Quando eu era jovem, adorava livros.
Nem me lembro quando comecei a ler, mas sou uma leitora ávida desde que me lembro. Sempre que tinha tempo livre, pegava um livro na estante de casa e lia, e quase todas as vezes que minha família saía, importunava meus pais por um livro novo.
Talvez seja por isso que não tinha muitos amigos da minha idade. Eu não brincava, optando por passar meu tempo enfurnada no meu quarto. Meus pais se preocupavam comigo, mas eu tinha tudo que queria na vida. Afinal, sempre tive um livro ao meu lado.
Entre meus livros, eu tinha uma série favorita chamada As Aventuras de Nique. Uma coleção de contos em cinco volumes, que continha as aventuras de uma bruxa chamada Nique, que viajou para vários locais exóticos em todo o mundo.
O nome da autora era Nique, igual no título. Mas era um pseudônimo; seu nome verdadeiro era completamente diferente. No posfácio de cada volume, ela escrevia: “Escrevi essas histórias com base em minhas próprias experiências”.
Para a jovem Elaina, uma garota que não deu um único passo para fora do País Pacífico de Robetta, a heroína Nique, que vagava de um lugar para outro como queria e via o mundo amplo e bonito, era um farol brilhante. Eu amei aqueles livros talvez um pouco demais e os li muitas vezes. Os livros até começaram a se desfazer.
E, finalmente, decidi que queria ser como Nique.
Quero tentar viajar assim também, comecei a pensar.
E então a jovem Elaina falou para sua mãe:
— Quando eu crescer, vou embarcar em uma aventura como a de Nique.
Afagando suavemente minha cabeça, minha mãe respondeu:
— Tudo bem, quando você crescer. — Ela sorriu e acrescentou: — Mas se quiser viajar, primeiro terá que se tornar uma bruxa como Nique, entendido?
— Se eu me tornar uma bruxa, posso ser uma viajante?
— Sim. É por isso que você deve dar o seu melhor em seus estudos de magia.
— Estudar bastante, me tornar uma bruxa e então poderei viajar?
— Exatamente.
— Sério?
— Sim, sério.
— Sério, sério?
— Sim, sério, sério.
— Eba!
Tudo começou de uma coisa tão pequena, mas meu desejo de ver o mundo me estimulou ao longo dos anos que passei trabalhando para me tornar uma bruxa.
Passei quase todos os dias estudando sozinha.
Minha mãe me fez companhia enquanto eu praticava minha magia.
Ela era tão habilidosa em magia que qualquer um ficaria surpreso em saber que nunca teve nenhum treinamento formal. Minha mãe era uma boa professora e, antes que percebesse, eu fiquei muito boa no uso de magia. Tão boa, na verdade, que fui capaz de me tornar uma noviça aos quatorze anos.
Foi um caminho longo e árduo, mas nunca pensei em desistir. Simplesmente continuei trabalhando o máximo que pude.
Então completei meu treinamento com a Senhorita Fran e me tornei uma bruxa por completo.
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Acredito que tenha acontecido vários dias depois que voltei para a casa dos meus pais com o broche em forma de estrela em meu robe. Eu estava sentada em frente a eles na mesa depois que terminamos o café da manhã e disse:
— Agora sou uma bruxa, então, por favor, me permitam viajar.
Meu pai ergueu a cabeça do jornal e franziu a testa. Minha mãe não pareceu particularmente surpresa e calmamente bebeu seu chá após o café da manhã.
Meu pai observou a reação de minha mãe, depois pigarreou com força, dobrou o jornal e o colocou na mesa.
— V-você não acha melhor não se apressar? — perguntou, agindo o mais neutro possível.
Eu fiquei um pouco irritada.
— Não foi isso que vocês disseram, foi? Vocês não me prometeram que quando eu me tornasse uma bruxa, poderia viajar?
— Bem, prometemos isso, mas… nunca pensamos que você se tornaria uma bruxa tão cedo…
— O que importa? Trabalhei o mais duro e rápido que pude para poder ir e ver o mundo quando terminasse.
— Hunf…
Derrotado, meu pai caiu para trás e, depois de resmungar um pouco, colocou a mão no ombro de minha mãe. Ela ainda estava bebendo seu chá graciosamente ao lado dele.
— A-agora, você diz algo também, Mamãe.
Minha mãe colocou a xícara de chá na mesa.
— Caramba. Você é o único que é contra a Elaina sair, Papai. Acho que não tem problema em ela ir viajar.
— Mas…
— E, além disso, não dissemos isso a ela desde que era uma garotinha? Dissemos que permitiríamos que viajasse assim que se tornasse uma bruxa.
— Talvez você tenha feito essa promessa…
— Você concordou com isso também. Esqueceu?
— Mas…
— Você concordou, não foi?
— …
Meu pai ficou em silêncio. Bem, estava mais para silenciado, na verdade.
— Elaina, você está falando sério sobre isso, certo? — perguntou minha mãe.
Eu concordei.
— Claro.
— Então vá ver o mundo.
— Certo!
Após uma breve pausa, minha mãe disse:
— No entanto, quero que você me faça três promessas.
— Promessas…? — Inclinei minha cabeça, um pouco confusa.
Minha mãe se virou para mim e ergueu três dedos.
— Sim. Se você não puder cumprir essas promessas, não tem como deixá-la ir em uma jornada, sendo bruxa ou não. Afinal, o mundo é perigoso.
— O que eu preciso te prometer…? — Eu com certeza não iria desistir.
— Bem, ouça. — Minha mãe dobrou o dedo anelar. — Primeiro, quando parecer que você está encaminhando para uma situação perigosa, você fugirá sempre que possível. Não enfie o nariz onde não é chamada. Caso contrário, pode acabar morrendo.
— Pode deixar.
Isso é bom senso. Eu faria isso mesmo se você não me fizesse prometer. Não estou pronta para morrer, sabe.
Minha mãe continuou, dobrando o dedo médio.
— Em segundo lugar, nunca comece a pensar que está acima de todo mundo, você pode ser uma bruxa, mas ainda será uma visitante. Você não deve ser arrogante e nunca se esqueça de que você é igual a todos.
— Tudo bem. — Graças à minha experiência treinando com a Senhorita Fran, a versão estranhamente arrogante de Elaina já era coisa do passado. Eu também não pensei que haveria qualquer problema em manter essa promessa.
— Terceiro… — Minha mãe deixou cair o punho frouxamente dobrado para o lado e sorriu. — Você deve voltar… Volte e deixe-nos ver seu sorriso novamente.
— …
— Você promete?
— Prometo. — Acenei lentamente.
Foi aí que meu pai começou a chorar.
— V-você está realmente indo, Elainaaa…?!
— Papai, ela tomou sua decisão. Vamos dar uma forcinha, tá bom? Além disso, fomos nós que prometemos que ela poderia ir. Os pais não quebram promessas.
— Eu tinha certeza de que o papai ia quebrar há um minuto… — murmurei. Felizmente, ele não pareceu me ouvir.
Enxugando as lágrimas, meu pai disse:
— Minha preciosa filha única já está deixando o ninho, hein? Já posso sentir um buraco se abrindo em meu coração…
— Bem, voltarei mais cedo ou mais tarde.
— Você vai morrer com o choque quando Elaina se casar, não é, querido?
— Pare! Nem fale sobre ela se casar; está muito cedo! — Meu pai começou a chorar de novo.
…
Então foi mais ou menos assim.
Ficou oficialmente decidido que eu iniciaria minha jornada.
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— Não é um pouco simples? — Dei uma volta na frente do espelho.
— Uma aparência simples é perfeita para uma viajante. Além disso, combina com você.
— Obrigada.
— Você tem dinheiro?
— Um pouco.
— Não o desperdice.
— Claro que não.
— E então… ah, isso mesmo. Por precaução, leve isso com você.
— …?
Ela colocou um chapéu pontudo na minha mão. Era exatamente do mesmo modelo do outro chapéu que minha mãe já havia colocado na minha cabeça um momento atrás… Mas por quê…?
— Para o caso de seu primeiro chapéu voar com o vento, você pode usar este — disse minha mãe enquanto eu ficava ali, parada e confusa.
Em outras palavras:
— Um sobressalente?
— Isso aí.
Tá bom, eu levo.
E então, com meus preparativos completos, parei à porta.
Os dois estavam parados lá quando olhei para trás.
— Boa viagem, Elaina. — Minha mãe estava acenando com um sorriso no rosto.
— Uu, guw… waaahhh… — Meu pai começou a chorar de novo.
Afagando a cabeça de meu pai, minha mãe falou comigo com um sorriso gentil.
— Sempre que você voltar, não se esqueça de nos contar tudo sobre a Jornada de Elaina.
— Pode esperar por isso.
— Nós vamos. Viaje com segurança.
Tirei meu chapéu, mostrei o maior dos meus sorrisos e disse:
— Estou indo.
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