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Calmaria Divina – Vol. 01 – Cap. 09

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Shimitsu Morioka.

Corri até onde eu sabia que minha mestra estava.

— Shimitsu! — Thorian me seguiu.

O sangue continuava escorrendo de seu coração, agora preso em um grande espeto à frente do corpo de Trégua, pendurado por correntes. Ela ainda tinha cor. Seus ferimentos tinham sinais de que estavam começando a secar.

Caí de joelhos. Seu sangue se prendendo em minha pelagem. As lágrimas começaram a escorrer e meu braço direito começou a falhar.

Senti a mão de Thorian em meu ombro.

— Eu sinto muito.

— Ela estava viva. Viva! Se eu chegasse aqui mais rápido… ela estaria viva!

Jack se aproximou de nós, ficando em minha frente.

— E o que você vai fazer sobre isso? Levanta, segura a merda da sua espada, e só solta ela depois que arrancar o coração daquele cara.

Olhei para o homem, que preparava sua espada.

— Sua vingança, minha vingança.

— Sanir. Assim que ele morrer, a gente vai queimar a casa. — Eu disse.

— Isso se ele não fugir antes, depois de ver essa sua cara feia. Conta comigo. — Ele respondeu.

— E comigo. — disse Arthur se aproximando. — Vamos.

Me levantei, fazendo uma reverência para minha mestra, repetindo em voz baixa:

— Sua vingança, nossa vingança.

Ao longe, no fim do corredor, haviam duas portas, além de uma cela que parecia ser maior que as outras.

Enquanto nos aproximávamos, todos tinham suas armas preparadas e eu foquei em ouvir qualquer som que denunciasse a presença de Strug.

Ao mesmo tempo em que me focava, oculta pela aura do mortuário, havia outra coisa. Algo que estava entre a vida e a morte. Um fio que se recusava a se romper.

Arthur olhou na direção a cela sem grades à frente e parou.

— Gente… Como é possível?

Um dragão. Um filhote, para ser exato.

A criatura tinha as escamas negras, mas aparentavam ter perdido seu brilho. Seu corpo deitado tinha um metro e sessenta de altura e se enrolava para caber no local. Facilmente teria quatro metros de comprimento.

Uma das asas fora arrancada e seu coração jazia em uma bancada.

Meus olhos estavam presos no coração. Eu sabia que havia algo errado, e Arthur começou a se mover em sua direção.

Bloqueei seu caminho com meu braço.

— Espera.

— Tem algo ali, é como se me chamasse.

— Chamasse? — Thorian perguntou.

— É, eu sei. Eu sinto isso também, mas a gente não sabe se é seguro.

— E se for algum tipo de maldição? — Sanir começou — tipo, uma punição por matar o dragão?

— Não é, eu sei que não. É estranho, mas eu sei que é seguro.

A cada momento que pensava sobre isso, aquela presença se tornava mais forte. Era quase como se fosse um pedido de ajuda. Parei de tentar impedir que Arthur passasse.

— Ele está aprisionado. Esperem aqui, eu e Arthur vamos dar uma olhada.

— Não parece ser uma má ideia. — ele disse.

— Tirando o fato de vocês estarem fazendo exatamente o que o coração de um dragão morto quer.

Fiquei em dúvida se Sanir fazia uma brincadeira ou dava um aviso, então dei o primeiro passo em direção à cela.

A presença pareceu se virar em nossa direção, Arthur também sentiu.

— Foco.

No segundo passo, meu coração parecia estar se testando, querendo saber até que ponto ele aguentaria.

Eu quase podia ouvir o grito desesperado que estava preso ali.

No terceiro passo, um sutil brilho, que ambos sabíamos que éramos os únicos capazes de ver, começou a surgir no coração.

No quarto passo, a bile ameaçava subir por minha garganta, enquanto minha cabeça girava.

— Ao mesmo tempo.

Arthur concordou com a cabeça ao mesmo passo em que nos aproximávamos, cada segundo parecendo eterno.

— O que fazemos agora? — meu companheiro perguntou.

— Talvez se levássemos ele para fora, consigamos pensar em algo depois, podemos colocá-lo em alguns panos.

— Certo.

Enquanto dávamos o último passo em direção ao grande coração, que era maior que a cabeça de Thorian, senti uma pontada em meu peito, o ar escapou de meus pulmões.

Ao mesmo tempo em que eu atingi o chão, Arthur encostou no órgão. O incessante grito por socorro cessou.

Dei um longo suspiro antes de conseguir falar novamente, enquanto me levantava.

— O que foi isso?

Olhei de volta para o dragão, que continuava igual a antes. O brilho no coração se foi.

— Tá sentindo algo estranho, Arthur?

— Nada, a presença só desapareceu.

Me virei para a grande criatura, que seria um símbolo de poder caso ainda estivesse vivo.

— O que você quer da gente?

Após alguns instantes, comecei a me envergonhar por ter pensado que teria uma resposta.

Arthur continuava analisando o coração, sem obter nenhuma outra resposta.

— Agora isso não passa de um corpo. Inabitado.

— Pessoal, acabou o tempo. — Thorian falou baixo.

Pude ouvir passos se aproximando rapidamente de uma das portas.

Thorian e Jack começaram a sussurrar suas preces e pude sentir novas forças se abrigando em meu corpo.

Forças que explodiram em fúria assim que a porta à minha frente se abriu, revelando Strug com seu cajado, juntamente estava Strog, com cicatrizes de queimaduras por todo o corpo, as queimaduras que o mataram antes.

Sua feição estava retorcida e seu corpo remendado, como se tivesse sido costurado. Tinha minhas dúvidas sobre se ele estava realmente vivo até que falasse.

— Meu irmão aqui disse que deixou um presentinho pra você na entrada. Espero que tenha gostado.

— Cala a boca, eu te matei!

— É, seu desgraçado, me matou, mas não fez direito. Não tanto quanto Strog fez com sua amiguinha.

— Se não ficou satisfeito, faço melhor agora.

 

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Thane, dia da partida do Rei para Aldoria.

Antes que o sol terminasse de exibir seu brilho alaranjado pela parte mais baixa do horizonte, terminava de preparar meu cavalo. Eu e meus companheiros tínhamos tudo o necessário para acompanhar Lance até a capital de Aldoria.

Além de nós, haveria apenas um guia capaz de abrir caminho pela floresta, que há muito havia recebido um encantamento de proteção, que definia que apenas aqueles com o sangue da floresta poderiam se mover com segurança pelas brumas que a preenchiam.

Na noite anterior, despachei um mensageiro para localizar os aspirantes, como decidi chamar aquele grupo. Eles vão precisar de uma direção para seguir.

Lance nos aguardava na saída da cidade. Ao seu lado, havia uma elfa de cabelos loiros que não chegavam aos ombros. Ela tinha uma besta presa ao lado da sela, junto a uma aljava de virotes. Enquanto nos aproximávamos ela direcionou um olhar avaliador a cada um de nós.

O rei nos deu um aceno de cabeça. Tinha uma espada grande embainhada na cintura, além de vestir uma cota de malha com detalhes dourados.

— Rei Nailo nos aguarda, chegaremos lá em menos de uma semana. Essa é Irys, nossa guia.

— É um prazer. — respondeu ela, com uma reverência — Conto com vocês.

— Prazer vai ser quando eu colocar uma caneca de hidromel élfico na boca. — Thorn grunhiu, levando um cantil cheio de um líquido que dificilmente seria água à boca.

Quando ele notou meu olhar, levantou uma sobrancelha.

— Você sabe que meu dia só começa depois de um gole, né chefe?

 

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Arthur.

Strog estava morto. Eu tenho certeza disso. Suas feridas se fecharam em algumas horas e ele já está pronto para lutar.

Agora ele empunhava uma espada que parecia ser feita de algum tipo de metal pálido. Shimitsu estava preparado para atacar, enquanto ambos se provocavam.

— Cala a boca, eu te matei!

Eu nem prestei atenção na resposta do outro. As lâminas do Kitsune estalaram e ele me deu um rápido olhar, antes de uma explosão de ar o atingir.

Agora vamos com tudo, sussurrei enquanto retirava meu pingente em espiral e o colocava em meu bolso. Pude sentir meu corpo ficando mais leve, minhas asas crescendo e passando pelas mesmas fendas em minha camisa que elas haviam aberto da última vez.

Senti olhares queimando minha nuca, até que Thorian se posicionou ao meu lado, iniciando sua prece, nos dando forças.

Shimitsu se manteve firme mesmo com a explosão e então se moveu em direção dos inimigos.

— O maguinho é meu. — ele disse com um rosnado.

Segui meu companheiro pelo corredor e ataquei Strug, revivificado.

— O que caralhos vocês fizeram? — perguntei, sem esperar uma resposta, enquanto direcionava um golpe em seu esterno.

Ele abriu um sorriso enquanto desviava minha lâmina. Ele não estava enfraquecido.

Evitei um de seus ataques com minha outra espada, girei para ficar atrás de meu oponente, entre ele e a porta da qual saiu.

Shimitsu golpeava o escudo translúcido de Strug, que trocou um olhar com o irmão.

Strog girou e preparou um ataque direto em Shimitsu.

— Nem pense nisso!

Thorian aparou o golpe com seu tridente, fazendo com que a espada do inimigo se chocasse contra a porta de madeira.

Uma machadinha veio voando em sua direção, lançada por Jack, mas Strog conseguiu desprender sua espada — que havia deixado uma fenda na porta, e ao redor dessa fenda a madeira havia empalidecido, como se estivesse congelada — a tempo de dar um salto para o lado, desviando da arma, que atingiu a parede ao meu lado.

Ouvi a voz de Sanir e logo em seguida uma nota sendo tocada em seu alaúde.

— Ô covarde! Maneiro o seu escudo, mas pena que eu tô aqui, otário!

Um projétil de energia colidiu com a barreira de Strug, que desmoronou.

Em sequência, um estalo veio e Shimitsu, que viu a abertura, ergueu suas espadas em um ataque cruzado.

— Postura do vento: navalha de outono!

As lâminas de meu companheiro estavam envoltas em correntes de ar, que impulsionaram seu ataque, ao mesmo tempo que seu braço energético assumia um tom verde e translúcido.

Um escudo ameaçou se formar, mas foi atravessado.

Strug suprimiu um grito de dor quando usou seus braços para tentar se proteger. O direito agora pendia ao lado do corpo, o cajado no chão.

Strog enviou um ataque vertical em minha direção, mas quando ergui minhas lâminas para me proteger, ele me atingiu com um chute frontal no estômago, me empurrando para trás.

— Arthur!

Thorian se moveu para se colocar entre mim e ele, com seu escudo erguido.

Nesse momento, Strog agarrou Strug pela roupa e o puxou para trás dele.

Os dois trocaram olhares novamente e depois concordaram com a cabeça.

Strug apontou em nossa direção, enquanto Strog se preparava para protegê-lo caso Shimitsu atacasse.

Olhei para meus outros companheiros. Jack agora estava próximo, preparado para caso alguém tentasse fugir, enquanto Sanir dedilhava seu alaúde, preparando uma magia.

— Rendam-se, não tem nada que vocês possam fazer. — o Halfling disse.

— Nada?

Os dois concordaram com a cabeça novamente e energia se concentrou na mão de Strug.

Sanir tocou outra nota e um escudo de energia se manifestou entre nós e o mago, ao mesmo tempo em que Simitsu atacou Strog.

A Kitsune parecia vibrar enquanto atacava. Seus ataques estavam mais rápidos que antes. Ele conseguiu atingir Strog na cintura, o homem cambaleou.

Strug liberou seu disparo, que passou por nós, nem atingindo o escudo conjurado por Sanir.

A outra porta ao nosso lado explodiu em pedaços e um sorriso idêntico surgiu no rosto dos irmãos assim que um tipo de rosnado saiu de dentro da sala escura.

Passos extremamente pesados vinham em nossa direção, acompanhados de uma mistura de sons, que pareciam roncos de um javali, juntamente com bufos e uivos.

Uma silhueta quadrúpede com mais de dois metros de altura começou a surgir pela porta.

Os gêmeos soltaram uma risada.

— É uma pena que vocês não verão sua forma completa, mas ainda assim será um bom teste para nossa mais poderosa arma.

Então Sanir parou de tocar e o escudo conjurado fraquejou, enquanto a atenção de todos se voltava para o monstro.

— Não fode…

A criatura parecia ter sido construída com diversas partes de outros animais. Sua presença dominava o espaço conforme avançava pela porta. Uma de suas duas cabeças tinha um focinho achatado e olhos grandes, como a mistura entre um lobo e um gorila, enquanto a outra era a cabeça de um javali gigante. Duas asas imponentes estavam costuradas em suas costas, uma que fora arrancada de um Aviano e outra do dragão.

Cada passo da criatura ecoava pelo corredor, acompanhado por uma sinfonia de sons que variavam de rosnados a bufos e uivos. Seu olhar emanava a aura de um verdadeiro predador.

— Essa é a número seis. Eu pretendia colocar o coração daquele dragão nela, mas vou ter tempo suficiente depois que ela encher a barriga.

Jack se aproximou, com sua espada e escudo em mãos.

— Vocês cuidam da besta, se é que isso pode ser chamado assim, enquanto eu e Shimitsu cuidamos desses dois

 


 

Autor: HaltTW

Revisão: Bravo

 

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