surpreso.

Falei algo estranho?

— Não podemos deixar que causem problemas para os habitantes da cidade, podemos? — perguntei.

— Não, não é isso — disse ele. — Está tudo bem em deixar os homens se divertirem por aí? No nosso momento atual, acho que poderíamos anexar toda a Amidônia em pouco tempo.

Ah, era isso que ele queria dizer.

— Só tomaremos Van — falei. — Não iremos mais longe do que isso.

— Sério? Acho que é melhor acabar com os inimigos de uma vez quando tiver a oportunidade… — Liscia apresentou várias dúvidas, mas eu disse que estava tudo bem.

— Não importa o quanto expandirmos o nosso território, não importa quantas cidades tomemos, quando o Império entrar em ação, perderemos tudo — falei. — No final, a única coisa que restará serão todas as vidas desperdiçadas.

Quando falei isso, todos congelaram.

Liscia perguntou, hesitante:

— O Império… virá?

— É quase certo que sim, caso a minha leitura e a de Hakuya sobre a situação estiver correta. Uma signatária da Declaração da Humanidade, a Amidônia, teve a sua fronteira alterada por meio da força militar. Não tem como o líder do pacto não aparecer.

Tínhamos violado um dos três artigos da Declaração da Frente Comum da Humanidade Contra a Raça Demoníaca (também conhecida como Declaração da Humanidade), que afirmava que “a aquisição de território pela força entre as nações da humanidade será considerada inadmissível”, como líder do tratado, o Império teria que agir em nome da Amidônia. Provavelmente começariam com negociações, mas não hesitariam em intervir militarmente, caso necessário.

A propósito, a diferença de poder entre Elfrieden e o Império era tão grande quanto a diferença entre o Japão moderno e a América.

— Mas foi o principado quem atacou primeiro — protestou Liscia. — Por que seríamos culpados por isso?

— É assim que funcionam os tratados internacionais — falei. — A Amidônia provavelmente alegará que “É culpa de Elfrieden por não ter assinado a declaração”, tenho certeza.

— Urkh… Se isso fosse acontecer, talvez também devêssemos ter assinado a Declaração da Humanidade… — disse ela. — Espera, hein? Pensando bem, por que você não assinou, Souma? Você sabia que isso aconteceria se lutássemos com a Amidônia sem ter assinado, certo?

Quando Liscia apontou para isso, cocei a nuca e ri.

— Porque não podemos assinar. Há uma armadilha nessa declaração.

— Uma armadilha? — perguntou ela.

— Sim. Será que o Império não percebeu isso?

Não perceberam, ou perceberam e fecharam os olhos para isso? De qualquer forma, aquele furo era perigoso e poderia causar o colapso do Império. Eu não poderia assinar uma declaração tão falha assim.

Levantei, virei e disse a todos os presentes:

— Bem, acho que devemos cuidar da limpeza do pós-guerra até que o Império faça algo.

É aqui que meu trabalho como rei começa de verdade…

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Milady

 


 

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